Fanfics Brasil - Capítulo 4 I still walk

Fanfic: I still walk | Tema: The Walking Dead


Capítulo: Capítulo 4

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A penumbra do sono ainda está sobre o meu corpo, o deixando pesado e relaxado sobre os meus lenções. A brisa suave sopra entre a fresta da minha janela e sopra a cortina branca e fina para longe. O vento e frio e apesar da neve estar quase completamente derretida e frio, mas reconfortante.


        Abro meus olhos aos poucos e o quarto está claro de mais, provavelmente perdi a hora, já deve passar das 10 horas, mas ainda e antes do meio dia posso ver. Culpa do remédio para gripe que tomei ontem antes de dormir. Daqueles que eu sempre evitava tomar em casa pois me derrubava com tudo. Mas ontem foi necessário, meu ombro doeu muito após uma rodada de treino com Carl e Michonne no gramado da frente. Provavelmente não deveria ter ficado até tarde me debatendo entre lutas corporais e “espadas” feitas de madeira.


          Mas era o que eu precisava. Era o que os três precisavam. Daryl, Rick e Carol saíram em uma corrida logo que a neve se derretia. Já se faziam 3 dias e a ansiedade tomava conta de todos.


          Em um dia normal nos 3 teríamos ocupado nossos dias com os afazeres do lugar e Judith já era uma boa distração. Mas aparentemente nosso nervosismo demasiado fez com que nossa eficiência terminasse nossa lista de “ coisas a fazer” rápido demais, e já que Meggie tomou Judith para cuidar o dia todo, a única coisa que nos restou foi nos estapear um tempo em frente à casa branca.


           No final, Michonne estava bem, com a respiração um pouco elevada, mas bem. Carol tinha um aranhão na bochecha esquerda e um hematoma se formando no lado esquerdo das costelas. E eu....bem... eu estava um pouco pior, meu ombro abriu um pouco o que estava quase sarado, e meus joelhos assim como a palma das minhas mãos estavam arranhadas. Que a princípio foi o que me levou para ver o médico, isso e o completo desespero do Noha ao ver minha blusa branca sangrando.


         Levantei minha cabeça das almofadas fofas e a sentir pesar imediatamente. Isso é o que você ganha quando passa o dia todo sobre uma camada de nuvens finas. O sol continua ali sem ser notado e você ganha uma boa de uma desidratação.


       Resolvi que já tinha curtido minha ressaca por muito tempo e me levantei. Troquei a blusa branca longa demais para se tornar meu pijama, por uma calça preta colada jeans e uma blusa de lycra preta com botões no decote, calcei minhas botas de cano médio e fui até o banheiro.


      Minha cabeça zumbia forte e a dor no ombro ainda incomodava. Joguei agua no rosto e respirei fundo.  Depois de fazer minha higiene matinal eu trancei meu cabelo agora bem comprido quase chegando a cintura e prendi com um elástico.


     Caminhei até as escadas e as desci encontrando Carl sentado nos últimos degraus observado sua irmã brincar, e me sentir junto a ele. Sua bochecha agora um pouco mais inchada e rosada em volta do risco. Ele parecia se sentir tão ruim quanto eu.


— Como está seu ombro? – Ele me perguntou com uma sobrancelha levantada em tom de diversão e um sorriso torto.


— Melhor que sua cara. – Respondi em provocação em quanto empurrava seu ombro com o meu, Carl era mais alto que eu então meu ombro foi direto em suas costelas o que fez reprimir uma carente em quanto riamos. Michonne apareceu da cozinha com um sorriso no rosto.


— Há... não nem pensar, quero vocês dois separados.


— Porque? Está defendendo seu enteado de levar outra surra? - Provoquei mais um pouco em quanto pegava um dos ursinhos que Judith estava brincando e balancei em volta do rosto do garoto ao meu lado. Todos rimos e era um som gostoso de ouvir. Era minha família.


— Ela tem razão já basta a bronca que eu levei do meu pai!


Parei por um segundo e eles estavam me olhando esperando minha reação. Não sei se é possível, mas meu coração poderia estar acelerado e ao mesmo tempo parado. Não conseguia entender o que acontecia com o meu corpo.


— Eles voltaram? – Michonne abriu o sorriso e veio se encostar junto a escada conosco.


— Voltaram logo que o sol nasceu.  Estão dormindo agora. - Me levantei, e voltei a subir a escada. - Seu eu fosse você fugiria para as montanhas.


— Ele sabe sobre meu ombro? – Eu me virei para questionar com uma expressão um pouco exagerada eu admito, mas Daryl tem estado um pouco super protetor de mais esses últimos dias, esse foi o principal motivo de eu não ir nessa corrida especificamente e porque eu sempre treino com ele agora. Mas os treinos são leves de mais, sempre que as coisas começas a ficar interessante ele para.


— O que? Você achou que eu deixaria eles acreditarem que só eu me machuquei?- Cael me disse rindo.  Giro os olhos com tanta força que praticamente poderiam parar no lado oposto da minha cabeça, viro e continuo indo para o final do corredor.


        Nossos quartos são espelhos, iguais, no mesmo corredor e eu chego até a porta dele e tenso ouvir um segundo antes de entrar. O quarto dele e tão claro quanto o meu e eu vejo a besta carregada no criado mudo ao lado do meu.  Daryl esta deitado na cama. E deixe me dizer que a visão é perturbadora...no bom sentido.  


      Daryl esta descalço, com calças jeans, e só.... Seus cabelos estão molhados e sua expressão é tranquila e serena, seus lábios levemente abertos soprando o ar para fora. Seu peito sobe e desce devagar, rítmico e sossegado e meus olhos descem até seu abdômen plano e o cos da sua calça baixo agora pela posição desleixada que ele deita, deixa sua linha ilíaca evidente e funda.


    Me aproximo e sento com cuidado ao lado dele na cama, com o dobro de cuidado deito ao seu lado e me inclino para ver seu rosto. Meu coração bate forte e eu tento curtir o momento o máximo que posso porque sei que não vai durar muito.


