Fanfics Brasil - O Poder de Proteger Pétalas ao Chão

Fanfic: Pétalas ao Chão | Tema: Magi: The Labyrinth of Magic


Capítulo: O Poder de Proteger

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Império Kou – Dias Atuais.


 


“Você é a dona do seu destino. Nunca se esqueça disso, minha flor de jasmim.”


 


Kourien acordou num sobressalto, o peso abafado das cobertas fazia com que ofegasse. Já tinha anos desde a última vez que havia sonhado com a figura materna e apesar daquela sensação desconfortável que havia se instaurado em seu corpo, ainda era melhor do que os pesadelos com a antiga Parthevia. Sua garganta pareceu apertar ao perceber que não conseguia mais se lembrar do rosto da mulher que um dia a teve nos braços. Sentia-se solitária. Não apenas por não ter mais a companhia da mãe, mas também pelas consequências de ser uma das princesas imperiais de Kou.


Ainda não estava acostumada com tudo aquilo, mas não tinha muitas escolhas. Havia duas possibilidades em seu futuro: se tornar forte o suficiente para ser escolhida como general ou acabar acorrentada a um casamento político. Estremecia só de pensar em casar com um dos velhos líderes que pouco a pouco acabavam sendo submetidos ao Império. Preferia morrer a acabar assim, embora até então esse fosse seu destino mais óbvio.


Antes que pudesse sair da cama escutou uma batida leve na porta e então as servas do Palácio do Céu Estrelado adentraram o cômodo espaçoso em fileira, logo se curvando e desejando bom-dia. Todas se esforçavam para parecer naturais, mas a mais velha não escondia o semblante preocupado.


 


— Bom dia, princesa Kourien. Nós vamos preparar o banho para que possa descer para o café. O Touya já esta com sua espada na entrada do palácio, todos preparativos estão prontos.


— Bom dia, Baa. Obrigada, eu realmente preciso de um banho... Urgente.


 


Assim que Kourien disse a última palavra algumas das servas correram para a sala de banho, mesmo que soubessem que não havia necessidade. Gostava de cada uma das pessoas que lhe serviam. Haviam aguentado ao seu lado desde quando não tinha as regalias de seu posto. Com a ajuda de Baa e Jiang se levantou da cama, ajeitando-se no robe que era oferecido antes de deslizar os dedos pelos fios longos que desciam por suas costas até abaixo do quadril numa tentativa frustrada de desfazer os nós.


 


— Hey bruxa, eu esperava ver você mais animada hoje! Talvez tenha sido um erro decidir te dar essa dungeon tão cedo...


 


Ao perceber a presença do Alto Sacerdote encostado na janela as mulheres se agitaram, claramente constrangidas com o garoto encarando a princesa com um sorriso de canto. Kourien por outro lado apenas riu ainda sonolenta, virando-se para Judal para poder responder.


 


— Judal-chan! Já disse pra não me chamar assim! – A voz da garota mudou rapidamente, tornando-se quase cantada na direção dele. – Você sabe que eu mereço essa dungeon! A culpa não é minha se você me encheu a paciência até tarde repetindo tudo o que já sei. Claro que ainda tô com preguiça. Tsc~


— Eu não precisaria repetir se você não fosse uma bruxa desatenta! Não vem chorar pra mim quando estiver em perigo lá dentro.


— Até parece! A gente devia apostar quem mata mais monstros, huh?


 


A última frase saiu mais baixa enquanto ela entrava na sala de banho seguida das outras duas. A banheira rústica de madeira fazia com que o vapor da água se espalhasse pelo cômodo e após tirar as roupas entrou na mesma com a ajuda de uma das servas. Por mais confiante que fosse em suas habilidades e nas de seu irmão ainda havia a chance de não voltar da dungeon. Sabia que era um lugar traiçoeiro que desafiava a lógica do mundo, por isso não tinha pressa e nem se deixava ficar eufórica. Queria apenas aproveitar a água quente enquanto tinha os cabelos rosados lavados com cuidado pelas mãos das outras.


