Fanfic: I still walk | Tema: The Walking Dead
— Noah!..
Mal conseguia ouvir minha voz abafada pelo ombro do meu velho amigo. O abracei forte e foi acolhedor. Seu cheiro era estranho, não como o de todos por aqui. Todos tinham o cheiro de sol e sujeira. Noah cheirava a biblioteca e livros antigos. Isso me deixava curiosa.
— O que? .... Noha. - Agora minha voz era alta e clara , praticamente gritando.
— Eu não pude acreditar. Como eu queria que fosse real. Que você realmente estivesse aqui.
— Eu estou. Realmente Estou aqui.
Nos sentamos em frente da fogueira e conversamos . Parte de mim tinha medo que ele fosse rápido de mais para os temas difíceis. Aqueles que eu tinha medo. Aquelas lembranças que não estavam realmente formadas em minha mente, mas que eu sabia que assim que ele pronunciasse as palavras viriam como uma avalanche.
— Então você é arquiteto?
— Bem... é o que eu pretendo. Não é como se eu pudesse ir para a faculdade e ter um diploma, mas passo a maior parte do tempo estudando. Espero poder construir coisas por aqui. Melhorar nossas vidas.
— Não acredito que você esta aqui!- Disse alegremente pegando sua mão. Lagrimas pousaram na base dos meus olhos me fazendo ver uma versão turva do garoto ao meu lado mal iluminado pela luz da fogueira.
— Nem me diga... Beth.. Você se lembra de mim lá?
— No dia da troca de reféns?
— Sim. - Agora todas as conversas diminuíram para simples sussurros, nos éramos o foco da noite aparentemente.
— Eu me lembro agora. Na verdade não havia me dado conta até te ver. Mas as coisas tem sido assim. Não me lembro exatamente das coisas até que alguém comente ou eu veja algo que me faça lembrar. Aparentemente minha lembrança ressente esta confusa.
— Fiquei muito feliz em te ver naquele dia.
— Eu também. Falando nisso... como você encontrou eles?
— Na verdade eu meio que esbarrei com Carol e Daryl em um prédio.
— Esbarrou?- Repetiu Carol com uma voz sarcástica e um olhar questionador.
—Bem....Noah tentou reformular sem graça - Eu meio que armei para eles.
— VOCÊ FEZ O QUE?- Minha voz saiu mais aguda do que eu pretendia.
— Eu não sabia quem eles eram... Tentei pegar as armas deles e fugir. Mas não deu muito certo, ainda bem, se não teria acabado com suas chances de sair dali. - O garoto parecia arrasado e triste. Não pude deixar de me sentir mal por ele.
— Noha, serio. Está tudo bem. Tenho certeza que eles nem chegaram a ficar bravos com você de verdade. E eu duvido que você poderia acabar com esse dois.
Todos riram, se entregando demonstrando que estavam ouvindo nossas conversa. Decidi ignorar e reconfortar meu amigo.
— Serio. Noah. Não tinha como você saber!
— Eles estavam atrás de você. Incrível como depois de tanto tempo, eles ainda te procuraram.
—Família é assim. Eu sabia que para eles eu estava morta. Mas não podia deixar de encontrar eles...se eu encontra-se pelo menos um deles...valeria a pena.- Olhei através das chamar turvas e foi acolhedor receber o olhar compreensivo deles. Michonne, Rick....Daryl. Acho que no final, mesmo que eu não recebesse a recepção que gostaria ou que tivesse encontrado exatamente o que queria eu sabia. Eu sabia que eles não teriam deixado de me procurar , não teriam me deixado para traz se não pensassem que tudo havia acabado. O que me fez lembrar. - E sua família?
— Rick e os outros me levaram até lá. Eles não conseguiram.
Cheguei mais perto dele e repousei minha cabeça sobre seus ombros. - Sinto muito.
—Ficou muito ruim depois que eu sai de lá? - Não queria encarar ele. Não queria olhar nos seus olhos e correr o risco de cair em lagrimas ao responder as perguntas que estavam por vir. Continuei apoiada no meu amigo, encarando as chamas dançarem na minha frente. Percebi ao movimentação e notei que mais pessoas estavam se juntando próximo a fogueira.
— Não exatamente.
— Eles te machucaram?
— Não o suficiente.
— Beth....Não quis te deixar sozinha. Desculpe. Você fez todo o trabalho difícil e eu sai correndo eu me senti culpado todos os dias. Toda vez que via a dor que sua morte tinha causado.
Me levantei e me concentrei nos olhos negros e agora vermelhos pelas lagrimas e sinceridade dele.
— Olha... Eu fiz o que eu tive que fazer, você também. Eu falei para você correr, esse era o plano. Se você não tivesse fugido, não estaríamos aqui. Ainda estaríamos lá, precisos, sofrendo. Ou pior.
— O que você teve de fazer? - Me virei e vi Spencer e sua mãe em pé ao lado direito da fogueira me encarando. - O que você teve de fazer para sair de lá?
— Beth não precisa responder. - Minha irmã veio ao meu resgate. Mas eu sabia que era inevitável.
— Tudo bem. Rick- Virei meu corpo e fiquei de frente para a única pessoa que eu responderia. - Acho que você tem 3 perguntas para mim.
—Beth...
— Tudo bem. Termine logo com isso.
— Quantos Walkers você matou?
— Eu perdi a conta. Muitos.
Senti seu olhar de compreensão, mas não desviei. Sabia que se meus olhos encontrassem os da pessoa ao seu lado eu estaria perdida.
— Quantos humanos você matou.
Então chegou a verdade. Mostrar quem eu era. Uma assasina. Mas sem lei eu era uma assasina sem julgamento. Impune. Resperei fundo e não desviei o olhar do Rick.
— Um.
Podia ouvir a respiração das pessoas a minha volta parando. Senti o corpo de Noah endureceer ao meu lado.
— Porque? - Essa era a 3 pergunta. E a mais difícil. Como justificar um assasinato. Como colocar o peso da vida de outra pessoa menor que a minha.
