Fanfic: aya | Tema: Ponny, Vondy...

-- Eu realmente não sei mais o que fazer com você, Anahí. -- Ele diz com irritação, provavelmente furioso por ter que deixar as prostitutas de lado para vir até aqui me dar sermão. -- Você fez isso pra quê? Me envergonhar?

-- Você se acha mesmo o centro do universo, não é? -- Indago enojada. -- Você acha que eu ia botar a minha vida, a dos meus amigos e a do Tommy em jogo apenas para te envergonhar? Tem formas bem menos perigosas de fazer isso.

Ele lança uma revista sobre mim e passa a mão no cabelo, nervoso.

-- Ué, só tem a minha foto na capa. Nem manchete tem.

-- Abra na página sete. -- Ele manda, sua voz é tão seca quanto mais cedo.

"Neta do falecido empresário Filipino, filha de David H. e Ninel Portilla sofre acidente de carro. A adolescente que acaba de completar dezessete anos foi encontrada na margem do rio sob a Ponte Vincent Thomas. Não só ela, como Niall Horan, Logan Holt, Anabella Montgomery, Jasper Montgomery e Tomás Portilla, irmão caçula de Anahí. Isso não é tudo, todos, excerto Tomás, estavam álcoolizados. Ainda não sabemos sobre o estado deles. Mais informações no blog." -- Paola Himn. Revista Eoe.

-- Isso não é tudo. -- Ele diz, jogando outra revista sobre mim. Essa só contém calúnias.

"Todos sabemos que a filha do meio do empresário David H. é bem louca, mas Anahí Portilla passou dos limites nesse fim de semana. Ela, seu irmão caçula e seu amigos sofreram um gravissímo acidente. Todos estavam drogados e álcoolizados, inclusive seu irmão, Thomas Portilla. Tudo indica que Anahí estaria escondendo uma possível gravidez, atordoada, a garota saiu para beber e acabou passando da conta. O resultado só poderia ter sido negativo." -- Bruce Eils. Revista August.

-- Nossa, eu saí para beber e me drogar por estar grávida, sendo que eu nem sabia que estava.
Essa é nova! -- Debocho. -- E você sabe que o Tommy não fez nada disso, eu nunca deixaria ele beber ou usar essas coisas, a única coisa que ele pôs na boca foi refrigerante e chocolate.

-- Quanto a isso não se preocupe, a história da gravidez já foi desmentida. Falei com sua ginecologista e ela deu uma entrevista. -- Ele fala com a maior calma possível. Meu queixo está quase tocando o chão. -- E o Tommy vai morar com a Ashely e o Terry em Nova York.

-- COMO? -- Quase engasgo com minhas próprias palavras.

-- Ele vai morar com seus tios e os seus primos. -- Meu pai diz, meio óbvio. -- Sarah, Rafael e Lucas estão ansiosos em revê-lo. E você vai para o Elite Way School.

Solto uma gargalhada alta esperando ele se juntar a mim. Meu pai deveria protagonizar um filme de comédia.

Ele espera eu me recompor para continuar:

-- É o melhor colégio do país!

-- É um internato, papai. Não vou. -- Digo convicta. -- Aliás, eu nem sei como você arranjou uma vaga, eles rejeitam todo mundo, é muito díficil se matricular lá.

-- Pra mim foi bem simples fazer sua matrícula. -- Ele ri. -- Seu avô e os Horans compraram o Elite Way antes que ele falecesse. Agora somos donos de oitenta e cinco por cento do Colégio. Eu tive uma conversa bem séria com os pais do Niall e chegamos a mesma conclusão: que vocês dois precisam de diciplina, e não há melhor lugar para isso do que o Elite Way.

-- Eu não vou. -- Bato com o pé no chão. — Não quero me afastar da Bella, muito menos do Jasper e do Logan!

-- Aquele seu amigo estuda lá também. -- Ele tenta me convencer, mudando o rumo da conversa, mas não será tão fácil quanto pensa. -- O filho do vice-presidente.

-- Problema dele! -- Digo, meia contrariada.

-- Olha, eu sou o seu pai, portanto, você vai fazer o que eu mandar. -- David está autoritário. Ótimo! Odeio quando ele quer bancar o pai bonzinho. -- Começando de agora! Vá tomar um banho e arrume suas coisas. Vou te levar pra casa. -- Ele aponta para uma mala roxa que está ao lado do armário.

-- O médico falou que eu tenho que fazer alguns exames antes de ir. Segundo ele, só vou ter alta na próxima semana.

-- Baboseira. -- Ele resmunga. -- Faça o que eu estou mandando.

Como não me resta escolha, pego uma muda de roupa e uma toalha limpa de dentro do ármario e vou em direção ao banheiro.