 


— Está mais silenciosa do que de costume, Kourien-sama. – A voz aveludada da mulher pareceu tirar a garota do transe em que havia entrado fazendo com que sorrisse para ela. O rosto pálido decorado com algumas rugas sorriu de volta demonstrando com sutileza o carinho que tinha pela pequena. Baa sempre a cuidou como uma filha. Logo a expressão da princesa voltou a ficar séria, como se pensasse com cuidado no que falaria entre suas súditas.


— Como eu posso manter a minha palavra... De ajudar os órfãos de guerra se estou levando os soldados pra morte apenas por poder próprio? Eu não seria hipócrita de dizer sofrer com as perdas da guerra se vou sujar minhas mãos com o sangue deles na dungeon?


 


As mãos que lhe lavavam os cabelos pareceram congelar por alguns segundos e Kourien pôde sentir os olhares sobre si. Não havia resposta para aquela pergunta. Não. Havia, mas nenhuma delas falaria em voz alta. Baa apenas apertou com cuidado a mão da jovem soberana e então foi buscar as toalhas e robes para que ela pudesse começar suas obrigações diárias.


Do lado de fora da sala de banho Judal seguia esperando. Deitado sobre a espaçosa cama balançava a varinha decorada com pedra vermelha de um lado para o outro enquanto as servas restantes ali se encolhiam em um canto observando a cena. Em poucos instantes Kourien já aparecia pela porta, não evitando um suspiro longo ao vê-lo ali ainda. Acabou rindo mais uma vez antes de sentar em frente a penteadeira para que as mulheres escovassem seus cabelos e ajeitassem como de costume. A mais velha, que já era bem acostumada com o Oráculo, se pronunciou depois de alguns minutos de silêncio.


 


— Não é apropriado que esteja no quarto da princesa Kourien enquanto ela se banha, Judal-sama.


— Huh...?! Ninguém aqui falaria algo pra mim sobre isso e... Até parece que eu me interessaria em ver algo da bruxa idiota.


— Judal-chan! Eu ainda não tô surda, sabia? – A expressão emburrada da garota arrancou um riso alto do Magi que a encarava pelo espelho. As outras mulheres ali se permitiram um riso contido antes que finalizassem o cabelo longo adornado de dois coques presos em joias de ouro. – Que rude que você é...! Mas não importa. Eu precisava mesmo falar com você.


 


Apoiando as mãos na escrivaninha Kourien se levantou, deslizando os dedos finos pelo hanfu em seguida para alisar o tecido pesado. Com um gesto de mãos as servas saíram do quarto, deixando os dois sozinhos ali. A verdade é que todos conheciam o comportamento desviante do Alto Sacerdote, mas os anos de cuidado – ainda que questionável – dele com sua futura Candidata a Rei lhe davam o benefício da dúvida.


 


— Falar comigo? Sobre o que você vai chorar hoje? – Judal apenas sorriu de canto claramente tentando provocar a outra, mas Kourien apenas se aproximou para sentar ao lado do Oráculo, afagando os cabelos negros de forma que sabia que ele rosnaria e rolaria para o lado.


— Eu treinei desde que tudo aquilo aconteceu... Em Parthevia. Eu treinei até não ter mais forças e então encontrei forças em outros lugares. Judal... Eu quero ser uma conquistadora de dungeon de verdade! Mas se eu preciso de um exército pra morrer por mim, vou estar mesmo sendo digna?


— Huh?!! Você tá falando sério? Mesmo que tenha treinado ainda tem 14 anos e não tá no máximo de força que poderia. Se tem um exército disposto a morrer, por que não?


— Sinbad tinha 14 anos quando conquistou Baal. Praticamente sozinho.


— O rei idiota é... Alguma coisa irritante que consegue prever as possibilidades. A gente já discutiu isso. Não seja burra, o exército foi feito pra isso. Pra lutar.