— Foi um guarda do Hospital. Ele gostava de machucar garotas.
— Beth.. conte a eles- Noah disse- Conte a eles toda a verda. O cara era um estrupador e manipulador.
— Ele tocou em você? - Não tive mais para onde fugir. Nossos olhos se encontraram e eu não podia mascarar os fatos, ou mentir. Ele saberia. Porque eu não podia mentir ou fingir ser alguém difierente do que eu era. Ele sabia, ele me conhecia. E eu não podia escapar. Daryal estava em pé me observando com furia nos olhos e eu sabia, que se minha resposta fosse sim, ele arranjaria um jeito de trazer o cara de volta do inferno e mata-lo novamente.
— Não. Ele tentou, mais de uma vez. Mas eu acabei com ele antes de que conseguisse. Usamos ele para distrair os outros guardas. Então foi assim que Noah escapou.
Foi como se o mundo se dissolvesse. Ficamos nos encarando por 3 segundos e foi o suficiente para que eu percebesse que eu não conseguiria viver em um mundo sem ele. Não agora nem nunca. Eu não podia me enganar. Eu não podia enganar mais ninguém.
Me levantei e eu ia correr para seus braços e dizer tudo que estava preso na minha alma. Mas alguem pegou minha mão e me girou em um paço de dança. Eu não havia percebido mas tinha uma musica tocando. Uma melodia antiga e romantica. Spencer estava com uma mão na minha cintura e outra apoiando minha mão direita.
— Chega de papo baixa astral. Estamos aqui para nos divertir.
Fiquei atordoada a maior parte da musica, observando Daryl próximo a mesa de chá pegando mais uma xicara e nos observando danças. Logo os pares se formaram e talvez eu estivesse completamente perdida em meus pensamentos, mas eu não sabia como tinha parado ali.
— Isso me lembra meu baile. - Michonne disse em voz alta em quando perambulava com Rick .
— Acho que essa musica toda em todos os baile. - Spencer respondeu para ela.
— Mesmo?
— Não tocou no seu baile? Specer me olhava com um olhar questionador. Talvez fosse verdade.
— Beth não foi ao baile dela. Cancelado porque os mortos voltaram. - Meggie disse ao dar giros com Glen. Todos riram.
— Eu não ia de qualquer jeito. - Respondi para ela.
— Como assim? Você tinha um vestido .
— Eu menti. - Confessei.
— O QUE?- Ela gritou por cima das risadas e da musica.
— Ninguém me convidou. Eu não ia. Eu e o papai íamos ver um filme e comer Hambúrguer. Ele era meu cumplice.
— Eu tinha ido só para ajudar a te arrumar.
— Ideia da mamãe. - Quando Spencer me girou rindo junto com os outros eu vi que Daryl não estava em lugar nenhum. Deve ter ido embora a muito tempo e eu não havia notado. - Acho que já é hora de ir para cama. Obrigado pela dança. Obrigado.
Spencer parecia querer protestar, mas eu não deu chance. Sai e votei para a casa. Ela estava vazia. Era o que parecia. Se Daryl estava no seu quarto ele já havia deitado. Pois a luz do quarto estava apagada e eu não conseguia ouvir nenhum barulho de lá. Aquela noite foi a ultima vez que eu tinha visto Daryl.
Quando acordei de manha, Michonne me disse que ele, Rick e Spencer haviam ido procurar mantimentos e roupas de frio já que aparentemente iria nevar nos próximos dias. 6 dias foi o tempo que ele ficou longe, eu tentei me distrair com Noah e cuidando do galpão ou das crianças menores. Mas ele sempre era meu maior pensamento. Dominando minha mente e meu coração. Porque estavam demorando tanto? Porque ele não voltava?
No final e tarde do sétimo dia estavamos Noah, Michone, Meggue e Judit sentados ao pé da escada na varanda. E agora eu quase sentia como se eu fosse daquele lugar . Quase me sentindo em casa, mas casa para mim era uma pessoa.
Quando ouvi o som do portão se abrir. Me levantei e ficou olhando a entrada. Desesperada fiquei impaciente olhando a entrada.
— Calma. Ele esta bem . - Ela sabia. Não que eu estivesse tentando enganar alguém, mas normalmente Daryl estava tão distante de mim que eu não achei que alguém havia percebido. Mas olhando o sorriso e o olhar de todos eu vi. Todos eles ali sabiam.
Então eu vi. Um caminhão pequeno, do tipo frigorífero , vir a frente e logo atrás Daryl com sua moto. Passaram direto, então eu desabei novamente nos degraus e um sorriso de alivio fugiu entre meus lábios. Ele estava bem.
Alguns minutos depois eles surgiram, Michonne se levantou e deu um beijo no Rick que se sentou junto a ala pegando Judit no colo. Daryl permaneceu ao pé da escada, mas foi Spencer que veio se sentar ao meu lado, ele estava com o violão marrom antigo e gasto nas mãos, me entregou e ao mesmo passo que se sentou Noah se encolheu, o que me fez questionar o porque.
— Soube que sabe tocar. - Peguei o violão e foi estranho sentir as cordas em minhas mãos machucadas pela vida que eu levava agora.
— Como soube?
— Alguém me contou.
— Engraçado como sempre parece que alguém sai contando meus segredos por ai.
— Toque alguma coisa.- Michonne pediu.
— Não me lembro de nada de cabeça.- Era mentira. O problema que a única musica que vinha a minha mente era uma que eu nunca havia tocado. Uma musica que eu nunca havia experimentado antes. Mas que de passar ela pela minha cabeça tantas vezes eu podia a ouvir perfeitamente.
— Toque aquela que você costumava cantarolar no hospital. - Noah disse. Era a mesma musica. Toquei as teclas e como eu senti vontade de tocar. Como eu queria dedilhar e deixar me perder na melodia. Afinei as cordas o melhor que pude pois estavam um pouco empenadas.