    A coisa e que deis do dia em que Daryl admitiu que gostava de mim, as coisas não mudaram muito. Como se o dia tivesse sido um sonho. Não querendo ser maldosa nem nada,  Daryl tem estado mais presente e mais carinhoso da forma dele. Sempre me checando e me olhando, de vez em quando ele deixa soltar um sorriso torto e uma piscadela que devo dizer que quase me faz desmaiar porque minha pressão cai. Mas é isso, nada de beijos, nada de mãos dadas ou fugidas para ficarmos sozinhos. Na verdade Daryl vem sendo bastante cuidadoso em não estar sozinho comigo em um ressinto de quatro paredes.


     É completamente frustrante e injusto. Como ele pode em um dia me beijar tão docemente e apaixonado e no outro dia nem me tocar? Dizer que eu estou confusa seria pouco.


     Mas aqui está ele, completamente tranquilo e lindo, é claro que o tranquilo é pela parte inconsciente. Não consigo sustentar o suspiro dentro do meu peito e ele escapa tocando seus cílios. E logo que o deixo escapar me arrependo. Daryl abre seus olhos e logo seus olhos que antes eu julgava verde, me encaram.


          Daryl tem um par de olhos que combinam perfeitamente com sua personalidade, antes eu os achava verde, acho que por sempre estar em volta de verde. Mas agora eu sei que são azuis. Muito azuis e profundos, você tem que estar perto o suficiente para perceber. E me sinto agradecida por estar agora.


      - Bom dia – Deixo escapar entre meus lábios quase inaudível. Tento tomar o controle da minha respiração e a coragem – Não queria te acordar.


     - Que horas são? – Sua voz é baixa como sempre e profunda como sempre, e faz todos os cabelos da minha nuca se arrepiarem como sempre.


    - Tarde para mim, cedo para você. Pode dormir mais. – Fecho meus olhos e me inclino para colocar minha mão sobre seu peito e o sinto congelar.


   - Como está seu ombro?


   - Perfeito. – Aperto meus olhos e rezo para que ele deixe para lá.


   - Não foi o que eu ouvi. – É não ia rolar. Levanto meu olhar e ele me encara sério. É possível que a raiva dele me deixa mais animada? Ele virou o rosto agora. Dividimos o mesmo travesseiro e nossos rostos estão poucos sentimentos de distância, sua respiração é lenta e calma, como sempre. Nada abala isso.


   -Você deveria estar dormindo, Dixon.


   - E você não deveria sair com Carl na porrada, Greene. – Sua mandíbula se aperta.  Não consigo desviar meus olhos dos seus.


 - Era treinamento, você não o viu? Eu que dei uma surra nele. -  . Deixo escapar um sorriso divertido e isso parece irritar mais.


 - Mais que porra Beth, isso é sério. Não pode esperar a primeira oportunidade que eu não estou aqui para fazer esse tipo de merda. Você precisa se recuperar. – Sua expressão agora e seria e ele vira um pouco de lado... na minha direção.


 -  Como eu falei, estávamos treinando e aconteceu... eu me empolguei...- Digo simplesmente, levantando os ombros como se fosse obvio.


— Você nunca se machucou treinando comigo. – Recoloco minha mão sobre seu peito e me aproximo mais, estou cansada de brigar.


— Porque você nunca se deixa empolgar...- Meus olhos migram de seus olhos para seus lábios. Em quanto calculo a pequena distância entre nós dois vejo seus olhos reconhecendo minhas intenções. -  . Você bem que podia ...se deixar empolgar um pouco.


      Meus dedos percorrem a lateral da sua caixa torácica, até seu ombro onde eu deixo traçar alguns círculos com as pontas das unhas, minha respiração fica mais profunda e me aproximo mais. Mordo meu lábio inferior como forma de conter o momento. Daryl tem os olhos profundos e sérios, me observando com cautela. Até que o brilho de compreensão cai sobre seus olhos e ele segura minha mão com a sua a parando.


— Ou simplesmente poderia parar de correr de mim. - Digo vencida e cansada.


— Não estou correndo de você. – Ele diz mas posso sentir que nem ele acredita em suas palavras. Abaixo meu olhar e me sinto envergonhada e uma pontada no meu peito esfrega na minha cara que me sinto rejeitada.


— Não é o que parece.  – Sussurro mais para mim do que para ele. Sua mão que segura a minha levanta meu rosto com gentileza tocando meu maxilar para que eu olhe para ele. Seus olhos estão diferentes, carinhosos e gentis. Ele se aproxima e nossos lábios se tocam. Quentes e úmidos como eu me lembrava, Daryl tem um cheiro próprio e ele me imunda de uma vez. O beijo e simples, delicado e suave. Meus lábios se entregam aos dele e sua mão afrouxa a pressão sobre os meus dedos os libertando. Toco seus dedos e desço a mão por seu braço passando pelos seus bíceps e pelo seu ombro até chegar no seu pescoço.


     Me pressiono mais contra ele e meus lábios se abrem exigindo mais dele: mais atenção, mais paixão...simplesmente mais. Ouço o som de surpresa que sai de seus lábios e os recebo com satisfação, me dando mais coragem, agarro a ponta de seus cabelos que saem da nuca e encosto meu joelho junto ao dele. E no mesmo momento Daryl me afasta dele, gentil e devagar. Mas com força o suficiente para saber que o beijo havia acabado. Olhamos um para o outro e posso ver que sua respiração esta ofegante, que seus olhos estão mais profundos, com um sorriso levado em seu rosto. Aguas mais profundas do que eu havia visto.


       Mas ele se liberta dos meus braços e se levanta o observo passar a mão no rosto e no cabelo. Passa pela cama e veste uma camisa preta. Enfia os sapatos nos pés e se dirige a porta, mas antes de abrir me olha sobre os ombros.


— Talvez o próximo treinamento seja de autocontrole. - Me levanto e sento na cama ainda sem entender direito o que aconteceu, meu coração querendo saltar do meu peito.


— Diga isso por você. – Ele solta um sorriso tímido e sai pela porta e eu me jogo na cama tentando não esquecer de como pela primeira vez eu vi Daryl se empolgar.