— Mas eu não quero. Eu quero conquistar a dungeon. Não vou me opor aos meus irmãos, sei que o Kouen-oniisama não vai me deixar entrar sem ele. Mas... Sem as tropas, Judal. Se eu morrer, um deles vai levar o poder do djinn. Nada se perde. Mas de qualquer forma: Eu não vou morrer lá. 


 


Judal suspirou longamente ao final daquele discurso. Kourien era teimosa e com um complexo de culpa que o irritava sempre. Mas não podia negar que aquela atitude era no mínimo divertida. Kouen por outro lado não iria gostar dessa brincadeira, embora talvez pudesse convencê-lo. Era o Magi afinal. Era seu dever guiar os reis. Após isso encolheu os ombros e se espreguiçou antes de levantar.


 


— Que seja! Se prefere do jeito difícil o problema é seu. – Após dizer aquilo o oráculo olhou por cima do ombro para ela e dessa vez podia jurar que via preocupação nos olhos carmesim. – Se você morrer eu te trago de volta só pra te matar de novo.


 


Kourien sorriu com aquilo. Judal não era a pessoa mais apegada, tampouco demonstrava sentimentos com quem quer que fosse, mas sabia que existia algo dentro dele que permanecia escondido. Não respondeu mais nada e apenas encarou a silhueta que logo voava pela janela. Seu dia seria longo, precisava convencer Kouen a entrar sem as tropas e ainda precisava checar o casarão dos órfãos antes de ir. Não queria mesmo cumprimentar a morte mais uma vez, estava decidida a voltar e a usar o tesouro para amenizar a dor que as batalhas de expansão do império causavam. Com um aperto leve das mãos na beirada da cama se ergueu, jogando os pensamentos inférteis para longe. Não tinha espaço para eles naquele dia.


Era de conhecimento geral o quanto Kou estava crescendo e parte disso se dava pelas inúmeras capturas de dungeons por parte dos filhos e filhas do novo Imperador, aquele acúmulo de poder era imprescindível para as futuras batalhas. Desde pequena havia sido guiada por Judal para se tornar uma Candidata a Rei, mas apenas quando foi reconhecida como princesa que isso se tornou uma obrigação moral com o império e aquilo por vezes a levava a extremos. Se perguntava se era sua vontade ou se estava sendo manipulada, fosse por quem fosse. Todas aquelas dúvidas culminavam em seus questionamentos e medos incessantes. Se acabasse se negando, quantos se feririam? E se lutassem por si, por qual motivo seria? Sentia-se um peixe fora d’água no palácio, mas fazia seu papel. Mesmo que tivesse que fingir.


-x-


Poucas pessoas caminhavam pelos corredores do palácio imperial naquela manhã e Kourien seguia a passos largos até a sala onde o irmão mais velho se encontrava. Bateu algumas vezes na marquise de madeira antes de entrar, ele parecia concentrado em um pergaminho qualquer.


 


— Kouen-oniisama.


 


O primeiro príncipe fez um sinal breve com a mão, chamando-a para se aproximar. Antes que ela chegasse a sua frente empilhou os papéis e deixou-os de lado sobre a mesa.


 


— Precisa de algo antes de irmos, Kourien? – O homem olhou para a irmã analisando-a com cuidado. Conhecia a garota bem o suficiente para saber que não gostaria do que quer que ela fosse pedir naquele momento.


— Irmão... Eu estive pensando sobre a dungeon e sobre as minhas obrigações como princesa imperial. Se eu for buscar por poder, não quero que seja passando por cima das minhas convicções. Eu não quero que os soldados sejam sacrificados pra isso. Por favor, eu peço que não leve as tropas para a dungeon. Eu quero lutar por ela da forma correta.


— Isso é loucura, não posso permitir. – A resposta foi rápida, sem nenhum segundo para pensar a respeito. Kouen apoiou uma mão sobre a outra na mesa de madeira enquanto sustentava o olhar da outra. Kourien sabia que ele estava testando sua força de vontade, não se intimidaria.


