Fanfic: Expectations | Tema: Romance
CAPÍTULO II.
“Eu não gosto de você, eu te odeio
Você e eu, não fomos capazes de mudar
Quando você me toca, eu aceito
Diga-me, eu sou uma piada para você?
Olhe para mim, sou uma boneca triste sob o controle dessas cordas”
Naeun ficou aliviada quando Junmyeon saiu para trabalhar no dia seguinte. Olhou para Jackson que conversava com seus funcionários de modo pacífico e esperou que a aglomeração de homens se dispersasse antes de passar as mãos por sua saia e se aproximar do homem. — Obrigada por ontem. Por me defender.
— Ele te machucou? — Jackson sussurrou com calma, hesitando com a vontade de tocá-la e a moralidade que o impedia de fazer isso. Ele havia percebido que Naeun era antiquada. Talvez por isso não usasse calças. Resolveu que não perguntaria, pois não queria ofendê-la.
— Não… ele não tocou em mim ontem. Quando chegou do trabalho, lá pelas dez, eu já estava dormindo. — Naeun mordeu o canto do lábio inferior e observou o arquiteto. — Acho que ele me trai. Sempre tem “hora extra” nas terças.
— Sinto muito. — sentia, era verdade. Ela parecia uma mulher legal. Tinha aquele ar de quem havia sido muito cobrada, mas era doce demais… talvez fosse uma mulher comum se a vida houvesse sido mais flexível? Talvez. Por sua postura sempre altiva, ele podia jurar que ela vinha de família rica e nunca tivera descanso da vida milimetricamente planejada que as pessoas de sua classe costumavam tem. — Você ainda pode se divorciar, não pode?
— Eu posso. Mas não devo. Minha mãe acabaria morrendo de desgosto porque não foi assim que me educaram. — ela o acompanhou, quando começaram a andar. — Se importa? De eu conversar com você. Meu marido não me deixa falar com ninguém normalmente e você não vai ficar tempo o suficiente para ele poder te demitir por ser meu amigo, eu pensei que… — havia um tom esperançoso em sua voz, apesar de uma nota de mágoa.
— Claro que não. Vem. — o homem acenou de forma animada, sendo seguido de perto por Naeun. Adentrou um dos quartos, sozinho com a mulher e puxou uma cadeira de madeira para que ela se sentasse. — Seu marido vem almoçar hoje?
— Não. Disse que não virá enquanto a reforma não acabar porque só quer estar nessa bagunça para dormir. — ela parecia contente em saber que o homem não voltaria para casa mais de uma vez ao dia. — Você é comprometido?
— Eu era. Mas ela me traiu com uma amiga. E depois disse que não gostava de homens. — Naeun pareceu completamente chocada, mas Jackson apenas riu. — Tudo bem, na verdade. Quer dizer, é completamente compreensível ser traído com uma mulher se sua namorada não gosta de você e nem de nenhum outro homem.
— Ela é…? — Naeun não sabia se devia pronunciar a palavra. Temia ser ofensiva, mas sabia bem que existiam mulheres que gostavam de mulheres. E não as julgava por isso. Até achava bastante revolucionário.
— Lésbica. É. Ela é. E tentou viver de aparências. Eu não vou dizer que foi tudo bem e essas coisas porque eu fiquei… bem irritado no começo. Não por ela ser lésbica, mas por ela ter me traído. Mas acho que essas coisas acontecem. Ela tinha medo e não sei se eu posso julgá-la por isso considerando tudo. — ele apenas encolheu os ombros e Naeun riu maravilhada. Um homem compreensivo? Ela devia estar sonhando.
— Eu acho que meu pai me mataria se eu fosse lésbica. Eu… cheguei a beijar outras garotas no colégio, mas… — ela arregalou os olhos ao se dar conta do que tinha dito. — Por favor, não diga para ninguém que beijei garotas.
— Mas gosta de garotas também? — ele voltou a trabalhar, como se tivesse acabado de perguntar à ela se gostava de chá.
— Infelizmente não. — a fala o fez gargalhar, balançando a cabeça negativamente.