 


Desço as escadas pela segunda vez nesse dia tentando me recompor. Passo as mãos pelos meus cabelos e tento prender os fios soltos na trança novamente.


       Quando chego na sala ouço os a conversa animada vinda da cozinha, o que me faz sentir uma paz interior e deixo escapar um sorriso. Ando até o cômodo iluminado e todos estão lá. Rick que assim como Daryl comem uma porção de ovos mexidos com um copo de suco do que eu imagino que seja maçã em quanto ouvem Michonne e Carl contar como foi nossos dias em quanto eles não estava aqui.


  - Então eu e Beth passamos a manhã arremessando facas e eu fiquei bem impressionado com a mira dela. Mas eu ganhei no mano a mano....- Carl dizia com entusiasmo em quanto a expressão de todos dizia que aquilo era errado de alguma forma.


  - Acho que eu bati sua cabeça com muita força se você acha que ganhou de mim. - Digo em quanto pego uma maçã e sento na bancada, meu local de costume.


  - Não fui eu que precisou de pontos e remédio para dor. – Sentado de onde está eu sei que mesmo que parece para alguém de fora que ele está concentrado na sua comida, posso sentir que a nova informação o pegou de surpresa e sua raiva aumenta. Daryl me fuzila com seus olhos e eu sei que estou encrencada.


 - Você está bem Beth? – Rick me olha com preocupação. Acho que seja o que Carl e Michonne tenham falado para eles quando eles chegaram não foi muito detalhado.


— Eu estou bem, meu ombro abriu um pouco e eu tive que levar um ponto simples. Mas foi mais pelo me esforço do que pelas habilidades do Carl de luta. E o remédio para dor foi só para ajudar a dormir, por causa da dor muscular. – Tento deixar o clima mais leve conforme tento manter uma postura descontraída e manter meus olhos longe do homem sentado ao lado de Rick.


— Ela está bem, até recusou a anestesia para os pontos. – Michonne diz com uma pontada de orgulho na voz.


— Foram só dois pontos. E não foi a primeira vez! – Digo simplesmente levantando os ombros. Realmente não foi nada demais.


— Como assim? – Carl me questiona. Eu não queria falar sobre esses assuntos. Sobre como eu cheguei aqui, o que eu tive que fazer para chegar aqui. Tudo isso que eu tentava esquecer, mas ainda sonhava sobre. Ainda era uma sombra nos meus sonhos.


— Só algo que eu tive que fazer em quanto estava vindo.- disse simplesmente sem querer chegar em muitos detalhes.


— Você teve que se dar pontos?-  O garoto não ia deixar pra traz. Mas não era o melhor momento e sinceramente eu não queria falar nada sobre isso.


— Não é como se eu tivesse uma equipe médica comigo.- Me levantei e fui caminhando para a porta mais próxima que infelizmente ficava a alguns centímetros daqueles olhos azuis. – Depois eu te conto, preciso encontrar o Noah . Até mais.


 Em quanto caminhava até o galpão sabia que em algum momento iria ter que falar. Iria ter que falar sobre como eu acordei e como eu vim parar aqui. Não queria. Não queria abrir essa porta, como também não tinha pedido ou demostrado interesse em voltar a fazer viagens com o Rick. Não que eu não quisesse, pois eu achava muito mais interessante do que ficar aqui. Mas não estava ansiosa em ir lá fora de novo.


Meus dias tem sido ocupado em sua maioria em ajudar em qualquer atividade que não se demostra muito esforço físico já que meu ombro ainda estava se recuperando. Bem... estava até meu treinamento ontem. 


Noah estava separando o carregamento que Rick trouxe essa noite e eu o ajudei a organizar tudo. Foi bem interessante que várias caixas que tinham roupas formais e caras. Com tecidos finos e bem caros. Acho que eram de alguma loja sofisticada ou de aluguel. Encontramos alguns vestidos de casamento em uma caixa e guardamos em sacos para não estragarem e os outros colocamos nos inúmeros cabides que foram pendurados em varões de metal que foram pendurados em todas as paredes. O dia passou rápido e eu só tomei conta da hora quando o sol estava se ponto e a senhora dona da casa onde o Noah apareceu com seu lanche passou pela porta. Me despedi rapidamente dos dois e corri para a entrada.


Hoje era meu dia de ficar em observação no grande portão. Os vigias funcionavam em turnos e como haviam muitas pessoas dispostas eram turnos curtos, mas sempre em duplas e minha dupla era o Carl. Nosso turno ia do momento do crepúsculo até meia noite. Eu não tinha relógio então não poderia saber quando seria meia noite. Mas todas as casas tinham relógios, assim como cada local de observação, galpão e o consultório do doutor.


Subi as escadas e assim que meus olhos se ajustaram a luz da grande plataforma de observação eu percebi que tinha alguém ali.


— Não sabia que era seu dia de observação. – Estava confusa, normalmente Rick e Daryl ficavam com as rondas em solo, isso queria dizer que eles andavam em volta de toda a estrutura por fora das grandes paredes de concreto que nos protegiam. Mas até mesmo essas rondas não eram feitas por eles nos dias em que voltavam de viagens. Mas ali estava Daryl na minha frente sentado em uma das cadeiras fumando um cigarro. E sozinho. O que também era um fato estranho, mas eu pensei que Daryl não precisaria de uma dupla. Membros como Rick ou Abraham geralmente trabalhavam sozinhos. Talvez somente pessoas com chances de estragar as coisas trabalhassem em duplas.


— E não é. Mas Abraham precisava ver o doutor. Só vim em quanto vocês não apareciam. – Então ele não seria meu parceiro.


— Carl já deve estar chegando. Você não precisa ficar. Deve estar cansado.


— Quando ele chegar eu vou.- Caminhei até a estrutura de mental que se parecia com uma parede cortada ao meio. O espaço era pouco e mantinha em posição algumas armas no balcão em frente. Conferi todas as munições e se as armas estavam travadas. Fiquei olhando o sol se pôr nas arvores e tudo tinha um tom nostálgico e calmo de laranja e vermelho sobre o verde intendo de tudo em volta.


