Fanfic: Amor de Aluguel | Tema: Vondy

Horas depois, no mesmo dia, Christopher aparece no endereço que a Sra. Saviñón lhe passou. Ele hesita antes de apertar a campainha. Não pode acreditar que aceitou um trabalho como esse. Mas como o dinheiro não foi depositado ainda, então está em tempo de desistir. "100 mil reais!" , a voz da Sra. Saviñón ecoa na sua cabeça. Christopher aperta a campainha antes que acabe mudando de idéia. Alguns segundos depois, a empregada abre a porta e o convida para entrar. Ele repara em cada detalhe luxuoso da casa. Aqueles objetos devem custar uma fortuna. Talvez ele devesse tentar renegociar o preço do trabalho, já que a família parece ter dinheiro sobrando e, pela proposta que lhe fizeram, não são muito dignos de tê-lo. Ela o guia pela casa até a área externa de lazer, onde se encontra a Sra. Saviñón.

— Olá, meu querido! Venha! — a Sra. Saviñón acena para ele enquanto se ajeita numa espreguiçadeira, colocando um copo de suco numa mesinha — Sente-se aqui. — aponta para a espreguiçadeira ao lado e sorri.

Christopher senta na ponta para olhá-la de frente e apoia os braços sobre os joelhos, juntando as mãos.

— E, então? O que eu tenho que fazer exatamente? Como isso vai funcionar?

— Querido, relaxe! Tudo foi cuidadosamente planejado. Antecipei a aposentadoria do motorista particular da minha sobrinha. Você será o substituto e, assim, vão passar muito tempo juntos. — sorri triunfante — Agora, o que você vai fazer em termos de conquista, é com você. Só não faça nada muito estúpido, sim? — toma um gole do suco.

Christopher olha para o lado e encara a enorme piscina pensativo. Ele não tem a menor idéia de como vai fazer isso. Não foi por falta de opção, mas ser "namoradeiro" nunca fez o seu estilo.

— Mas antes de você começar o trabalho oficialmente, precisamos fazer alguns ajustes. — se vira para a empregada que está em pé ao seu lado — Pode trazê-los.

— Que ajustes? — lança um olhar desconfiado.

— Você já vai saber. — pisca.

Uma equipe se junta a eles para "dar um trato" no visual do Christopher, que reluta inutilmente. Não tem para onde ele possa escapar. A Sra. Saviñón o lembra que faz parte do trabalho e, a contra gosto, ele deixa que cortem o seu cabelo, façam sua barba, tirem suas medidas para fazer uns ternos e aceita algumas roupas novas. Ele também se livra do brinco, alguns anéis e outros acessórios que usava. No final do dia, Christopher se tornara um novo homem. De rockeiro para um esporte-fino. Satisfeita com o resultado, a Sra. Saviñón transfere os 100 mil reais para a conta dele. Os dois conversam mais um pouco sobre como é a rotina de trabalho da sobrinha na gravadora, o que desperta bastante seu interesse, e sobre os poucos lugares que ela costuma ir nas horas vagas. Para começar o trabalho, efetivamente, Christopher ainda precisa esperar em torno de 7 dias até os ternos ficarem prontos e sua carteira de motorista ser renovada.

— Sra. Saviñón? — olha para ela intrigado.

— Sim, querido! — sorridente, a mulher não podia conter a sua felicidade.

— Antes de ir, preciso saber de uma coisa. Por que a senhora está fazendo tudo isso? Por que precisa casar sua sobrinha?

— Meu querido, você está vendo tudo isso aqui? — coloca a mão no ombro dele e aponta para as coisas a sua volta — Me pertence! E a mais ninguém! — sua expressão alegre muda para o mesmo tom sombrio de quando eles estavam na cafeteria pela manhã — Não vai ser um testamento estúpido do meu pai que vai tirar tudo isso de mim para dar de mãos beijadas à minha sobrinha. "À sua única neta". — fala com desprezo — Ela tem o seu  próprio dinheiro e gosta de trabalhar. Não precisa da herança de papai, ao contrário de mim.

