Fanfic: Perdida (1ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy

Seria assim quando eu fosse embora? Era isso que eu queria que acontecesse a ele?

Não! Claro que não! Mas eu já não era capaz de me afastar de Christopher. Era tarde demais pra isso. Então, minha única saída seria tentar ficar ali para sempre. Teria que descobrir um jeito de permanecer ali. E rápido! As mensagens cessaram, mas eu podia sentir que estava perto do fim da jornada.

Entendi algumas coisas nos últimos dias. Eu estava ali para aprender. Aprender a amar, eu pensava. Não sabia realmente se mais alguém do futuro estava ali, mas já não importava mais.

Eu não tinha mais pressa de voltar, não queria voltar. E aprendi que uma vida simples podia ser a mais complexa de todas, a mais feliz de todas, principalmente se o amor da sua vida estivesse ao seu lado. E eu tinha Christopher ao meu lado, que era, de muitas maneiras, mais que o amor de minha vida. Era minha “vida” propriamente dita. Sentiria falta de toda a modernidade, é claro, porém, agora sabia que poderia sobreviver sem elas. Mas eu não poderia sobreviver sem Christopher , tinha certeza disso.

Seria como tentar viver sem respirar: sufocante, insuportável e impossível. Por isso, eu tinha que encontrar uma forma de ficar ali com ele.

Dulce: Me contem sobre o baile. - forcei-me a dizer, tentando mudar de assunto. - O que eu perdi?

Anahí: Muita coisa! - Anahí disse sorrindo, exibindo suas adoráveis covinhas. - Conheci um rapaz muito gentil.

Dulce: É mesmo? E? - notei como seus olhos azuis brilharam quando falou dele.

Anahí: Seu nome é Alfonso Herrera. Está no mesmo internato que o sobrinho do Dr. Almeida. Eles são amigos há alguns anos, mas essa foi a primeira vez que veio até a vila. Ele é divertido, se expressa bem, é muito educado, muito...

Dulce: Especial? - tentei adivinhar.

Ela assentiu.

Anahí: Dançamos algumas vezes e gostei muito de conversar com ele. Ele me faz rir. - as covinhas se aprofundaram.

Dulce: Acho que te vi dançando com um rapaz... Um de cabelos escuros. - um rapaz bonito e que não tirou os olhos dela.

Anahí: Sim! - ela disse eufórica. - Sim é ele. É o Senhor Herrera.

Dulce: Então, acho que posso dizer que ele também gostou de você, pela forma com que a olhava.

Ela baixou os olhos corando.

Dulce: E não se esqueça que ainda é muito jovem, que terá tempo para descobrir se ele é realmente especial. - ela nem tinha dezesseis: Não devia ficar pensando em casamento com tão pouca idade.

Anahí: Prestarei bastante atenção. - ela ruborizou ainda mais.

Dulce: E se ele for o cara certo, e depois que tiver idade o suficiente para isso, divirta-se e me faça o favor de ser muito feliz!

Anahí me abraçou mais uma vez, bem apertado, quase me sufocando.

Anahí: Eu prometo. Gostaria que pudesse ficar aqui pra sempre. Não consigo mais imaginar não tê-la por perto.

Dulce: Também quero ficar, Anahí. Vou tentar ficar. Será complicado pra caramba, mas eu não vou desistir! Você terá que me aguentar por um bom tempo, se tudo der certo.

Anahí: Oh! Isso seria maravilhoso! - exclamou eufórica. - Imagine o quanto Christopher ficará feliz se você realmente ficar conosco por muito tempo.

Eu podia imaginar, claro que podia. Esse era um dos motivos que me fazia querer ficar ali no século dezenove. Poder vê-lo feliz.

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Depois do almoço, Anahí e Angelique partiram e eu e Christopher ficamos sozinhos, tão sozinhos quanto se podia ficar tendo uma dúzia de empregados e uma Madalena na casa.

Dulce: Sabe o que eu estava pensando? - perguntei a ele, enquanto nos dirigíamos para a sala de leitura.

Christopher: Creio que não. - e sorriu.

Dulce: Queria ver Storm. Agradecer pela ajuda.

Suas sobrancelhas se uniram.

Christopher: Não sei se é uma boa ideia. Você ardeu em febre até ontem.

Dulce: Por favor, Christopher? Eu estou bem. Ótima, na verdade! Eu queria tanto que você me levasse para passear. - implorei, tocando seu braço.

Christopher: Você pretende montá-lo? - seus olhos se arregalaram de horror.

Dulce: Sim, eu queria. Só uma voltinha, Christopher, por favor?