O senti se aproximar e apagar o cigarro na estrutura. Seus olhos estavam cristalinos e refletiam as cores quentes sua expressão estava serena, mas Daryl parecia um tsunami, antes de devastar tudo em sua frente recuava e era calmo.


— Você realmente precisa se recuperar. Não pode se colocar em perigo tanto assim.- Ele disse calmo e sério, não tirando os olhos da paisagem.


— Primeiro realmente não quero falar sobre isso. Segundo Acho que temos assuntos mais importantes a tratar e terceiro acho que dificilmente um treinamento com Carl seria me colocar em perigo. – Daryl se virou para mim e estávamos próximos um do outro. Virados de frente e nos encostando na plataforma.


— Acho que se seu ombro infecionar será um grande problema, por isso que treinamentos são em sua grande maioria sem tocar no adversário. – Revirei os olhos e olhei para longe.


— Meu ombro vai ficar bem... em poucos dias vou tirar os pontos e pronto. Além do mais, todos temos ações não saudáveis. – Disse olhando para a ponta do cigarro presa ainda entre seus dedos. Eu nunca falei sobre como o cigarro me incomodava, porque na maioria das vezes ele fumava longe de mim e parecia algo ridículo de reclamar. Ele deveria fumar a vida toda. O que uma garota de pouco mais de 18 anos que nunca fez nada saberia ou poderia exigir dele?


Ficamos alguns segundos em silencio e me pareciam mais longos. Nunca tínhamos a chance de estarmos só os dois. E quando ficávamos gastávamos com assuntos que me tiravam completamente a vontade de romance. Bem...não que ele estivesse interessado em algum comigo.


— Qual o outro assunto mais importante que temos para tratar?- Uau... ele estava lendo a minha mente ou alguma coisa assim? E agora? Eu tinha a coragem necessária para abordar o assunto? Me virei de vagar novamente e estudei sua expressão. Seu rosto tinha uma expressão que para muitos poderia parecer neutra, mas eu o conhecia, o conhecia melhor que a palma da minha mão e sabia que seus lábios estavam um pouco repuxados para cima e seus olhos tinham um ar de diversão. Se não fosse agora não seria nunca mais.


— O fato de você não ficar próximo de mim a menos de um metro de distância, por exemplo! - Um traço de surpresa correu pelos seus olhos, depois de um segundo ele se recompôs e diminuiu a distância entre nos.


— Isso não é verdade!- Apesar de suas palavras eu podia ver que tinha alguma coisa, alguma coisa girando em sua mente, e transparecia para mim, só me deixando mais chateada e magoada.


— É sim. Eu posso ver que você chega a até evitar estar muito próximo de mim. E Deus o livre ficarmos sozinhos em um quarto. E como se ... – Eu não podia terminar a frase.


— Como o que?- Seus olhos me questionavam, me desafiavam a falar o que eu não queria. Porque?


— Como se você não quisesse. Como se você não sentisse interesse em me beijar. Como se não tivesse interesse em...mim - Poderia não ser nada, mas também poderia ser o começo do fim de tudo, talvez fosse exatamente por isso que me chateava tanto. E se fosse o caso? E se ele simplesmente não me desejasse? O que eu faria com todos esses sentimentos e vontades que estavam dentro de mim?


— Isso está te chateando? – O que eu poderia falar? Ele sabia que sim, ele podia ver, mas por algum motivo queria me fazer dizer. E por algum motivo eu não queria dizer. Não queria me expor mais, porque se fosse o caso de ele não me desejar como eu o desejava eu não queria acabar assim. Não queria ser a única a falar sobre meus sentimentos.


— Isso é estranho. Me confunde. Em um momento você diz que gosta de mim e no outro nem chega perto. Acho que as coisas são estranhas assim. Se você não quer... tudo bem, somente diga e eu te deixo em paz, mas se não...eu não deveria ser a única a iniciar um beijo, sabe? – Talvez esse fosse um meio termo seguro. Falar sobre beijos era mais seguro do que falar “ eu te amo e mal consigo segurar meu pobre coração quando você está perto e aparentemente uma brisa de vento meche mais com você do que eu”.


Ele continuou me olhando e aparentemente ficaríamos assim por mais alguns dias se Carl não estivesse subindo as escadas. Daryl jogou a ponta do cigarro apagada fora e desceu as escadas dando um comprimento para Carl no caminho.


Ficar com Carl era muito tranquilo, e diferente. Eu era a irmã casula na minha família e de repente eu me sentia como irmã desse garoto. Sempre nós tratamos bem, mas nossa relação definitivamente mudou depois que começamos a morar na mesma casa. Acho que tudo era muito estranho. Mas dava muito certo. Rick era como um tio e Michonne igualmente importante pera mim. Judith e Carl eram como meus irmãos mais novos. Era como se a família deles tivesse me adotado.  Mas no quarto ao lado tinham alguém que não se encaixava nesse perfil, no quarto ao lado ao meu estava Daryl, que poderia dizer que era meu namorado. Mas definitivamente não me tratava como uma namorada.


Durante a noite Carl não tentou falar de novo sobre meu tempo sozinha, o que foi bom, em vez disso me falou das lembranças que tinha de viagens em família ou de natais e eu fiz o mesmo. Umas duas horas antes da nova dupla aparecer uma chuva forte caiu e me arrependi de não ter pegado um casaco mais grosso.


Quando a nova dupla apareceu eu e Carl corremos para casa, mas a chuva era forte e quando chegamos na casa entramos pela cozinha tirando os sapatos e subindo em silencio as escadas, falei que ele podia ir tomar banho primeiro e fui para meu quarto. Tirei minhas roupas molhadas e as pendurei na cadeira próxima a minha janela. As colocaria para secar na lavanderia pela manhã. Fiquei observando a chuva pela minha janela enrolada em uma toalha. Assim que ouvi o chuveiro no final do corredor desligar, peguei minhas coisas e ouvi o menino ir para o seu quarto. Tomei banho e coloquei um pijama que Noah tinha me dado na intenção de brincar com a minha cara. Era um pijama de ceda de duas peças bem pequeno para a maioria das pessoas, mas para mim ficava muito bom. A blusa era de alças finas e delicadas e o short curto mais folgado.


