Fanfics Brasil - Capítulo III (+18) Expectations

Fanfic: Expectations | Tema: Romance


Capítulo: Capítulo III (+18)

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CAPÍTULO III.


 


“Vá se foder, não quero isso agora


Eu não quero me deitar ao seu lado como se fosse natural


Vá se foder, você sabe, vá se foder


Eu não quero fazer assim


Não é assim que me sinto”


Naeun não queria tirar a sensação de ter o corpo de Jackson tão próximo ao seu, mas havia banhado para tirar o cheiro de seu suor e seu desodorante, sentando-se na escrivaninha em seu quarto para esperar pela chegada de seu marido pela primeira vez desde que ele havia lhe batido. Como o diabo na terra, usava nada além do roupão de seda por cima da camisola delicada, feita do mesmo tecido e renda e, como complemento, usava o colar de diamantes e o grande anel que havia vindo junto da peça.


Então, foi uma surpresa para Junmyeon quando ele adentrou no quarto e a mulher encontrava-se sentada no móvel de madeira com aquela roupa que deixava muitíssima pele exposta. Ele estava tão hipnotizado pela silhueta que quando Naeun ergueu a perna para colocar a planta do pé em seu peito, ele ficou chocado. — Não vai me deixar te tocar? — havia um tom de deboche em sua fala, como se ela não tivesse coragem de contrariá-lo.


— Não. Você não vai tocar em mim nunca mais. — ela levantou o quadril e puxou as camisinhas fechadas que havia escondido sob sua perna. Mostrou-as para o marido antes de atirá-las em seu rosto. — Volta para sua amante. Porque em mim você não encosta mais. 


Junmyeon empalideceu, sequer se dando conta de que havia uma camisinha a menos do que ele havia deixado. — Naeun… — ele murmurou, gaguejando ao tentar continuar a sentença. Ela desceu do móvel e tirou o roupão deixando que ele visse que ela sequer usava calcinha. — Foi só uma vez, meu amor. Eu juro… eu estava cansado, me sentia impotente e eu não podia tocar em você porque seu pai… — a mulher sorriu, expondo os dentes brancos com certo cinismo. 


— Junmyeon, eu não quero mais que você encoste essas mãos sujas em mim. E se você quiser ter alguma chance, eu acho bom me obedecer. — ela se sentou na beirada da cama, as pernas cuidadosamente cruzadas de modo a afrontá-lo. 


Por dentro, Naeun tinha medo do que o marido poderia lhe fazer. Mas sua confiança era tão grande, ao menos externamente, que Junmyeon apenas temeu que ela pudesse realmente desgraçar sua vida. Havia um contrato que eles haviam assinado antes de seu casamento. E mesmo se Naeun o tivesse traído, ele sabia que era ele quem havia violado o contrato primeiro. E seria ele quem mais perderia. 


Ele poderia ter negado. Mas sabia que Naeun não iria acreditar que aquelas camisinhas não eram suas. Havia um limite para o quanto ele poderia julgá-la como idiota e, bem, ali estava o limite. Até para Naeun, certas coisas não eram manipuláveis. A viu deitar-se para dormir e saiu do quarto furioso. Encostar nela naquele momento, sem saber quais outras provas ela tinha, seria estupidez. Além do mais, a visão dela naquela camisola ridiculamente curta e fina o estava deixando duro.


Andou de um lado para o outro em seu escritório, sem conseguir pregar os olhos naquela noite. Retornou ao quarto que dividia com a mulher apenas no dia seguinte, quando precisou tomar banho e trocar de roupa. Naeun dormia pacificamente e ele considerou enforcá-la ou sufocá-la com um travesseiro. Deus, como queria amassar aquela cabeça linda até que o cérebro saísse para fora. Só para saber o quanto ela sabia. Mas isso não aliviaria os seus problemas e a esposa definitivamente não valia uma estadia longa na cadeia. 


Saiu tão furioso quanto estava na noite anterior, ignorando o bom dia do arquiteto e do mestre de obras que o acompanhava enquanto carregavam alguns dos móveis que haviam comprado. Por pouco, Junmyeon não atropelou Jackson. As ideias e a alegria que Naeun vinha tendo, bem como o controle que ele estava perdendo sobre ela, deviam ser culpa do maldito arquiteto. 