Naeun gostou de ser o motivo do riso de alguém daquela forma. Seu coração se aqueceu e ela deleitou-se em conversar com o homem naquele dia e nos próximos que se seguiram, tendo a certeza de que Jackson era uma boa pessoa.
Era visível, para todos que a conheciam, que seu humor estava melhor a cada dia que se passava. Jackson era um bom amigo com o qual conversava todos os dias por horas a fio, enquanto Junmyeon não estava, sobre tudo e qualquer coisa. Ele parecia sempre disposto a ouví-la dizer o quão frustrada estava e ele parecia ter sempre um conselho gentil e muito bom para dar.
A reforma, que já se esticava por um mês, não parecia nem perto de acabar, mas com o bom humor que Naeun vinha tendo, Junmyeon também tinha lhe dado uma trégua e tudo estava bastante calmo por ali. Como se finalmente houvesse uma chance de o casamento de ambos dar certo. Havia uma ponta de esperança, que não vingava tanto quanto ela gostaria, especialmente quando ele continuava sendo completamente “viciado” em sexo e a dissuadia a se deitar com ele.
Em uma tarde ensolarada, entretanto, ela havia saído com sua mãe e irmã mais velha depois de obter alguma permissão do marido para que pudesse encontrar ambas mulheres. Seu dia estava sendo comum e bastante divertido, exceto pelos momentos em que comentavam como seu casamento parecia lhe fazer bem. Nesses momentos, ela queria contar sobre sua amizade com Jackson, mas sabia que seria repreendida, de modo que apenas acenava sorridente e guardava para si como Junmyeon havia tentado matar sua essência pouco a pouco até um homem estranho entrar em sua casa e ajudá-la a reavivar como um bom amigo por quem ela estava encantada. Apaixonada. Ela só não sabia que estes comentários eram mais uma espécie de fachada de ambas mulheres.
Naeun havia retornado das compras com sua mãe e irmã mais velha quando passou diretamente para a ala sul procurando por Jackson. — Você não vai acreditar! A minha irmã vai ser mãe! — ela disse completamente sorridente enquanto abria a porta do quarto de hóspedes. O que viu a fez deixar cair a bolsa que ela segurava enquanto havia praticamente saltitado para encontrá-lo, as mãos paralisadas na altura de seu peito. Jackson estava sem camisa e tinha o tronco completamente definido, assim como os braços, ela podia ver que a pele bronzeada pela exposição ao sol ficava muito bonita esticada sobre os músculos. As veias ao pé de seu abdômen estavam saltadas e ele pareceu tão incrédulo quanto ela própria pelo flagra que havia tomado.
— Eu não sabia que você já estava voltando. — tratou de largar a marreta, puxando a camisa para vesti-la. Naeun, por outro lado, tinha coberto os olhos com ambas mãos no intuito de não olhar para o corpo perfeitamente esculpido do homem em sua frente. — Você… vai ser tia? — Wang tentou fingir alguma normalidade, mas Naeun havia perdido a própria língua já que apenas maneou a cabeça em um aceno. — Eu já me vesti. Está tudo bem. Quer que eu vá embora?
De maneira calma, Naeun abaixou as mãos e olhou para ele, negando com a cabeça. — Você não vai falar? — perguntou calmamente, mas continuou parado no lugar. A Son, no entanto, aproximou-se e colocou a mão em seu peito, lhe arrancando uma expressão confusa. — O que houve?
— Você é- — ela piscou várias vezes, recolhendo a mão. — Eu acho que é estúpido ter essa reação, mas você é bonito e eu não tinha reparado ainda. — ela suspirou baixo, vendo-o franzir a testa antes de rir um pouco.
— Obrigado…? — murmurou confuso por alguns segundo. — Então… vai ser tia? — perguntou com um sorriso amplo pela forma como Naeun havia corado.
— Sim! Vou ser tia! Eu estou tão feliz, Jackson. Minha irmã tem um marido bom e ele é tão cuidadoso com ela. Vai ser um ótimo pai! — segurou nas mãos dele, afastando-se de súbito. Não compreendia como tocar nele era algo quase automático. Mas estava bastante feliz de sentir-se confortável naquele nível com o homem.