Peguei o sache do curativo que nada mais era que um band aid quadrado e um pouco maior que a maioria deles. O local que abriu meus pontos ficava na parte de traz do meu ombro e eu não conseguia alcançar muito bem. Sai do banheiro com minhas coisas na mão e deixei no meu quarto, estava atravessando o corredor para pedir para o Carl colocar para mim quando vi a luz por baixo da porta do Daryl. Conseguia ouvir alguns barulhos também. Bati uma vez e não ouve respostas, decidi que ele não iria responder a não ser que houvesse uma nova batida, mas decide abrir eu mesmo. Daryl estava com uma calça de moletom preta e uma blusa de manga curta preta, sentado em uma cadeira em frente a uma escrivaninha concertando alguma coisa na sua besta ao que parecia com chave de fenda e alicates espalhado pela mesa.


— Eu queria saber se você pode me ajudar com o curativo. – Disse levantando o band aid entre meus dedos. Ele se afastou alguns sentimentos da mesa e jogou as pernas para o lado da cadeira, não se levantou mais eu entendi isso como um convite. Fechei a porta atrás de mim e atravessei o quarto. Virei de costas para a mesa e entreguei o pacote. Ele se levantou e eu tirei os cabelos húmidos e longos do caminho. – É só colocar em cima.


E ele o fez, abriu o pacote e logo o encaixou no local. Exercendo uma leve pressão nas laterais para prender bem. Suas mãos demoraram mais do que o necessário ali, seu toque se suavizou e a ponta de seus dedos percorreram o caminho até meu pescoço, me fazendo arrepiar. Seu polegar fez carinho atrás da minha bochecha e minha respiração ficou curta e rápida. Ele segurou meu rosto ali. Fechei meus olhos e seu toque apesar de áspero pelos seus dedos era leve. Aranhavam e acariciavam. Sua presença ficou mais evidente para mim, e eu me deixei levar, girei meu corpo e ficamos de frente um para o outro. Ele estava de costas para a mesa e se encostou nela, case sentando. Eu estava entre suas pernas, muito próxima. Querendo passar os braços em seu pescoço e terminar a distância entre nos. Querendo provar seu beijo. Querendo ser provada. Mas não o fiz, não iria iniciar aquele beijo. Ele manteve sua mão esquerda segurando meu rosto e com a direita percorria caminhos pelo meu braço direito o que fazia com que as vezes a ponta de seus dedos batessem sobre o tecido do pijama. No movimento de subir e descer ao logo do meu braço, seus dedos migraram para a lateral no meu torço. Percorrendo todo o caminho pela minha caixa torácica, passando pela minha cintura e descendo até a lateral do meu quadril até o início da minha perna.... A barra da blusa e do Short subiam poucos milímetros, com o movimento de subida, mas era o suficiente para o meu coração parar. Ele se aproximou e eu estava pronta, estava ansiando. Abri meus lábios e apenas respirei fundo sugando o ar pela boca...


— Pronto. Acabei. Pode ir.- Abri meus olhos como se tivesse levado um tapa. Daryl se levantou da mesa e eu dei alguns passos para traz me afastando dele que passou por mim, indo em direção a porta. A abriu e esperou. – Tenha uma boa-noite.


Sim, eu admito estava exagerando um pouco. Não via Daryl a 4 dias deis do ocorrido em seu quarto. Sempre me certificando de sair muito cedo e é claro sempre em silencio absoluto. Esperar no galpão até que Noah aparecesse e eu o ajudasse durante o dia. Ia para a vigia durante a noite, mas com a diferença de andar um pouco pelo condomínio para dar tempo de entrar sozinha em silencio. Pode dizer que era absurdamente infantil e muito exagerado, mas o que mais eu poderia fazer? O que ele fez foi cruel ao meu ver e a única resposta que eu poderia fazer era simplesmente o ignorar. Eu sabia o motivo dele ter feito aquilo. Fez, pois ele sabia que eu o queria, e pelo conteúdo da nossa conversa anterior eu dei a entender que não me importaria de “deixa-lo em paz” como eu mesma disse. Ele estava me provando que eu o queria, que eu o desejava mais do que eu admitisse o que era uma coisa muito idiota e mesquinha de se fazer.


Então aqui estava eu, simplesmente ocupando meu tempo com tudo que eu pudesse até ficar tarde o suficiente para ir para casa. As vezes passava muito tempo com Meggie ajudando com as crianças na “escola” improvisada.


Hoje eu e Noah estávamos enchendo pequenos tubos com shampoo as coisas ficaram meio estranhas. Acho que o cheiro do shampoo era muito forte pois minha visão ficou turva e senti minha boca encher de saliva, eu estava enjoada.


— Beth você está bem? Você está branca feito papel, quero dizer, mais que o normal.


Me afastei dos tubos e respirei fundo, não ajudou muito.


— Eu não sei....estou um pouco...- depois disso não sei o que aconteceu. Eu desmaiei. Quando acordei estava com uma luz forte sobre meus olhos e podia ouvir vozes ao meu redor. Me levantei devagar e ainda podia sentir o peso na cabeça.


— Ela acordou.- Reconheci a voz ao meu lado. Spencer. Sentada eu podia ver que estava no consultório. Estava em um dos quartos da pequena casa transformada em consultório médico.


Spencer estava sentado em uma cadeira ao lado da minha cama e Noah apareceu com o doutor logo depois.


— Vou avisar sua irmã ou Daryl- Ele disse se levantando da cadeira.


— Espere. Eles sabem?  - Ele parou e olhou para Noah que respondeu.


— Não. Acabamos de trazer você. Você simplesmente desmaiou e caiu mole no chão, Spencer estava passando e me ouviu chamar ajuda. Te trouxemos aqui. – O doutor veio próximo de mim e começou uma série de exames físicos simples.