— A decisão deveria ser minha. É a minha dungeon e não quero que os soldados morram por mim lá.


— Isso é incabível. Eles treinaram pra isso, são competentes.


— E eu não duvido disso nem por um instante. Por serem competentes que digo, é um desperdício leva-los para a morte dessa forma. Se eu quero liderar esses homens algum dia preciso ser digna da confiança deles. Preciso ser digna de estar ao lado deles, de possuir o poder do djinn. Eu não vou falhar onii-sama.


 


Kouen suspirou em seguida, baixando o olhar para as mãos unidas. Tinha três recipientes de metal de djinn, poderia levar seus membros de clã. Kourien também sabia lutar bem, mas nunca enfrentou nada como uma dungeon e ainda era uma criança em comparação com os demais. Mesmo no melhor dos casos era uma escolha arriscada entrarem sem as tropas. O silêncio pareceu durar uma eternidade antes que a garota o quebrasse novamente.


 


— Eu dediquei todos os meus dias no palácio pra esse momento, onii-sama. Por favor, confie em mim.


 


Não era como se o primeiro príncipe não soubesse disso. Apesar de sempre parecer um gato arisco a irmã havia se dedicado inteiramente aos treinos e estudos. Não sabia tudo que ela havia passado antes de ser encontrada, mas tinha certeza que não eram boas recordações. A preocupação extrema e os sacrifícios físicos que fazia mesmo sendo tão nova mostravam isso. Tinha certeza que ela era forte, mas seria o suficiente para a dungeon? Suspirou pela milésima vez naquele dia antes de voltar a encarar os olhos rosados da outra, erguendo-se para rodear a mesa logo depois. O homem se apoiou na beirada da mesa de frente para a irmã, acariciando o topo de sua cabeça brevemente.


 


— Você é impossível, irmãzinha. Depois de entrar na dungeon não terá volta, sabe disso não é? Eu vou pensar sobre o que pediu. Durante a tarde conversamos novamente.


 


Kourien entendeu que não adiantaria insistir e que estava sendo convidada a se retirar de forma sutil. Sorriu pequeno para Kouen e então saiu da sala para deixar o palácio e então comer alguma coisa. Touya, Saiya e Jiang já lhe aguardavam no portão do jardim e sorriram ao ver a princesa se aproximar. Os três – juntos de Baa – eram seus mais leais servos. Touya e Saiya eram excelentes guerreiros enquanto Jiang havia se mostrado uma boa maga. Se não fosse por eles talvez não tivesse vivido tanto.


 


— Qual é o plano, Kourien-sama? – Touya foi o primeiro a falar quando a Ren já estava mais próxima. A mesma sorriu para ele, pegando a espada que o rapaz estendia a sua frente e logo voltando a caminhar junto do pequeno grupo.


— Vamos ao casarão ver como estão as coisas. Não sabemos o que vai acontecer na dungeon ou quanto tempo vamos ficar lá. Quero ter certeza de que eles não vão precisar de nada nesse tempo.


— Ouvi que o tempo passa diferente lá dentro... Espero não sair velha! – Saiya choramingou enquanto Touya revirava os olhos e arrancava um riso baixo de Kourien.


— Não é desse jeito, Saiya! Eu já te expliquei, não incomode a princesa com essas coisas idiotas! – Jiang acabou retrucando em seguida, mas sorriu ao perceber o divertimento da soberana.


— Não se preocupe Saiya, não vamos ficar tanto tempo assim. – Kourien então respondeu, mas logo se fizeram longos minutos de silêncio da mesma. Apenas quando os servos perceberam que ela voltou a falar, já próximo da ruela onde os órfãos que ajudava ficavam. – Tem mais uma coisa que preciso que saibam. Eu decidi não levar as tropas conosco, seria condená-los a morte por mim. Mas da mesma forma não posso exigir que me sigam por esse caminho. Eu sempre vou amar vocês, independente do que escolherem. Não haverá retaliações caso não queiram entrar na dungeon nessas condições, eu sei que é pedir muito.


