Fanfic: Encontrada (2ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy

Padre Antônio: Um velho como eu não enxerga muito bem, caro Christopher. Se sua esposa diz que foi um inseto, devia acreditar. Agora, se me derem licença, vou me livrar desse purê. - Ele fez uma mesura, à qual Christopher respondeu com elegância, e se retirou.

Christopher me conduziu até um pequeno sofá de madeira forrado com um tecido em tons que iam do amarelo ao dourado e me fez sentar. Retirou um lenço do bolso e começou a limpar meu rosto com uma delicadeza comovente.

Dulce: Desculpa mesmo, Christopher. Juro, eu não sabia que estavam passando atrás de mim com a comida. Alguém devia ter dito a eles que esse tipo de coisa é perigosa.

Christopher desatou a rir, mesmo tendo se esforçado para se manter sério.

Dulce: Não tem graça - reclamei.

Christopher: Discordo. Havia purê por toda a cabeça de tia Ninel. Até agora, sem dúvida, foi a melhor parte da festa.

Eu escrutinei sua expressão e percebi que ele realmente se divertia. Acabei rindo também, e Christopher se inclinou para me beijar de leve. Nesse momento, Anahí cruzou a porta, escoltada por Sebastian e Angelique.

Anahí: Ah, querida Dulce! - A menina se ajoelhou diante de mim, colocando minhas mãos entre as suas. - Lamento tanto!

Angelique: Um terrível trabalho da criadagem. Não se culpe - Angelique se apressou em acrescentar.

Sebastian: Eu até que gostei - comentou Sebastian com um meio sorriso. - Esse jantar estava tão animado quanto um velório.

Christopher: Foi o que acabei de dizer a ela - Christopher disse divertido.

Dulce: Não espirrou nada em vocês? - Examinei os três. Eles tinham sobrevivido.

Anahí: Não, mas você precisava ter visto como a tia Ninel ficou - Anahí brincou, exibindo suas covinhas, então parou de sorrir. - Desculpe-me, Sebastian.

Sebastian: Não se desculpe, prima. Achei que a adição de purê lhe caiu muito bem.

Angelique: Não precisa se constranger, querida Dulce. - Angelique tocou meu cabelo e se pôs a ajeitar alguma coisa por ali. - Todas já passamos por isso em algum momento.

Dulce: Verdade, Angelique? – olhei para ela, esperançosa.

Seu rosto se contorceu um pouco.

Angelique: Bem, sim. Talvez fôssemos mais jovens...

Dulce: Tipo uns quinze anos mais jovens - completei, e Christopher riu.

Christopher: Por que está tão preocupada? - ele exigiu saber. - Você me disse certa vez que não se importava com o que os outros pensavam a seu respeito.

Dulce: É, mas isso foi antes de você se casar comigo e as pessoas ficarem me chamando de senhora Uckermann. Aliás, acho que você vai ter que falar de novo com os empregados, porque ninguém anda cumprindo o que prometeu.

Christopher: Falarei, prometo. Agora, por favor, esqueça o ocorrido e vamos nos divertir.

Como se isso fosse possível com aqueles sapatos não anatômicos idiotas. Mesmo assim me levantei e aceitei seu braço.

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Subitamente a sala se encheu. Instrumentos começaram a ser tocados, talvez para distrair os convidados. Lady Catarina retornou, limpa e linda, em um vestido fúcsia, rodeada de gente, conversando e rindo como se nada tivesse acontecido. Pelo menos até ela cravar os olhos em mim. O desagrado em seu rosto chegava a ser cômico, e não foi surpresa alguma ver Ninel se inclinar no ouvido da mulher e dizer alguma coisa que a fez franzir a testa.

Nunca pensei que um dia diria isso, mas fiquei aliviada quando Christopher se dirigiu para perto do dr. Almeida e de sua família. Os Boyer fizeram o mesmo.

****: Minha cara senhora Uckermann - saudou o senhor Boyer, fazendo seu bigode dançar. - Que bom vê-la recuperada do susto. Os criados de hoje em dia já não são como os de antes.

Eu não queria colocar a culpa nos empregados, porque na verdade a culpa era do Dimitri, mas não podia dizer isso com Christopher ali. Então, eu apenas sorri para o pai de Angelique e esperei que ele aceitasse aquilo como sinal de embaraço e deixasse o assunto para lá.

