Fanfic: Encontrada (2ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy

Dulce: Suelen entendeu tudo errado. Eu preciso devolver esta moeda a ela.

Anahí: Não faça isso, Dulce. Poderá ofendê-la! Ela estava radiante pela honra de compartilhar um de seus segredos de beleza. Ela não sabe que é você quem fabrica o condicionador. Não devolva o dinheiro. Nem é muito, não lhe fará falta.

Dulce: Mas...

Gritos femininos agudos ecoaram no corredor e Anahí se encolheu toda.

Dulce: É melhor eu ir salvar seu irmão! - eu disse a ela, já suspendendo a saia do vestido, pronta para correr.

Anahí: Por favor, vá depressa!

Disparei pelo corredor, mas me detive em frente à porta do escritório para alisar o vestido lilás e passar a mão pelos cabelos. Bati de leve.

Ninel: Estamos ocupados. Volte outra hora - resmungou a voz esganiçada da mulher.

Christopher: Tia Ninel! – resmungou Christopher e pouco depois abriu a porta.

Seu rosto estava afogueado, as sobrancelhas caídas, quase unidas, mas sua expressão se suavizou ao me ver.

Dulce: Desculpe interromper - comecei sem jeito – Mas bateu fome e eu queria saber se você já tá livre.

Christopher bufou.

Christopher: Quase. E você não interrompe nunca. - Ele tomou a minha mão e se inclinou para depositar um beijo delicado nas costas dela.

Dulce: Tá tudo bem por aqui? - sussurrei.

Christopher: Não, mas ficará. - Ele se endireitou, me puxando para dentro da sala.

Ninel: Senhora Uckermann, é hábito seu interromper reuniões familiares? - a tia perguntou, instalada muito confortavelmente na poltrona de couro negro ao lado das tralhas de pintura de Christopher. Os cacarecos foram deixados ali por conta da bagunça da troca de quartos, mas eu desconfiava de que não demoraria muito para que fossem levados ao nosso quarto atual. Christopher amava pintar.

Christopher: Dulce não interrompeu, tia Ninel - Christopher a repreendeu, impaciente. - Ela é parte desta família.

Ninel: Infelizmente, devo acrescentar. Lamento que sua negligência vá além do descuido para com a propriedade. Poderia ter feito um casamento mais proveitoso. Sua esposa não é a jovem mais educada que conhecemos, como pôde provar nesta madrugada. Na verdade... - seus olhos estreitos passearam por mim - ...ela parece quase selvagem.

Dulce: Isso é culpa do meu cabelo! - me defendi, passando a mão pelo rabo de cavalo malfeito. - E, se a senhora quer mesmo saber, acho que o problema não sou eu. Eu jamais me meteria na vida de recém-casados ou demitiria gente que nem trabalha pra mim, por exemplo.

Ninel: Menina insolente! - gritou ela, se levantando da poltrona. Sua saia volumosa esbarrou no cavalete e quase derrubou a tela em branco. - Como ousa...

Christopher: Tia Ninel - interrompeu Christopher, com a voz assustadoramente

calma. - Gostaria de lembrá-la mais uma vez que é uma hóspede nesta casa, a casa de minha esposa. Então sugiro que repense suas próximas palavras.

Ninel: Christopher, meu sobrinho amado! - O rosto da mulher ficou branco feito papel. – Como pode falar comigo nestes termos? Não vê que ela está zombando de mim? Eu o alertei ainda há pouco que ela tentaria nos afastar.

Não posso ser culpada pelo comportamento dessa...

Christopher: Cuidado - avisou ele, encarando-a.

A mulher piscou algumas vezes.

Ninel: Só estou pensando no seu bem, querido.

Christopher: Agradeço a preocupação, tia Ninel, mas, como eu disse ao menos três vezes na última hora, sou adulto e capaz de julgar o que é melhor para mim. Não preciso de seu consentimento, tampouco de sua aprovação. Espero que entenda e não se ofenda com isso. Como eu também expliquei, não há nada que a senhora possa dizer que mudará a maneira como me sinto em relação à Dulce.

Ninel: Bem... - Ela abriu o leque e começou a sacudi-lo freneticamente diante do rosto chocado. - Se é assim que pensa, creio que encerramos esse assunto.

Christopher: Assim espero - respondeu Christopher, sucinto.

Ninel: Muito bem. Vou encontrar seu primo e então tomaremos o desjejum.