Christopher: Você já fez isso. Foi Storm quem lhe trouxe até aqui. - argumentou secamente.

Dulce: Mas essa não conta, eu estava desmaiada. Por favor, Christopher? - de certa forma, eu tinha uma ligação com Storm que não podia explicar. Era como se ele fosse meu amigo e não apenas um cavalo. - Por favor?

Christopher analisou meu rosto por um tempo e percebeu o quanto era realmente importante para mim. Suspirou derrotado.

Christopher: Está bem. - disse desgostoso. - Vamos passear um pouco.

Dulce: Espere só um minuto. Vou pegar minha bolsa. Tem uma coisa que quero te mostrar!

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Encontrei-me com Christopher no estábulo, Storm já estava selado e pronto para o passeio. De repente, minha coragem vacilou. Storm era grande e assustador demais.

Vi um sorriso desafiador se espalhar nos lábios de Christopher. E então, me apoiei em seu ombro e subi colocando um pé no estribo, toda desajeitada. Christopher montou com a elegância de quem montava desde os dois anos de idade.

Storm se comportou como um verdadeiro cavalheiro, trotando suavemente, me deixando mais à vontade depois de alguns minutos, e os braços de Christopher firmes em minha cintura me mantiveram no lugar.

Dulce: Para onde estamos indo? - perguntei, quando não podia mais ver a casa, apenas mata e árvores.

Christopher: Não sei bem. Por ora, Storm apenas me permite montá-lo, mas ainda é ele quem decide para onde ir.

Eu ri.

Dulce: Muito útil ter um cavalo que não obedece aos comandos.

Chrsitopher: Foi muito útil na noite de sábado. - ele não sorriu.

Não achava engraçado. Alisei a crina de Storm.

Dulce: Valeu pela ajuda, amigão. - sussurrei para o cavalo. - E obrigada por não ter derrubado Christopher. - Dessa vez, Christopher riu.

Depois de um tempo, comecei a reconhecer o caminho, e soube para onde Storm estava me levando. Exatamente para o mesmo lugar onde me encontrou no sábado. Para minha pedra. Paramos um pouco mais adiante, debaixo da árvore.

Christopher: Acho que aqui é de alguma forma, o nosso lugar. - disse, depois que Christopher soltou a rédea e Storm saiu trotando feliz.

Dulce: De alguma forma. – concordou.

Ele apoiou as costas na árvore e eu me sentei ao seu lado.

Christopher: Sabia que gosto muito deste vestido? - ele disse, me encarando com um sorriso no rosto.

Eu vestia o vestido, vinho que tinha a cicatriz das linhas de Madalena na bainha fechando o buraco que abri quando tentei sair do estábulo há alguns dias atrás.

Dulce: Obrigada. – eu disse, numa mistura de embaraço e prazer.

Ele tocou minha testa, depois suspirou aliviado.

Dulce: Eu estou bem, Christopher. Pode parar de se preocupar, por favor? - resmunguei.

Christopher: Desculpe-me, mas não posso! – e me lançou um olhar que implorava compreensão.

Eu ri.

Peguei minha bolsa e mostrei a ele as coisas que tinha comigo, algumas delas Christopher já tinha visto naquele dia em que lhe dei a caneta, mas dessa vez expliquei para o que serviam: maquiagem, as chaves de casa, e o maldito sachê de ketchup! Rasguei a embalagem, coloquei um pouco no dedo e ofereci.

Dulce: Prove. - estiquei o dedo.

Ele não hesitou. Rapidamente, pegou minha mão e levou meu dedo a boca. Claro que todo meu corpo acordou imediatamente com o contato.

Christopher: Hum! É meio doce e... azedo!

Dulce: É. Fica gostoso em sanduíches e eu amo com batata frita.

Christopher: Ficou gostoso com dedo também. – disse ele, brincalhão.

Eu ainda ria quando peguei o celular. Era isso que eu queria mostrar a ele mais que qualquer outra coisa.

Dulce: Meu celular. – estiquei a mão.

Ele pegou o pequeno retângulo reluzente. Seu rosto ficou muito sério. Christopher virou o aparelho muitas vezes nas mãos, analisando cada linha, cada detalhe.

Christopher: Foi isto que a trouxe aqui? Esta coisa minúscula? - Assenti ainda o encarando. Ele me devolveu o aparelho com cuidado. - Serei eternamente grato a ele, então.

E, de repente, me dei conta de que eu também! Também estava agradecida a ele, agradecida pela confusão que tinha me metido, agradecida por tudo que passei ali por sua culpa. Ele me trouxe até Christopher!

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