Fanfic: Perdida (1ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy

Maite: Claro que não vou te deixar aqui! E nós temos tempo. Você não vai sair do hospital antes que o médico a libere. Então, vê se desembucha logo. - seu tom duro e, ao mesmo, tempo preocupado

Dulce: Maite, eu estou bem... - Mentalmente porque eu sabia que só ficaria bem de verdade se pudesse estar com Christopher outra vez. - Eu tenho que sair daqui logo. Tenho que procurar uma pessoa.

Suas sobrancelhas se arquearam.

Maite: Uma pessoa? - repetiu, a voz baixa e desconfiada.

Dulce: Sim. E você vai me ajudar! - afirmei, sem dar a ela a chance de decidir se ajudaria ou não uma amiga aparentemente surtada.

Maite: Está bem. - Nina falou, cautelosa - Eu te ajudo, depois que você me disser tudo o que está acontecendo.

Suspirei. Encarei Maite por um longo tempo, decidindo se contava ou não. Ela era minha irmã em muitos sentidos, merecia saber a verdade depois da preocupação que causei, totalmente sem intenção. E ela não me internaria, eu quase tinha certeza disso.

Dulce: Tudo bem, Maite. O que eu vou te contar não é uma história fácil de engolir. - ela assentiu, o rosto sério. - Tente manter a mente aberta, tá?

Maite: Está me deixando preocupada, Dulce. Fala de uma vez!

Dulce: Lembra-se da noite em que fomos ao Toca e meu celular caiu na privada? - ela assentiu. - Começou aí! No sábado, eu acordei cedo e fui comprar um novo, você sabe que eu não sabia viver sem ele. - fiz uma careta ao pensar nisso. Quantas coisas inúteis pensei serem tão importantes a ponto de não poder viver sem elas! Sacudi a cabeça, desgostosa. - Então, quando cheguei à loja...

Contei tudo o que aconteceu na loja, depois na praça e como fui parar no século dezenove. Nesta parte, suas sobrancelhas se arquearam, mas eu não parei. Disse a ela tudo que passei por lá, a casinha, o pé de alface, a carruagem, as pessoas que conheci, os vestidos e falei sobre o principal.

Christopher.

Não pude conter as lágrimas que rolaram continuamente em meu rosto. Falar dele triplicava a dor intensa que eu já sentia. Narrei como acabei me apaixonando por ele sem me dar conta disso, sobre seu bom humor e seus modos educados, a forma carinhosa com que tratava a irmã, como cuidou de mim quando estive doente, a noite mágica que passamos juntos.

Precisei de alguns minutos para continuar, a dor que invadiu meu peito me tirou o fôlego. Só consegui soluçar e tremer por um tempo. Maite passou seus braços em mim, tentando me acalmar, mas eu não conseguia nem mesmo respirar. Quando olhei seu rosto e vi que ela também chorava, fiquei ainda pior, pois eu não sabia se ela chorava por minha dor ou se chorava por mim ou pela perda da minha sanidade.

Continuei com a história: a noite do baile, o ataque de Santiago, minha fuga. Contei absolutamente tudo, da dança final perto da pedra até minha volta para cá e o pouco que me lembrava sobre a confusão na loja.

Quando terminei, fiquei sentada tentando me controlar. Tentei muito não pensar em Christopher, mas toda vez que eu piscava via seu rosto assustado, sua mão esticada tentando me alcançar, atrás de minhas pálpebras. Um pesadelo que se repetia a cada vez que eu fechava os olhos.

Maite ficou em silêncio por alguns minutos, me observando, analisando meu rosto retorcido pela dor.

Maite: Dulce, preciso te fazer uma pergunta. - sua voz séria, assim como seu rosto. Apenas a encarei. - Você está usando drogas?

Dulce: Ah! Maite! Você também não! - eu gemi.

Maite Desculpe, Dulce. Mas o que acaba de me contar é... - ela me fitou, tentando encontrar a palavra certa.

Dulce: O que? Surreal? Impossível? Maluco? História da carochinha? - ajudei.

Ela sacudiu a cabeça concordando.

Dulce: Mas é a verdade, Maite. Você viu o vestido, não viu?

Maite: Vi, mas... Como? Por quê?

Dulce: Não sei! Não faço ideia! Acho que, se eu conseguir encontrar a vendedora, talvez ela me explique e me ajude. - por que ela tinha que me ajudar, não tinha? Ela havia armado a confusão e agora iria consertar! Ah, se ia!

Maite não disse nada, vi a história se repetir de novo e de novo em seus olhos de castanhos, tentando encontrar sentido.

