Fanfic: Conversa Com a Verdade | Tema: Filosofia, Full, metal, alquimist, Drama, espiritualidade, universo, deuses

Era noite e eu estava escrevendo como de costume.

- Oi – disse uma voz quase como se tivesse vindo de dentro da minha cabeça.

Olhei um pouco intrigado, não assustado, sem sucesso procurando se alguém avia dito aquilo. Logo pensei alto “estou ficando doido”, mas para minha surpresa talvez estivesse.

- Está nada meu jovem

- Mas todos somos um pouco, devo alertá-lo.

- Quem é?

Meio com medo e pedindo a Deus que não tivesse uma resposta.

- Sou só eu – Respondeu a voz.

Imagina-se o desespero de qualquer um numa situação como essa não é verdade? Mas estava assim só por dentro, juro.

- Por que não te vejo?

 Perguntei meio aflito já que meus olhos me enganavam e claramente minha mente não estava sã.

- Você não vai me ver dessa forma que está procurando, isso te dou certeza, não há mundo que consigam me ver apenas usando seus olhos, lhe asseguro.

Parei um minuto para pensa e refletir um pouco sobre o desenrolar daquela conversa, eu só podia estar ficando doido, não tinha outra explicação. Pensei em levantar-me da escrivaninha na qual estava de frente e fugir, mas e depois? Para onde iria, e como voltaria... respirei fundo e decidi encarar a situação.

- Como faço para te ver então?

- Está me vendo, só que sem aceitar que sou eu, como poderia, não posso culpar você foi criado e ensinado que mundo físico e mundo da mente estão separados, como seus filósofos diriam, sensível e das ideias, creio eu.

Ao mesmo tempo que compreendi fiquei um pouco confuso, ele era de alguma forma uma imagem de um menino na minha cabeça, porem só em forma, não tinha preenchimento e na minha mente era meu quarto e ele estava sentado num dos cantos com o braço sobre umas das pernas.

- Não é plausível? Como isso é possível?

- Tudo que quero dizer meu jovem, é que espero por essa conversa a muito tempo, muito até para alguém como eu esperar.

Era difícil focar nele, já que era focar numa imagem em um pensamento, era quase como imaginar, mas sem criar nada, mas tentar ver claramente o local e a pessoa que eu estava pensando, sem estar pensando, pelo menos não voluntariamente.

- Vejo que já está melhorando sua capacidade, visto que parou de tentar me olhar fora de si.

- Não está nada fácil, confesso, posso saber ao menos quem é você?

- Eu sou aquilo que vocês chamam de 'Mundo'; Outra hora de 'Universo'; Outra hora de 'Deus'; Outra hora de 'Verdade'; Outra hora de 'Tudo'; Outra hora de 'Um'; E por fim eu sou 'Você'; eu ‘sou’.

Após ouvir isso fiquei mega reflexivo e com medo de ele estar ouvindo meus pensamentos, o que me garantia que ele não podia afinal, e foi quando pensei e gelei da cabeça aos pés “estou morto?”, como poderia estar...

- Vejo que ainda preciso medir minhas palavras, para não te enlouquecer.

Enlouquecer... enlouquecer... eu já estava louco, certo disso, mas precisava voltar a mim e controlar aquela situação, se estivesse mesmo louco teria que aprender a conviver com isso de alguma forma que não fizesse eu parar num manicômio. Eu podia fazer isso, sabia disso, afinal era daltônico e poucas pessoas realmente percebiam ou eu precisava em algum momento contar, mas no geral era algo que parecia relevante demais e no fim nem tanto, pelo menos queria me enganar dessa forma.

Respirei fundo, reuni forças e dei meu passo em direção ao controle da situação.

- Por que eu? Perguntei agora mais firme e sem demonstrar medo.

- Fez uma pergunta sem falar no seu plano, mesmo sem perceber já esta ficando sem problemas para me visualizar e ficando mais conectado comigo, simplesmente por isso, que é você, outros tiveram essa chance e simplesmente me deixaram passar, esvair-me como um pensamento qualquer.