Meu cabelo está oleoso, já faz quase um mês que ele não é bem lavado. Encontro shampoo e condicionador em gavetas abaixo da pia. Sobre o balcão da mesma, encontro um pente, pasta e escovas de dente.

Tiro primeiro as pantufas e em seguida o vestido de hospital e só agora percebo que não estou usando nada por debaixo, não teria sido nada bonito se eu estivesse me sentado ou feito algo do tipo. Dobro e o ponho sobre o balcão da pia, ao lado do pente. Vou em direção ao boxe do chuveiro e coloco em uma temperatura adequada. Só água bastante gelada pra me fazer acordar desse pesadelo.

Enquanto a água escorre pelo meu corpo, noto que vou ganhar uma nova cicatriz. A parte da minha clavícula esta ponteada. Passo o indicador em cima com cuidado. Não dói. Ao ver esses pontos me lembro de dois anos atrás.

Era meu aniversário de quinze anos. Bella e eu havíamos passado três meses para planejar minha festa. O tema foi "Alice no País das Maravilhas". Lembro que todos nós estavámos caracterizados como os personagens da história. Bella estava de Rainha de Copas, enquanto Hanna era a Rainha Branca. Jasper e Niall eram os mais engraçados, enquanto um ficou uma graça de Gato Sorridente. o outro parecia um ator por/nô com aquelas orelhas de coelho branco; O Logan foi o Chapeleiro e eu, a Alice, é óbvio. Meus pais não apareceram, aliás, eles só deram o aviso de que não iam comparecer faltando apenas cinco minutos para a festa começar. Senti tanta tristeza ao chegar em casa que fiz uma coisa bem estúpida: cortei os pulsos.

Meus pais nem foram ao hospistal ver como eu estava. Mandaram uma carta um mês depois que eu voltei pra casa. Dizia: "Melhoras! - Mom and Dad."

Pego o shampo e coloco um pouco na palma da minha mão. Ele não parece ser bom e nem é de nenhuma marca famosa, mas é o único que eu tenho por hora. Massageio o centro, tomando cuidado para não cair nas pontas, que já estão bem ressecadas. Enxágou tudo e chega a hora de por o condicionador. Tem um cheiro bem forte. Segundo a embalagem, era pra ter cheiro de baunilha. Estar mais para enxofre.

Após o banho cheio de recordações que eu preferia evitar, pego a toalha que estava estendida sobre o box e a enrolo em torno do meu corpo. Vou em direção ao balcão e apanho minha calcinha, vestindo-a em seguida. Após atacar o sutiã, estiquei meu vestido preto para que ele desliza-se sem problemas pelo meu corpo. Deu certo. 

Quando saio do banheiro, meu pai da um suspiro de alívio.

-- Poxa vida, pensei que estivesse morta lá dentro. -- Ele brinca, mas não estou muito no clima de zoação.

-- Preferia estar, qualquer coisa deve ser melhor que o Elite Way. -- Argumento, mas ele é bem esperto, ao invés de começar uma discurssão, ele apenas ri da minha cara. -- Tudo que vai, volta.

-- É a lei de Newton, mas leis da física não se aplicam para mim. Quem é Newton perto de quem tem dinheiro, feito eu?

-- Ninguém, apenas uma pessoa que entrou para história por conta de sua inteligência. Quando você falecer, dois anos depois ou até menos, ninguém nem vai mais lembrar do seu nome ou que você foi um empresário que enricou por causa do sogro. Newton faleceu há quase três séculos e todos se lembram dele. Newton deixou um legado, você vai deixar dinheiro e uma empresa que ninguém se importa. -- Digo só pra irrita-lo. Não tem nada que deixe David Portilla tão pu/to quanto o esquecimento.

-- Que seja. -- Ele dá ombros, indiferente. -- Espero que já esteja pronta, resolvi que você irá hoje mesmo para o Elite Way, eu ia deixar que você ficasse aqui até o fim de julho, já que as aulas começam em agosto, mas não há problema nenhum em ficar lá durante as férias.

-- O quê? -- Esbravejo. Ele não pode estar falando sério. -- Mas eu quero me despedir dos meus amigos antes!

-- Também não é pra tanto, vocês vão se ver no recesso de fim de ano.

-- Daqui a seis meses! -- Rebato, mas não parece que ele vai mudar de ideia.

-- Ninguém mandou ser insolente. -- Ele arqueia as sombrancelhas, sempre faz isso quando quer demonstrar superioridade. -- Comprei uma casa para você passar os finais de semana, você pode ficar lá por enquanto. Caleb e Hanna se mudarão para lá em breve. Robert e Kris irão visitá-la a cada dois meses para observar suas atitudes. A casa já está mobiliada e tem tudo o que você precisa.