— Então deixe assim. Não foi nada. – Olhei para o Spencer e ele estava próximo a porta agora, obviamente desconfortável assim como eu. – Obrigada. - Foi tudo o que eu podia dizer. Ele acenou a cabeça e saiu da sala.


— Como está se sentindo Beth? O doutor era um homem branco de pouco mais de 40 anos. Era um homem gentil e atencioso. Calado e na sua era raro vê-lo longe do consultório.


— Bem, acho que só foi uma tonteira. Estou bem.


— Concordo, mas a causa disso me preocupa. Consegue se levantar e subir nessa balança?


— Sim – Eu o fiz e ele anotou em uma folha, assim como tinham várias outras coisas escritas nela. Ele me pediu para que eu me sentasse em frente a sua mesa e eu o fiz, Noah saiu para a sala de espera ao lado nos dando privacidade.


— Existe alguma possibilidade de você estar gravida? - Ele me perguntou e um risinho histérico fugiu dos meus lábios.


— Desculpe. Não. Nenhuma.


— Tem certeza?- Seu olhar era questionador.


— Sim doutor, mas realmente não tem nenhuma chance. Eu sou virgem. – Além claro do fato do meu “namorado” se recusar a se quer me beijar. Acho que eu permaneceria assim por muito mais tempo.


— Tudo bem então. O que me deixa outra possibilidade. Você já teve algum problema com seu peso antes? Anemias?


— Sim...eu tinha ...ou tenho anemia deis de pequena. Tomava vitaminas regulares.


— Quando foi sua última refeição?


— Foi....- quando foi? Eu não conseguia me lembrar...- Uma maça a 5 dias atrás...


Sua expressão não era boa, e eu tenho certeza que a minha era de confusão completa. Eu fiquei 5 dias sem comer?


— Você tem algum problema com comida Beth?


— Não...eu simplesmente não sinto fome eu acho. Quando eu fiquei andando sozinha até aqui fiquei um tempo sem comer...acho que me acostumei.


— Quanto tempo exatamente?


— Uns 10 dias? Era difícil de contar os dias quando se está sozinha.


— Entendo... bem, não tenho como fazer um exame de sangue aqui, mas eu sei que sua anemia está bem avançada. Seu tom de pele tem estado mais pálido apesar de eu saber que você faz bastante atividade ao ar livre, suas unhas estão muito finas e seu IMC está muito abaixo do ideal. O que indica a perda de fome que também é um sintoma da anemia.- Ele se virou e pegou um saco com algo que parecia uma farinha escura e me entregou, abriu uma gaveta e pegou algumas cartelas de comprimidos e me entregou. – Isso é um suplemento alimentar, fizemos com alguns grãos normalmente damos para crianças, mas seu peso é o de uma criança. Então acrescente uma colher em cada refeição sua. Você precisa comer no mínimo 3 refeições por dia. No mínimo, tudo bem? Os comprimidos são ácido fólico e sulfato ferroso, não vai resolver sua anemia mais vai ajudar bastante. Eu vou solicitar que na próxima viagem os meninos peguem vitaminas para você.


— Obrigado doutor.


Sai do consultório um pouco atordoada. Eu realmente tinha me esquecido da anemia, me lembro da minha mãe me forçando a comer e me dando minhas vitaminas. 


— Então? – Noah estava um pouco confuso, mas eu expliquei que não era nada demais e caminhamos até o galpão. A casa onde ele estava ficava no caminho e ele pegou uma lata de legumes em conserva para mim. Já dentro do galpão tomei um comprimido de cada e coloquei uma colher da farinha na lata. Foi difícil terminar tudo. Era muita comida. Mas eu terminei. Finalizando com uma garrafa de água. Estava me sentindo cheia e melhor devo admitir.


— Sabe... isso pode ficar entre a gente?


— Porque?


— Não quero deixar ninguém preocupado.


— Tudo bem, deis de que você coma direito.


— Eu vou.


Continuei ajudando a encher os potes com shampoo quando a porta se abriu, Rick passou por ela.


— Estava te procurando. Tenho uma coisa para você fazer. Pode vir comigo?


— Claro. – Me levantei me despedindo do Noah prometendo que voltaria para ajudar.


Rick e eu caminhamos até atrás do galpão e caminhamos em direção a uma das grandes paredes de concreto onde ficava alguns alvos feitos em madeira pendurados. Hoje havia algumas garrafas de plástico cheias de areia presas em corda. Próximo de lá estavam sentados próximo a uma arvore estava Carl, Maggie, Michonne, Glenn e claro Daryl.


— Queremos ver sua mira, se você não se importar.


— Para que?


— Vamos dar uma viagem um pouco mais longa. Talvez uma semana e queremos saber se você e Carl podem fazer as rondas terrestres ou cuidar da proteção do pessoal da plantação. – É verdade, existiam plantações de algumas verduras e frutas atrás do condomínio. Todos os dias as pessoas que cuidavam deles precisavam ir até lá e cuidar do lugar, sempre tinha que ter algum guarda para cuidar da segurança deles.


— Claro. – Meu nervosismo não era pelo teste e sim pelos olhos que me observavam de longe. Eu não havia direcionada nem um olhar para a sua direção com muito orgulho e me manteria assim.


— Eu vou primeira. – Carl se aproximou e pegou o revolver de chumbinho que Rick estava na mão. Conferiu a munição e apontou. Carl acertou todas as garrafas. Algumas por pouco, mas no geral sua mira era muito boa. – Quero ver fazer melhor. – Todos riam e apesar de levar o teste a sério não tinha como não rir. Peguei a pistola e a recarreguei com alguns chumbinhos que Rick me dera.


— Eu não costumava usar arma. É diferente. – Disse em quanto me acostumava com o peso.


— Tudo bem...faça seu melhor- Maggie me disse com um sorriso de compreensão. Mirei o melhor que pude e atirei a primeira. Acertei a garrafa mais por pouco. Mirei de novo agora sabendo exatamente o que esperar respirei fundo e soltei o ar, prendendo a respiração no final e atirei as outras 4 garrafas muito mais próximo do centro.


