Fanfic: Encontrada (2ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy

Dulce: E agora que já passei pelo suplício e tudo mais, tô pronta para o que realmente interessa. Nossa lua de mel! A que horas a gente vai sair?

Christopher ficou tenso, o maxilar se enrijeceu no mesmo instante.

Christopher: Quanto a isso... - ele se remexeu no colchão - ...eu queria...

Uma batida à porta me fez pular. Era madrugada. E nossa noite de núpcias. Algo muito grave devia ter acontecido para que fôssemos perturbados. Ou então ouviram os gritos aterrorizados de Christopher.

Ele bufou, esfregando o rosto.

Christopher: O que um homem precisa fazer para ter um pouco de privacidade em sua noite de núpcias? - Ele desceu da cama, agarrou as calças e a camisa e se enfiou dentro delas.

Dulce: Deve ter acontecido alguma coisa séria. - Tipo alguém ter morrido engasgado com um bem-casado durante a quadrilha.

Christopher: É melhor que tenha mesmo!

Ele passou as mãos pelos cabelos e marchou até a porta, abrindo-a apenas o suficiente para ver quem estava ali àquela hora da madrugada.

Christopher: Tia Ninel! - sua exclamação continha desespero e irritação. - Pensei que estivesse cansada da viagem.

Ninel: E estou, por isso serei breve. Não gostei de minhas acomodações.

Christopher: Como disse?! - Fiquei na dúvida se Christopher queria rir ou gritar.

Ninel: O quarto é pouco arejado. Exijo uma acomodação à minha altura.

Christopher soltou um longo suspiro.

Christopher: Amanhã falarei com a governanta para preparar-lhe um dos outros quartos de hóspedes. Eu estou... hã... um pouco ocupado agora, como pode imaginar.

Ninel: Que decepção, meu sobrinho. - Ela estalou a língua. - Nunca pensei que viveria o bastante para vê-lo dar as costas à sua família.

Pela rigidez que dominou o corpo do meu marido, percebi que ela o magoara. Christopher era decente a esse ponto.

Levantei da cama e fui vasculhar a cômoda em busca do meu pijama preferido. Enfiei a camisa às pressas e, descalça, me dirigi até a porta.

Toquei o ombro de Christopher. Ele se espantou e deixou a porta se abrir um pouco mais. A mulher vestia uma camisola rosa ridícula sob o roupão da mesma cor, cheio de plumas nas mangas. Não era uma visão agradável para se ter na noite de núpcias. Não era agradável em noite nenhuma!

Dulce: Tudo bem, Christopher. Acho melhor arrumar outro quarto para sua tia. - Ou ela vai ficar aqui discutindo a noite inteira, eu quis acrescentar.

Ninel: Céus! O que pensa que está fazendo, minha jovem?! - A mulher arregalou os olhos ao analisar minhas pernas nuas, quase derrubando o castiçal que segurava. - Onde está sua compostura?

Preferi ignorar o comentário. Estava vestida até demais para uma noite de núpcias.

Dulce: Vou te levar pro meu antigo quarto. É bem espaçoso e arejado. - E ficava no outro extremo da casa.

Christopher: Eu cuido disso - Christopher me segurou gentilmente pelo braço. - Volte para a cama. Vou pedir para a senhora Madalena preparar tudo e voltarei assim que puder.

Sacudi a cabeça.

Dulce: Madalena deve estar desmaiada. Ela trabalhou duro nos últimos dias. Eu arrumo tudo rapidinho. - Fiquei na ponta dos pés para beijar seus lábios surpresos e fui para o corredor escuro. - A senhora não vem? - perguntei olhando por sobre o ombro, já que Ninel permanecera imóvel e boquiaberta.

Ninel: Decerto não está pensando em andar pela casa nesses trajes. Ou na falta deles, devo salientar.

Dulce: O pessoal da casa já está acostumado comigo, não se preocupe com isso. Agora podemos ir? Tenho a impressão de que a senhora tá doida pra cair na cama.

Ela me ignorou e se dirigiu a Christopher.

Ninel: Não pode permitir uma loucura dessas, meu sobrinho. Sua noiva está nua! Não pode admitir que ande por aí sem roupas!

Ele me lançou um sorriso torto, um olhar de deleite no rosto perfeito.

Tanto eu quanto ele sabíamos que o que a mulher dizia era verdade. Christopher jamais me deixaria andar pela casa daquele jeito sem fazer uma cena.

Porém ele havia se dado conta do meu plano e embarcado nele. Meu Deus, como eu amava aquele homem!