-- Você realmente quer se livra de mim, não é? -- Bufo.

-- Claro que não, querida. -- Ele fica sério de repente. -- Creio que vá gostar do seu quarto novo. Foi a Hanna quem o montou. -- Completa.

Por parte, vou me livrar do Robert, o que me parece um sonho realizado, contudo, deixar Logan e o resto do pessoal não será nada fácil, principalmente sob o ego inflado do meu pai e seu sorriso vitorioso.

-- Por favor, deixe eu me despedir dos meus amigos. -- Peço. -- Serei breve. Prometo.

-- Está bem. -- Ele amolece, por fim.

*

Desço da limusine prateada em frente ao casarão abandonado, duas ruas antes da minha.

O dono era um Conde egocêntrico, bem solitário, sem família, amigos ou esposa. Vovô me contou em uma de suas visitas que ele odiava crianças. Havia boatos de que vendeu sua alma para o Diabo, em troca, todas as crianças que entrassem em sua residência morreriam logo após se retirar. Acredito que o próprio velho foi quem espalhou a fofoca, a fim de manter as crianças longe de sua propriedade, e até que deu certo, quer dizer, até a gente enfiar o medo no c/u e invadir o local alguns anos atrás.

-- Como vocês estão? -- Pergunto aos meus amigos, que estão jogados pos ambos os lados.

Jasper está lendo um gibi, esparramado no sofá velho e desgatado de cor âmbar. Bella está rabiscando o gesso do braço com uma canetinha cor de rosa, sentada em um puff preto e Logan e Niall parecem entediados, jogando uma bola de tênis um para o outro.

Todos param seus afazeres quando me veem. Parecem até que estão diante a um fantasma de tão espantados. Passo a mão no rosto por reflexo, só para conferir de que não está sujo.

Niall é o primeiro a vir até mim, ele abraça minhas coxas e me rodopia no ar com um sorriso de orelha a orelha. Então ele cai comigo sobre o puff preto onde Bella está, o que a faz soltar uns gritinhos histéricos. Os meninos vêm para cima logo em seguida.

-- Faz tempo que acordou? -- Logan pergunta, parecendo não acreditar que eu estou ali.

-- Acho que não passava de meio-dia. -- Respondo.

-- E por que não me ligou? Eu estava louco da vida para ter notícias suas. -- Ele diz afobado. -- Só não fiquei lá do seu lado por causa do Robert; ele deu ordem as enfermeiras para não deixar nenhum de nós te visitar.

-- Nem a minha mãe pôde entrar! -- Bella fala com indignação. -- Ela foi até o hospital te ver e a recepcionista disse que visitas eram restritas apenas para familiares, sendo que o Zac e um galego foram te visitar nesse mesmo horário e ela permitiu.

-- O Zac foi me visitar?

-- Sim. -- Bella assente. -- Foi ele quem nos passou informações sobre você, mas também foi proibido de te visitar quando o Robert descobriu.

-- Af -- resmungo. -- Por que ele sempre tem que se envolver em tudo?

-- Isso não é a nada. -- Jasper revira os olhos. -- A Diabinha já se apossou do seu quarto. Ela estava espalhando pra todo mundo que você ia morrer e não ia mais precisar de nada que tinha lá.

Diabinha é o apelido carinhoso ao qual batizamos Esme, aquela filha da pu/ta.

-- Realmente não vou mais precisar de nada que tem naquele quarto... -- digo, fitando Niall. Ele é o único que sabe sobre o internato, bom, pelo menos eu acho que ele sabe, afinal, ele vai estudar lá também.

-- Ué, e você vai dormir aonde? -- Bella questiona, observando as unhas recém pintadas. -- E aquele quarto é o único que tem escada de incêndio. Como vai sair de noite para ver a gente? Sem falar que sua janela fica de frente a do Niall.

-- Hoje é meu último dia aqui em Los Angeles, Bella. -- Explico. -- Vou me mudar para o estado de Washington ainda hoje. Eu vim aqui apenas me despedir. Ah, e quero que me acompanhem até o aeroporto.

Antes que eu relate a minha conversa com o papai, Logan se levanta e da um chute na poltrona rústica que estava ao lado do sofá, partindo logo depois.

-- Vou falar com ele. -- Niall, que já está mais do que bem informado de toda história, se põe como voluntário. Ele levanta em um pulo e segue o mesmo caminho que Logan.

-- O Logan reagiu melhor do que eu esperava. -- Brinco para baixar a tenção, mas todos estão tão decepcionados quanto ele.

-- Por que você quer ir embora? --  Bella pergunta tristonha. -- Pensei que esse acidente tivesse unido mais a gente.