Conversaram enquanto Naeun não precisava se arrumar para sair com o marido. Jantariam na casa de sua mãe naquela noite visto que a irmã da mulher queria anunciar para todos juntos e, até aquele momento, apenas Naeun e sua mãe sabiam.
Ela arrumou-se empolgada em ver a família, mas o mesmo não podia ser dito de seu marido. Nos últimos dois dias, um pensamento vinha crescendo em sua mente. Naeun queria o divórcio. Descobrira ser alguém muito mais feliz quando estava com qualquer outra pessoa ou até mesmo sozinha. Queria essa felicidade e queria ser livre. Divorciar-se era o primeiro passo para isso. E parecia muito com a coisa certa a se fazer.
Quem sabe, depois, ela não fosse atrás daquele que seu coração pedia? Parecia uma boa ideia dar ouvidos para o coração e estar com alguém por quem estava apaixonada. Ela temia não conseguir disfarçar a paixão que, pedacinho por pedacinho, vinha sendo alimentada pelo arquiteto desde que haviam se conhecido, assim como temia que nunca pudesse tocá-lo para além de abraços espontâneos e algumas mãos dadas quando não tinha ninguém por perto.
Também estava farta de viver como sua avó e sua mãe haviam vivido. Tolerando abusos e agressões. Estava cansando-se em ter de fazer o que o marido queria, como ele queria. Divorciar-se para fugir de situações como as que passava não era tão mal visto assim, mesmo pela sociedade coreana. E ela imaginava que podia recorrer para a mãe se falasse das agressões ou o irmão mais velho, que simplesmente detestava o cunhado.
Todos os receberam com alegria e, enquanto comiam, os assuntos eram os mais diversos. Começaram falando sobre a carreira da esposa de seu irmão mais velho, até passarem para o casamento da irmã de ambos e acabarem pontuando o talento de Naeun ao piano. Nam Gi olhava a irmã de soslaio, vendo-a forçar um sorriso triste, sempre que Junmyeon desmerecia seus gostos, suas habilidades ou sua aparência. Naeun, por outro lado, podia reparar como a veia do pescoço de seu irmão parecia saltar com demasiada força e em como sua irmã remexia-se desconfortável com cada comentário emitido pelo cunhado.
— Junmyeon, cala a boca. — Naeun pediu com os olhos cheios d’água enquanto um Junmyeon irritado reclamava de como ela era frígida. Como se expor a vida sexual de ambos fosse perfeitamente aceitável num jantar de família.
— O que você disse? — sua voz tornou-se dura como uma pedra, mas Naeun estava cansada demais de abaixar a cabeça e implorar por perdão como um cachorrinho que havia comido o chinelo de seu dono.
— Cala a boca. Cala a merda da boca. Estou cansada disso e de você. Eu quero o divórcio. — tudo pareceu ficar em câmera lenta. O arfar de sua mãe, o sorriso de seu irmão e o choque de Nari, sua irmã. Ela pôde ver o cunhado levantando-se para impedir que o marido jogasse a taça em seu rosto um pouco tarde demais. O vinho manchou o vestido claro, a taça caiu no chão com um estrondo logo após se chocar contra as mãos de Naeun.
— Você está me traindo com a porra do arquiteto? — Junmyeon berrou enquanto Naeun tentava tirar o vinho que havia caído em seu rosto através de seus dedos.
— O que?! — ela perguntou em choque, sem ter certeza do que havia entendido. — Você é maluco? Eu nunca traí você! Mesmo que você mereça! — Nari tentou acalmar o irmão mais velho, enquanto seu marido ainda segurava Junmyeon. Como se fosse um time perfeito, a cunhada de Naeun entrou no cômodo falando sobre ter se atrasado por causa do trânsito, estagnando na entrada quando viu a cena.
— Você é uma vadia! Uma puta barata mesmo! Divórcio?! Quer a porra do divórcio?! Nós conversaremos sobre isso em casa. — ele se soltou do cunhado, dando a volta na mesa e, bruscamente a agarrou pelo braço.