Jackson apenas ignorou o homem de rosto vermelho pela fúria e terminou de carregar a cadeira para dentro da casa, deixando-a dentro do cômodo vazio antes de ir até a cozinha e encontrar com Dahee. Como aquelas haviam sido as duas últimas peças, Jackson ficaria sozinho pelo resto do dia para montá-las e distribuí-las pelo local do modo mais adequado, então, o funcionário não importou-se quando foi deixado sozinho para ir até o carro da companhia. Ele voltaria para o escritório, para atender potenciais clientes, e Jackson terminaria o último cômodo em três dias. 


Três dias. Era todo o tempo que lhe restava com Naeun. Pensar nisso trouxe alguma confusão para sua mente. O aperto em seu peito o fez considerar se não estava passando mal. Mas não era esse o caso. — Bom dia! Já tomou café? — a empregada perguntou com um sorrisinho de canto. 


— Ainda não. E você? — ela assentiu, servindo um pouco de chá e algumas torradas. 


— Naeun ainda não levantou. Vou precisar fazer outras quando ela aparecer. Pode comer essas. — ele paralisou por um momento com a torrada na boca. 


— Por que o marido dela estava zangado? — a pergunta soava despretensiosa, mas havia uma pontinha de agonia crescendo e espalhando-se por seu peito.


— Eu não sei. Ele não estava no quarto quando cheguei. Entrou lá, tomou banho e saiu sem comer. — a mulher murmurou, olhando por cima do ombro do arquiteto para ver se ninguém vinha. — Mas a senhora não costuma dormir tanto. Fico pensando se ela fugiu, finalmente. 


Jackson não disse mais nada além de um obrigado pelas torradas e o chá, levantando-se. 


Precisou forçar a memória enquanto caminhava pelos corredores até encontrar a porta por onde Naeun havia saído depois de seu banho no primeiro dia em que estivera ali. A encontrou na cama, logo depois de bater à porta sem nenhuma resposta, completamente encolhida. Ela não parecia respirar, de modo que Jackson a tocou aflito. Segurou-a delicadamente pelos ombros, sacudindo seu corpo com delicadeza. — Naeun. Naeun, acorda. 


Um gemido baixo de desagrado foi ouvido dos lábios dela, fazendo-o soltá-la aliviado. Ela abriu os olhos, empurrando um pouco a coberta ao se espreguiçar e Wang engoliu em seco ao ver o tecido fino que cobria seu corpo. Ela o observou com a expressão perdida, sorrindo logo que pareceu compreender quem era ele. — Isso é um sonho? Ou você ficou louco? 


— Fiquei preocupado. — ele se ajoelhou ao lado da cama dela, tocando sua cabeça com delicadeza. — Achei que seu marido tinha feito alguma coisa com você. — sentiu a mão dela em seu rosto, acariciando sua bochecha e sorriu admirado com o quanto ela era bonita, mesmo com o cabelo desalinhado e a bochecha marcada pela fronha amassada. 


— Eu também fiquei com medo de ele fazer algo. Mas ele sequer voltou a noite toda… — a mão despretensiosa foi para a nuca do homem, fazendo-o chegar perigosamente perto. — Eu estou com mau hálito? — Jackson riu baixo, encostando a testa na dela ao negar com um aceno. — Que bom… me beija? 


Perguntou-se se havia alguma chance de dizer não para ela. Não havia. Não sabendo que iria embora em tão pouco tempo e, definitivamente, não quando sabia que ela também gostava de si. 


Não ofereceu resistência alguma quando ela o puxou para mais perto. Especialmente quando ela pareceu não se importar com nada além dos dois naquele momento. Ele também não ligava. O fato de ela ser casada e o fato de ela estar com ele na cama que dormia com o marido não era nada enquanto ela se entregava de bom grado. 


Os sorrisos em meio aos beijos, os arrepios e gemidos o deixavam completamente insano por ela. Mas havia aquela parte de si que se derretia completamente quando ela sussurrou que gostava de si e que o queria. Aquilo era, definitivamente, mais satisfatório do que o prazer carnal que obtinha enquanto estava entre as pernas dela com o peso de seu corpo sobre a figura pequena. 


Não sabia quanto tempo havia gastado ali, parando apenas quando Naeun deitou a cabeça em seu peito com os olhos fechados. Ela tinha a respiração rápida e curta, embora não fosse houvesse ruído. Achou que seria precipitado se lhe dissesse que a amava. Mas não sabia ao certo quando era um bom momento. Ao invés disso, resolveu lhe falar sobre o sua partida. 