— Eu nunca toquei essa musica. - Confessei. Levantei meu olhar e observei a pessoa na minha frente. Daryl estava ali, simplesmente me observando. Me perguntei se os olhos podiam sentir a tensão entre nos dois. - Eu a fiz sem instrumento. Somente com o meu coração . No hospital. - Então comecei a sentir a melodia fluir entre meus dedos. Como se eu já há tivesse tocado mil vezes. A primeira letra foi a mais difícil, mas meus olhos nunca deixaram os seus.
"Não consigo dormir esta noite
Acordada e tão confusa
Tudo está em ordem
Mas estou ferida
Preciso de uma voz para ecoar
Preciso de uma luz para me levar para casa
Eu meio que preciso de um herói
É você?
Nunca vi o bosque ao invés do mato
Eu poderia realmente usar sua melodia
Baby, sou um pouco cega
Acho que é hora de você me encontrar
Você pode ser meu rouxinol?
Cante pra mim, eu sei que você está aí
Você poderia ser minha sanidade
Me traga paz
Cante para eu dormir
Diga que você vai ser o meu rouxinol
Alguém fale comigo
Porque estou me sentindo péssima
Preciso de você para me responder
Estou sobrecarregada
Preciso de uma voz para ecoar
De uma luz para me levar para casa
Preciso de uma estrela para seguir
Eu não sei
Nunca vi o bosque ao invés do mato
Eu poderia realmente usar sua melodia
Baby, sou um pouco cega
Acho que é hora de você me encontrar
Você pode ser meu rouxinol?
Cante pra mim, eu sei que você está aí
Você poderia ser minha sanidade
Me traga paz
Cante para eu dormir
Diga que você vai ser o meu rouxinol
Não sei o que eu faria sem você
Suas palavras são como um sussurro, atravessando
Enquanto você está aqui comigo hoje à noite
Estou bem
Você pode ser meu rouxinol?
Sinto você tão perto, eu sei que você está aí
Oh rouxinol
Cante pra mim, eu sei que você está aí
Porque, baby, você é minha sanidade
Você me traz paz
Cante para eu dormir
Diga que você vai ser o meu rouxinol"
( NOTA: TODOS OS DIREITOS DA MUSICA “ DEMI LOVATO” )
Em quanto a melodia ia morrendo em meus dedos, Daryl fechou os olhos e caminhou em minha direção. Mas quando o silencio dominou o lugar eu ouvi a porta atrás dê mim se fechar. Daryl tinha entrado na casa.
Na manha seguinte desci as escadas ouvindo a conversa acalorada de Michonne, Daryl e Rick vindo da cozinha.
Quando entrei fui ignorada ao passar por eles e pegar um copo com agua, observando por cima dos ombros da Michonne pude entre o que eles estavam falando. Era um mapa da região, eu tinha um parecido na minha mochila que estava em baixo da cama esquecida.
— Com certeza é o menor caminho. Menos 3 KM, mas vocês nunca foram pelo oeste. Não sabem o que vão encontrar. - Disse Michonne.
— Vão encontrar muitos walkers. - Deixei escapar.
Tosos desviram a atenção do mapa e olharam para mim.
— Conhece o caminho?- Rick queria saber.
Passei por eles e encarei o mapa.
— Eu vim por aqui- Disse apontando a direção que eles falaram. - Mas esta completamente lotada por Walker , não é uma boa ideia. Eu passei pela fabrica, esta cheia de mantimentos.
— Você entrou?- Agora eu tinha a atenção do Rick.
— Entrei.
— Pode nos dizer como?
— Posso, mas não vai adiantar muito. Ela esta completamente lacrada e cheia de Walker dentro. Tem um refeitório bloqueado só com mesas prestes a explodir, caso já não tenha.
— Então não tem como entrar. - Disse Daryl.
— Na verdade eu entrei. Tem uma tubulação de ar saindo pelo lado sul, mas é frágil o peso de qualquer um de vocês vai ceder o lugar.
— O quer quer dizer? Michonne queria saber.
—Se eu for eu posso entrar, abrir o portão de carga que da acesso ao frigorífero e vocês encherem o caminhão.
— Não. Você não vai. - Daryl disse se afastando. Eu me virei para Rick eu sabia que era a única maneira de eu conseguir ir junto. Eu não conseguiria passar mais um dia no galpão cuidando de pesas de roupa M e G.
— E a única chance de vocês. O inverno esta chegando, logo vai começar a nevar e as estradas estarão cheias de neve. não é inteligente sair. Eu conhece o lugar.- Me virei para o Daryl e mesmo que eu não quisesse me pedir permissão eu sabia que Rick levaria a opinião dele em consideração. Mais que a minha. - Ficarei menos de 15 minutos longe dos seus olhos. Será fácil.
Não foi fácil mas menos de 1 hora depois eu estava com calça de ginastica uma blusa colada de algodão preta de mangas e botas nos tornozelos esperando os outros em frente ao caminhão de carga. Quando entrei no banco traseiro ao lado do Rick vi Daryl e Gleen puxarem Spencer para o outro. A viagem foi silenciosa e tranquila Quando chegamos no terreno da fabrica, guiei Rick e os outros até a parte sul onde uma arvore havia caído por cima da grade de proteção fazendo uma ponte até a parede e dado acesso a tubulação de ar. Os galhos que eu havia colocado na entrada da tubulação aonde estavam ali, então ninguém havia passado.
— E aqui. Eu passo por ali- disse apontando - Vocês já podem ir para o outro lado. vem os caminhos para a garagem. Vou abrir o acesso para vocês e encontro vocês lá.
Comecei a subir com dificuldade na arvore. - Eu ajudo você- Disse Spencer, mas quando ele tentou se aproximar, Rick pegou ele pelo colarinho da camiseta e o prendeu no lugar. Daryl caminhou até mim e me levantou pela cintura até o grande e velho tronco que estava poiado na grade. Fiquei apoiada em um joelho e ajeitando a faca que coloquei na minha bota e minha besta de mãos na cintura.
— 15 minutos. Então vou atrás de você. - Ele disse olhando em meus olhos. E nenhum homem na terra poderia duvidar de suas palavras.
