Fanfic: Perdida (1ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy

Anahí: Gostaria de tomar um licor de ameixa, senhorita Dulce? - perguntou a menina (de uns quinze ou dezesseis anos) de cabelos louros, assim como os de seu irmão, os olhos, porém, eram de um azul intenso que lembravam safiras. Eram lindos! Não sem graça como os meus olhos marrons cor de lama.

Dulce: Não, obrigada, Anahí. - notei com certo espanto que ainda não havia comido nada desde que acordara. Tudo que ingeri foi o vinho que Christopher me serviu. Percebi que estava faminta. - Talvez depois do jantar.

Apesar dos cabelos dourados, havia algo de angelical no rosto de Anahí. Talvez porque ainda fosse tão menina, mas dela eu gostei. Assim como seu irmão, Anahí parecia sorrir sempre. Exatamente como fazia agora.

Anahí: Depois, então.

Christopher: Boa noite, senhoritas, - saudou Christopher ao entrar na sala.

Vestido com um casaco preto e calças cinza, camisa, colete, gravata, as mesmas botas que usou durante o dia e os cabelos louro escuro ainda úmidos, ele parecia um daqueles príncipes de contos de fadas. Seria muito fácil para ele arrumar uma esposa, pensei. Lindo, bem humorado, atencioso, gentil, um sorriso de tirar o fôlego... Que garota não se interessaria? Quer dizer, que garota daquele século não se interessaria? Ele não fazia meu tipo.

Anahí e Angelique: Boa noite. - disseram juntas Anahí e Angelique, ao mesmo tempo em que eu disse:

Dulce: Oi!

Anahí e Christopher sorriram Angelique, não. Mas que cabrinha intragável! Falava pelos cotovelos, tirava conclusões precipitadas, fazia fofoca da vida dos amigos, apesar de, aparentemente, ter a intenção de ser mais que isso, e ainda ficava de cara amarrada. Definitivamente, meu santo não deu com o dela!

Christopher: Vamos jantar? Estou faminto, o dia de hoje foi um pouco longo. - disse Christopher, apressadamente.

Fiquei incomodada por ele ter dito aquilo. Não que eu quisesse que minha presença o deixasse saltitante, eu não queria!, mas também não queria causar transtornos. Causar mais transtornos.

Anahí: Ele acabou de chegar de viagem, senhorita Dulce. - me explicou Anahí. Talvez tenha notado meu desconforto. - Uma viagem de muitos quilômetros. Você saiu da fazenda Esperança ontem à noite, Christopher? - ela perguntou ao irmão.

Christopher: Durante a madrugada. Cavalguei sem parar até chegar aqui. - Christopher me encarou. - Sem contar, é claro, o resgate da senhorita Dulce. Foi a única vez que desci do cavalo. Estou muito cansado. - um sorriso torto surgiu em seu rosto.

Eu desviei os olhos, envergonhada. Quando Christopher me encontrou naquela manhã, eu estava bastante incoerente. E pensei que talvez ainda pudesse estar, pra dizer a verdade.

Christopher: Então, vamos, o cheiro que vem da cozinha está me deixando louco! - ele disse, esticando o braço para que fossemos na frente.

Gostei da sua última sentença. Desde que cheguei ali, foi a primeira que ouvi que facilmente poderia ser ouvida em meu mundo.

Dulce: Vamos. - concordei e segui as garotas com Christopher na minha cola.

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Ao chegarmos à sala de jantar, dei de cara com uma mesa gigante. Contei doze cadeiras. Eles deviam receber muitos convidados.

Sentei-me na cadeira ao lado de Anahí, Christopher na ponta e Angelique, claro, do outro lado.

Fiquei surpresa ao ver que os pratos eram mesmo pratos de porcelana. Não sei bem o que esperava, eu não tinha ideia do que já havia sido inventado em 1830. De repente, os pratos poderiam ser feitos de pedra e os copos de osso... Mas, aparentemente, o aparelho de jantar e os talheres já faziam parte da civilização naquele ano. Um grande castiçal sobre a mesa iluminava o ambiente com a ajuda de mais dois menores sobre o aparador.

Então, dois empregados que eu não conhecia ainda começaram a trazer as bandejas de comida. O cheiro delicioso me atingiu como um soco. Meu estômago se empertigou a visão de tanta fartura. Reconheci a tigela com sopa e a travessa de batatas. Havia um tipo de carne assada, mas não pude identificar de qual espécie era. Decidi que era da espécie carne e que eu estava faminta o bastante para comer qualquer coisa que fosse.

Os empregados nos serviram exatamente como garçons de restaurante, e me atirei na comida assim que meu prato foi colocado diante de mim. Quando o calor da sopa atingiu meu estômago, pensei que iria chorar. Tudo absolutamente delicioso, fosse o que fosse.

Assim que aplaquei um pouco a fome, um pouco, eu ainda estava faminta, pude prestar atenção aos outros. Não havia notado que eu tinha uma pequena platéia me observando.

Incluindo os dois empregados.