— Me solta! — a mulher pediu, tentando se soltar em vão. Sua mãe sequer se mexera. A cunhada e a irmã tentavam conter o mais velho dos Son e o cunhado tentava fazer Junmyeon esfriar a cabeça sem sucesso. Era como se Naeun tivesse aberto a caixa de Pandora, liberando o caos naquele pequeno ambiente.
Quando ele a jogou no carro com violência e ela pediu para que a família se acalmasse, sentiu que tinha algum controle sobre a situação. Mas suas mãos estavam frias e tremiam. Colocou o cinto, temendo o pior, vendo que Junmyeon passou a dirigir completamente irritado, sem dizer uma palavra sequer. Naeun tentou acalmá-lo, puxando assunto algumas vezes, mas ele fingia não ouvir o que ela dizia até o momento em que deu um soco em suas costelas com tamanha força que a fez perder o ar.
Ela tentou recuperar o fôlego, curvando-se para aliviar a dor, mas só conseguia chorar e respirar de forma completamente descompassada. Pedia para qualquer que fosse a divindade existente que tivesse pena de si e que se fosse morrer, que não houvesse sofrimento.
Junmyeon a jogou no chão, na escadaria de entrada, logo depois de puxá-la para fora do carro, e sentou em cima de sua cintura, segurando suas mãos acima da cabeça contra o piso duro. As quinas dos degraus machucavam sua carne e ela estava visivelmente com dor. — Se você não é a putinha que eu acho que é, por que quer o divórcio?
— Por isso! Olha o que você está fazendo comigo! — conseguiu dizer, chorando em meio aos soluços pelo medo que invadia seu corpo.
— Você deu pro arquiteto, Naeun? Você transou com a porra do arquiteto? — ela negou veementemente em meio ao choro. — Se eu descobrir que você está mentindo, eu vou te matar. Eu mato você antes de deixar que você vá embora. Se você pensar que pode fugir de mim, eu te mato. Me entendeu? — ela assentiu em pleno desespero, sentindo a dor de estar com o peso dele sobre seu corpo espalhar-se a partir de sua coluna.
Quando ele a deixou, ela ficou ali, encolhida e chorando como uma criança. Não podia ir embora. Junmyeon nunca lhe daria o divórcio. Ele entrou em casa e Naeun ficou no mesmo local, completamente solitária com o terror que havia consumido sua alma. Entrelaçou os dedos nos próprios cabelos ao se sentar, visando que as mãos parassem de tremer e, por alguma razão, não houve surpresa quando a polícia parou em seu portão. Seu coração parecia tão acelerado que ela queria vomitar. Cada fibra de seu ser doía. Uma dor física e emocional. Estava na lama.
Ela não sabia quem havia chamado, mas considerou que fosse um de seus irmãos. A mulher colocou-se de pé limpando o rosto quando Junmyeon a abraçou pela cintura para irem até a entrada do terreno. — Senhora? Está tudo bem? — perguntou um dos guardas, apontando a lanterna diretamente para o rosto de Naeun, que mantinha-se de cabeça baixa.
— Ah, sim. Me desculpe, eu bebi um pouco demais. — ela deu a desculpa ao sentir os dedos de Junmyeon pressionarem sua cintura ao ponto de lhe causar dor. — Nós tivemos uma briga, mas já está tudo bem.
— Certo… é que seu irmão telefonou e nos disse que seu marido tinha lhe trago para cá contra sua vontade depois de uma briga. Você é o marido? — ele apontou a lanterna diretamente para Junmyeon desta vez, que assentiu.
— Nos desculpe. Ela fica um pouco emotiva quando bebe e, às vezes, acaba se exaltando. — Naeun esfregava os punhos, mordendo o lábio para não chorar mais.
— Senhora? — ele esperou que ela o olhasse. — Tem certeza de que está tudo bem?
Ela podia falar, afinal, agressão era crime. Mas e se Junmyeon ficasse solto? E se ele a matasse mesmo? — Sim, senhor policial. Obrigada. Me desculpe pelo transtorno, prometo me controlar melhor. — forçou um sorriso.
— Certo, senhora. Se precisar, nos chame, sim? — ela assentiu, respirando aliviada quando eles deram meia volta. Naeun limpou o rosto e sentiu o beijo de Junmyeon em sua cabeça. Naeun duvidava que o guarda tivesse acreditado, mas ao menos não insistira mais.