— Estou contando com isso.
Me levantei e percorri o caminho até a tubulação. Não estava tão suja como na ultima vez que eu havia passado por ali, claro que eu havia limpado da ultima vez com minhas roupas ao passar pelo caminho. Eu estava certa em dizer que tudo desmoronaria se outra pessoa passasse. Maior que o som do metal protestando ao som do meu peso era só o dos mortos a baixo de mim. Quando chegue até a sala de monitoramento. Ela estava igual como eu havia visto. Paredes de metal e dois guardas mortos que eu havia acabado com eles da ultima vez. Em estado de decomposição avançado era difícil ignorar o cheiro.
Desci pelo tubo e me equilibrei na cadeira que eu havia usado para subir da ultima vez. O sistema de energia ainda funcionava o que me fez pensar que o gerador era solar. Olhei para o painel cheio de botões e telas mostrando os vários lugares da fabrica completamente enfestado de mortos andando sem destino. Observei o que mostrava o galpão. Monitor 7 e apertei a tecla correspondente ao portão 7. Quando eu vi que Rick e os outros estavam estacionando dentro do prédio me virei para ir embora, mas logo vi um vulto correr entre os corredores em direção ao monitor 5, onde a maio parte dos walkers estava concentrada. Então eu vi quem era . Spencer.
Corri até a porta e demorei um segundo para ativar a tranca e abrir. Deixei a porta aberta então corri em direção ao corredor que levava ao refeitório. Spencer estava tentando passar pelas mesas que estavam empilhadas bloqueando a passagem do correr. Eu corri o ajudei a passar, mas sua tentativa de se livrar chamou muita atenção e fez com que todos os walque que estavam próximos se aproximassem.
— O que você esta fazendo aqui?
— Temos que sair daqui. Tem muitos mais vindo.
— Vamos sair pela sala de segurança.
Não precisei dizer duas vezes e Spencer esta correndo, mas no meio do caminho do corredor ouvi a barreira de desfazer e um mar de mortos podres estavam correndo em minha direção. Eu consegue atirar em alguns com minha besta, mas isso só fez com que eu me atrasasse. Corri e corri como eu nunca fiz na vida.
Quando virei o corredor próximo a porta de segurança só consegui ver Spencer entrar e fechar a porta com um ruído alto. Quando cheguei a ela eu dei um suco dela que deixaria minha mão dolorida mais tarde.
— Spencer- Eu gritei. Mas nenhum som me respondeu de dentro da sala. Somente atrás de mim os monstros se aproximando. Minha respiração era forte e eu precisava pensar rápido.
Corri em frente ao correr, ouvindo os monstros chegando perto. Não tive coragem de olhar, mas eu sabia que estavam muito próximo a mim. Quase me tocando...
Quando eu vi a porta prateada do frigorífero. Entre e fechei a porta logo em seguida sentindo a força dos walquers tentando entrar. Mas eu estava dentro agora. Salva? Eu não sabia.
O lugar estava com uma luz fraca piscando e pelo o que parecia ainda estava funcionando. O ar era gelado e saia fumaça pela minha boca. Atrás de mim a porta suportava as batidas e protestos das criaturas querendo minha carne, caminhei alguns passos para tentar ver ao final, mas era muito grande e coberto por inúmeros plásticos brancos com peças de animais mortos congelados por toda parte.
Então eu o vi. Ele era tão grande como uma parede. Enorme. Talvez dois metros de músculos. Ele estava todo de branco com galochas e luvas. Ele ainda vestia um avental de plástico com sangue seco grudado. Estava de pé parado me olhando. Me encarando com aqueles olhos mortos. Dei um passo para a esquerda e ele me seguiu , mais dois e ele deu um. Parei paralisada . Era o maior Walker que eu havia visto na vida. Talvez o maior humano que eu havia visto.
Mas eu cometi um erro, dei mais um paço para trás em direção as prateleiras que estavam agora atrás de mim. Mas foi meu erro mortal ele disparou em minha frente. Para minha surpresa ele estava acorrentado pelo pés do outro lado da parede, o impedindo de colidir contra mim, tentou uma, duas, três vezes, quando soltei o ar ele avançou novamente. A corrente estalou e quebrou e ele veio com tudo na minha direção. Um grito saiu da minha boca abafado pelo impacto. Ele veio com tudo com as mãos esticadas em minha direção e me agarrando pelos ombros.
Eu não sabia o que era, mas colidimos com alguma coisa dura e fez eu sentir uma dor agonizante no meu ombro direito. Ele tentou morder meu rosto, mas eu o segurei com tudo o que eu tinha. Mesmo sabendo que minha força não duraria para sempre como a dele eu sabia que precisava lutar.
Tentei agarrar minha besta na minha coxa, mas ele se aproximava. Aqueles dentes podres e a boca aberta na direção do meu rosto. Seu bafo morto e seus olhos congelados. Pequenos cristais de gelo estavam sobre seu cabelo longo que caia sobre seus ombros.
Um ruído alto de metal o fez desviar a atenção então eu aproveitei. E peguei minha besta atirando no seu queixo atravessando seu crânio de baixo para cima. Ele caiu sobre os meus pés então eu entendi que ele havia me levantado e meus pés estavam suspensos , por algum motivo eu não cai no chão, mas senti as pontadas fortes do meu ombro. Minha visão estava turva, eu ia desmaiar.
— Beth...Beth...
Ouvi a voz do meu anjo. Daryl me segurou forte e me despregou da parede me fazendo sentir uma onda de náusea .
Na próxima vez que abri meus olhos, estava deitada em movimento. Abri meus olhos e a primeira coisa que eu vi foi o Daryl em cima de mim. Virei meu rosto e ele estava pressionando uma espécie de tecido sobre meu ombro.
— Dar....- Não consegui dizer seu nome completo. Agora sentia a dor percorrer meu corpo me fazendo sentir calafrios.
— Não se mecha, estamos chegando.
— Spencer.
— Ele esta no outro caminhão. O que aconteceu?
— Eu preciso dizer.
