Fanfic: Amor de Aluguel | Tema: Vondy

Dulce está preparando o almoço quando escuta a campainha tocar. Ela limpa as mãos num pano e caminha em direção a porta.

— Oi, tia! — sorri — Que surpresa!

— Minha querida! — beija cada bochecha de Dulce — Como você está? Se eu não vier te ver, você não me dá notícias. — faz uma cara de desapontada.

— A senhora sabe como são as coisas no trabalho, tia. — dá passagem para ela entrar e fecha a porta — Almoça comigo hoje? — indo em direção a cozinha.

— Claro que sim, minha rainha. Nada me faria mais feliz.

A Sra. Saviñón segue Dulce até a cozinha e se acomoda na mesa, enquanto Dulce volta a picar as verduras. Ela começa a tagarelar sobre mil assuntos diferentes. Dulce sorri e dá respostas curtas, motivando-a a falar mais. Já está acostumada com o jeito espalhafatoso da tia. Ela é a sua parente mais próxima e foi quem a criou após a morte de seus pais em um acidente de avião. O mesmo acidente deixou a Sra. Saviñón viúva antes que pudesse pensar em ter filhos. Ela não se relacionou com outros homens depois disso e passou a viver em função de gastar a fortuna deixada pelo seu falecido marido. Apesar de ser inconveniente na maioria das vezes, Dulce não tem dúvidas de que a tia a ama e quer o seu bem. As duas almoçam e a Sra. Saviñón, finalmente, encontra uma oportunidade de entrar no assunto que lhe interessa e é a principal razão para ela estar ali.

— Como anda este coraçãozinho, minha filha?

— Batendo, tia.

Ela lança um olhar repreensivo para Dulce, que segura o riso.

— Não tem nada novo. As coisas estão como sempre. Foco no trabalho. — desvia o olhar da Sra. Saviñón.

— Tem certeza? Não foi bem isso o que a Any me contou. Ela disse que você está apaixonada! — sussurra as últimas palavras como se fosse um segredo.

— Foi mesmo? — arqueia uma sobrancelha — A Anahí é exagerada, tia. Você a conhece. Ela poderia até ser sua filha. Vocês transformam pouca coisa em um oásis no meio do deserto.

— Só se tivermos motivo para isso. — dá um sorrisinho sarcástico — E então, quem é o rapaz?

— Não tem nenhum rapaz, tia. A Any está vendo coisas onde não tem só porque o meu novo motorista e eu, n-nós... — os pensamentos de Dulce divagam na noite do pub, nos lábios de Christopher se movimentando com os seus, as mãos dele apertando sua cintura...

— Vocês...? — a tia pergunta como se não soubesse do ocorrido.

— Nós nos beijamos numa festa. Só isso! Nada demais. 

A Sra. Saviñón finge surpresa e a Dulce levanta da cadeira, recolhendo os pratos.

— Como assim "nada demais"? Minha querida, depois daquele crápula você não quis saber de homem algum. Sabotou todos os encontros que arrumei para você. E, agora, beijar um estranho virou "nada demais"?

Dulce franze a testa, deixando os pratos na pia e se vira para tia.

— Como você sabe que eu não o conhecia?

— Érr... -- olha nervosa para os lados — Foi a Anahí! A Any me contou tudo sobre essa festa. Mas ela me fez prometer que não iria comentar nada com você até que você mesma me contasse. — gesticulando.

Dulce revira os olhos fazendo uma nota mental para dar uns puxões de orelha na Anahí, por ter uma boca tão grande, e se volta para a pia para lavar a louça do almoço. Enquanto isso, a Sra. Saviñón segue tagarelando sobre relacionamentos e o quanto deseja ganhar um genro.

***

— Gatinhas, eu cheguei!

— Christian!!! — Anahí solta um gritinho pulando em seus braços e ele a rodopia.

— Sentiram minha falta? — coloca ela no chão e deposita um beijo na sua cabeça.

— Você não imagina o quanto! — sorrindo — Essa aqui não sabe se divertir. — aponta para Dulce.

— Vem cá! Tem pra você também. — Christian abraça a Dulce, tirando-a do chão, e beija sua cabeça.

