Fanfic: Encontrada (2ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy

Alfonso me posicionou num canto e ficou ao meu lado. Tipo, ao meu lado mesmo, ombro a ombro.

Dulce: Alfonso, o que você tá fazendo?

Alfonso: Esperando a dança começar.

Franzi a testa e olhei ao redor. Os outros casais mantinham a mesma postura.

Então a música recomeçou e as pessoas começaram a se mover. Em passos coreografados à perfeição. Era aquela maldita quadrilha que eu não sabia dançar.

Aquela definitivamente não era a minha noite.

Droga, droga, droga!

Eu devia ter prestado atenção no que fazia. Onde eu estava com a cabeça quando aceitei dançar com alguém que não era o Christopher?

Alfonso: Ai! - Alfonso reclamou quando pisei no seu pé.

Dulce: Foi mal.

****: Para o outro lado - uma garota disse depois de trombar em mim.

Dulce: Certo, tô indo. - Mas, quando eu girei, tropecei na barra do vestido e teria caído se não tivesse me agarrado ao casaco de alguém ali perto, o que me rendeu um olhar enviesado.

Alfonso me ajudou a recuperar o equilíbrio, me segurando pelos ombros.

Dulce: Eu não sei dançar assim, Alfonso - expliquei mortificada.

Alfonso: Acabei de notar. - E sorriu de um jeito meigo.

Bem diferente dos meus outros companheiros de dança. Alguns riam com gosto, como se assistissem a um palhaço se exibindo (o que era o caso), outros me lançavam olhares severos, como se a culpa de eu não saber dançar fosse minha (e, infelizmente, também era o caso).

Alfonso me colocou ao seu lado de novo e tentou outra vez. Mas o resultado foram mais topadas, mais pisões e mais risadas.

Dulce: Acho que você podia me levar de volta pra lá - indiquei com a cabeça o extremo do salão, onde estava Christopher. Ele me observava com um sorriso torto divertido em vez de constrangido como eu esperava. Christopher era muito estranho às vezes.

Alfonso: Eu jamais cometeria uma indelicadeza dessas! - exclamou Alfonso, horrorizado. - Além do mais, há tempos eu não me divertia tanto.

Fiz uma careta.

Dulce: Legal ser motivo de piada.

Alfonso: Não, senhora - ele negou com a cabeça. - Sua companhia é muito agradável, e gosto demais do seu modo de falar. Eu a acho uma mulher fascinante.

****: Para o outro lado! - A garota me empurrou de novo.

Dulce: Eu tô indo! Não tá vendo que tem gente na minha frente, poxa!

A moça bufou. Alfonso riu.

Alfonso: Seu marido é um homem de muita sorte - comentou, e fiquei na dúvida se aquilo era um elogio ou se ele estava tirando uma com a minha cara. - Ter uma mulher espirituosa e tão autêntica deve tornar os dias inesquecíveis.

Dulce: Bom, é bem provável que você tenha razão nisso. Todos os dias faço o Christopher passar por alguma situação embaraçosa. Às vezes duas, como nesta noite.

Alfonso: Ele não parece constrangido. - O rapaz olhou por cima da minha cabeça. Segui seu olhar, e Christopher havia se aproximado mais para ver meu vexame bem de perto, se encostando em uma pilastra e cruzando os braços, os olhos fixos em mim. Aquele sorriso de canto de boca ainda estava ali. - Na verdade, o senhor Uckermann parece deslumbrado.

Dulce: Deve ser porque ele nunca viu alguém dançar tão mal assim antes. - Era isso, ou Christopher tinha um padrão muito baixo quanto ao sexo oposto.

Meu comentário fez Alfonso gargalhar.

Alfonso: Não seja tão severa consigo mesma. Está se saindo muito... ai!

Dulce: Desculpa - corei, tirando pé de cima do dele.

Alfonso: Não foi nada - ele gemeu.

Parecia que a música duraria por toda a eternidade. Eu tentei acompanhar os passos, mas não dava, porque não havia uma sequência lógica a ser seguida. E ficar espiando Christopher e perceber que ele parecia de fato encantando não ajudava em nada.

Alfonso: A senhora Ninel pretende estender sua estadia por muito mais tempo? - Alfonso tentou soar desinteressado, mas não funcionou.

Dulce: Infelizmente sim, eu acho.

Alfonso: Humm... - Ele pressionou os lábios e colocou a mão em minha cintura, me impedindo de ir para o lado errado. - Por aqui, senhora.

Dulce: Tá.

Então ficou quieto por mais um tempo, apenas tentando me fazer dançar, sem sucesso.