— Depois.
— Não tenho tempo. Eu vou....
— Não. Você não vai. Cale a boca e descanse.
Meus olhos se fecharam de novo. Me lembro de sentir ele me carregando e a voz de muitas pessoas depois. Alguém gritando com Spencer e depois minha irmão gritando meu nome. Não sei por quanto tempo fiquei apagada, mas eu senti alguém esfregar meu ombro e depois dizerem que eu tive sorte. Eu não me sentia com sorte.
— Você precisa de um banho. - Era a voz de Carol.
— Não vou deixa-la.
— Eu aviso quando ela acordar.
Daryl... era ele. Ele não queria ir embora? Eu não queria que ele fosse embora.
— Você sabe o que aconteceu?
— Pergunte a seu filho. - Rick e Dianne discutiam , alguma coisa sobre porque Spencer não estava falando. Alguma coisa sobre esconder alguma coisa.
Quando meus olhos se abriram o sol estava se ponto e o crepúsculo estava descendo pela janela do meu quarto. Eu estava vestida com uma camisola de alças e a temperatura estava baixa. Me levantei da cama com dificuldade e ninguém estava por perto. Caminhei até a porta e ao abrir Daryl estava sentado apoiado em frente a minha porta com a cabeça baixa. Calça Jeans preta, botas pretas e um moletom de capuz preto. Como uma sombra na baixa luz do corredor.
— O que você esta fazendo? Eu consegui dizer com a voz falhando pela boca seca.
Ele abriu os olhos e se levantou.
— Você acordou?!- Não sei se pareceu uma pergunta ou uma declaração de alivio.
— Nunca vi você de moletom. - Eu disse voltando para o quarto. Sentei na cama e ele me seguiu.
— Uma vez para tudo na vida.
— Você parece mais jovem. - De fato ele parecia mais jovem com a barba feita e o cabelo limpo.Ele ficou me olhando e eu me perguntei o que fazia ele me olhar assim as vezes. Como se uma pergunta não dita estivesse voando entre mim e ele.
— Oi. - A loira apareceu na porta e entrou com uma enorme jarra de metal com uma xicara. - Que bom que você acordou. Vim trazer um pouco de chá de morango para o Daryl. -Então era por isso que ele não se afastava da mesa de Chá? Ela fazia o chá .
-Você nos deixou preocupados.
— Mesmo?
- Não pude deixar meu tom sarcástico cortar a sala.
- Estou realmente cansada, podem me dar licença? Me virei e deitei para o lado da janela.
— Bem ...se precisar de alguma coisa.
— Não obrigado.
A ouvi sair do quarto dando um "tchau" baixo para o Daryl.
—Você poderia sair também?
— Você quer que eu saia?- Quase podia ouvir o tom de desapontamento em sua voz, mas eu sabia que era o que eu queria ouvir e não a verdade.
— Saia. - Pelos próximos dias eu me senti apagada. Meu corpo estava se recuperando. Rick me disse que o Walker havia praticamente me prendido na parede em um apoio de prateleira quebrado. Mas que o ferimento apesar de ter passado pelo meu ombro não havia pegado nenhuma artéria e que logo eu ficaria bem. Eles queriam saber o que havia acontecido. Rick me disse que Spencer estava se escondendo do Daryl, que se ele o visse iria mata-lo. Mas eu duvidava, Daryl deveria estar com a namorado em um hora dessas. Contei que vi Spencer pelos monitores e corri, quando ele entrou a porta deveria ter trancado. Eu sabia que eu havia deixado ela aberta e que mesmo que ele tivesse fechado ele poderia abrir. Mas eu não queria causar mais confusão do que o que já estava acontecendo. Eu não queria fazer com que os outros perdessem a confiança no Spencer, mas eu não confiava mais. Deixei no ar que talvez ele pudesse arranjar algum serviço por aqui e não sair mais em missões. Que ele ficou muito nervoso e não soube lidar com a situação. Acho que Rick entendeu o que eu queria fazer, pois disse que não iria sair mais em missão com ele. Dianne concordou e falou que eu poderia substitui-ló. Rick disse que Daryl não ia gostar da ideia, mas eu deixei claro que não me importava.
Passei os dias seguintes no meu quarto me recuperando. Mas eu me sentia fisicamente ótima, o que incomodava era esse enorme buraco no meu peito. Como eu poderia lidar com a traição de Spencer, ele era um covarde e quase havia me matado. E pior, como lidar com Daryl e a Barbie Malibu? Eu não podia suportar vê-los juntos, como eu ia lidar com isso. Esgotei as horas dos meus dias de folga brincando com a Judit no meu quarto, mas no inicio do dia eu ouvia a porta do quarto do Daryl abrir e fechar quando ele saia. No terceiro dia a neve estava caindo e o condomínio estava como um sonho de natal. Completamente branco. Fui a primeira a acordar na casa e me vesti com roupas quentes que eu havia ganhado. Calças e casaco preto, mas a cachecol e as luvas eram roxas escuras. Hoje decidi deixar meu cabelo solto por causa do vento. Estava decidida a sair do quarto mesmo que eu tivesse que ver o Daryl. Mas não custava nada sair antes dele.
Senti o vento gelado e a brisa congelar os poros do meu rosto, mas era bom. Andei até a casa seguinte e a Barbie Malibu estava novamente brigando com outro galho que caiu na caixa de luz. Caminhei até ela e mesmo que eu quisesse que ela morresse de frio sem energia eu me lembrei que ela tinha um filho.
— Precisa de ajuda?
— Á Beth... você já esta melhor?
— Estou perfeita.
— Eu já ia chamar alguém para me ajudar. Mas esta tão cedo.
— Eu ajudo você.
— Tem certeza? Não acho uma boa ideia você forçar seu ombro.
Ignorei ela e puxei o outro lado do galho, demorou cerca de quase uma hora para conseguirmos retirar o galho e aparar os galhos seco próximos a caixa.
— Acho que até a próxima primavera você não vai ter problemas com os galhos.
— Acho que sim. E com sorte com as flores.