— Como você está? Sentimos muito a sua falta! — Dulce fala calmamente com um sorriso largo no rosto.

Christian trabalhava com Anahí e Dulce na gravadora e era um excelente funcionário. Estava sempre a frente na negociação com as novas bandas, fechando contratos, agenciando e promovendo eventos. Durante um momento crítico para uma das bandas, ele teve resultados muito positivos e acabou se tornando o empresário dela, deixando o trabalho na gravadora para acompanhá-la em uma turnê. Há poucos meses, Christian começou a gerenciar uma nova banda e ele não poderia gravá-la em outro lugar, senão no seu antigo local de trabalho.

— Eu estou ótimo! Um pouco mais gostoso, como vocês podem ver.

— Totalmente! — Anahí desliza a mão pelo tórax dele e todos começam a rir.

Em seguida, Christian apresenta os integrantes da banda para as duas: Jack Duarte, vocalista; Eddy Villard, baixista; Derrick James, guitarrista; e Michel Gurfi, baterista. Todos se cumprimentam com apertos de mão e abraços. Exceto o Michel, que ao cumprimentar a Dulce aperta sua mão e lhe dá um beijo no cantinho da boca. Dulce e Anahí se entreolham rapidamente com os olhos arregalados. Anahí segura um sorriso e vira para o lado. Ainda falta alguém ser apresentado.

— E quem é esse docinho aqui? — Anahí abraça uma moça que sorri timidamente.

— Meninas, essa é a Mai, minha assistente. Aliás, — Christian se aproxima da Dulce — ela ficou encarregada de resolver umas coisas para mim durante essas semanas de gravação. Você pode arrumar um motorista pra ela? Eu pediria um carro, mas a tonta tem medo de direção.

— Claro! Sem problemas.

Dulce tira o celular do bolso traseiro da calça jeans que está usando e liga para Christopher.

— Pronto!

Ele sempre atende no segundo toque, no máximo, e Dulce sorri esquecendo de falar.

— Dulce?

— Oi! Estou aqui. Você pode vir agora na gravadora? Estou no estúdio B.

— Ok! Chego já. 

Ela desliga e observa a banda se posicionando e ligando os instrumentos sob orientação de Christian. A Mai está ao lado dele com um caderninho na mão e parece anotar cada palavra. Anahí se aproxima sorrateiramente de Dulce e cola seus ombros, iniciando uma conversa sussurrada.

— Eu vi. Você corou!

— E daí? O gesto me surpreendeu.

— Eu percebi o calor nos seus olhos.

— Não posso negar que reparei ele olhando para mim desde que entrou na sala.

— E ele segue olhando, minha querida. Aposto que sabe que estamos falando dele. Ele parece ser um pouco convencido, mas também, com essa aparência, deve ter uma fila de mulheres atrás dele.

— É... Ele dá pra o gasto. — Dulce fala em tom sugestivo e de brincadeira.

— Ele é um pecado! E se você não aproveitar, quem vai sou eu.

Elas sorriem e se viram para porta ao ouvir uma batida. Christopher entreabre, colocando a cabeça pra dentro da sala, e faz um sinal de que vai esperar lá fora. Dulce chama a Mai e as duas saem para o corredor.

— Christopher, essa é a Mai.

— Maite Perroni! Muito prazer! — sorri e estende a mão para Christopher, que a aperta.

— Olá! Eu sou o Christopher.

— Chris, a Mai precisa resolver algumas coisas fora daqui. Você pode acompanhá-la? Durante os próximos dias eu vou passar bastante tempo trancada aqui no estúdio, então não precisa ficar em alerta constante.

— Tudo bem. Sem problemas.

— Ótimo! — Dulce solta o ar pela boca e olha de Christopher para Maite — Então, vocês já podem começar.

Christopher acena com a cabeça e coloca as mãos no bolso, enquanto a Maite ajeita a bolsa no ombro e dá o primeiro passo para sair dali. Christopher a segue e logo eles estão caminhando lado a lado. Dulce observa eles se distanciarem conversando. Christopher tira uma das mãos do bolso e entrega um chiclets para Maite, que sorri empolgada.