Fanfic: Encontrada (2ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy

Christopher: Ainda não terminei. - Então se obrigou a retomar a fachada de crítico de artes. - Porém, se deixarmos tudo isso de lado e nos concentrarmos na relação estabelecida entre a figura oculta e as marcas de dedos, vemos que a qualidade do trabalho é significativa, e a mensagem, rica e engenhosa.

Dulce: Ah, é mesmo? - Pressionei os lábios para não rir.

Ele fez que sim, mantendo a expressão séria.

Christopher: Perceba a riqueza com que o amarelo e o vermelho se entrelaçam, criando a ilusão de luz e profundidade. Como aquela torção ali no canto nos remete a um vórtice em constante movimento. Nesta perspectiva, percebemos que a negligência é proposital, ouso dizer, sofisticada, para que os traços representem a liberdade da alma da artista. Observe aquela mistura de marrom e verde bem ao centro.

Dulce: Que lembra uma batata podre?

Christopher: Precisamente! - Ele lutou contra um sorriso. - A batata é o símbolo máximo do livre-arbítrio, e a independência triunfando sobre as adversidades causadas pelo mata-borrão.

Eu gargalhei tanto que teria caído do sofá se Christopher não estivesse me segurando com tanta firmeza. Ele ria também.

Dulce: Sério, Christopher, é feio demais. Acabou com a decoração do seu escritório. Você devia jogar essa coisa no lixo.

Christopher: Meu amor, eu jamais poderia fazer isso. Quando olho para a tela, me lembro da forma como foi criada. A razão daquela confusão de cores e marcas de dedos. Seus e meus. Não há outra que seja mais preciosa ou bela para mim. Recentemente adquiri muito apreço também por aquela magnífica mesa de carvalho. E agora desejo acrescentar este confortável sofá à lista.

Ele esticou o pescoço para alcançar meus lábios.

Madalena: Senhor Uckermann? - chamou Madalena, socando a porta.

Dulce: Shhhh! Vamos fingir que não tem ninguém - sussurrei para ele.

Christopher: Duvido que vá funcionar - ele murmurou de volta com um suspiro exausto.

Madalena: Senhora Uckermann, sei que estão aí dentro. O criado dos Albuquerque está esperando. Não posso deixar o menino na minha cozinha o dia inteiro.

Toc-toc-toc!

Christopher deixou a cabeça tombar no braço do sofá e bufou de leve, fechando os olhos. Também gemi de frustração, mas saí de cima dele, arrumando a saia e os cabelos.

Dulce: Te vejo daqui a pouco para irmos à vila?

Ele ajeitou as lapelas do paletó.

Christopher: Partiremos assim que estiver pronta. Mas estou curioso. Por que um dos empregados dos Albuquerque está à sua espera?

Dulce; Ah... É que... humm... - Revirei o cérebro em busca de alguma desculpa, mas não encontrei nada. Acabei dizendo a primeira coisa que me veio à cabeça: - Belinda quer umas dicas de leitura. Aí me mandou um bilhete. - Não me atrevi a piscar.

Christopher: Bom - ele beijou minha boca de leve. - Fico contente que esteja aumentando seu círculo de amizades.

Madalena: Senhora Uckermann! - Bam! Bam! Bam! - Eu posso ouvi-los! Abra!

Dulce: Já tô indo, Madalena.

Christopher se adiantou para abrir a porta, fazendo uma mesura galante. A cara de Madalena não era das melhores.

Madalena: Quinzinho ainda está esperando! - disse ela, irritada.

Dulce: Eu sei, desculpa. Me distraí - dei de ombros. Acenei para Christopher e comecei a segui-la.

Madalena: A senhora sempre se distrai quando seu marido está por perto. Precisa fazer algo a respeito.

Dulce: Fala sério, Madalena. Você também não se distrairia se tivesse um marido como o meu? Christopher é lindo como o pecado.

Madalena: Senhora Uckermann! - ela ralhou, se detendo. Suas saias volumosas chiaram.

Dulce: Vai continuar me chamando de senhora até quando, Madalena? Vocês prometeram ao Christopher que não fariam isso. Poxa vida, é tão difícil assim me chamar só de Dulce?

Madalena: Às vezes penso que tem razão. - Irritada, ela voltou a andar. - Pois se comporta como uma jovem desajuizada, e não como uma senhora casada.

Dulce: É isso aí! - concordei animada. - Se seguir essa linha de raciocínio, ficaremos bem. Talvez eu até te chame de Madá.

Ela ruborizou, alisando o avental amarrado à cintura, sem saber bem o que dizer.

Chegamos à cozinha, e Quinzinho me esperava um pouco impaciente. Mas, assim que lhe entreguei o frasco, sua inquietação desapareceu.

Dulce: Diz pra Belinda perguntar pra Suelen como usar - expliquei.