— Flores?
— Sim...essa é uma arvore de laranjeira, linda. Mas solta muita pétalas e pólen, qualquer pessoa que se aproxima dela acaba com pólen nos olhos. A ultima vitima foi o Daryl. Geralmente com um simples assopro ele sai, mas o coitado quase ficou sego.
Foi ai que por algum motivo eu me virei para a casa do Rick. Minha janela ficava em um belo ângulo para a lateral da casa da Barbie. Por isso eu havia visto o beijo naquele dia. Mas prestando atenção em nossas posições eu acho que estava exatamente no lugar onde Daryl estava naquele dia. Inclinei minha cabeça e percebi que a arvore estava acima de mim.
— Posso te fazer uma pergunta . Pode ser um pouco estranha, mas preciso que você seja sincera.
— Claro.
— Você tem alguma coisa com o Daryl?
— Alguma coisa?
— Você sabe o que quero dizer.
— Você quer saber se eu estou namorando ele?
— Sim. Eu vi vocês dois se beijando naquele dia que você foi pedir ajuda com a arvore.
Ela me olhou com uma expressão confusa que eu acho que seria difícil de fingir, se fosse mentira ela era uma ótima atriz
— Naquele dia fui procurar o Rick. Ele que sempre me ajuda por aqui deis de que meu marido morreu. Daryl é bastante reservado. Na verdade esses dias que você esta por aqui são os primeiros que eu o vejo por ai. Ele nunca tinha falado comigo pessoalmente até aquele dia. Depois ele se ofereceu para podar a arvore para evitar que o pólen caísse nos olhos das crianças. Não sei o que você viu naquela noite, mas posso dizer com certeza que eu não o beijei.
Então por algum motivo eu entendi. Como um estalo na minha cabeça eu sabia exatamente o que ele estava fazendo.
— Obrigada . - Não fiquei para saber o que ela estava dizendo, talvez agradecendo, mas eu corri em direção a minha casa novamente. Eu estava pronta para a briga.
Entrei na casa não me importando se alguém iria me ouvir ou quais explicações eu teria de dar. Subi as escadas de dois em dois degraus e entrei no quarto ao final do corredor do lado oposto ao meu. Daryl não estava no quarto dele, a cama estava arrumada e a janela aberta com as cortinas abertas deixando a luz da manha entrar.
O quarto era bastante parecido com o meu, exceto que ele não tinha a penteadeira. A besta estava sobre o pé da cama com uma mochila preta. Atravessei o quarto até a cabeceira da cama ao lado da janela. Pousada em cima de um pano de manchado com terra e amarelado pelo tempo tinha uma faca, curta, e fina. O cabo era feito de marfim com desenhos flores. Eu a conhecia bem, eu há havia encontrado a muito tempo em uma das buscas pôr alimento antes de chegarmos a prisão. Ela estava comigo na saída do hospital.
O frio que percorria meus ossos nada tinha haver com o ar frio e gelado que entrava pela janela que bagunçava meus cabelos. O frio que eu sentia era interno, profundo e que grudava em cada molécula do meu corpo. Eu estava me sentindo traída e quebrada.
A porta se abriu e Daryl entrou por ela passando uma toalha verde pelos cabelos molhados e bagunçados. Ele usava as mesmas botas pretas e velhas, com uma blusa preta de mangas curtas e jeans surrado.
— O que..? – Qualquer que fosse o final e sua pergunta permaneceu na ponta da língua dele. Minha expressão o calou e ele fechou a porta atrás dele. Seus olhos percorreram o quarto nervosamente e pousaram em mim.
— Porque? – Era única coisa que eu podia dizer.
— Precisa ser mais especifica Beth. Você esta bem?
— Não. Eu não estou bem. – Deixei a faca cair sobre a cama , dando alguns passos para o encarar de frente. – Porque mentiu para mim? Porque me fez acreditar que estava tendo alguma coisa com alguém?
— Eu nunca disse que estava tendo alguma coisa com alguém. – Ele atravessou o quarto me contornando e deixou a toalha pendurada no espelho de corpo inteiro.
— Qual o seu problema? Porque está fazendo isso? Porque simplesmente não diz o que tem que dizer e acaba com isso?
— Acabar com o que?
— Você sabe. Não tem como você não saber. – Eu não queria ser a primeira a admitir. Era humilhante e me fazia me sentir muito mais frágil do que eu estava sendo. Me fazia sentir muito mais intensamente do que eu queria.
— Saia. Não tenho tempo para isso.
— Simplesmente diga Daryl. Só pronuncie as palavras. “ Eu fiz isso porque uma garota idiota está APAIXONADA por mim e eu não quero lidar com isso”. - Quando me dei conta já havia admitido. Ele me olhava , não, era mais. Ele via. Me avaliava. Ele conseguia ver verdadeiramente o que estava acontecendo ali. Eu havia me declarado e mesmo que as palavras estivessem cheias de raiva e dor, eram verdadeiras.
— Você sabe qual é a minha idade?
Por essa eu não esperava.
— O que?
— Já pensou nisso? Minha idade?
— Isso importa? – Talvez nossas conversas fossem assim. Perguntas e respostas perguntas.
— Qual é a sua idade? 23? Talvez 20? – Virei o rosto, e não respondi. O que ele queria dizer? Porque ele estava fazendo tudo isso? – Menos não é? Você tem pelo menos 18?
— Eu tenho 21 . – Era o que eu achava. Mas era isso que ele queria saber? Era esse o problema? Idade? Para mim parecia tão pouco, mas pensando bem...quantos anos ele poderia ter afinal?
—Em que mundo você acha que poderíamos nos encontrar? Ao menos que você fosse viciada em metanfetamina, eu não acho que nossos caminhos se encontrariam garota.
— Então é isso? Idade e estilo de vida? Olhei ao redor Daryl, ninguém dá a mínima. Eu não ligo para quem eu era antes ou para quem você era.
— Você acha que seu pai não ligaria? Sua irmã? Rick? Como você acha que as pessoas aqui te olhariam?