— Depois de amanhã. — foi tudo que disse, sem coragem de falar mais nada. 


— O que tem?


— Vou embora. Termino a reforma em dois dias. — a resposta a fez sentar com o peso do tronco apoiado no braço direito. Havia uma ponta de tristeza em seus olhos e Jackson não soube o que dizer. 


— Me leva com você. — sussurrou com os olhos cheios d’água. 


— É o que você quer? — ela assentiu. — Eu levo. Não precisa chorar. Podemos ir embora. 


Naeun suspirou pesadamente, voltando a se deitar. — Se eu for com você, ele vai nos achar e matar nós dois. Não posso. Mas eu queria. 


— Acha mesmo que ele teria coragem de te matar? — mergulhou os dedos no cabelo comprido da mulher e suspirou de modo pesado ao vê-la assentir. 


Ficou ali por um tempo considerável, apenas em silêncio com Naeun sobre seu peito. Mas precisava trabalhar ou Junmyeon poderia chegar e encontrá-los ali. Não houve discussões, mas ele a beijou mais algumas vezes antes de sair de fato do cômodo e, em meio aos beijos, prometeu que a encontraria de novo logo que fosse possível. 


Naeun, por outro lado, pensava em como tinha cada vez menos tempo de vida se continuasse naquela casa. Especialmente depois que Jackson partisse. Agora que ela não se curvava como antes, era uma questão de tempo até Junmyeon consumar o que havia prometido. 


Naeun escreveu uma carta para a polícia onde deixava claro que Junmyeon a havia ameaçado de morte na noite em que seu irmão havia chamado a emergência e que ela tentara solicitar o divórcio ou fugir, mas fora impedida e que, naquele momento, estava tomando a decisão de arriscar-se assim mesmo, mas que seu plano poderia dar errado e qualquer desaparecimento sem uma solicitação de anulação do casamento deveria ser tratado como suspeita de assassinato até que alguma coisa vinda dela fosse mandada para alguém de sua confiança. Suas palavras eram claras ao dizer que Kim Junmyeon, seu marido há seis anos, era uma ameaça para sua saúde e sua integridade física. 


Ela juntou jóias que poderia vender e roupas em duas malas diferentes, escondendo-as em um quarto com janela baixa no lado recém reformado da casa. Onde quase ninguém ia e onde ela sabia que não haveria chance de Junmyeon ver. 


Naquela noite, conversaram amenidades, como se tudo estivesse bem. Kim pensava que a mulher estava escondendo algo ou testando seu comprometimento e não havia ousado se atrasar um segundo que fosse.


Então, o homem suspirou de modo pesado. Pensando em como abordar o assunto de sua infidelidade para se desculpar novamente e tentar abrandar a ira da esposa a fim de não ter que desgastar-se em ameaça-la novamente. Ele suspeitava, também, que ameaças não mais funcionariam já que ela parecera muito segura de si ao enfrentá-lo na noite anterior.


Foram dormir, lado a lado naquela noite, embora o desconforto de Naeun fosse evidente. — Pode ir para o sofá? Ou para o quarto de hóspedes. Só não acho bom que você fique aqui. — ela perguntou com visível chateação, passando a mão pelo próprio pescoço em uma tentativa de acalmar os próprios nervos. 


— Posso, meu bem. Eu sei que errei. Me desculpe. Se não me quer aqui, eu vou. — seu tom, dramático, a fez bufar e revirar os olhos. Junmyeon quis bater em seu rosto, mas controlou o impulso pelo próprio bem. Precisava da fortuna de Naeun para manter o status que tanto gostava de ter. 


Deitou-se na cama fria do quarto de visitas, sentindo o cheiro da mobília nova e do amaciante que era usado na roupa de cama invadirem completamente suas narinas. Não teve curiosidade de circular pelo cômodo já que a ausência de horas de sono na noite anterior quase o induziram ao coma naquele momento.


Na manhã seguinte, Naeun não estava no quarto quando ele se levantou. Mas Junmyeon não estranhou, ela estava lhe dando o gelo do modo que sabia dar, ao menos naquele momento. Tomou um banho demorado, vestindo o terno caro e seguiu para seu carro com alguma pressa por já estar atrasado quando terminou de se aprontar. 


