Fanfic: Amor de Aluguel | Tema: Vondy

Michel se aproxima da Dulce e eles ficam conversando baixinho para não atrapalhar a gravação.

— Preciso confessar! Já estava pensando que você não iria me dar uma abertura depois de todos esses dias tentando e nada. — Michel sorri e coloca uma mecha de cabelo da Dulce por trás da orelha.

— Não gosto de misturar o profissional com o pessoal. Como hoje é o último dia de gravação, então já podemos dar o profissional como encerrado... Eu acho.

— Então, onde você quer jantar?

— Onde você quiser está bom.

— Desse jeito, vou te levar para jantar na minha casa. — sorri presunçoso.

Dulce sorri fraco e rola os olhos mentalmente. É sério que isso funciona com outras mulheres?

— Vou reformular a frase: o restaurante que você escolher está bom.

Ele brinca fazendo uma careta triste e dessa vez Dulce sorri sinceramente. Eles continuam conversando e, depois de um tempo, a gravação termina e todos se preparam para deixar o estúdio.

Do lado de fora do prédio, Christopher está encostado no carro esperando a Dulce. Ele vê um grupo de pessoas saindo e indo em direção a mini-van, entre elas está a Maite que sorri e acena para ele com a mão livre. Christopher retribui o aceno e sorri também. No entanto, seu sorriso se desfaz quando ele vê a Dulce saindo do prédio acompanhada por um dos integrantes da banda. Ao invés de se dirigir para a mini-van e se juntar ao grupo, como nos outros dias, o cara se aproxima do carro com a Dulce.

— Érr... — solta o ar pela boca, como quem está juntando coragem para falar — Michel e eu vamos para o restaurante "El Platillos".

Dulce fala de uma vez, mantendo um tom de voz indiferente. Christopher a encara com os olhos levemente semicerrados e não responde. Ela não o olha diretamente e um silêncio constrangedor invade o ambiente. Michel toma a iniciativa de abrir a porta do carro para Dulce entrar e entra logo em seguida, lançando um olhar de lado para Christopher. Christopher observa toda aquela cena incrédulo e fecha a porta que Michel deixou aberta com força. Ao entrar no carro, ele respira fundo e aperta as mãos no volante. Pelo retrovisor, seus olhos encontram os de Dulce mais uma vez. Desta vez ela o olha fixamente. Ele está com um semblante sério, os lábios comprimidos e seu olhar é um misto de indagação e tristeza. Dulce sente uma pontada de culpa surgir em seu peito, mas não deixa transparecer. Ele desvia o olhar, quando Michel passa o braço sobre os ombros de Dulce, e dá partida, dirigindo o mais rápido que pode.

***

Christopher morde um pedaço do hambúrguer, mas não consegue continuar comendo. Ele o devolve para a embalagem e limpa a boca com um guardanapo, voltando sua atenção para Dulce e Michel no restaurante. Por sorte, os dois sentaram em uma mesa próximo a janela. Do estacionamento no outro lado da rua, Christopher consegue observar toda a movimentação dentro do restaurante. Dulce sorri e Michel a serve com mais uma taça de vinho. Ela havia liberado o Christopher para que fosse jantar e voltasse com duas horas depois, mas o mesmo preferiu esperar no estacionamento e pedir um delivery. Eles estão ali há aproximadamente 1h30 e tudo o que Christopher mais quer é que a noite acabe logo. Ele não entende como a Dulce pôde sair para jantar com um cara qualquer depois do momento que eles tiveram no escritório dela um dia antes. Ele podia jurar que estava fazendo algum progresso com a Dulce, que ela estava finalmente cedendo. Ele tem a desejado tanto! Tem sido um verdadeiro teste de autocontrole ficar tão próximo dela e não poder tomá-la em seus braços, sentir o gosto dos seus lábios e de cada parte do seu corpo. Christopher não quer que a Dulce o corresponda por causa de um acordo feito entre ele e a tia dela. Ele nem costuma pensar nisso, apenas em tê-la. Seu celular vibra no bolso do terno e ele o pega. É uma ligação da Sra. Saviñón. Ela sempre liga nas piores horas. Ele a evitou de todas as formas possíveis nas últimas semanas e quando atendia era sempre breve, dando uma desculpa. Christopher suspira fundo e atende.