Christopher: Ela não precisaria se a senhora concordasse em dormir no quarto em que foi acomodada. - Ele se encostou no batente e cruzou os braços sobre o peito.

O rosto de Ninel assumiu um tom vermelho preocupante.

Ninel: Está bem! Em nome do decoro, ficarei naquele aposento medíocre. Mas escute o que estou dizendo, meu sobrinho, sua esposa lhe causará muitos infortúnios, se essa é a maneira como costuma se portar. Não me surpreenderei se ouvir que você foi mortalmente ferido em um duelo ao tentar defender a honra dela. Boa noite! – Ninel suspendeu a camisola, empinou o queixo e nos deu as costas.

O horror ao ouvir a palavra duelo me deixou paralisada, e, sabe-se lá por quê, me lembrei da conversa da Cara de Cavalo logo depois da cerimônia. Quando ela comentou sobre esperar um escândalo ou um funeral, eu havia deduzido que fosse uma conotação, não que estivesse sendo literal. Será que era por isso que metade dos convidados tinha ficado me encarando daquele jeito? Eles esperavam que Christopher acabasse morto num duelo porque de alguma maneira eu não me comportava como deveria? Por isso as garotas não quiseram meu buquê?

Dulce: O que ela disse é verdade, Christopher? Os duelos ainda existem? - perguntei com o coração aos pulos assim que voltei para o quarto e Christopher fechou a porta.

Ele me avaliou por um longo momento, então suspirou.

Christopher: São ilegais, mas, sim, existem.

Eu me estiquei e segurei seu rosto entre as mãos.

Dulce: Não quero que você se meta numa coisas dessas pra me defender. Tá me ouvindo? Eu proíbo você!

Ele riu.

Christopher: Você jamais me deu motivos para isso, meu amor.

Dulce: E você tá fugindo da promessa. Eu não dou a mínima pra minha honra, podem falar o que quiserem, só não quero meter você e Anahí em confusão. E duelar é uma tremenda burrice.

Alcançando uma de minhas mãos, ele girou a cabeça e plantou um beijo demorado em minha palma.

Christopher: Tenho que concordar. Sou um pacifista. E você está ficando tensa à toa. Está com sede?

Dulce: Um pouco. - Deixei que ele me conduzisse até a cama, mas esperei de pé enquanto ele pegava um copo de água para mim. - Acho que você está certo. Ando uma pilha. Não vejo a hora de a gente viajar e deixar toda essa TCP para trás - falei quando ele me estendeu o copo.

O corpo dele ficou rígido no mesmo instante.

Christopher: Sobre isso, lamento muito, meu amor, mas... - ele respirou fundo - ...teremos que adiar a viagem.

Dulce: O quê? Mas por quê?

Christopher: Surgiu um... - ele desviou o olhar. - Imprevisto. Sei que não poderia ser mais inoportuno, mas teremos que ficar aqui por uns tempos. Sinto muito.

Dulce: Que tipo de imprevisto?

Christopher: Um que me impede de levá-la a qualquer lugar no momento.

Por que ele parecia tão aflito? Por que me dava meias explicações?

Eu observei seu rosto com atenção, tentando entender. Foi aí que uma ideia me ocorreu.

Dulce: Um imprevisto do tipo financeiro, não é? Droga, Christopher, eu te falei pra não gastar tanta grana comigo e com o cas...

Ele sacudiu a cabeça, me detendo.

Christopher: Não é esse o problema. Nada relacionado às finanças, garanto. É apenas... um problema repentino no estábulo. Não poderei me ausentar até que tudo se resolva.

Dulce: Ah! - soltei um longo suspiro aliviado. - Então tudo bem. A gente cancela a viagem. Não tem problema. Sério, lua de mel é uma coisa bem chata.

Quem quer ficar quatro horas no aeroporto esperando um voo atrasado e depois chegar ao destino e descobrir que a bagagem foi extraviada e que terá de se virar com as roupas do corpo até alguém encontrar sua mala? Não que a gente corra esse risco aqui, mas mesmo assim.

Ele exibiu um sorriso triste.

Christopher: Não estamos cancelando, apenas adiando até que seja seguro.

Dulce: Seguro? - franzi a testa ante sua escolha de palavras.

Christopher: Seguro me ausentar por tanto tempo - ele explicou e começou a desabotoar a camisa. A dele. - Não quero que nada perturbe nossa viagem, por isso preciso de um tempo para resolver certos assuntos. Apenas algumas semanas e poderemos partir. - E, com isso, desfez o último botão e escorregou a camisa pelos ombros generosos. - Para mim realmente não importa onde estamos, para onde vamos, desde que você esteja comigo.

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