Fanfic: Perdida (1ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy

Acordei cedo outra vez e percebi por quê isso estava se repetindo todas as manhãs desde que cheguei ali. Havia muito barulho. Os malditos pássaros não calavam a boca!

Eu já estava habituada aos barulhos de pneu freando bruscamente, buzina, o zum-zum-zum das pessoas e todo tipo de som que entrava pela janela do meu apartamento, mas ali, aquele delicado cantarolar dos pássaros acabava me acordando simplesmente por não estar habituada a ele.

Como havia prometido, Christopher já estava pronto para me levar até a vila quando o encontrei na mesa do café. Fui informada que Anahí e Angelique já haviam se levantado e saído. Angelique tinha ido até sua casa avisar a família sobre o assalto. Fiquei com pena dela por um momento. Ela estava realmente assustada e eu sabia bem que não havia motivo algum para isso.

Christopher: Como lhe prometi ontem, já estou pronto, mas minha irmã e Angelique usaram a carruagem, então, se não quiser ir até a vila a cavalo, teremos que esperar que elas retornem.

Dulce: Não! Santiago disse que vai viajar esta tarde, eu tenho que encontrá-lo antes disso! Se você não me deixar cair, não vejo problema.

Ele sorriu.

Christopher: Eu jamais a deixaria cair. Estará segura em meus braços. - Christopher se curvou e saiu, provavelmente para preparar o cavalo.

Só então percebi que a viagem seria mais íntima que na carruagem. Lembrei-me com clareza de quando nos conhecemos e ele me levou até sua casa em seu cavalo. A proximidade de seu corpo me perturbou muito, e agora eu viveria a mesma experiência, numa viagem mais longa, e entendia um pouco melhor as sensações perturbadoras que Christopher me causava. Pensei que não seria capaz de voltar a respirar outra vez.

Encontrei Christopher na porta da casa com o cavalo marrom claro selado e pronto. Ele me ajudou a subir, mas, ainda assim, fiquei com medo de cair. Christopher habilmente montou no cavalo e passou um dos braços seguramente em minha cintura. Concentrei-me apenas em respirar e olhar para frente.

Já estávamos na estrada quando ele resolveu falar.

Christopher: Creio que não esteja habituada a passeios como este.

Dulce: Acertou em cheio.

Christopher: Sabe, senhorita, estou cada vez mais curioso a seu respeito.

Eu não disse nada, apenas olhava para frente temendo cair de cara no chão.

Christopher: Estou fascinado com sua determinação. - ele continuou.

Dulce: Determinação. - zombei. – Acho que a palavra certa pra isso é teimosia!

Ele riu, muito próximo do meu pescoço. Estremeci.

Christopher: É uma boa palavra, lhe asseguro. – disse ele.

Tentei me distrair dos tremores e arrepios observando a paisagem. De alguma forma, as pequenas montanhas me eram familiares. Eu tinha a impressão de que não havia sido transportada para um lugar diferente, apenas para um tempo diferente. Mas não dava para ter certeza, não sem as favelas e os bairros, as ruas ou os prédios sobre aquelas terras.

Christopher pareceu muito satisfeito quando me desceu do cavalo ao chegarmos à vila. Quase presunçoso até. Um sorriso teimava em não deixar seus lábios. Não perguntei o motivo, não tinha certeza se gostaria saber o que o deixara tão feliz.

Christopher: Aonde pretende ir agora? - ele perguntou.

Dulce: Sei lá. Que tal irmos até a pensão? Deve ser o lugar mais provável para encontrá-lo.

Christopher assentiu e me ofereceu seu braço. Eu o peguei sem reclamar, sabia que ele insistiria até que eu aceitasse. Partimos em direção a pensão, mas não foi necessário irmos até ela.

Santiago, com seu inconfundível rabo de cavalo, estava parado na calçada estreita em frente ao boticário, totalmente distraído, observando algo em suas mãos. Quando nos aproximamos mais, na luz fraca da manhã, o objeto brilhou como um espelho.

Christopher: Senhor Santiago. – chamou Christopher.

Santiago rapidamente guardou o objeto em seu bolso, me impedindo de vê-lo com clareza, mas, pelo formato retangular e a cor prateada SUPUS que eu já sabia do que se tratava. Eu sorri.

Santiago: Senhor Uckermann, senhorita. Bom dia. - exclamou surpreso. - Não imaginei que eu teria o prazer de revê-los tão cedo.

Christopher: Viemos para um passeio matinal. A senhorita Dulce queria conhecer a vila enquanto ainda está aqui. Creio que já sabe que ela também não é daqui. - Christopher disse.

