Fanfic: Perdida (1ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy

Descobri que Belinda realmente estava apaixonada por Christopher. A forma como olhava para ele, com adoração, com prazer, com constrangimento, deixava claro o que sentia por ele. Não gostei dessa parte.

Vez ou outra Christopher olhava em nossa direção e sorria. Não pude ter certeza se seus sorrisos eram destinados para a garota pequenina, delicada e inocente ao meu lado ou se para mim.

Belinda corou e baixou a cabeça toda vez que o viu sorrir. Senti meu rosto esquentar também, mas não por constrangimento.

Como ele se atrevia? Flertar com Belinda bem na minha frente? E todas as coisas que me disse naquela tarde? E aquele beijo?

No entanto, assim que consegui recuperar o bom senso, pensei que talvez fosse bom se ele se interessasse por ela. Belinda poderia ser uma ótima esposa e uma irmã muito atenciosa para Anahí. Dava pra ver que as duas tinham afinidade. Se bem que eu achava difícil Anahí não gostar de alguém, praticamente impossível.

Com o coração pesado, compreendi que talvez a vida dele seguisse esse curso se eu não tivesse simplesmente me transportado para aquele século e bagunçado sua vida. E eu queria que ele fosse feliz. Belinda seria perfeita para ele. Era linda apesar do seu pisca-pisca irritante, usava o vestido bufante sem parecer ter problemas, saberia como recepcionar os convidados nas festas e jantares, saberia organizar a casa e os empregados. Ensinaria Anahí o que uma mulher do século dezenove precisaria saber e, quando conversasse com seus amigos, não os chocaria.

Eu era a pedra no sapato, não ela.

De repente, meu estômago se retorceu, a fome esquecida.

Dulce: Anahí, se importa se eu for pro meu quarto? Estou com dor de cabeça e não serei uma companhia muito agradável para ninguém. - sussurrei.

Anahí: Ah! Que pena! - ela disse desanimada. - Quer que eu peça à Senhora Madalena para lhe fazer um chá?

Dulce: Não, obrigada. - eu só queria sair dali, o mais rápido possível!

Belinda: Espero que melhore logo, senhorita Dulce. - Belinda me disse, com os olhos sinceros. - É uma pena não termos sua companhia no jantar...

Apenas assenti com a cabeça. Não queria ficar perto dela nem mais um minuto. Por que, apesar de tudo, ela parecia ser uma boa garota. Não queria acabar gostando dela e me sentindo uma vadia por interferir no seu destino. Pois, diferente de Angelique, Belinda parecia se importar com Christopher, e eu não poderia odiá-la mesmo que tentasse. Ela era amável e gentil, a mulher certa para ele. Meu estômago revirou outra vez.

Desculpei-me com os outros convidados e disparei feito um raio para meu quarto. Não olhei para Christopher. No entanto, quando eu estava na metade do longo corredor mal iluminado, ouvi passos pesados atrás de mim e me virei para ver quem era.

Christopher, claro, vindo ao meu encontro.

Andei mais rápido, tentando chegar ao quarto antes que ele pudesse me alcançar.

Christopher: Senhorita Dulce. - ele chamou à meia voz.

Por que me arrepia o corpo todo apenas ouvir o som de sua voz? Argh!

Não parei. Continuei mais rápido até quase estar correndo. Ouvi seus passos se acelerarem também.

Christopher: Senhorita Dulce. - ele repetiu mais firme.

Eu realmente corria agora. Lancei-me para dentro do quarto como uma bola de canhão e rapidamente comecei a fechar a porta. Mas Christopher estava mais perto do que eu pensava. Ele colocou o pé entre as portas, antes que eu pudesse fechá-las. Tentei empurrar mais forte, usando todo o peso do meu corpo como apoio, esmagando seu pé, mas foi em vão. Derrotada e sem outra opção, desisti, deixando as duas partes da porta se escancararem.

Dulce: O que você quer? - perguntei friamente.

Christopher: Quero falar com você. - exigiu.

Dulce: Acho que não é nem a hora e nem o lugar ideal para isso. Pode falar comigo amanhã. Agora volte para seus convidados e me deixe em paz!

Seus olhos ficaram tão tristes que meu coração se encolheu dentro do meu peito.

Christopher: Por que está fazendo isso? - perguntou, sua voz baixa e intensa. Calafrios subiram e desceram por minha espinha.

Dulce: Não estou fazendo nada. - respondi petulante.