--A decisão não foi minha... -- conto tudo, desde da parte em que acordei, até a conversa estranha que tive com meu pai. -- E é isso.

-- Ai, amiga. -- Bella choraminga. -- E agora, meu Deus, quem vai ouvir meus lamentos?

-- Eu é que não vou. -- Jasper levanta os braços em sinal de rendenção e todos caímos na gargalhada. -- Só a Anahí tem paciência de ouvir suas lamúrias! -- Finaliza.

-- Ei, como está o Tommy? -- ele pergunta após se recompor.

-- Ele ainda está no hospital. -- respondo, agora um pouco mais desanimada. -- O papai vai mandá-lo para Nova York. Ele vai morar com os meus tios.

-- Sua tia que foi super-modelo? -- Bella pergunta, com os olhos brilhando. Lembro bem de quando ela foi passar um final de semana comigo na casa do tio Morgan.

A Bella quase desmaiou ao ver minha tia. Ela passou a acompanhar o dia a dia da tia Ashley e isso foi um saco. Tirou tantas fotos que sobrelotou o Instagram. Ela só falava nisso quando voltamos para a escola, ficou tão insuportável que nem os professores aguentavam saber mais da minha tia e sua carreira de modelo; até tomou uma advertência por conversar durante a aula.

-- Será que o Lucas continua atirado? -- Jasper solta um risinho.

-- Espero que não. -- Dou um sorriso quando lembro dele.

Meu primo Lucas ficou tão encantado com a ruiva ao ponto de jogar um copo de água nela quando a mesma estava usando uma camiseta branca. Letícia, a babá deles, teve que emprestar seu casaco para Bella, já que estavámos no Central Park e o sutiã rosa neon dela estava chamando muita atenção.

-- Que moleque atrevido. -- Bella ri, provavelme se lembrando desse episódio.

-- Sim. -- Jasper concorda. -- E o Rafa? Aquele rato dele me dá calafrios.

-- Minha família é a mais maluca do planeta. -- Digo, imaginado a confução que seria se todos eles se reunissem em um único local.

-- Com certeza. -- Jasper confirma.

-- Narrí, eu sei que sou uma ótima pessoa. Me agradeça mais tarde. -- Niall aparece, já se gabando, pra variar. -- Acalmei o Hulk. Ele está lá fora e quer conversar com você.

Me levanto de imediato e vou até o lado de fora enquanto tenho coragem. Me despedir de Logan vai ser tão difícil quanto sentir calor no inverno do Polo Norte.

Quando chego do lado de fora, vejo ele sentado no meio fio com os cotovelos apoiados no joelhos, olhando meio cabisbaixo para o chão. Respiro fundo, juntando toda a coragem que eu não tenho e ando até ele antes de me sentar ao seu lado.

-- Não quero ficar sem você, Narrí. -- Ele admite, antes que eu me pronucie. -- Cara, sempre foi nós dois.

-- Eu também não estou pronta pra uma despedida. Sentirei sua falta. -- Me aproximo dele e lhe dou um abraço apertado.

Felizmente a rua está deserta e ventilada, o que nós dá um pouco mais de privacidade. Uma brisa gostosa passa por nós nesse momento e eu sinto vontade de poder congelar o tempo e viver ali para sempre; sem mais brigas e sem mais estresses com os meus pais e o Robert, apenas o Logan e eu, tranquilos e em paz.

-- Niall vai tomar conta de você por mim. -- Logan  põe a mão sobre meu queixo e me faz encará-lo. -- Isso não é um adeus.

-- Logan não se iluda, eu não vou mais voltar. -- Uma lágrima escapa, limpo antes que ele veja. -- Estou partindo pra outra.

-- Pensei que fôssemos nós até o fim, pelo menos era o que você dizia antigamente. -- Ele se afasta de mim e dá um suspiro, depois passa a mão pelo cabelo e dá outro suspiro. É o que ele sempre faz quando está nervoso ou quando tenta não chorar, nesse caso acho que é os dois.

-- Logan, eu acho melhor você não criar expectativas ao meu respeito e focar em seguir em frente.

-- Eu te amo, Anahí.

-- Amor não existe, Logan. É apenas comércio.

-- E o que você sente pelo Tom, não é amor?

-- É diferente. -- E complicado. Mantenho essa última parte só pra mim, pois não quero que ele duvide dos meus sentimentos pelo meu irmão.

-- Pense em mim. -- Ele deposita um beijo na minha testa, levanta e vai embora.

-- Adeus, Logan. -- Me despeço enquanto ele está próximo o suficiente pra ouvir. -- Não vou esquecer você. Juro.

Ele não responde, só continua a caminhar.