Quinzinho: Sim, senhora. Muito agradecido por sua atenção. - Então ele enfiou a mão no bolso da calça curta para tirar dali uma moeda cobre, com uma coroa em alto relevo em um dos lados.

Dulce: Ah... Acho que ninguém entendeu muito bem. Eu não vendo esse creme. - E tentei devolver-lhe a moeda.

Quinzinho: Por Deus, senhora - suplicou, subitamente nervoso, erguendo as mãos na altura dos ombros. - Não posso voltar com a moeda. Minha patroa pensaria que eu não quis dá-la à senhora. Eu cumpro ordens, sabe? Se a senhorita Belinda souber que este dinheiro não chegou às suas mãos, posso ser mandado para a rua! Boa tarde. - Ele se despediu com uma mesura desajeitada e se precipitou para fora da cozinha, quase trombando em Anahí, que chegava com Angelique. Sebastian vinha logo atrás.

Anahí: O que aconteceu para Quinzinho sair com tanta pressa? - a menina quis saber, soltando as fitas do chapéu presas ao queixo. - Há algo errado com a senhorita Belinda?

Dulce: Não, ele só veio... buscar uma coisa pra ela.

Sebastian: Faremos um piquenique às margens do riacho, senhora Uckermann. Gostaria de nos acompanhar? - perguntou Sebastian, todo galante.

Dulce: Ah, não vai dar. Eu vou sair com o Christopher.

Sebastian: É uma pena - lamentou o rapaz. - Quem sabe então em uma ocasião mais oportuna.

Dulce: Beleza, Sebastian.

O rapaz fez uma careta engraçada, como se não tivesse entendido meu comentário, mas não houve tempo para que pudesse perguntar alguma coisa, pois um dos empregados de Angelique irrompeu à porta, um tanto esbaforido.

****: Senhorita Angelique! Que bom que a encontrei. A senhora me mandou buscá-la, senhorita. Diz que é urgente!

Angelique ficou pálida. Quer dizer, ainda mais pálida.

Angelique: Mamãe está passando bem? - ela perguntou num fiapo de voz.

****: Ah, sim, não precisa se alarmar. Parece que ela recebeu um convite para esta noite. De um baile! A senhora exige sua presença para dar início aos preparativos. A carruagem já está à sua espera.

Angelique: Oh! Tão em cima da hora. - E, diferentemente do que aconteceu em outras ocasiões, Angelique não ficou radiante ao ouvir a palavra baile. Na verdade parecia arrasada. - Bem, creio que não poderei participar do piquenique.

Sebastian: Marcaremos outro. Não se aflija. - Sebatian levou a mão da garota aos lábios. - Divirta-se no baile.

Ela tentou sorrir, fazendo uma reverência geral para todos ali, e partiu com o seu empregado.

Sebastian caminhou até a porta e ficou observando a garota entrar na carruagem.

Sebastian: Parece que teremos de encontrar algo com o que nos distrair esta tarde, Anahí - ele comentou, se virando para a prima.

Anahí! Ele a chamava de Anahí! Como não percebi isso antes? A intimidade decorria do parentesco ou de algum outro interesse? Não era segredo que Ninel queria ver aqueles dois se acertando. Ela desejava que o filho se casasse com a sobrinha. Uma menina de quinze anos! Tudo bem que, pelo que ouvi falar, era normal para a época uma garota casar tão cedo. Na minha opinião, qualquer mulher deveria pelo menos ter vinte e um anos e ser dona do próprio nariz antes de tomar uma decisão dessas.

O problema era que Anahí parecia encantada com Sebastian. E eu não sabia até que ponto esse encantamento chegava. Na minha cabeça, o futuro de Anahí era sólido e feliz ao lado de Alfonso...

Um pensamento sinistro me ocorreu, e foi por causa disso que me peguei sugerindo:

Dulce: Por que vocês não vêm com a gente? Christopher precisa entregar um cavalo para os Albuquerque e depois acho que ficaremos de bobeira pela vila.

Sebastian: Perdão? - Sebastian arregalou os olhos.

Dulce: À toa, dando um tempo. Tipo, vagando por aí.

Sebastian: Ah! Então suponho que todos poderemos ficar bobos juntos.

Christopher, no entanto, não pareceu muito contente com o arranjo. Ao me ver passar com o primo e a irmã pela porta da frente, ele me lançou um olhar questionador.

Dulce: Depois eu explico - falei ao alcançá-lo, aceitando sua mão para entrar na carruagem.

Eu pretendia avaliar aqueles dois, descobrir se havia algo entre eles ou se eu estava fantasiando, mas Anahí se sentou ao meu lado, de modo que Christopher teve de se acomodar ao lado de Sebastian, que decidiu monopolizar a conversa e fazer ao primo diversas perguntas sobre as propriedades à venda naquela região, sem lançar um único olhar para a menina.

Eu levava as três moedas no bolso do vestido e me perguntava se Anahí me ajudaria a distrair Christopher para eu dar um pulo na joalheria sem ele perceber.

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Continua....