Naeun, que havia ido verificar as malas que escondera no dia anterior, sentou-se à escrivaninha logo que o marido saiu e passou a escrever uma carta para Junmyeon, não demorando-se muito. Selou o envelope com cera e o brasão da família, endereçando-a ao marido. 


Então, puxou alguns papéis, escrevendo uma carta maior e mais detalhada para Jackson. Algumas lágrimas de angústia caíram por seu rosto com o medo crescente do que estava para a executar. Não sabia o que ou como esperar e torcer pelo melhor parecia quase uma utopia. Repetiu o processo de selar a carta e juntou-as com aquela que endereçara para a polícia. 


Dirigiu-se até a cozinha, esperando que Minnie saísse para dar as cartas à Dahee com um singelo aviso de “amanhã cedo, você deve entregá-la para quem elas estão endereçadas”. Dahee pareceu confusa e atordoada, mas Naeun pediu para ela não solicitar explicações e, de pronto, foi atendida. 


Ligou para o advogado, dizendo que Junmyeon havia quebrado o contrato assinado antes do casamento e pediu que ele esperasse que ela retornasse sobre o que queria fazer. Kim Nam Hyun, o advogado da família, disse que ela devia dar entrada no divórcio, mas Naeun negou que faria aquilo naquele momento porque temia sua segurança e sairia da casa antes de qualquer coisa.


Por fim, quando tudo que pretendia resolver estava nos eixos, ela caminhou até o cômodo em que Jackson ainda trabalhava, abraçando-o por trás sorrateiramente. — Você vem amanhã, não vem? 


— É meu último dia. — a confirmação soou baixa e ela sentiu os ombros dele caírem quando ela o soltou. 


— Eu vou te ver de novo. Não fique assim, por favor. — ele sorriu com o otimismo dela, segurando seu rosto entre as mãos para beijá-la. Só queria sentir seus lábios uma última vez. 


— Vou embora em quinze minutos. — ela assentiu, enlaçando seu pescoço com os braços. 


— Quando eu nos encontrarmos de novo, eu espero que você ainda goste de mim. — murmurou com calma, sentindo seu corpo se arrepiar com as mãos quentes em sua cintura. 


— Se quando eu te encontrar outra vez você estiver solteira, eu me caso com você, Naeun. Não duvide disso nem por um minuto. — beijou a testa da mulher, abraçando-a apertado. — Eu amo você. 


Ela não conseguiu responder. O amava? Não tinha certeza. Queria ficar com ele. Mas era amor? Talvez. Talvez não. Quem saberia senão ela mesma? Bem, alguém devia saber porque, afinal, ela ficou confusa. Relaxou nos braços dele pelo tempo que ainda tinham antes de se afastarem para ele ir embora. 


Naquela noite, ela fingiu bom humor com Junmyeon que havia chegado transtornado. Ele apenas jantou e tomou alguns dos remédios para os nervos que a esposa tinha antes de deitar-se e dormir. Naeun, por outro lado, ficou de olhos bem abertos e com o coração batendo a mil dentro do peito. 


Ela podia ouvi-lo em suas orelhas enquanto se levantava e colocava uma saia longa, um suéter grosso e um casaco pesado junto de um par de luvas e um gorro. Saiu do cômodo apenas com as meias nos pés e calçou as botas apenas quando chegou ao quarto onde as malas estavam. Abriu a janela e jogou a bagagem para fora antes de pular e sair correndo da propriedade. 


Na manhã seguinte, Dahee chegou e encontrou um Junmyeon transtornado. A casa estava revirada e ele tinha o rosto tão vermelho que parecia prestes a explodir. — Senhor? O que houve? 


— Naeun! Aquela vagabunda! Ela sumiu! — o chão pareceu ceder sob os pés de Dahee enquanto ele saía para o escritório. Lembrou-se das cartas que havia guardado na bolsa e que, agora, pareciam pesar uma tonelada. 


Imediatamente, correu até o telefone e chamou a polícia. O que havia acontecido com Naeun? Junmyeon a havia matado e estava fingindo que ela sumiu? Seu estômago se embrulhou enquanto ela sentou na cozinha e esperou pelos policiais com toda a paciência do mundo. 


Enquanto isso, Jackson chegou para trabalhar e olhou incrédulo para a zona que a casa sempre impecável havia ganhado.Coçou a cabeça antes de caminhar até a cozinha e procurar por Naeun ou Dahee, qualquer uma que pudesse lhe explicar a situação. Seus lábios crisparam-se em desagrado ao ver o quanto Dahee parecia confusa com os olhos marejados ao fitar a mesa. 