— Alô! — fala com a voz arrastada.

— Uckermann! Preciso de uma atualização da situação e preciso AGORA! Onde vocês estão?

— Bem... — olha para Dulce e Michel no restaurante — Estamos num encontro.

— Ahhh! Meu plano está sendo um sucesso! — tem animação em sua voz. Christopher fica em silêncio por um momento vendo o Michel pegar a mão da Dulce e acariciar — Alô!? Uckermann? Está aí?

— Sim. — fala fraco e desvia o olhar.

— Espero que a tenha levado num restaurante chique! Imp...

— Sra. Saviñón... — a interrompe — Estamos num encontro, mas não sou eu o acompanhante da Dulce.

Agora é a vez da Sra. Saviñón ficar muda.

— C-como assim? Você é mesmo um estúpido! Como deixou a minha sobrinha sair com outra pessoa em um encontro? Não é para isso que te pago, Uckermann!

— Sra. Saviñón... 

— Não quero ouvir nenhuma desculpa! Faça o seu trabalho! Será possível que eu vou ter que fazer tudo por você?

Christopher afasta o celular do ouvido enquanto a Sra. Saviñón fala histericamente sem parar. Seus olhos se voltam para a entrada do restaurante e ele vê Dulce e Michel saindo.

Michel percebe que Christopher está com os olhos fixos neles e se volta para Dulce.

— Qual é a daquele cara? — olha de relance para Christopher — Tem algo acontecendo entre vocês?

— Não. Nada. Ele é apenas meu motorista. — fala rapidamente tentando convencer mais a si do que ele.

— Então, está tudo bem se eu fizer isso?

Ele se aproxima da Dulce, segura seu rosto com as mãos e cola seus lábios nos dela. Dulce deixa que ele a beije e até corresponde, mas não a ponto de perder o fôlego. Ela dá um passo para trás.

— Michel...

— Isso foi maravilhoso! — a interrompe — Eu quero mais. — sorri maliciosamente e a agarra pela cintura, tentando beijá-la novamente.

— Michel, espera. — vira o rosto deixando o pescoço a mostra, Michel o beija — Me solta! — Dulce fala mais alto e o empurra pelos ombros sem muito sucesso.

— Eu sei que você quer, Dulce, então pra que...

Michel é silenciado com um soco de Christopher e cambaleia, soltando a Dulce.

— Larga ela, porra! — Christopher o empurra para mais longe. Enquanto Michel ainda está processando o que acabara de acontecer, ele se vira para Dulce. — Você está bem?

Ela acena que sim com a cabeça. Michel se aproxima, apoiando uma mão no ombro de Christopher e fechando o outro punho para socá-lo. Christopher se vira rapidamente agarrando-o pelo pulso, mas sem conseguir desviar do soco, que o atingiu fraco. Christopher torce a mão de Michel pra trás, colocando-a nas costas. Michel solta um gemido de dor e Christopher o empurra contra a parede.

— Me solta, caralho! 

— Nunca mais você vai se aproximar dela de novo. Está me entendendo? Nunca mais!

Christopher o pressiona contra a parede com mais força e Michel concorda em meio a gemidos de dor. Ele o solta se voltando para Dulce, que está paralisada no lugar, e a segura pelo cotovelo, guiando até o carro. O silêncio tomou conta do ambiente e os poucos minutos ali pareceram horas. Ao estacionar em frente a casa da Dulce, Christopher sai do carro e Dulce sai logo em seguida, sem esperar que ele abra a porta para ela.

— Christopher, e-eu...

Ele estica o braço para fechar a porta atrás dela e seus corpos ficam próximos. Os dois se encaram e a tensão é completamente diferente das outras vezes. Christopher tem fúria, decepção e adrenalina no olhar. Os olhos de Dulce marejam e começam a saltar de um lado para outro, tentando capturar impressões de todo o rosto de Christopher além dos olhos. Um carro estaciona atrás do dele e logo Anahí pula para fora, se aproximando dos dois.

— Dulce? — olha desconfiada e um pouco assustada para ambos.