Christopher: Está fingindo que nada aconteceu. Que nada mudou. - o brilho em seus olhos castanhos me perturbava. Por que ele tinha que me olhar daquele jeito? - Por que me manda embora?

Fiquei parada apenas o encarando, sem saber bem como responder a sua pergunta.

Christopher: Dulce - ele sussurrou. - Não sei o que você quer, mas basta me dizer e eu farei.

Dulce: Quero que volte para a droga do jantar - minha voz subiu um pouco. Minhas emoções tão confusas quanto meus pensamentos. - Quero que volte e aproveite a companhia adorável da futura esposa perfeita! Quero que se divirta com os sorrisos inocentes de Belinda. Quero que fique bem longe de mim! Quero que suma da minha frente! - tentei fechar a porta para que meu recado fosse ainda mais explícito, mas Christopher não se moveu.

A última coisa que eu esperava ver em seu rosto era um sorriso, que se tornava cada vez maior conforme os segundos passavam.

Christopher: Você está com ciúme! - ele afirmou satisfeito.

Dulce: Eu? Ciúme? De você? Rá! - tentei empurrá-lo para fora com a ajuda da porta, mas ele era grande demais, forte demais.

Christopher: Pois eu penso que está. - seu sorriso enorme me irritou ainda mais. Eu queria tanto quebrar seu nariz!

Dulce: Não dou a mínima pro que você pensa. Agora, por favor, saia. Você já invadiu meu quarto hoje! Por que não pode simplesmente me deixar em paz? - usei toda minha força para fechar a maldita porta.

Christopher: Eu preciso lhe fazer uma pergunta - ele segurou facilmente a porta quando tentei fechá-la outra vez. - Depois a deixarei em paz. Prometo.

Suspirei e desisti da porta. Meus dedos doíam pelo esforço e eu não consegui mover Christopher nem um único milímetro.

Dulce: Então, comece logo, estou cansada. - bufei derrotada.

Christopher: Lembra-se sobre o que conversamos esta tarde?

Dulce: Poderia ser mais específico? Falamos sobre muitas coisas. - Ele sorriu maliciosamente.

Argh!

Christopher: Certamente. Esta tarde você me disse que nunca assistiu uma ópera, não disse? - perguntou, com os olhos brilhando de entusiasmo.

Dulce: E daí? - tentei parecer indiferente, mas o assunto que ele escolheu realmente me pegou de surpresa.

Christopher: Pois mandei Isaac comprar nossas entradas para a apresentação de amanhã à noite. Então, eu queria... Ter certeza de que não mudou de ideia depois de meu comportamento... Grosseiro.

Dulce: Grosseiro? Acho que dizer que se comportou como um animal seria mais adequado. - minhas bochechas queimaram de vergonha com a lembrança de seu rosto abismado olhando meu corpo nu na banheira.

Christopher: Não imagina o quanto lamento por ter invadido sua privacidade daquela maneira, senhorita. - o embaraço em sua voz espelhado em seu rosto. - Não mais se repetirá, prometo.

Dulce: É mesmo? Por que tenho a impressão de que está fazendo exatamente a mesma coisa agora! - rebati cruzando os braços.

Sua boca se retorceu e sua testa se enrugou. Ele ficou constrangido. Constrangido e infeliz.

Christopher: Você está certa. - e recuou um passo, deixando o caminho livre para que eu pudesse fechar a porta.

Não a fechei, entretanto. Encarei-o por um tempo. Seu rosto triste me impedia de bater a porta e seguia dentro do quarto.

Christopher: Então, irá comigo? - indagou inseguro, depois de um tempo em silêncio. - Ao espetáculo? À ópera?

Dulce: Você e eu? - ele estava brincado comigo?

Christopher: Sim. Eu e você. - disse lentamente. - Anahí e Angelique certamente também irão. É uma peça muito aclamada. La Cenerentola, de um jovem músico, Rossini. Já ouviu falar dele?

Dulce: Acho que não. Não sou muito de ópera. - ele já sabia disso.

Ele esperou. Depois de um tempo desistiu.

Dulce: Tem certeza que não prefere convidar Belinda? Ela com certeza saberá quem é esse tal Rossili.

Christopher: Rossini. - corrigiu, tentando não sorrir e não obtendo sucesso. - Apesar de suas negativas, senhorita tenho a impressão de que está com ciúmes da senhorita Belinda.

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