— Foi ele quem fez isso? — Dahee assentiu. — Cadê a Naeun? — ela negou com a cabeça, começando a chorar copiosamente ao virar-se para a bolsa e puxar três envelopes. Lhe ofereceu um deles, onde seu nome estava descrito e guardou um outro, onde Jackson percebera a palavra “polícia”, por baixo de seu avental.


Jackson abriu a carta e surpreendeu-se com o que leu no papel branco. A carta começava com um “Querido Jackson” e seguia com trechos que ele não saberia descrever.


“Se você lê essa carta eu fugi ou estou morta. Juntei tudo que podia para conseguir sair da casa e ir para o interior. Mas não se engane, mesmo que eu não tenha morrido dentro da casa, Junmyeon pode ter me seguido e me matado em um dos bosques que cercam a propriedade. 


Mas considerando que eu tenha escapado, voltarei quando estiver livre para ficar com você. Isso é, se a coragem de voltar existir em meu peito e eu não tiver me tornado uma covarde que apenas corre por sua vida. 


Eu não tenho certeza do quão profundo são os meus sentimentos por você. Mas eu sinto que é você o homem que vou amar, um dia, pelo restante da minha vida. Por você, eu posso até mesmo abrir mão de ter filhos se você mudar de ideia sobre tê-los. Mas nos imagino sentados na varanda de uma casa menor do que esta em que vivo porque, afinal, tamanha distância só serve para manter os moradores separados. Talvez nós fiquemos velhos ao lado um do outro, não sei o dia de amanhã. Ou talvez você tenha vindo só para me ensinar como é ser alguém da minha idade.


Eu devo algo a você, mesmo que você nunca tenha me cobrado e nunca venha a me cobrar nada. Espero que um dia a gente consiga se esbarrar por aí. Espero que um dia você me perdoe por essa dúvida de não saber se eu estou viva. Mas quero que saiba que, morta ou não, meu coração pertence a você neste momento e a mais ninguém. Se eu morri, morri te amando. E se vivi, foi por esperança de me curar e ser alguém que você mereça. Alguém que eu mesma mereça e que eu não sabia merecer até este momento. 


 


Com amor,


Naeun.”


O arquiteto sentiu-se sem chão. Ela não havia lhe dito nada. E agora a dúvida o consumia por completo. Estava viva ou estava morta? Ele a veria de novo com aquele sorriso ou seu corpo estaria jogado em uma floresta fria e escura, sem vida e sem alma? 


Junmyeon entrou na cozinha e Jackson colocou a carta no balcão, arregaçando as mangas para erguer o homem pela gola. — O que você fez com ela? — perguntou em um sibilo irritado. O sangue, antes gelado pelo medo de Naeun estar morta, agora fervia ao ponto de Jackson sequer conseguir relaxar o maxilar o suficiente para falar como uma pessoa comum. 


— Você fez algo com ela. Se ela sumiu, a culpa é sua. Ela era minha antes de você chegar. — Junmyeon segurou nas mãos do homem, usando de força para soltá-las de sua camisa.


— Você batia nela. A xingava. Humilhava. E ainda tem a cara de pau de dizer que eu a mandei embora? — Jackson não percebeu que havia fechado a mão e nem que havia socado o rosto de Junmyeon até vê-lo no chão com o nariz sangrando.


O homem levantou-se e parecia pronto para brigar com Jackson, mas batidas na porta o fizeram olhar ameaçadoramente para o arquiteto antes de ir atender. — Senhor? É a polícia. Abra a porta, por favor. Seu portão estava aberto. — Jackson xingou mentalmente, lembrando-se que havia esquecido de fechar os portões ao entrar diretamente em busca de Naeun.


A polícia entrou e Jackson caminhou para a sala com Dahee, que havia se mantido tão quieta até aquele momento que ele sequer lembrava-se da mulher estar no mesmo ambiente que ele e o crápula do Kim. — Foi a senhora que nos telefonou informando o sumiço de Son Naeun? 


— Deve ter sido, porque esse monte de merda aí não ia assumir que matou a esposa. — Jackson disse com visível irritação. Junmyeon ameaçou partir para cima do arquiteto, sendo contido pelos policiais. 


— Senhorita? — o mais velho perguntou outra vez. 