— Boa garota.
Na manhã seguinte não havia uma parte do corpo de Naeun que não estivesse dolorida, tal qual a noite anterior. Ela fitou o relógio, percebendo que Junmyeon já não estava em casa e seguiu diretamente para o banheiro, observando os hematomas que estendiam-se por seu corpo. Haviam roxos em seus punhos, a marca da mão perfeitamente fechada de Junmyeon em seu braço e várias linhas finas, compridas e horizontais por suas costas.
Vestiu um suéter preto e uma saia que ficava apenas um palmo acima dos joelhos antes de ir até a cozinha ainda em estado de choque. Não percebeu que Jackson conversava com Dahee até adentrar o cômodo. Tampouco percebeu sobre o que falavam. — Bom dia, senhora! Vejo que acordou e-
— Naeun? Tudo bem? — Jackson perguntou antes da funcionária ao ver como ela parecia pálida e abatida com os olhos inchados.
— Naeun… ele fez alguma coisa? — Dahee sussurrou, vendo-a virar-se mecanicamente para ambos antes de se desfazer em lágrimas. A mulher a abraçou e Jackson acariciou cuidadosamente seus cabelos. Não importava que Junmyeon mantivesse-a como uma prisioneira. Nada havia sido tão ruim quanto o dia anterior.
Não foi preciso que nenhum dos dois perguntasse o que aconteceu já que foi possível ver o hematoma escuro quando a mulher acidentalmente puxou a manga para cima, para secar o rosto.
Então, ali estavam Jackson e Dahee lhe dando um chá e dizendo que ela deveria fugir. Mas sendo completamente honesta? Qualquer coragem que Naeun tivesse para fazer aquilo havia se esvaído. Ela não havia contado sequer para a polícia. Mas agora não conseguia parar de chorar.
Ela conversou com a mãe e os irmãos, que foram visitá-la, lhe dando a mesma ideia de fuga. Acabou, também, tendo de implorar ao irmão que não matasse o marido para não acabar com sua vida. Tudo havia virado do avesso e seu estômago estava incapaz de segurar qualquer alimento sólido.
As flores e doces que recebera ao longo do dia apenas lhe trouxeram raiva e ela passou o resto da semana consumindo medicamentos para adormecer de modo que não tivesse que ver Junmyeon. Por outro lado, estava sempre conversando com Jackson que tentava lhe arrancar um sorriso e, até mesmo, a ensinava a fazer as coisas.
Os roxos sumiam pouco a pouco, desaparecendo por completo três semanas depois, quando seu casamento havia voltado para rotina de normalidade e Junmyeon a deixava em paz, sendo um marido bom e doce a fim de tentar dissuadi-la do divórcio. Algo que não servia para abrandar a vontade de Naeun em pedir a separação, mas que lhe dava tempo para encontrar a coragem de contratar um advogado e alguma proteção antes de fazer isso.
Recebia inúmeros presentes, mas gostava mesmo era de ter a chance de ajudar Jackson com a reforma do quarto de hóspedes. Descobrira que pintar paredes era terapêutico e, lá estava ela, perfeitamente equilibrada na escada, dando acabamento no rodapé do forro, até virar o corpo para trás procurando pela opinião de um profissional. Seu pé deslizou no degrau de metal e ela soltou o pincel, tentando se agarrar em algum lugar, em vão. No entanto, ao invés do chão, sentiu algo macio.
— Jackson… — Naeun sussurrou, sem graça com a queda e um tanto grata por Jackson apará-la. Seus olhos fixaram-se nos lábios cheios do homem e ela engoliu em seco. Era difícil negar que estava apaixonada. Mais apaixonada do que estivera por seu marido um dia.
E então, ele a beijou. Enquanto ambos estavam naquele quarto, Jackson sabia que ninguém apareceria. Era uma terça-feira e Junmyeon chegaria ainda mais tarde do que o usual. Deixou-se deleitar com os lábios da mulher, surpreso quando Naeun apenas retribuiu e ainda mais surpreso em como seu rosto delicado e o pescoço fino estavam completamente vermelhos quando eles se afastaram. — Me desculpe. — sussurrou o arquiteto ao afastar-se da mulher de maneira respeitosa.