Maite: O que você vai fazer agora? - ela perguntou horrorizada depois de um tempo.

Suspirei de alívio.

Dulce: Vou procurar por ela. Vou fazer com que arrume as coisas... Que me mande de volta. Ela vai ter que consertar isso. De uma forma ou de outra! - eu disse firme, secando meus olhos.

Maite: Você pretende voltar? Me deixar aqui sozinha?

Dulce: Você não está sozinha. Tem o Christian, tem seus pais. - seria muito difícil nunca mais ver Maite.

Éramos tão unidas que, com exceção da minha viagem para o passado, eu não tinha uma única memória que não a incluísse. Mas ela estaria feliz, eu sabia disso. Estaria ao lado do amor de sua vida, teriam filhos lindos, brigariam pelo resto da vida e se reconciliariam todas as vezes, como sempre foi. Não precisaria me preocupar com ela. Ainda assim, seria doloroso não tê-la por perto.

Maite: Não é a mesma coisa. E meus pais não falam comigo, você sabe disso. - retrucou tristonha.

Dulce: Eu sei! Mas eles podem mudar de ideia e você pode vê-los quando quiser. E você tem o Christian, que é maluco por você. Imagine se... Imagine se ele precisasse ir morar na... Groenlândia e nunca mais voltasse a pôr os pés aqui. Se tivesse a chance de ir com ele, você iria?

Ela não respondeu imediatamente. E nem precisava, eu sabia a resposta, assim como ela.

Dulce: Você entende, Maite? Eu preciso dele! Claro que eu sentiria uma saudade louca de você, mas, ao menos, saberia que está feliz. Além disso, se eu não voltar, ele... - era insuportável imaginar.

Doloroso demais imaginar que eu nunca mais voltaria a ver Christopher. Nunca mais ver Anahí, Madalena e todos os que deixei para trás. Minha nova família. E eu não tinha uma há muito tempo.

Maite: Também morreria de saudades! - ela tocou minha mão gelada. - E tudo o que eu quero é te ver feliz. Mesmo que... nunca mais...Vou te ajudar a encontrar a tal mulher e vamos obrigá-la a te mandar para lá! Nem que eu tenha que usar a força! - Maite era tão exagerada! Mas dessa vez eu estava com ela.

Dulce: Onde estão minhas coisas?

Maite: Tudo que me entregaram foi isto e aquele vestido estranho. - ela levantou o celular.

Dulce: Ficou tudo lá com ele. Tudo! - a dor me deixou quase cega, pontos negros embaçavam minha visão. - Como foi com o Christian? - perguntei, tentando me distrair para não partir em duas.

Maite: Foi maravilhoso! Bem, quase. Eu estava muito preocupada com você. Não sabia o que tinha acontecido... Te procuramos em hospitais e até em necrotérios!

Dulce: Desculpe, Maite! Não dava pra te mandar um bilhete. Acho que os correios ainda não fazem esse tipo de entrega. - e sorri, secando os olhos com as costas das mãos.

Maite: Sua maluca! Não podia se meter em nada menos complicado, pra variar? - ela sorriu também.

Dulce: Ah! Maite! - Estiquei os braços e a abracei bem forte. - Estou tão feliz por você e o Christian!

Ela me abraçou também. Depois me olhou espantada.

Maite: Está chorando? Não tinha percebido.

Dulce: É que eu... Não imagina como estou feliz por vocês dois! Serão tão felizes juntos! São perfeitos um para o outro.

Maite: Já chega! Quem é você? Onde está minha amiga? - ela disse com a testa enrugada, depois sorriu.

Dulce: Você tem razão. Não vai acreditar em como eu mudei. Sou uma outra mulher. Uma que é romântica, chorona e melodramática. Tudo que eu nunca fui. Sou uma EMO!

Maite: Claro que não é. Só está apaixonada. - ela sorriu, depois seus olhos se estreitaram. - Pela primeira vez!

Dulce: Fala logo. - eu resmunguei.

Maite: O que? - perguntou inocente. - Eu te disse? Que tipo de amiga eu seria se tripudiasse de seu sofrimento dessa forma?

Dulce: Obrigada. - suspirei.

Maite: Mas eu te avisei! É diferente de eu te disse.

Precisei fazer um teatro para o psiquiatra do hospital, inventado que tinha bebido demais e estava com stress de trabalho para poder justificar ter pirado, saído na rua vestida daquele jeito, invadido lojas e agredido pessoas. Prometi procurar um psicólogo para me ajudar a aliviar o stress. Ele até me deu o telefone de um especialista.

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Continua....