— Uau...muito bem. – Rick parecia impressionado. – Então vamos fazer um teste amanhã. Vocês podem cuidar da proteção do lado de fora de agora em diante. - Daryl veio até nós e nos entregou um coldre, arma e munição para cada um. Em quanto Carl pegava com entusiasmo o kit dele eu pegava o meu com cautela e desconfiada. – Além de cuidarem da proteção daqui de dentro 24h.


— O que isso quer dizer que fomos promovidos a policiais?- Tudo era meio estranho. Não que a gente já não andasse armados lá fora antes, mas aqui dentro eu tinha me acostumado muito rápido a simplesmente ignorar o mundo lá fora. Rick riu.


— Tipo isso, precisamos de pessoas de confiança aqui dentro tomando conta em quanto não estamos por perto. Michonne, Meggie e Carol, também possuem as delas. Além do mais nunca sabemos o que vai acontecer no próximo dia. Temos que ficar alerta.


— Eu sou?


— O que?


— Confiável. – Foi Michonne que respondeu se aproximando.


— É claro que você é. Porque está tão na dúvida?


— Eu não estou, só checando. – Coloquei o coldre e verifiquei a arma. Estava carregada e me certifiquei de que a trava estava correta. Coloquei os dois pentes de munição presos na lateral do sinto. E o peso parecia mais metafórico do que real. E de repente o sino tocou. Todos saímos correndo depois de nos entreolhar por um segundo.


— Beth e Carl, comigo e Rick o resto sabe o que fazer. – Daryl gritou em quanto corríamos para o corredor. Eu podia ver que casa um tinha já uma função no caso de o sino tocar. Maggie correu para traz o que me fez pensar que ela ia até a casa onde funcionava a creche/escola, Gleen correu para uma grande torre de vigia que funcionava como um sniper ao lado sul. Michonne subiu rapidamente para uma outra plataforma onde Carol já estava posicionada.


Eu e Carl corremos e devo dizer que foi difícil acompanhar os meninos. Meus músculos queimavam e os dias sem comer estavam exigindo de mim o que eu não tinha para dar. Mas finalmente chegamos e os portões estavam fechados.


Rick começou a subir as escadas em quanto eu, Carl e Daryl esperávamos afastados um pouco. Com a arma nas mãos destravada eu tentava respirar fundo. Me acalmar. Rick gritava para alguém atrás dos portões e ouvia a resposta. O questionamento continuou por mais algum tempo, até que Rick desceu.


— Um grupo, 4 pessoas. Dois idosos, um casal e dois rapazes que dizem ser netos deles. Possuem só uma arma, uma 12. Com pouco menos de uma caixa de munição. Estão pedindo abrigo.


Deana e Spencer chegaram em seguida e ouviram de novo o que estava acontecendo.


— O que você acha Rick? – Deana quis saber, Rick parecia desconfiado e inquieto.


— Pode ser verdade ou um truque. Eu acho que deveríamos sair, ver o que eles têm no trailer. Confiscar tudo e os observar.


— O objetivo desse lugar é definitivamente um refúgio mas devemos ser cuidadosos.


— Então vamos fazer.


Logo Rick tinha feito uma equipe para sair: Ele, Daryl, Abraham e Carol. Eu e Carl ficamos observando através do observatório principal com as armas apontadas para eles. A revista foi demorada e Carol conversava com os 4. No final todo mundo parecia satisfeito e o trailer entrou direto para os fundos. Os 4 entram em escota em quanto Rick falava as poucas regras do local e explicava como as coisas funcionavam. Uma nova dupla substituiu eu e Carl que quando descemos um dos garotos me olhou e ficou me encarando. O idiota estava tentando decidir se me conhecia.


— Ei... você, a gente estudava junto não é você é a Eveen certo? – O garoto era alto de porte atlético, na verdade ele jogava futebol americano eu bem sabia. Era o idiota do Israel Smit. Ele tinha a mesma idade que eu. Também reconheci seus avós. Que sempre estavam nas feiras da escola ou no domingo na igreja. Seu pai era o reverendo da cidade. E ao lado seu irmão mais velho. Jesus Smit, seu irmão apesar de mais velho era menos musculoso que seu irmão zagueiro, mas os olhos azuis e o cabelo castanho dourado eram iguais. Só que os de Jesus eram longos e ele tinha barba, o que eram bem engraçado.


— É Greener, idiota.- Jesus respondeu antes de mim. -  Beth Greener certo? Filha do Hershel Geener. – Falar que estava chocada seria um eufemismo. Como ele sabia quem eu era?. – Sua irmã...?


Era por isso que ele sabia quem eu era. Apesar de eu saber que ele era uns 2 anos mais novo que a Maggie ele deveria ser um de seus namorados passados.  Como se ela tivesse ouvido sobre ela, Maggie apareceu logo e tudo foi explicado. Jesus estudava na mesma faculdade que Maggie então nas férias normalmente pegavam o mesmo ônibus para voltar pra casa e acabaram virando amigos.


— Vamos ter tempo para conversar, tenho certeza que seus avós estão cansados. – Deana falou e levou todos para casa onde haviam mais quartos disponíveis, que era a casa onde o Noah estava.


— O que acham meninas?- Rick quis saber mais tarde quando todos estávamos na cozinha da casa dele mais no final daquela noite. E mesmo que eu não quisesse ficar ali, seria estranho simplesmente sair. Noah trouxe minha medicação que eu deixei no galpão naquela noite e eu fiquei feliz que ele tenha colocado em uma bolsa. As pessoas perceberam ele passar a bolsa para mim, mas ninguém perguntou realmente.


— Eu o conheci no meu terceiro ano da faculdade, era seu primeiro. Jesus sempre pareceu um cara muito legal. Nunca o vi se meter em confusão e isso para um cara de faculdade é difícil. Não conheço o irmão. – Maggie concluiu. E todos olharam para mim. E claro, o idiota tinha me reconhecido.