E funcionou. Graças a Christopher e ao médico, que mudaram de assunto. Júlio e Alfonso se juntaram a Anahí, Angelique e Sebastian, um pouco mais atrás. Reparei no jeito como Alfonso olhava para Sebastian, ainda de braços dados com Anahí e Angelique, como se o sujeito fosse desprezível e digno de repulsa.

****: E ando sentindo uma dor na lombar que me mata! - dizia o senhor Boyer.

****: Ora, mas quanta lamentação! - zombou a senhora Boyer, uma mulher magra de traços elegantes e os mesmos cachos louros da filha. - O senhor esteve indisposto por um dia apenas!

****: Para um homem da minha idade, querida Bernadete, um dia pode ser tudo o que lhe resta.

Dr. Almeida: Na verdade, para qualquer um de nós, senhor Boyer - acrescentou o médico. - Um dia pode mudar tudo.

****: Sim, de fato, Almeida - concordou o bigodudo.

Bernadete: Especialmente para as jovens. Os ventos não andam soprando a favor delas - a senhora Boyer suspirou, se abanando com um leque preto de renda. - As recém-casadas devem estar aflitas.

Seu comentário chamou minha atenção. Isso e o fato de Christopher ter se enrijecido da cabeça aos pés, devo ressaltar. Eu me voltei para a mulher.

Dulce: E por quê, dona Bernadete?

Bernadete: Por causa da maldição.

Dulce: Que maldição?

A mulher se benzeu, os olhos arregalados como pires.

Bernadete: A maldição das recém-casadas. Jovens damas estão morrendo logo após o casamento!

Christopher: Senhora Boyer! - repreendeu Christopher, fechando os olhos e esfregando a testa, visivelmente abalado.

O clima ao nosso redor ficou tenso, e todos se calaram. Confusa, Bernadete trocou olhares com o marido e o médico. Então dá para imaginar como eu me senti naquele momento.

Dulce: Que maldição? - insisti.

****: Não dê ouvidos, senhora Uckermann. - O bigodudo olhou torto para a esposa. - Bernadete não quis dizer nada. Minha esposa bebeu um pouco a mais de vinho, por favor a perdoe.

Dulce: Desculpa, seu Boyer, mas não acredito no senhor. - Fiquei de lado e encarei Christopher. - Você sabe sobre essa maldição?

Christopher inspirou fundo e soltou o ar com força.

Christopher: São apenas crendices populares, Dulce.

Ele sabia. Cruzei os braços sobre o peito. Todas as minhas células se agitaram e meu instinto gritava que alguma coisa estava muito errada. Christopher percebeu que eu não desistiria até que ele me dissesse tudo. E soltou um grunhido antes de começar:

Christopher: Uma jovem... - Ele olhava para todos os lados, menos para mim.

Bernadete: Quatro agora - corrigiu Bernadete.

Christopher a fuzilou com os olhos.

Christopher: Obrigado, senhora Boyer.

Bernadete: Disponha, querido - falou ela, alheia à irritação que borbulhava dentro dele.

Ele recomeçou:

Christopher: Quatro jovens... Não podemos conversar sobre esse assunto quando chegarmos em casa?

Dr. Almeida: Seria mais adequado - concordou o dr. Almeida.

Dulce: Não! - disse eu. - Lá você vai me distrair e eu vou acabar esquecendo. Eu quero saber agora.

Christopher esfregou o rosto algumas vezes.

Christopher: Essas jovens foram vítimas de acidentes logo após se casarem. - Ele falava rápido demais. Tive de me inclinar para não perder nada. - As quatro foram atingidas por raios. Ontem à noite aconteceu de novo, na cidade. Algumas pessoas insistem em acreditar que se trata de uma maldição.

Bernadete: Ora, senhor Uckermann - a mãe de Angelique o interrompeu. - Quatro jovens não são suficientes para que o senhor creia na maldição?

****: Bernadete! - o senhor Boyer gemeu. - Esse assunto não é apropriado. Ainda mais na presença da senhora Clarke.

Bernadete: Eu sei, querido! Mas achei pouco prudente o senhor Uckermann não ter alertado a esposa para que ela se pre...

Christopher: Será que podemos mudar de assunto? - Christopher implorou, parecendo desesperado para me tirar dali.

Dulce: Você acredita nessa maldição?

Christopher: Não. - Mas hesitou. - Talvez. Não sei. - E sacudiu a cabeça com veemência. - Não vou arriscar, Dulce.

Dulce: Arriscar o quê?

Christopher apenas me fitou com uma determinação desconcertante, e percebi que ele não tinha a menor intenção de me contar mais nada. Ainda bem que havia mulheres ali.

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