— E você se perguntou sobre o que eu sinto? -Caminhei até ele, perto o suficiente para que eu tivesse que erguer o rosto para olhar seus olhos verdes. Toquei seu peito hesitante e senti sua respiração profunda. Seu corpo inteiro se enrijeceu com o meu toque.
Como eu poderia fazer ele entender? Como poderia fazer ele saber o que eu estava sentindo sem que me auto destruísse no processo.
— Eu não sou quem você vê. Eu matei alguém. Eu passei por mais coisas do que você pode saber, e eu sei que você passou por muito mais coisas do que minha imaginação possa inventar. Eu não sou como você, nem antes e nem agora. E eu nunca serei, mas eu não sei se você entende isso de amor, mas as pessoas não são as mesmas. Ninguém se apaixona por alguém que é a sua copia Daryl. E por isso me apaixonei por você, porque mesmo que eu não fosse provável de sobreviver para esse mundo , você não desistiu de mim. Você nunca desisti de ninguém. Eu, Sophia...Você não nos abandonou. Mas eu não sou mais aquela garota Daryl, eu consegui, eu sobrevivi. E eu sei que você pode não entender como, mas eu consegui contra todas as expectativas e fiz isso com minhas próprias mãos. – Me aproximei mais, sentindo sua respiração sobre meus cílios e seu calor aquecer minha alma- Sobre sua idade, tem razão eu não pensei sobre isso e eu não faço ideia da sua idade. Mas não me importa, nunca me importaria, eu te amo você tendo 28 ou 50, não faz diferença.
Então era isso eu tinha dito, e ele me olhava como se eu tivesse aberto uma porta em seus olhos, uma porta que não poderia ser fechada. Ao confessar meu amor eu teria de ir em frente e mesmo que isso acabasse em desastre eu tinha de tentar. Me afastei e sai do quarto fechando a porta logo atrás de mim.
Fui direto para meu quarto e sentei na minha cama perplexa com a súbita coragem que percorreu minhas veias. Eu não sabia o que fazer, agora que todas as verdades tinham saído da minha boca e do meu peito.
Como reagir agora? Como lidar com essa enxurrada de sentimentos que agora permaneciam sobre minha pele.
Depois de alguns minutos ouvi a moto passar pela rua e ao me levantar vi ele sair de Alexandria. Eu não sabia o que pensar, ou qualquer que fosse a resposta dele . Como sempre eu nunca sabia o que se passava na cabeça dele e muito menos em seu coração.
Mais tarde naquele dia eu desci as escadas e fiz minhas tarefas normais no galpão. Me sentindo culpada por nunca ter completado pelo menos uma semana de atividade ali, eu teria de deixar o serviço inacabado. Quando voltei para casa Spencer estava me esperando em frente a casa branca.
— Cai fora. – Como eu queria soca-lo ali mesmo.
— Por favor Beth.. só me escute.
— Escutar você? Você não merece que eu olhe para você.
— Por favor.
Eu o encarei e lancei toda raiva que eu pudesse juntar em um olhar, se eu tivesse que dizer alguma coisa para ele pelo menos eu diria tudo que percorria minha mente.
— Prometo que não vou mais falar com você, Daryl me disse que se chegasse perto de você ele me mataria – Pela expressão de desespero, era bem claro que ele acreditou. – Mas minha mãe continua me perguntando o que aconteceu e eu...
— Eu não sei o que você inventou para sua mãe acreditar em você, mas Rick e os outros sabem que alguma coisa aconteceu naquele dia. Vou deixar bem claro seu moleque covarde, se você chegar próximo a mim e a minha família de novo, eu vou atrás de você. E acredite em mim, você preferiria ter sido comido na fabrica.
Sai e o deixei sozinho com qualquer que fosse seus demônios.
Quando a noite veio, o chão já estava coberto por neve e as casas pareciam casas de doce com açúcar polvilhado. Realmente era um belo lugar para se morar. Desci para jantar com minha irmã e seu marido na casa dela e conversamos por algumas horas. A sensação que eu tinha era que já era de madrugada, mas sem relógio era difícil dizer, não que o tempo importasse.
— Ainda acho tão estranho comer na mesa aqui.
— Para mim foi bem fácil me acostumar- Maggie estava do lado oposto da mesa de 4 cadeiras de marfim clara. Era uma visão reconfortante, porque me lembrava de antes. Glenn estava entre nos duas concentrado em seu prato. – Esta manhã eu acordei e por um momento me esqueci de tudo o que está acontecendo lá fora.
— Ainda não cheguei nesse ponto- Respondi sorrindo.
— Nem eu. – Glenn finalmente estava olhando para alguém, então eu percebi que sua comida já havia acabado. – Mas eu não costumava comer na mesa mesmo.
— Você morava com seus pais? – Eu não sabia muito sobre o meu cunhado. Acho que eu teria de descobrir.
—Não, morava no campus da faculdade e entregava pizza meio período.
— É engraçado pensar na faculdade agora. Ou em qualquer coisa de antes. Cada dia mais.
— Falando em lembrança eu lembrei de algo. Glenn e eu queremos te falar uma coisa.
— O que é? – Agora eu estava curiosa e com medo. Surpresas me deixam assustadas agora.
— Decidimos os nomes.
— Do neném?
— Sim.
— Quais são? – Devo admitir que estava meio com um pé atrás. Não acredito que não participei do processo. Ainda mais porque Meggie sempre escolhia nomes estranhos para suas bonecas.
— Se for menina Valent – Glenn Disse.
— E se for menino Hunter.
— O meu Deus. É perfeito. Eu adorei.
— Serio? Você acha que nossos pais iriam gostar?
— Eles iriam adorar. Sabe o que mamãe falava. A palavra tem poder.
Eles se olharam e eu vi muito amor. Muito amis do que o de costume. Mesmo que fosse totalmente loucura ter um filho nesse mundo e ainda mais ter um parto sem nenhum médico por perto, eles estavam felizes. Dava para ver.
— Já deve ser tarde! Eu vou indo.
