Fanfic: Perdida (1ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy

Relutante, Madalena acabou nos deixando sozinhos, mas pela expressão de seu rosto antes de deixar o quarto, imaginei que receberia uma visita durante a madrugada, só para saber se, de repente, eu não precisava de um chá!

Christopher se sentou ao meu lado encostando as costas na cabeceira da cama, e eu, cansada, me arrastei até ele. Descansei minha cabeça em seu peito, sua mão brincava gentilmente em minhas costas. Estava tão confortável daquele jeito, tão “em casa” que não demorou muito para que eu ficasse sonolenta.

Christopher: Acredito que a Senhora Madalena irá me passar um sermão se nos flagrar abraçados desta forma. - pude ouvir zombaria em sua voz.

Dulce: Posso apostar!

Christopher: Talvez ela não venha pessoalmente .Talvez mande algum empregado para nos vigiar.

Levantei minha cabeça para observá-lo. Seu rosto estava brincalhão

Dulce: Muito bem! Parece que finalmente aprendeu a tratar seus empregados com mais dignidade. – eu disse, tentando não sorrir de sua careta.

Depois voltou a ficar sério.

Christopher: Você me fez enxergar muitas coisas, senhorita! - tocou uma mecha de meu cabelo e a colocou atrás da orelha.

Dulce: Por falar nisso, quero te fazer uma pergunta.

Christopher: O que quiser. - ele respondeu de imediato.

Dulce: Por que você pensou que eu fosse uma “senhorita” quando nos conhecemos? Por que não pensou que eu pudesse ser uma “criada”? – isso me intrigava há vários dias, mas sempre acabava me esquecendo de perguntar a ele.

Christopher riu, fazendo meu corpo sacudir um pouco.

Christopher: Bem, soube que você era uma senhorita porque uma criada jamais seria tão petulante e teimosa com um cavalheiro. - seus olhos brilhavam de diversão.

Dulce: Eu não fui petulante. Nem teimosa! - retruquei ofendida.

Christopher: Ah, não. Nem um pouco! Como foi que disse? Ah! Precisa mesmo me apertar tanto? - ele me imitou, seu sorrio exibiu os dentes brancos e perfeitos.

Dulce: O que você queria que eu dissesse? Eu nem te conhecia e você já estava cheio de dedos pra cima de mim! Apenas estava me defendendo.

Christopher: Certamente! E depois levei uma eternidade para conseguir convencê-la a aceitar minha ajuda. Uma criada não hesitaria. - ele tocou meu rosto com delicadeza, deslizou os dedos de minha têmpora até meu queixo. – E, assim que vi seu rosto, eu soube que não se tratava de uma criada, mas sim de uma princesa.

Revirei os olhos e deitei a cabeça em seu peito outra vez. Christopher sabia como me enrolar direitinho. Eu já não sentia mais raiva dele. Como poderia?

Ficamos deitados assim por um tempo, Christopher acariciando meus cabelos e a luz fraca e tremulante das velas me compeliam a fechar os olhos.

Christopher: Dulce? - Christopher chamou quando eu estava quase apagando. Sua voz baixa no quarto mal iluminado parecia uma cantiga de ninar.

Dulce: Humm – respondi meio mole, sem abrir os olhos.

Ele hesitou por um instante.

Christopher: Ainda me odeia? - sussurrou. Sorri com os olhos ainda fechados.

Dulce: Muito! - resmunguei, me apertando mais contra seu peito.

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Dr. Almeida chegou bem cedo como havia prometido. Christopher já estava acordado. Eu estava muito bem, não só por ter dormido mais uma vez nos braços dele, mas bem fisicamente. O resfriado tinha ido embora, assim como a febre. E a volta do meu apetite deixou Christopher e o médico mais tranquilos.

Dr. Almeida: Parece que seu corpo reagiu bem, senhorita. - disse Dr. Almeida, depois de me examinar. - Você está muito melhor. Todavia, gostaria que ainda repousasse um pouco mais, só por precaução.

Dulce: Ah, não, Doutor! Já tô ficando maluca nesta cama! E já estou bem. De verdade. - argumentei. Sabia que Christopher me obrigaria a ficar deitada se o médico não mudasse de ideia. – Eu me curo depressa. É inútil continuar aqui na cama quando já estou curada.

Até meu nariz tinha desentupido e a dor ido embora. Claro que ele relutou um pouco mais, mas diante da minha obstinação, não teve outra escolha, a não ser me dar alta.

Dr. Almeida: Pelo menos continue ingerindo bastante líquido, sim?

