Fanfic: Amor de Aluguel | Tema: Vondy

Dulce pisca rápido algumas vezes para sair do transe. Ela olha rapidamente para o café e volta a olhar para Christopher com desconfiança.

— Preto?

— Sim!

— Está adoçado?

— Não! — estica o braço mais um pouco — Anda, pode pegar!

— Obrigada! — pega cuidadosamente pela parte superior do copo, evitando o contato de seus dedos — Eu só vou calçar os sapatos e terminar de me vestir. Você pode me esperar no carro, ok? Volto em 10 minutos.

— Ok. — assente com a cabeça e caminha em direção ao carro.

Dulce o observa se afastar por alguns segundos e entra fechando a porta. Seu coração está acelerado. O que acabou de acontecer? Como isso é possível? Como o cara que não saiu da sua cabeça pelas últimas semanas agora é o seu motorista? Ela toma um gole do café e respira fundo, olhando para o relógio no pulso.

— Droga! — ela corre para calçar os sapatos.

Está atrasada para uma reunião onde deve apresentar a estratégia de divulgação do novo single de uma banda. Após calçá-los, dá uma última ajeitada no cabelo, coloca uma jaqueta de couro preta, pega sua bolsa, o café e sai. Da porta, ela consegue ver o Christopher encostado no carro de um jeito bem relaxado, tomando café também. Repentinamente, ela lembra de quando o beijou. O sabor de café com canela. Mordendo levemente o canto dos lábios, pergunta para si se é o que ele está bebendo agora. Ela balança a cabeça negativamente para afastar tais pensamentos e segue em direção ao carro.

Quando percebe que ela está se aproximando, Christopher ajeita sua postura e lança um olhar com atenção sobre ela. A Dulce está vestida com uma saia de couro preta que vai até um palmo acima dos seus joelhos, uma camisa com a estampa do Van Halen, botas de cano curto e uma jaqueta. Seu cabelo vermelho é o único ponto colorido no look. Christopher sorri de lado e abre a porta traseira para ela. Ele está muito interessado em conhecê-la melhor e gostaria de saber se ela o reconhece do pub. No entanto, Dulce entra no carro sem olhá-lo e se acomoda no banco, pegando o celular na bolsa.

Ele franze a testa, mas dá de ombros, entrando o carro e dando partida. Durante o caminho, ele a olha pelo retrovisor algumas vezes. Ela segue concentrada no pequeno objeto que tem em mãos. Aquele silêncio está deixando ele um pouco desconfortável. Christopher pigarreia para chamar sua atenção. Ela levanta a cabeça, olhando-o pelo retrovisor com uma sobrancelha arqueada.

— "Everybody's lookin' for somethin'. Somethin' to fill in the holes".

— Hã? — uma ruga se forma na sua testa.

— A música do Van Halen. When it's love. — ele repete o trecho, desta vez cantando no ritmo da música.

— Eu conheço a banda.

— Posso colocar para tocar, se quiser. Ou qualquer outra música.

— Não. Eu preciso me concentrar nisso aqui. — aponta para o celular e abaixa a cabeça.

Christopher respira fundo, um pouco intrigado. Seu trabalho vai ser mais difícil do que pensou. Ele se concentra na direção e repassa a música na sua cabeça, batendo os dedos no volante e cantarolando baixinho. Percebendo que ele ficou distraído, Dulce o observa pelo retrovisor, mas não diz uma palavra até que ele estacione na frente da gravadora. Ele solta o sinto e se vira para sair do carro. Antes que pudesse concluir a ação, Dulce toca seu ombro, fazendo ele se virar para olhá-la. 

— Preciso do seu celular um minuto.

Ele tira do bolso sem questionamentos e a entrega.

— Qual é a senha?

— Um, nove, oito, quatro.

Ele sai do carro e abre a porta traseira para que Dulce possa sair também. Ela permanece sentada um instante e depois sai entregando o celular para ele.

— Pronto! Nossos contatos estão salvos. Se mantenha por perto da empresa e nunca desligue o telefone, ok? Posso precisar de você a qualquer momento. — ela se distancia um pouco em direção do prédio.

— Sim, srta. Saviñón!

Ambos acenam com a cabeça e seguem com seus destinos.

Ao entrar na gravadora, Dulce vê a Anahí na recepção andando de um lado para outro impacientemente.

— Ah, graças a Deus! — balança as mãos pra cima — O que houve? Por que demorou tanto? Está todo mundo na sala de reunião te esperando. — se aproxima de Dulce.

— Nós precisamos conversar.

— Anda, nós conversamos no elevador. — a puxa pelo braço para que apresse os passos.

Dulce desiste de conversar, por hora, com a Anahí ao ver que ela está muito concentrada com os assuntos da reunião, mas depois não vai ter perdão. Ela vei ter que lhe contar tudo, nos mínimos detalhes, sobre a contratação de Christopher, uma vez que é a encarregada pelo RH da empresa. Quais seriam as chances dos dois se encontrarem novamente depois do que aconteceu no pub? Dulce não acredita muito em coincidências.

Ao entrar na sala de reuniões, Dulce pede perdão pelo atraso, cumprimenta a todos, faz uma breve introdução do que será discutido e se prepara para fazer a apresentação da estratégia. Ela revira sua bolsa em busca de um pen drive e não o encontra.

— Droga! — fala baixinho para si.

— Algum problema, querida? — Anahí sussurra enquanto se aproxima.

— O maldito pen drive com a apresentação ficou conectado ao meu notebook. Saí com tanta pressa de casa que acabei esquecendo. — solta o ar pela boca e passa a mão na testa, pensando no que pode fazer agora.

Anahí começa a se abanar nervosa, mesmo estando em uma sala com a temperatura de 18ºC.

— Fica aqui e distraí eles por vinte minutos. Vou pedir para alguém me trazer e esperar lá embaixo. — Dulce se vira e caminha em direção a porta.

— Mas...

Anahí levanta o braço na tentativa de segurá-la para que não se vá, mas Dulce foi rápida e já tinha fechado a porta atrás de si. Ela pega seu celular e disca para o contato recém cadastrado. Não queria fazer isso, mas se tinha alguém que poderia ir até lá e voltar rapidamente, esse alguém é o seu novo motorista.

— Sim, srta. Saviñón? 

— Christopher, onde você está?

— Há umas quatro quadras da sua casa.

— Ótimo! — suspira aliviada — Preciso que vá até lá e pegue um pen drive para mim. Está conectado ao notebook no meu quarto, basta virar a esquerda e subir as escadas.

— Tudo bem. Eu vou aí buscar as chaves e volto em um minuto.

— Não temos tempo. Use a reserva, ok? Fica embaixo do segundo vaso próximo da porta. Rápido!

— Ok.

Eles desligam e Dulce desce para a recepção. Ela está apreensiva. Não gosta de estranhos na sua casa. Se fosse o sr. Gonçalo, ela não estaria preocupada. Ele trabalhou para ela desde o princípio e Dulce o considerava como um avô. Por que ele tinha que se aposentar justo agora? Ainda faltavam seis meses. Além de apreensiva, ela está intrigada também. Com certeza, Anahí vai lhe dar as respostas que ela precisa depois.