— Tem certeza? Pode ficar aqui, acho que vocês n]ao devem sair procurando mantimentos. Pelo menos não nessa neve! – Meggie era sempre tão feliz. Eu tinha inveja dela. Levantamos da mesa e caminhei ate a cozinha com meu prato e coloquei na pia.
— Eu sei. Mas prefiro dormir no meu quarto. – Caminhei em direção a porta dosa fundos. – Tchau Glenn- Eu gritei. Glenn apareceu na batente da porta da cozinha com o reto da louça e começou a lavar na pia.
—Tchau Beth.
— Seu quarto? – Minha irmã chamou minha atenção. Sorri para ela sem graça, percebendo o que eu tinha acabado de dizer.
— É, meu quarto.
Nos abraçamos e foi aconchegante sentir o abraço quente da minha irmã gravida.
— Você esta bem? – Seus olhos verdes intensos eram difíceis de driblar. Assim como a mamãe ela tinha esse poder sobre as pessoas.
— Porque esta perguntando?
— Porque eu posso ver que seu coração está quebrado.
Não conseguia desviar, acho que não podia desviar mais de ninguém. Todos já devem saber a essa altura.
— Eu...Eu...
— Tudo bem Beth, eu sei.
— O que você sabe exatamente?
— Eu sei que quando eu cheguei no hospital e Daryl estava com você em seus braços eu nunca vi ninguém tão perdido. Por muito tempo foi como se ele nem estivesse ali. Eu sei que todas as vezes que alguém falava de antes ou tocava seu nome, ele olhava para mim e seu olhar era como um espelho do meu. Nós compartilhamos essa dor, e eu sabia que não era porque ele tinha salvado você. Eu sei que quando você voltou a primeira pessoa que você perguntou foi ele e quando você estava desacordada você sussurrava o nome dele. E se nada disso tivesse me falado alguma coisa era só observar vocês dois juntos. São como imãs. Um atrai o outro.
Eu não sabia o que dizer, sabia que não adiantaria mentir e muito menos tentar desconversar. Me restava ser realista e quem sabe pedir o colo de minha irmã.
— Esse mundo. Esse apocalipse. Eu consigo lidar. Mas meu coração? Meu quebrado e desajustado coração? Eu não consigo. Eu disse para ele tudo o que eu sinto. E ele fugiu.
— O Beth ... Sinto muito... Ele sente alguma coisa Beth. Dá para ver.
— Ele sente. Mas o que? – Ela me olhou com compaixão e um pouco de pena eu pude notar. Mas isso não me deu raiva. Eu também tinha dó de mim.
—Isso só ele vai poder responder.
Deu meu último abraço e prometi que a veria na manhã seguinte antes de fazer qualquer tarefa. Caminhando para casa a neve era escorregadia e me veio à mente que talvez precisemos de uma equipe para tirar a neve da rua. Mas alguns passos e minha mente flutuava como as gotículas de gelo que percorriam em volta do meu cabelo. As luzes das casas cheias de pessoas fugindo do frio em minha volta deixava a rua com uma sensação de solidão, vazia. Quase chegando em casa...
— Você vai ficar resfriada.
A voz grave e baixa percorreu o silencio e me atingiu como uma bala de gelo. Levantei o rosto e olhei para traz. Ali estava ele. Os cabelos molhados pela neve eu imagino. Mas dessa vez ele estava de jaqueta de couro. Encostado em sua moto próximo a entrada de carros da casa de Rick. Como eu havia passado por ele e não notado?
— Eu...- Antes que eu pudesse pensar em algo inteligente para falar ele caminhou até mim. Tirou sua jaqueta e jogou sobre meus ombros. Ela estava húmida e fria. Acho que o frio venceu seu calor corporal. Cheirava a cigarros, terra molhada e mais alguma coisa. Esse mais alguma coisa era o Daryl. Seu cheiro tão particular.
— Beth... Eu tenho 35.. São muitos números de diferença. Muitos anos. Seria diferente se eu tivesse 40 e você 25. Como as coisas são. Como eu conheci seu pai e sua irmã. Qual é o meu papel nessa família torna tudo diferente. Quando eu achei que tinha te perdido para sempre, eu fiquei fodido, não podia respirar. Mas por um lado estava satisfeito por nunca ter tocado em você. Você não sabe como eu me sentia o maior filha da puta por pensar as coisas que eu pensava quando estávamos sozinhos naquela cabana. Eu me sentia culpado por não poder parar de pensar aquelas coisas.
- Você não me seduziu Daryl. – O que eu podia dizer? Como eu poderia fazer ele entender?
- Não, mas é o que as pessoas vão pensar. É o que sua irmã vai pensar ou o que o Rick vai pensar quando me der a surra que eu mereço.
Me aproximei lentamente, querendo gritar até que as palavras entrassem na cabeça dele. Mas em vez disso minhas palavras saíram apenas alguns tons mais graves que o vento que soprava entre nós.
- Eu não me sinto culpada por amar você.
- Não se passa um dia que eu não queria me chutar. Mas não sou forte o suficiente para ir embora. Não posso te perder de novo, mas ao mesmo tempo sei que isso é muito escroto. Não posso te pegar para mim. Não tenho esse direito.
Ele me olhava como se eu fosse a coisa mais incrível do mundo, a coisa mais frágil e preciosa do mundo. Pela primeira vez eu sabia onde era o meu lugar. Não sei se foi ele quem me puxou ou se foi eu que me joguei contra ele, mas em alguns segundos estávamos nos beijando. A neve caia em nossa volta e mesmo que o mundo acabasse em gelo naquele momento eu não me importaria. Ressuscitar dos mortos valeu a pena naquele momento.
Autor(a): baby1532
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
A penumbra do sono ainda está sobre o meu corpo, o deixando pesado e relaxado sobre os meus lenções. A brisa suave sopra entre a fresta da minha janela e sopra a cortina branca e fina para longe. O vento e frio e apesar da neve estar quase completamente derretida e frio, mas reconfortante. Abro meus olhos aos p ...
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