— Estudamos juntos a maior parte da vida. Mas nunca trocamos uma única palavra. É um daqueles meninos de interior arrogantes e se sentem acima de tudo porque o pai era o reverendo e é claro o fato de serem podres de ricos e algo vantajoso em uma cidade pequena. Não que isso importe agora. Ele é jogador de futebol. Zagueiro. Coloque ele para levantar peso ele dá conta. – Alguns sorrisos foram abafados e percebi que minhas palavras foram um pouco duras.


— Mas ele é inofensivo? – Michonne queria saber.


— Ninguém é inofensivo. Mas ele não era do tipo de se meter em confusões físicas. Ele era representante dos alunos e presidente do grupo de relações internacionais da escola. Mas eu ficaria de olho. Os avós sempre estavam na igreja aos domingos e a avó sempre ajudou em todas as feiras. Era boa para a comunidade.


  Rick pensou um pouco e nos contou que eles ficaram protegidos em um abrigo de tornado ao sul da Virginia em uma de suas casas, até que a comida acabou e seu pai saiu algumas vezes para buscar comida e não voltou mais. A mãe saiu também e não voltou. O irmão mais velho chegou e os resgatou com o trailer depois de algumas semanas.


— Isso pode dizer muita coisa, o garoto mais novo pode ser um covarde. Deixar a mãe ir sozinha...- Gleen disse.


— Talvez, vamos ficar de olho e mantê-los ocupados. Noah já que está mais perto, tente ficar de olho neles, tudo bem?- Rick disse ao se levantar. Daryl saiu de perto da porta onde estava encostado e subiu as escadas.


— Claro. E melhor eu ir então.- Noah se levantou e me deu um tchau discreto.


Todos foram se levantando e se despedindo, eu fui até uma das prateleiras e peguei uma maça e um resto de feijão que estava guardado em cima do fogão. Coloquei uma colher da farinha e comi tudo meio que sem querer e sem sentir o gosto.


— Beth, meu pai disse que começamos amanhã ao amanhecer. Vamos cuidar da segurança do pessoal na horta até a hora do almoço.


Eu quase não dormi essa noite pensando em como eu não tinha olhado para o Daryl, mas o que me incomodou foi que estava aqui deitada no meu quarto de luz acesa e ele não veio. Basicamente todas as noites eu esperava que ele viesse até mim, mas ele não vinha. Ele não se aproximava, ele nem olhava para mim. Talvez eu já tinha a resposta que eu estava esperando, só não era a que eu queria.


O sol não tinha nascido ainda e eu já tinha tomado meu banho e comido uma porção de mingau de aveia feito com leite em pó e é claro. Meu suplemento de criança. O doutor tinha razão. Como eu não percebi que meu peso realmente está tão baixo. Minhas roupas nunca serviam e até o Noah tinha brincado com o pijama dizendo que era roupa de boneca. Talvez fosse isso. Daryl não se sentia atraído por mim porque eu simplesmente era um esqueleto.


Mas eu não queria pensar nisso por muito tempo, e logo Carl desceu as escadas e fomos nos encontrar com o grupo.


A manhã passou rápida, somente com dois mortos andando pelo local, mas eu cuidei de um com a faca e Carol do outro.


Quando voltamos para o almoço Michonne que estava na entrada principal da casa, disse que Maggie queria falar comigo. Nem mesmo entrei na casa e fui para lá.


Não vi Daryl por mais dois dias e isso estava acabando comigo. Mas conforme os dias se passavam eu continuava almoçando com minha irmã que agora tinha quase sempre a companhia do Jesus que ajudava na sala de aula com as crianças maiores. O irmão dele ajudava na Horta e em qualquer reparo que o local tivesse. Se na escola eu era completamente invisível ao Smit mais novo aqui eu era a atração principal e o menino sempre falava comigo ou puxava assunto quando podia. Mas não pude não notar que ele se aproximou do Spancer que continuava mantendo distância, mas ironicamente sempre estava por vista.


— Glenn vai sair naquela viagem mais longa amanhã. – Eu não sabia. Então eu ficaria uma semana sem ver o Daryl. Meu estomago se revirou.


— Serio? Não sabia.


— Eu passei no galpão ontem e Noah me falou sobre as roupas de festa e o vestido de noiva.


— O que? Quer fazer uma festa de casamento surpresa?- Ela riu .


— Não. Foi ideia do Glenn. A gente estava pensando em fazer uma festa, como se fosse um festival aqui. – Acho que eu tinha ouvido alguma coisa sobre isso.


— Então estão pensando em casar no festival?


— Acha ruim a ideia? O que você acha Jesus? – O homem próximo de nós terminando sua refeição pensou por um segundo e disse com um meio sorriso no rosto.


— Eu fico bem de terno.


— Perfeito. Então vai ser assim. Estava pensando se vocês dois não poderiam tocar algumas músicas durante a festa.


Jesus tocava piano e tinha um compacto no trailer que foi desmontado e foi modificado para carregar carga. Os meninos iriam viajar nele para buscar mantimentos de agora para frente.


— Claro. – O que mais eu poderia dizer. O resto do dia foi ocupado com tarefas simples e ajudando outras pessoas. Quando estava noite o suficiente para todas as pessoas ficarem dentro de casa eu ainda não estava. Fiquei um tempo fazendo uma ronda demorada demais e conferindo todos os postos de vigilância.


Quando entrei em casa tudo estava quieto e silencioso. Parei em frente a porto do Daryl e a luz estava acesa por de baixo da porta. Minha mãe se levantou para bater, mas algo me impediu. Eu ainda estava magoada. Eu fui atrás dele tantas vezes, porque ele não podia me procurar? Era infantil essa atitude? Eu não conseguia pensar. Abaixei a mão e voltei para o meu quarto. Depois de chorar por alguns minutos deitada sobre os lençóis finalmente dormi profundamente naquela noite, acho que pela exaustão física e emocional.


 



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Autor(a): baby1532

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Quando acordei na manhã seguinte eu sabia que meus olhos estavam inchados e me sentia horrível. Eu sabia que o verão tinha chegado, o tempo mudou e o sol estava nascendo mais quente e animado. Mas meus sentimentos eram opostos entretanto. Me levantei e coloquei uma calça jeans preta, botas e uma blusa de manga comprida vinho de algodão.&nbs ...


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