Dulce: O que foi? - perguntei depois de engolir a comida. Eu sabia me portar à mesa. Não estava agindo como uma selvagem nem nada disso. O que eles tanto olhavam? Levei o guardanapo de linho à boca para me certificar que não tinha nada espalhado em meu rosto.

Angelique: Que apetite a senhorita tem! - Angelique observou um sorriso irônico nos lábios finos.

Dulce: Eu tô varada de fome! Não comi nada o dia todo. Perdoem-me se me portei mal, mas é que está tudo tão gostoso! - Eu disse, colocando outra batata na boca.

Os irmãos riram.

Angelique: Nunca vi tal coisa! - exclamou Angelique. - Uma jovem que tem o apetite de um homenzarrão! - um risinho estridente escapou de seus lábios.

Anahí: Eu acho divertido. - disse Anahí. - Como pode comer tanto e ser tão magra?

Anagelique: Comer feito um homem não é divertido, Anahí. É bizarro. Olhe para isso! - Angelique apontou para meu prato.

Engoli minha comida, tomei um gole de água.

Dulce: Acho que você nunca trabalhou na vida, Angelique. - respondi secamente.

Angelique: Trabalhar, eu? - o espanto em seu rosto não me surpreendeu.

Dulce: Se tivesse trabalhado, saberia que é difícil se manter em pé apenas provando a comida. Eu trabalho muito, das oito às seis, durante todos os dias da semana. Muitas vezes, deixo de almoçar para dar conta de toda papelada empilhada na minha mesa. Então, quando tenho a oportunidade de comer, e ainda mais uma comida tão boa quanto esta, eu como! - terminei, pegando um pouco mais da carne assada. Talvez fosse carneiro assado.

O choque em seu rosto foi hilário.

Anahí: Você trabalha? -indagou Anahí impressionada.

Dulce: Sim. Num escritório financeiro, cursei administração de empresas. Não era bem o que eu queria fazer, mas às vezes a vida sai um pouco de controle e só resta seguir o fluxo. - mordi outra batata. - Fiz estágio nessa empresa enquanto ainda estava na faculdade. Acabou que gostaram do meu trabalho e me contrataram. O salário não é extraordinário, mas eu tenho um plano! - me livrar do pesadelo chamado Carlos e meu salário aumentar consideravelmente. Era um ótimo plano!

Eu estava no terceiro período de marketing quando meus pais se acidentaram. Precisei repensar minha vida depois disso. Tinha que me virar sozinha, pois dali em diante estava por conta própria. Resolvi botar os pés no chão e fazer algo que tivesse mais mercado. Estudei muito para me tornar uma das melhores alunas do curso de administração.

A sala ficou silenciosa. Engoli minha comida.

Christopher: Você foi à faculdade? - perguntou Christopher, a voz baixa e levemente rouca.

Dulce: Sim, Christopher. - os empregados se entreolharam, depois voltaram às suas posições, tipo guarda da rainha. - Por cinco longos anos.

Só eu sabia como foi difícil concluir meu curso, pagar por ele com a renda tão baixa.

Meus pais foram pais maravilhosos, mas não tinham muito pra me deixar. Com exceção das lembranças doces, uma pequena poupança e o carro o seguro dele, já que tinha sido destruído, foi tudo que me restou. O estágio acabou salvando meu último ano, ou eu teria que ter trancado o curso e, talvez, nunca tivesse concluído.

Christopher pareceu muito impressionado.

Angelique: Mas as mulheres não vão à faculdade! Nem mesmo na Europa. - Angelique disse, de forma desdenhosa.

Christopher: Não? - perguntei a Christopher.

Ele sacudiu a cabeça lentamente, os olhos intensos cravados nos meus.

Christopher: Há apenas algumas faculdades no país, e a mais próxima fica na cidade. Faz apenas três anos que foi inaugurada.

Angelique: Apenas para a educação de rapazes não de damas. - teimou Angelique.

Dulce: Bem, não vai demorar. Logo elas irão, de toda forma. Você ainda vai ouvir falar sobre isso. - respondi friamente para Angelique.

Christopher ainda me observava atentamente. De repente eu não tinha mais fome. Continuei a encará-lo, até que Madalena entrou na sala perguntando se poderia trazer mais alguma coisa.

Anahí: Está tudo perfeito Senhora Madalena. Creio que possa nos trazer a sobremesa daqui a pouco. - Anahí disse, mostrando as covinhas.

Dulce: Foi você quem fez este jantar? - perguntei.

Madalena: Sim, senhorita. Estava a seu gosto? - seu rosto redondo ficou tenso.

Dulce: Madalena, você é um gênio da culinária! Estava tudo espetacular! Poderia ganhar um dinheirão abrindo um restaurante! - nunca comi nada mais saboroso na vida. Se bem que qualquer coisa era mais saborosa que a comida congelada que eu estava habituada.

Ela corou um pouco e, sorrindo, claramente embaraçada, me disse:

Madalena: É muita bondade sua senhorita. - deu aquela abaixadinha inclinando a cabeça e deixou a sala.

Anahí: A Senhora Madalena adora quando algum convidado elogia sua comida. Aposto que ela veio aqui apenas para saber se o jantar lhe agradou. - disse-me Anahí.

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