— Foi sim. Ela me deixou três cartas ontem. Eu já entreguei a do senhor Wang, mas aqui está a carta que ela deixou para a polícia — puxou o envelope de dentro do avental —  e aqui a carta para o senhor Kim. — ofereceu-a para Junmyeon que segurou o papel, aprumando-se. 


“Kim Junmyeon,


Se você lê essa carta com alguma surpresa é porque eu não morri (talvez eu esteja morta, não tenho como saber) e agora estou livre de você. Aguarde o contato do nosso advogado nos próximos dois ou três dias. Depende de quanto tempo vai levar até que eu chegue no meu destino. Eu espero, sinceramente, que você morra sozinho porque nenhuma mulher merece passar pelo que passei em suas mãos. 


Você é bonito e muito atraente, mas acho que todas as suas qualidades acabam por aí. Você é rude, violento e ganancioso. Só esteve comigo todo esse tempo pelo dinheiro. Talvez tenha ficado amargurado quando se descobriu infértil (você é infértil, não é?) e para mim o fim foi definitivo quando eu encontrei aquelas camisinhas e, você sabe, você admitiu que me traiu e eu tenho uma testemunha ou duas testemunhas que comprovam que os preservativos não foram comprados por mim, mas encontrados dentro da nossa casa. No quarto de hóspedes. E, em breve, o detetive que vou pagar deve conseguir localizar sua amante também.


Eu gostava de você e se você não fosse como é, talvez eu tivesse te amado. Talvez eu tivesse aprendido a amar você. Mas você apenas esforçou-se para me destruir dia após dia. E você quase conseguiu. Eu fui tola em perder seis anos da minha vida acreditando que você poderia me amar, já que você não ama ninguém além de si mesmo.


Acho que no fim das contas eu devo te agradecer por Jackson ter entrado em nossa casa, certo? E, talvez, seja a única coisa pela qual eu vou te agradecer pelo resto da minha vida.


Atenciosamente,


Son Naeun.”


Junmyeon olhou para Jackson quase o fuzilando com os olhos, mas os policiais o cercaram, mostrando a carta de Naeun e as partes onde ela reforçado que não deviam confiar que ela estava viva. — Você pode vir conosco por bem ou podemos te levar a força como suspeito. E então? 


— Tudo bem. Eu vou. — Kim concordou com evidente irritação, seu mal gênio mostrando-se parcialmente sob a vigia da polícia. Jackson voltou para a cozinha e pegou a carta que Naeun lhe deixara, pedindo aos céus que ela estivesse bem. 


Dois dias se passaram sem que ninguém tivesse notícias da mulher. Sua família estava aflita e certa  de que Junmyeon a havia matado. Àquela altura, Jackson já havia localizado os parentes mais próximos da Son para conversar com eles e pedir desculpas porque, em partes, sentia que era culpa sua o sumiço que estava angustiando a todos.


O irmão de Naeun mostrou-se compreensivo, assim como a mãe da jovem mulher. Mas mesmo com o perdão da senhora por qualquer eventual fatalidade, ele não conseguia sentir-se tranquilo. Uma parte de sua intuição dizia que Naeun estava bem, mas a maior parte de seu corpo estava em agonia profunda e ele mal conseguia comer e, muito menos, dormir. 


Surpreendeu-se com o telefone de seu escritório tocando. Eram mais de oito da noite e ele sentiu seu coração falhar uma batida. Temia que fosse a polícia dizendo que o corpo de Naeun havia sido encontrado. Puxou a carta com a caligrafia caprichosa debaixo de uma das pastas e inspirou profundamente antes de remover o telefone do gancho. — Boa noite? 


— Jackson? 


Um arrepio desceu por sua espinha quando aquela voz entrou em seus ouvidos. 


— Naeun? É você? 


— Oi… — ele sentiu que ela sorria, ainda que não pudesse ver. — Eu só consegui seu número agora. Estou bem. Eu estive pensando no que me disse… 


— O que, exatamente? 


— Você disse que me ama… e eu não respondi. — ela ficou em silêncio, mas Jackson apenas recostou-se na cadeira, sem saber o que esperar em seguida. Ela ia dizer que não o amava? Talvez. Ele estava pronto para isso, de todo modo. — Eu escrevi a carta antes de você me dizer aquilo. E eu… queria dizer, que amo você também. E que mal posso esperar para te ver.



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Autor(a): bitterndsweet

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