O clima tenso durou alguns instantes enquanto ele pensava em como ela iria surtar e esbravejar com toda razão do mundo, mas Naeun pulou em seus braços, as pernas finas enlaçando sua cintura, o peso de seu corpo o puxando para frente. Jackson não resistiu em subir as mãos por baixo de sua saia em uma carícia por suas coxas até alcançar sua bunda e encher as palmas com a carne de Naeun, deleitando-se com textura macia de sua pele.
O perfume doce e floral invadia suas narinas com brutalidade igual a que ele usava para beijá-la. Estava excitado, totalmente desejoso por ter o corpo de Naeun apenas como seu marido havia tido e, para isso, não importava a ele que se sentasse na cama daquele quarto em reformas e removesse a blusa dela antes da saia para apreciar a visão de seu corpo com uma lingerie vermelha, rendada.
Seus seios perfeitamente redondos fizeram com que sua boca salivasse, mas Jackson os beijou por cima da renda, deslizando a ponta dos dedos por sua barriga plana. — Você é linda… ainda mais linda do que eu havia sonhado. — uma de suas mãos, grande o suficiente para que ela apoiasse boa parte de seu rosto, cobriu completamente sua bochecha. — Você pode parar. Não tem que continuar… se não quiser, pode ir. Não direi nada ao seu marido.
— Eu quero continuar. Por favor. — o tom de Naeun saiu como um gemido sofrido e ela arfou pesadamente quando o homem beijou seu pescoço, a barba por fazer arranhando sua pele. O queria tanto que suas pernas se apertaram com um movimento involuntário ao redor do corpo forte. — Vai doer? — a pergunta, misturada com um suspiro baixo, o pegou desprevenido. Com Junmyeon sempre havia um desconforto, na maioria das vezes também havia dor.
— Doer? — ele franziu a testa, olhando-a nos olhos. — Não. Eu espero que não. — a deitou sobre a cama, beijando seu colo e sua clavícula com suavidade extrema. Definitivamente, esperava não machucá-la. Queria que ela se sentisse bem e que fosse prazeroso. Naeun já havia sido suficientemente ferida para uma vida toda. Ele sabia que ela era mais velha cerca de um mês, mas o sentimento que tinha era o mesmo que teria por alguém mais novo. Suas mãos eram ásperas para a pele suave como seda e ele a tocava como se ela fosse um templo. Mas Jackson definitivamente não estava com vontade de ser santo, ele com toda certeza era um pecador e queria continuar assim.
Naeun sentia sua pele formigar de calor sob o toque do homem. Os lábios quentes pareciam atrair o sangue sob sua pele, queimando a região como brasa e quando ele a acariciou de uma forma que ela nunca pudera nem mesmo sonhar ser possível, precisou de todo seu esforço para não gemer.
O dedo dele deslizou para seu interior com tanta facilidade que Naeun se perguntou como aquilo seria possível. Havia dito a verdade antes. Não traíra o marido. Mas naquele exato momento enquanto seu corpo tinha uma série de espasmos violentos e Jackson cobria sua boca suavemente para abafar seus gemidos, Son Naeun percebeu que devia mesmo tê-lo traído antes.
Jackson sentia a própria ereção pulsar, mas queria deixar que Naeun se recuperasse primeiro. Seus dedos acariciaram a barriga lisa, subindo até a fenda entre os seios para brincar com os mamilos da mulher que sequer havia reaberto os olhos e ainda gemia contra sua mão.
Quando ela pareceu retomar o controle de seus gemidos, sua respiração e seu corpo, Jackson descobriu sua boca e retirou as mãos de seu corpo para tentar decifrar o que ela sentia. Ela estava sedenta enquanto colocava-se de joelhos na cama, encaixando o corpo do homem entre suas pernas. Ela retirou a camisa suada, espalmando as mãos no abdômen definido para sentir os detalhes com todo o tato que podia.
— Você tem camisinha? — ela perguntou com a respiração entrecortada, os dedos rápidos abrindo a calça jeans do homem com rapidez.