Alfonso: Notei que a senhorita Anahí e seu primo têm passado bastante tempo juntos - comentou por fim.

Dulce: Fica difícil evitar quando se vive sob o mesmo teto.

Alfonso: Suponho que sim - disse ele, com uma careta tão desolada que me causou pena.

Alfonso voltou a cabeça para onde Anahí estava, uns cinco casais atrás de nós, acompanhada por um sorridente e desajeitado senhor Prachedes.

Alfonso: Imagino que o noivado deles seja esperado para logo.

Dulce: De jeito nenhum! Anahí é jovem demais para assumir compromisso agora. Não tem nem dezesseis anos ainda.

Seu humor mudou e ele me mostrou um sorriso divertido.

Alfonso: A senhora é de fato excepcional, como diz o dr. Almeida. Algumas damas neste salão pensariam que a senhorita Anahí está na idade certa para se casar.

Dulce: Ainda bem que eu não sou uma. Dama. Mas Anahí é - me apressei. - Totalmente!

Algo cintilou em seus olhos verdes, enquanto ele voltava a admirar minha cunhada. Havia neles um misto de fascínio, ternura e desejo. Era melhor ele não olhar para Anahí daquele jeito se Christopher estivesse por perto.

Alfonso: Uma dama encantadora - suspirou. - Aquele que conquistar seu coração será o homem mais afortunado que já pisou nesta terra.

Dulce: É. Pena que alguns são muito tímidos e não se expressam claramente - falei como quem não quer nada. - Quer dizer, uma garota não consegue ler pensamentos, sabe? Às vezes é bacana ser um pouquinho direto. Pra ela analisar as opções e tudo mais... Ah, graças a Deus! - exclamei, assim que a música acabou. - Pensei que não fosse terminar nunca!

Alfonso riu com gosto, me oferecendo o braço.

Alfonso: Pois saiba que passei um tempo muito agradável em sua companhia. Vou devolvê-la a seu marido.

Eu hesitei. Quer dizer, é claro que eu queria ficar com Christopher, mas depois da discussão... Sua promessa de se manter longe fazia meu pulso acelerar.

Ao mesmo tempo, eu sabia que, se ficasse perto dele, teria de lhe contar sobre o que andei escondendo. Nada mais justo. Mas ali não era mesmo o melhor lugar.

Eu ainda hesitava quando vi Christopher se antecipar, como se estivesse impaciente para me alcançar. E bem podia ser isso mesmo. Quer dizer, quando a esposa está fazendo um papel ridículo, o marido se apressa em dizer a ela que pare com aquilo.

Ele se aproximou tão depressa que seu movimento produziu uma pequena corrente de vento, sacudindo minha saia de leve.

Alfonso: Sua esposa é uma dama inigualável! - disse Alfonso, admirado. E eu mais uma vez fiquei sem saber se aquilo tinha sido um elogio. Corei e troquei o braço de Alfonso pelo de Christopher.

Meu marido me olhou cheio de emoção.

Christopher: Sim, é mesmo, senhor Herrera. Não há ninguém como Dulce.

O rapaz fez uma mesura elegante e se afastou.

Christopher: Essa foi, sem dúvida, a dança mais adorável à qual já tive o prazer de assistir - comentou Christopher com um sussurro.

Dulce: Graças à ajuda do vinho, suponho.

Ele voltou os olhos em minha direção, com intensidade atordoante.

Christopher: Estou absolutamente inebriado, Dulce, mas não por conta do vinho. Gostaria de dançar uma vez mais?

Uma nova quadrilha teve início.

Dulce: Eu acho que este século não está preparado para isso - respondi, e a gargalhada de Christopher fez seus ombros sacudirem. - Pensei que você fosse ficar longe de mim.

Ele ficou sério e voltou os olhos para um ponto fixo nas altas janelas.

Christopher: Era o que deveria fazer, já que é o que você quer. - E senti que ele quis adicionar “mas não sou capaz”, e isso fez meu coração dançar.

Dulce: Eu não quero.

Ele me encarou com a testa encrespada, surpreso. Sorri timidamente, para lhe assegurar que eu havia compreendido tudo.

Christopher: Obrigado. - Sua voz estava repleta de emoção conforme ele colocava a mão livre sobre a minha, que se enroscava em seu braço.

Dulce: Mas isso não significa que eu concorde com o que fez, Christopher.

Christopher: Eu sei.

Dulce: Promete que nunca mais vai fazer isso? Que nunca mais vai tentar me proteger mentindo pra mim?

Ele fixou os olhos castanhos nos meus. Estavam límpidos, profundos, solenes.

Christopher: Tem minha palavra, meu amor.

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