Fanfic: Panic | Tema: the GazettE

     Eu tinha que sair daquele lugar! Meus olhos percorriam toda a sala buscando a saída mais próxima. A verdade é que eu não precisava fazer aquilo... A porta estava bem ao meu lado, mas eu não podia simplesmente me levantar e sair. Eu não podia e ainda assim... Era só nisso que eu pensava.

     O frio começava a subir por minha espinha e meu peito parecia que ia explodir. Eu balançava os pés nervosamente, ainda sem conseguir fixar meus olhos em um único ponto. Estava com medo. Ainda que não soubesse explicar de quê, eu tinha tanto medo... Precisava sair dali! Num ato de desespero cruzei os braços, cravando minhas unhas na pele já avermelhada. Eu tinha que sair! Coloquei mais força em meus dedos... A dor começando a tirar minha atenção. Eu precisava me concentrar nela:

     — Então, creio que está tudo acertado para a gravação de amanhã. – o senhor de cabelos grisalhos e óculos redondos de tamanho exagerado olhava especificamente para mim. Senti minha respiração querer falhar e cravei ainda mais as unhas em meu braço tentando de alguma forma me controlar. Eu precisava me manter calmo, ao menos na aparência. Mesmo que por dentro eu estivesse desesperado, não podia deixar transparecer... Eu não podia:

     — Está tudo certo. – foi Ruki quem respondeu, puxando uma de minhas mãos para si e a apertando com força.

     O condutor daquela reunião ainda me encarava, mas ao constatar que eu realmente não abriria a boca uma primeira vez depois de o “Bom dia” que dera quando chegamos àquela sala três horas antes ele finalmente fechou sua pasta e levantou-se, ajeitando o terno:

     — Então por hoje é só, estão dispensados.

     Aquela frase era libertadora para mim desde o meu ensino médio. Mesmo assim esperei que outra pessoa abrisse a porta e então a segui para fora dali. Enfim... Livre. Andava a passos largos controlando meu ímpeto de correr. Não queria chamar atenção. A dor em meu peito aos poucos parecia aliviar e em contrapartida meus olhos ardiam e eu concentrava todas as minhas forças em impedir aquelas lágrimas de transbordarem:

     — Akira! – meu amigo baixinho me chamou, mas fingi não ouvir. Eu só queria sair daquele prédio. Sair de perto daquelas pessoas. Todas elas!

     Finalmente alcancei o estacionamento. Permiti-me um suspiro de alívio enquanto buscava no bolso as chaves do carro. Adentrei o veículo o mais rápido que pude, fechei a porta com força e enfim me deixei desmoronar. Minha respiração era pesada e as lágrimas banhavam meu rosto... Será que aquilo nunca ia acabar? Esmurrei o painel do carro com força, mas de que adiantava? Liguei o som e deixei-me invadir pela música. Escorei minha testa no volante e fiquei ali sussurrando a letra enquanto tentava controlar minha respiração. As lágrimas eu sabia que não iriam embora tão cedo.

     Era tão idiota... Aquele meu medo imbecil! Eu sabia que era sem sentido. Eu sabia, eu sempre soube, e ainda assim... Por que não consigo controlá-lo? Nem mesmo em uma maldita reunião de trabalho. Aquela droga estava sempre arruinando a minha vida! Maldita síndrome do pânico!