Dulce: Pode deixar, Dr. Almeida - se isso era tudo que ele tinha para recomendar, eu cumpriria de bom grado.

Assim que ele deixou meu quarto acompanhado por Christopher, me apressei em ficar decente para poder sair dali. Odiava ficar doente. Não tinha paciência para ficar deitada sem fazer nada, gemendo o dia todo. Entretanto, às vezes, era necessário, claro.

Encontrei Anahí na sala de visitas, que já tinha toda a mobília de volta a seus lugares originais, na companhia de Angelique.

Anahí: Dulce! - Anahí me abraçou. - Fiquei tão preocupada! Você não imagina o estado em que eu fiquei enquanto não vi seus olhos abertos outra vez.

Abracei Anahí bem apertado. Fiquei comovida com sua preocupação sincera.

Dulce: Pensa que é assim tão fácil se livrar de mim? – brinquei.

Ela se afastou ainda segurando meus ombros.

Anahí: Não brinque com coisa séria, por favor! - recriminou.

Dulce: Desculpe. Estou bem agora, pode relaxar.

Angelique não disse nada a princípio. Apenas me deu um sorriso tímido. Não éramos tão íntimas assim para que ela se descabelasse por minha doença.

Angelique: Recebi um bilhete de minha mãe agora a pouco. - Angelique começou. Lady Catarina Romanov irá nos visitar esta tarde. Anahí e eu estamos indo para minha casa. Não gostaria de nos acompanhar também, senhorita Dulce?

Dulce: Por acaso, essa Catarina é aquela mulher que estava no baile, coberta de jóias dos pés a cabeça? – “mãe daquele cara pomposo que ficou me cantando?” eu quis acrescentar.

Angelique: Ela mesma! Ela está visitando algumas famílias, creio que seja para convidar para o baile em sua mansão. Pelo que mamãe disse no bilhete, seu filho, o Senhor Dimitri Romanov, está acompanhando-a. E seria muito indelicado de minha parte se eu não estivesse presente para recepcioná-lo. - ela terminou, meio sem ar. Parecia nervosa e inquieta.

Dulce: Me desculpe, Angelique, mas eu acho que é melhor eu não ir. Eu juro que tenho tentado aprender os costumes daqui, mas você sabe que eu ainda escorrego às vezes. Quase sempre! - eu disse sorrindo. - E me parece que você quer causar boa impressão, então é melhor eu ficar aqui e não te atrapalhar.

Anahí: Não diga tolices, Dulce! - ralhou Anahí. - Você é uma criatura adorável. Todos se encantam por você.

Dulce: Anahí, você é um doce! Mas não é verdade. Além do mais, acho que Christopher enlouqueceria se eu dissesse que vou passar o dia fora. Ele tá me dando nos nervos com tantos cuidados!

Angelique: É uma pena! - Angelique lamentou, parecendo sincera.

Fiquei comovida com a sua mudança de comportamento. Talvez pudéssemos ser amigas afinal.

Dulce: Quem sabe da próxima vez... Logo Christopher para de pegar no meu pé! - sua preocupação exagerada não tinha mais fundamento. Eu estava totalmente recuperada. Ele teria que lidar com isso!

Aproveitei a oportunidade de que apenas nós três estávamos na sala para saber os detalhes do baile.

Dulce: Mas, me contem, como foi o baile? - sussurrei conspiratoriamente. As duas garotas sorriram.

Anahí: Foi perfeito, com exceção de seu... Acidente? - Anahí deixou claro que eu também tinha explicações a dar.

Dulce: Oh! Errr.... Eu... - não sabia o que Christopher havia dito a ela.

Como poderia explicar a ela que fugi depois que contei a seu irmão que eu vivia até alguns dias atrás no século vinte e um e ele tentou me internar por pensar que eu tinha enlouquecido? Odiava ter que enganá-la, mas para seu próprio bem, e o meu, quanto menos ela soubesse, melhor seria.

Anahí: Meu irmão disse que vocês tiveram uma discussão que você não queria mais permanecer nesta casa. Fugiu antes que ele pudesse impedi-la.

Dulce: Foi mais ou menos isso. - Concordei.

Ao menos, era o suficiente para que Anahí entendesse sem me mandar para o manicômio. Ela assentiu e se sentou ao meu lado.

Anahí: Nunca mais faça isso, Dulce. Não tem ideia de como meu irmão ficou transtornado até encontrá-la Achei que ficaria maluco. Nunca o vi tão nervoso, tão... tão...

Angelique: Desesperado! - completou Angelique.

Olhei para as duas e depois baixei os olhos para minhas mãos.

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