Christopher franze a testa pensando até que ponto a ganância do ser humano pode chegar.

— Mas, então, por que você me escolheu? Por que eu tenho que fazer isso e não um outro cara qualquer?

— Você faz perguntas demais, Uckermann! Lembre-se de que te pago para ficar calado. — apontando o indicador para ele — Não quero ouvir mais uma palavra sobre esse assunto. E, a partir de agora, sou eu quem faço as perguntas e você responde. Entendido? Agora vá embora. — seu tom volta a ficar alegre — Não esqueça de passar na alfaiataria para pegar os ternos na quinta, ok? 

Christopher balança a cabeça negativamente, incrédulo. Onde ele foi se meter? Essa mulher é completamente maluca e dissimulada.

***

Dias depois, Christopher acorda com o despertador tocando às 6h da manhã. Ele levanta da cama sonolento, desliga o alarme e se despe, indo em direção ao banheiro. Passa as mãos molhadas no rosto, para ajudar a despertar, e se encara no espelho. Chegou o dia. Ele faz a barba, toma uma ducha e veste um dos ternos patrocinados pela Sra. Saviñón. Tudo aquilo não combina em nada com ele. Para senti-se menos estranho consigo mesmo, Christopher coloca um anel grosso no polegar e  umas pulseiras, que ficariam cobertas pela manga da roupa na maior parte do tempo. Ao sair de casa, ele encontra um carro estacionado na frente. Ele sabe que é o carro da empresa e que a partir de agora vai ficar em sua posse 24h por dia, mas não consegue evitar o estranhamento. Mais cedo ou mais tarde ele vai se acostumar com a idéia. Antes de ir para o seu destino, a casa da srta. Saviñón, ele passa na cafeteria que o Poncho trabalha para pegar uns cafés.

— Uoou! Quem é esse estranho? Parece alguém metido a importante. — Poncho debocha quando o vê entrar na cafeteria.

— Sem comentários, cara. Faz parte de todo jogo.

Poncho e Christopher são melhores amigos desde o colegial e ele está inteirado de toda a situação.

— Me vê um café preto e um com canela, por favor. Para viagem.

— É pra já! — começa a preparar os cafés — Está ansioso para conhecê-la?

— Um pouco nervoso, confesso. Não faço idéia de como ela seja. A tia maluca não quis mostrar uma foto, não fez comentários, nada. Disse apenas para eu agir naturalmente e fazer o meu serviço o mais rápido possível.

— Espero que não seja uma coroa banguela. — sorri.

— Que isso, cara? De onde você tira essas coisas? 

— Pensa aí. Se a tia precisou fazer tudo isso para que alguém se case com ela, é porque boa coisa não pode ser.

— Eu não acredito nisso. Ela disse que a sobrinha é jovem. Só tem o problema de ser muito fechada, na dela, e afastar as pessoas.

— Bom, boa sorte! — coloca os copos de café sobre o balcão e empurra para ele.

— Valeu, Poncho!

Christopher deixa uma nota em cima do balcão, pega os copos e sai. Durante o caminho, ele escuta Dirty Little Thing, da Velvet Revolver, e faz o volante de bateria em alguns momentos. Parece que o trabalho vai ser melhor do que ele imaginava. Chegando no endereço, ele baixa um pouco o volume da música, pega o copo com café preto e vai até a porta. Ele solta um suspiro e toca a campainha. Uma voz doce e fina grita lá de dentro que já vem. Enquanto espera, ele observa o jardim. O som da porta abrindo o faz se virar. Neste instante, seus olhos encontram um par de olhos castanhos e familiar. É a ruiva misteriosa do pub que o beijou. Os dois se encaram atônitos por um momento. Christopher desce o olhar para os lábios dela, que estão um pouco contraídos, e lembra de como eles são macios e intensos. Ele sorri divertidamente com essa situação.

— Olá! Eu sou o Christopher Uckermann, seu novo motorista. Aqui está seu café, srta. Saviñón. — estende o copo para ela.