— Só dentro do carro… — ela se afastou, o olhando com uma expressão levemente desagradada. Não podia arriscar-se a ficar com ele sem camisinha. E se acabasse grávida? Pior. E se pegasse alguma doença? Jackson a olhava debaixo, a segurando com firmeza pela cintura.
— Vá buscar. — pediu, afastando-se dele com delicadeza. Ele pareceu confuso, passando as mãos pelo cabelo. Parecia que seu pênis havia drenado seu cérebro. Ele franziu a testa até lembrar-se, como se fosse a coisa mais natural do mundo, de uma das caixas que havia enchido com um funcionário. A procurou na pilha ao lado do closet até encontrar a tira com três pacotes lacrados e dentro da data de validade. Pensara, de início, que Naeun e o marido gostavam de se alternar entre os cômodos da casa e, naquele momento, esquecera-se de que aquele não era o caso provavelmente.
— Essas servem? Quer dizer, é das que você usa, não é? — não era. Ela e o marido não usavam camisinha. E não recebiam visitas. O que significava que era ali que o inútil escondia o preservativo que usava com a amante, ciente de que o lado sul da casa não era frequentado por ninguém além dele e das empregadas que tiravam o pó e trocavam as roupas de cama.
Com o sangue quente, Naeun ficou de pé na cama e se aproximou de Jackson, colocando as mãos em seu rosto. Agora a raiva misturava-se ao tesão, enquanto o sentia encapar o pau para puxá-la para si, colocando as pernas macias ao redor de sua cintura. Manteve-se de pé ao pressioná-la contra uma porta do closet.
Naeun sentiu êxtase quando ele a invadiu. Seu corpo inclinou-se para frente e os lábios acabaram próximos do ouvido de Wang quando seu gemido saiu. Era totalmente diferente. Ela queria. Sentia-se pronta, desejável e até mesmo amada. Jackson sussurrava coisas bonitas e acariciava seu corpo que queimava como gasolina consumida pelo fogo.
Seu corpo, até então privado de tamanho prazer, foi invadido por uma nova onda de gozo. Os gemidos dessa vez haviam sido acobertados pelos lábios de Jackson. Ele a queria, casaria com ela. Viveria o resto de sua vida por ela. Estava tão apaixonado e entregue que sentia pena de seu pobre coração quando parasse para refletir que não poderiam nunca ficar juntos. No fundo, havia um sentimento de inveja pelo homem que podia tê-la e não lhe dava o devido valor.
Finalmente, Jackson atingiu o próprio ápice, sendo acompanhando por Naeun que, em seu estado de sensibilidade, havia conseguido alcançar o orgasmo novamente de modo bastante rápido.
Estava extasiada, anestesiada, confusa e feliz. O que tinha sido aquilo? O que Jackson fizera consigo? Afastou-se dele com as pernas ainda fracas, juntando as roupas para vesti-las de volta. Virou-se em tempo de ver Jackson esconder o pacote usado e a camisinha no bolso de sua calça. — Tudo bem? — ele se aproximou da mulher, vendo que ela estava parada com o olhar fixo em si.
— Ele não usa camisinha comigo. — o pensamento saiu rápido por seus lábios e Naeun passou as mãos pelo rosto, vendo-o respirar fundo. — Pode me dar as outras? Eu quero uma resposta pra isso. — ele terminou de vestir a camisa e buscou o que havia sobrado dos preservativos, dando-os na mão dela.
— Cuidado, Naeun. Por favor. — a viu assentir e suspirou pesadamente enquanto ela passou a caminhar para fora do quarto. Pegou o pincel que ela deixara cair, mas a voz suave chamando por seu nome o fez olhar para ela com toda a atenção que tinha.
— Eu gosto de você. Pode não ser recíproco, mas eu gosto de você. De verdade.
— Gosto de você também. É só uma pena que você seja casada. — a viu dar um sorriso triste, finalmente sumindo pela porta. — Acho que eu mais do que gosto de você. — confessou para as paredes, deixando toda sua atenção focada no trabalho que ainda estava pendente.
Autor(a): bitterndsweet
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