 


Os três pararam passos atrás de Kourien parecendo irritados, o que chamou a atenção da garota ao se virar para trás. A princesa uniu as mãos em frente ao corpo, apertando um pouco os dedos, mas antes que pudesse se pronunciar Touya tomou a frente.


 


— Você acha mesmo que vamos abandonar você, Kourien-sama? Que ofensivo. Você é a nossa princesa, nós escolhemos te seguir acima de tudo.


 


Apoiando a mão no peito os três dobraram o joelho perante ela, os olhos carregados de convicção. Kourien não podia desejar um grupo melhor do que aquele. Com um sorriso tímido se aproximou de um por um, abraçando-os brevemente e fazendo-os sobressaltar um pouco.


 


— Obrigada. Vocês são mais do que eu poderia pedir, espero que eu possa ser digna dessa lealdade.


— Kourien-sama...! Não fale de forma melancólica! Nós treinamos pra esse dia, não é? – O sorriso no rosto de Saiya se alargou enquanto ela fechava os punhos no ar.


— Sim! Vamos conquistar essa dungeon e comemorar!


 


Após ser contagiada pela agitação dos demais Kourien se permitiu rir baixo antes de enfim abrir a porta de correr e entrar na enorme casa de madeira. Algumas crianças corriam por ali até se ajeitarem todas em volta das mesas onde uma sopa de wonton era servida em tigelas de cerâmica.


 


— Kourien-chii! Venha cá, venha cá. Quanto tempo que não vejo você, pequena princesa? – Uma mulher que parecia bastante castigada pela idade abriu os braços em direção à garota, chamando-a com as mãos enquanto isso.


— Xia-obaasan! Desculpe, estive ocupada com os treinamentos. Vocês estão bem? – Kourien correu para os braços da senhora, sorrindo como fazia poucas vezes.


— Sim, sim. Não há nada com o que se preocupar. Venham, sentem-se e comam conosco. Fizemos wonton pra você, princesa.


 


Xia falou enquanto já dava espaço para que os quatro jovens pudessem se sentar entre as crianças das mais diversas idades. Após as guerras iniciarem muitos homens não retornaram para casa e consequentemente as crianças acabaram desamparadas enquanto as mães se viam forçadas a trabalhar em dobro. Kourien sabia como era estar sozinha e foi isso que a levou a ajudar Xia a cuidar dos pequenos. Não apenas isso, mas também havia sido a anciã quem criou sua meia-irmã Mei quando a mãe passou a viver no palácio. Conquistando a dungeon poderia expandir essa ajuda, levar dignidade às famílias que estavam mais distantes da capital. Esse era seu desejo. E por conta disso todos ali tinham muito respeito e carinho pela quinta princesa imperial, apesar de tão jovem. Ali se sentia mais próxima de uma casa de verdade do que entre as paredes gélidas do palácio. Considerava todos sua família, pessoas que desejava proteger e carregar consigo rumo ao futuro. Com aquele sentimento aproveitou a refeição como se fosse a última e gravou a voz de cada um bem fundo em seus pensamentos. Precisava vencer por eles também.


As horas passaram rápidas em meio às conversas e não pôde deixar de se sentir um pouco triste por não ter visto Mei antes da hora de sair, teria que esperar até retornar da dungeon. Assim que passou pelo portão do jardim imperial avistou Baa aguardando ali perto sentada em um dos bancos. Se aproximou imediatamente, tocando o ombro da mulher para chamar sua atenção.


 


— Baa? Preciso que providencie alimentos para o casarão. O suficiente para um mês, espero não levar mais que isso para retornar. Pode fazer isso já?


— Claro, Kourien-sama. Será entregue ainda hoje. Precisa de algo mais?


— Não, é só isso. Você e as demais podem descansar após isso. Sairemos em breve.


— Boa sorte, Kourien-sama. Por favor, volte em segurança.