- Acho que entendo... acho

- Como posso te chamar?

- Já lhe dei muitos nomes, escolha um que não seja Deus, esse muitos me chamam dessa forma e pra você isso já tem um significado profundo e uma imagem, escolha um outro a sua vontade.

Pensei um pouco em toda a situação, e não lembrava tudo que ele avia dito naquele momento, mas me lembrava dele ter dito que era chamado de “verdade” em algum momento.

- Verdade, posso te chamar assim?

- Que seja meu jovem, isso não é relevante e preciso te contar muitas coisas para que você comece a escrever.

- Escrever? Eu vou ter que escrever para você?

- Não vai escrever para mim, vai escrever sobre mim para seu povo, ao menos para os que quiserem ler, mas já vou dizer uma coisa, não se culpe.

- Me culpar? Então trará algum mal escrever sobre você?

- A diversas formas de se olhar para um mesmo traço, ele pode ser horizontal, vertical, estar em 2D ou como um poste, tudo depende da forma que consegue ver.

A verdade não respondeu a minha pergunta, mas abriu uma brecha boa para mim, se ia escrever sobre ela, podia perguntar a vontade e sobre o que quisesse para testar a situação. Para eu conseguir de fato saber o que estava se passando comigo.

- Não temos muito tempo hoje meu jovem

- Espera, Temos tempo limitado? e isso vai se repetir por mais dias?

- Sim, não tenho o direito de parar sua vida para conversarmos eternamente, posso, mas não devo, embora queira.

Fiquei meio aliviado com a afirmação que ele não iria me prender num diálogo eterno com ele.

- Posso te perguntar por que diz que seu nome é verdade? universo e tudo mais...

- Oque você acredita que é ou que foi a criação do mundo? Do universo e tudo mais?

- Existem duas teorias que se destacam, a do big bang, e a que um Deus soberano criou tudo do nada. A muito tempo parei de querer da razão um ou a outro.

- Não faz errado, visto que ambas têm razão e ambas falham por não se considerarem irmãs. Deus criou tudo, e o big bang também, afinal o que você chama de Deus soberano era a “bola de fogo”, cansado de tudo quis viver toda forma de experiência e consciência possível, me fragmentando e expandindo. Tudo que existe ou já existiu sou eu, e você e Deus vivendo cada fragmentação de existência e não existência, afinal sua definição de existir e ser consciente é meio limitada.

- Como assim?

- Existe formas de existência além da sua imaginação, formas de consciência que você não entende, ainda, nem teria como.

- Pode por favor me dar um exemplo? para que eu possa entender melhor.

- A morte, você busca criar uma forma consciente de consciência pós morte para chamar de vida após a morte, por ser continuação da consciência que você viveu após você deixar esse corpo. Existe vida após a morte? Claro, mas ela se fragmenta ainda mais, aduba, alimenta, transforma, você passa viver formas fragmentadas de consciência que não pode nem imaginar, mas porque você não consegue visualizar isso, sente medo, e não tem nada mais belo que saber que sua energia, corpo e vida, vão ser parte de algo maior que é a fragmentação da existência.

- Estou me sentindo bem cansado...

- E nosso diálogo, isso te cansa.

- Deveria me cansar, se é algo na minha mente?

- Sua mente, mas está num local aonde gasta sua energia para estar, vou te explicar mais sobre isso depois, pode ficar tranquilo.

E se foi todo o vislumbre, era como estar em outro lugar sem sair da cadeira, era piscar e perceber que estava sonhando acordado, mas saber que de alguma forma, mesmo que nos pensamentos, foi real, até lembrei da frase de Alvo Dumbledore, personagem de Harry Potter, “não seja tolo Harry, claro que isso é na sua mente, mas porque não seria real?”. O Cansaço era grande, levantei da cadeira e me joguei na cama, e antes que pudesse perceber ou pensar um pouco mais sobre tudo, já estava apagado.