Ninel fez uma mesura quando passou por Christopher, mas me dedicou um tratamento diferente. Um olhar tão penetrante quanto perverso, e tive de lutar para não estremecer e demonstrar fraqueza.

Fechei a porta assim que ela saiu, soltando um suspiro.

Dulce: Olha, eu sei que família a gente não escolhe, mas essa sua tia... – No entanto, não pude terminar.

Christopher me prensou contra a porta, colando a boca na minha. Era dessa forma que eu tinha imaginado passar minha lua de mel. Em seus braços.

Christopher: Desculpe-me por ter demorado tanto - ele disse um tempo depois, acariciando meu queixo com o polegar. - Mas minha tia realmente não sabe quando se calar.

Dulce: O que ela queria afinal? Seu Gomes disse que ela solicitou uma reunião.

Christopher: Creio que pôde captar o conteúdo da conversa – admitiu de má vontade.

Desvencilhei-me dele e gemi.

Dulce: Não acredito que ela te chamou aqui só pra me descascar!

Christopher me estudou por um momento, parecendo refletir sobre algo importante. Por fim, abriu os braços em um gesto derrotado.

Christopher: Desisto. Vou precisar de explicação para essa.

Acabei rindo alto.

Dulce: Falar mal de mim. E depois eu é que sou a mal-educada... - Fui me aproximando da janela. Fazia um dia lindo lá fora, fresco e ensolarado, o céu azul sem nuvens, uma perfeita manhã de outono. - Eu sabia que isso ia acontecer em algum momento - murmurei encarando a paisagem rural e cruzando os braços sobre o peito. - Todo mundo já sacou que eu sou diferente e ninguém gosta dos diferentes.

Senti Christopher se aproximar.

Christopher: Eu gosto. - Ele enlaçou os braços em minha cintura, colando minhas costas em seu peito rijo.

Dulce: Você entendeu o que eu quis dizer.

Christopher: Não se preocupe com tia Ninel. Eu deixei bem claro que não admitirei interferências em nossa vida. Agora, se bem me recordo, você estava faminta.

Revirei os olhos.

Dulce: Se sua tia me achou mal-educada antes, não quero nem pensar no que ela vai dizer depois que me ver comendo. Angelique ainda se espanta.

Ele deixou escapar uma gargalhada gostosa que aqueceu meu corpo inteiro.

Christopher: Então comerei duas vezes mais que você, assim ela não notará seu apetite.

Deixei que ele me conduzisse para a sala de jantar, temendo o que me aguardava à mesa. Ninel deixara claro que não aprovava o casamento e até tentou, sem êxito, argumentar com Christopher. Então agora ela aceitaria o casamento e nos deixaria em paz, certo? Torci para que fosse assim, para que eu tivesse interpretado de maneira equivocada o olhar malévolo de Ninel ao deixar o escritório...

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Quando chegamos à sala de jantar, ouvi um suspiro mal-educado. De Ninel, claro. Anahí também estava por ali, sentada ao lado de Sebastian.

Eles conversavam animadamente, e o rapaz parecia achar graça em tudo o que ela dizia, ao contrário de Ninel, mas, até aí, o que é que divertia aquela mulher?

Minha cunhada notou nossa chegada e exibiu as covinhas para o irmão. Sebastian se colocou de pé, fazendo uma mesura galante para mim.

Ninel, à cabeceira da mesa, o lugar que sempre pertencera a Christopher, se manteve sentada, examinando com desprezo as delicadas xícaras de porcelana pintadas à mão.

Anahí: Bom dia - nos saudou Anahí, com um imenso sorriso no rosto perfeito. - Espero que estejam famintos. A senhora Madalena nos preparou um verdadeiro banquete.

Sebastian: Bom dia, senhor Uckermann. Senhora Uckermann - cumprimentou Sebastian, todo educado.

Examinando-o com mais atenção, notei algumas semelhanças entre ele e Christopher. A altura, os traços angulosos, no entanto, seus cabelos eram mais claro, e os olhos exibiam um pálido azul.

Sebastian: Espero que não se incomodem, mas mamãe ordenou que o café fosse servido ainda há pouco.

Ninel: Espera-se que os anfitriões estejam à mesa para receber os convidados - cuspiu Ninel.

Eu estava prestes a soltar um “e a culpa do atraso é de quem?”, quando Christopher notou que provavelmente eu diria alguma besteira e decidiu intervir.

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