 


A mulher se curvou em frente à princesa ao dizer aquilo e então saiu para cumprir a ordem. Não muito depois de Baa sair de vista Kourien percebeu a silhueta na porta do Palácio do Céu Estrelado. Kouen estava encostado no arco de entrada lhe aguardando.


 


— Kouen-oniisama, eu-- – O mais velho apenas ergueu a mão indicando que ela não deveria falar nada e então andou os passos que faltavam para encontra-la.


— Eu dispensei as tropas. Mas não esqueça que cairá sobre você a responsabilidade pelas suas escolhas. Terá de lidar com as consequências.


— Sim, eu sei onii-sama. Obrigada.


— Descanse pelas próximas horas. Vamos sair ao anoitecer.


 


Ao dizer aquilo o primeiro príncipe deixou o Palácio do Céu Estrelado com a meia-irmã lhe observando em silêncio. Kourien precisou respirar fundo duas, três, cinco vezes antes de enfim voltar a atenção para os outros três.


 


— É isso, ainda há uma última chance para vocês escolherem não entrar conosco. Mas se decidirem me seguir, eu farei o possível para honrar esse sacrifício. Vocês são meus companheiros, vou lutar por vocês também até o final.


— Que tipo de companheira eu seria se deixasse a jovem princesa entrar na dungeon sem mim? Se você tem coragem com 14 anos, Kourien-sama, eu vou me inspirar nela para seguir em frente. Por favor, conte comigo!


 


 A primeira a se pronunciar fora Saiya. Os olhos esverdeados pareciam brilhar enquanto encarava a garota a sua frente, o punho cerrado em frente ao peito enquanto dobrava um dos joelhos. Os cabelos negros escorriam por cima de seu ombro direito ainda que presos em um rabo de cavalo e um sorriso desafiador se desenhava nos lábios fartos.


 


— Você me deu um propósito, Kourien-sama. Eu não era ninguém antes de ser colocada a seus serviços, apenas uma escrava fraca e sem conhecimento. Meu poder é seu, se assim desejar. Jamais ficaria aqui parada enquanto a princesa luta pelo nosso futuro! Por favor, me deixe seguir ao seu lado.


 


A voz que veio a seguir foi a de Jiang. Os olhos rasgados pareciam preocupados, mas firmes. O rosto arredondado a fazia parecer mais nova do que realmente era, mas ainda assim exalava uma confiança que Kourien jamais duvidaria. Em poucos segundos estava imitando o gesto de Saiya demonstrando sua lealdade, os cabelos curtos balançaram brevemente enquanto a franja cobriu-lhe um dos olhos. Por último Touya se pronunciou.


 


— Kouen-sama pode ter me colocado a seus serviços, mas a escolha de acreditar e seguir suas palavras foi minha. Eu prometi que lhe protegeria e ajudaria a se tornar uma princesa memorável, eu vou seguir cumprindo esse juramento. Por favor, Kourien-sama, me deixe lutar por você.


 


Kourien observou Touya – assim como as outras – dobrar o joelho e levar o punho em frente ao peito. Seu coração bateu mais forte, como se uma adrenalina lhe tomasse o corpo inteiro. Sabia que não teria volta após passar pelos portões do monumento e que eles seriam sua responsabilidade, mesmo que fossem alguns anos mais velhos. Queria aquela dungeon mais que tudo, queria provar para Judal que era capaz e que não era mais a criança assustada de anos atrás. Queria ser a sua Candidata a Rei. Com um leve movimento de cabeça fez com que os três voltassem a empertigar o corpo e sorriu para os mesmos.


 


— Conto com vocês para conquistar o poder dos reis! Por favor, me emprestem sua força mais uma vez.


 


Após aquilo os quatro se dirigiram aos respectivos aposentos para se prepararem para a aventura que enfrentariam logo mais. Não havia mais volta e aquele seria o momento que moveria a roda do destino da quinta princesa imperial Kourien Ren.



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Autor(a): Yume Baku

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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