Santiago: Eu notei. - Santiago me olhou de um jeito estranho. - Parece que temos algo em comum, senhorita.

Dulce: Acho que temos muito em comum. – e o observei atentamente.

Ele sorriu, e seu rosto se tornou divertido.

Santiago: Certamente.

Dulce: Então... você vai até a cidade hoje? Pra poder voltar pra casa? - perguntei apressada.

Santiago: Sim. Preciso chegar lá antes do entardecer. - seus olhos ficaram opacos.

Antes do entardecer?

Dulce: Por quê?

Santiago: É um pouco complexo. Uma longa história. Talvez no sábado eu possa lhe dar mais detalhes. - e arqueou uma sobrancelha.

Dulce: Não pode me dizer agora? - percebi que Santiago sabia muito mais sobre o que estava acontecendo que eu.

Santiago: Sinto muito, mas não posso. É importante que eu não faça alarde. - ele piscou.

Christopher pigarreou ao meu lado.

Ah! Ela devia ter dito a ele para não contar a ninguém, assim como pediu para mim.

Dulce: Entendi. Sábado então! - eu disse, enfaticamente Santiago assentiu.

Santiago: Então, se puderem me perdoar, preciso fazer os preparativos para minha partida.

Christopher: Certamente. - Christopher disse com indiferença.

Estranhei a maneira fria com que Christopher respondeu a ele. Eu nunca vi Christopher ser rude com ninguém, O que havia de errado com ele?

Dulce: Então, te vejo no sábado. - eu disse, sorrindo amistosamente, tentando distraí-lo da cara de poucos amigos de Christopher.

Santiago: Até! - Santiago se curvou e saiu apressado em direção à pensão.

Dulce: O que foi, Christopher? - perguntei assim que Santiago estava longe o bastante para não ouvir.

Christopher: Nada. - resmungou de cara amarrada.

Dulce: Não parece nada. Por que está irritado comigo?

Christopher: Não estou irritado com você. – ele começou a me induzir de volta para o cavalo.

Andamos em silêncio por um tempo.

Dulce: Está irritado com Santiago então? – tentei fazê-lo me contar o que o incomodava.

Christopher hesitou e pareceu relutante ao dizer:

Christopher: Não gosto da maneira como ele olha para você!

Tentei engolir. Era esse tipo de coisa que eu queria evitar: eu me envolver com Christopher era uma coisa, ele se envolver comigo era outra completamente diferente.

Dulce: Ah! - foi minha resposta brilhante.

Christopher ficou calado até quase a metade do caminho. Pensei que ainda estivesse furioso, mas, quando voltou a falar, sua voz estava mais tranquila.

Christopher: O que pretende fazer agora?

Dulce: Acho que nada. Vou esperar que Santiago volte e me diga se descobriu alguma coisa. – eu tinha quase certeza de que de saberia como voltar no sábado. Quase. Apenas sua maneira tão educada ainda me deixava encucada.

Andei pensando muito no que estava acontecendo. E cheguei à brilhante conclusão de que a coisa não estava na vila. Ela disse que me guiaria, então imaginei que as mensagens tivessem esse propósito. Recebi uma quando voltei da vila e uma na noite anterior, depois do jantar. Ficaria atenta quando recebesse a próxima, descobriria o que elas teriam em comum para finalmente identificar meu Santo Graal.

Christopher: Então, parece que teremos mais alguns dias. - seu braço se estreitou em minha cintura. Eu estremeci com o calor que emanava dele.

Dulce: Ainda posso quebrar seu nariz em dois tempos, lembra? – ameacei fraquinho, mas a ameaça quase se tornou um apelo.

Ele riu.

Christopher: Posso apostar que pode! - acelerou o cavalo. Fui obrigada a deixar que seu corpo colasse ao meu ainda mais, enquanto cavalgávamos de volta pra casa.

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Anahí e Angelique ainda não havia retornado. E, depois do almoço, imaginei que ainda demorariam bastante, pois Madalena me contou que sempre Anahí ia até a casa da amiga, não voltava antes do anoitecer. Então, percebi que eu e Christopher ficaríamos sozinhos o resto do dia naquela casa.

Christopher: Será que estaria disposta a caminhar um pouco, senhorita Dulce? - perguntou ele.

Dulce: Para onde vamos?

Christopher: Na verdade, a lugar algum, quero que conheça minha propriedade. Não se assuste, não é tão grande assim, não vai se cansar. E estou certo de que gostara do passeio.

Dulce: Tudo bem. Eu já estou de tênis mesmo. - e ri.

Christopher riu, mas tive a impressão que não foi da minha piada horrível.

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