Fanfic: Encontrada (2ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy

Quando ela já estava longe, eu, em pânico, quis saber:

Dulce: Christopher, o que a gente vai fazer?.

Ele mantinha os olhos fixos nas costas da mulher.

Christopher: Apresentaremos a porta da sala a ela.

Dulce: Sério, Christopher. Tô falando de Anahí. Ela... Ninel pode... ter razão - admiti, mortificada.

Christopher: Não, ela não tem. - Ele me empurrou para dentro do escritório e encostou a porta.

Dulce: Christopher... - engoli em seco. - O que sua tia disse... sobre manchar a reputação de Anahí, acho que já está acontecendo. As pessoas estão falando. De mim, de você. E acho que de Anahí também.

Ele parou de andar e se virou para me encarar. Uma cólera excessiva cintilava em seus olhos. Recuei um passo.

Christopher: O que estão dizendo sobre você? - ele exigiu saber.

Dulce: Aquilo que eu já esperava. Que sou diferente... de um jeito ruim. Mas admito que fiquei surpresa por eles acreditarem que eu faço bruxaria - ergui os ombros.

Tentei desviar o olhar para o chão, mas Christopher cruzou a sala e, com dois passos, estava bem à minha frente, segurando meu rosto e o inclinando para cima.

Christopher: Dulce, você é diferente de um modo extraordinário. Você é extraordinária! É a razão de eu acordar no meio da noite só para me certificar de que ainda está ali, tamanho é o medo que tenho de perdê-la outra vez. É o motivo pelo qual me sinto tão afortunado, é a causa do sorriso estúpido que me estica a boca antes de dormir. As especulações da sociedade não significam nada para mim.

Dulce: Mas, Christopher... - Prendi a mão no pulso que ainda estava em meu rosto. - Não é da Dulce que estão falando. Com isso eu não me incomodaria - muito, eu quis acrescentar. - Estão falando da senhora Uckermann, sua mulher, cunhada da senhorita Anahí. Se... se eu não aprender tudo bem depressa... E eu juro que tenho me esforçado, mas sempre dá tão errado! Mas se eu não mudar, se as pessoas continuarem a me julgar porque tenho outros hábitos, Anahí vai ficar com essa marca pra sempre, não vai? Como aquele duque que você me contou uma vez, que deu vexame num baile e ninguém nunca mais esqueceu.

Ele inspirou fundo.

Christopher: Dulce... - Mas por mais que ele relutasse, vi a verdade aparecer e alterar sua expressão.

Dulce: Então sua tia tem razão. - Eu me esquivei dele, passando por baixo de seu braço e me dirigindo até a janela. - Quando a gente se conheceu você disse que procurava uma boa influência pra sua irmã. E eu não sou boa influência pra ela. Amo Anahí, não consigo imaginar esta casa sem ela, mas não posso ser a ruína de todos os sonhos dela por querer mantê-la perto de mim.

Senti Christopher se aproximar.

Christopher: O que está dizendo?

Tomei fôlego.

Dulce: Que talvez Anahí devesse ir viver com a Ninel mesmo, que sabe essas paradas de etiqueta do século dezenove e tal. Seria o melhor para ela. Ao menos por uns tempos. Até eu conseguir... você sabe, me comportar direito e fazer esse povo maluco se dar conta de que não sou uma bruxa.

Christopher: Não diga bobagens.

Cruzei os braços, ainda de costas para ele.

Dulce: Eu vi o futuro dela, Christopher. E é tão lindo, alegre, cheio de amor, do jeito que Anahí merece. Eu não posso permitir que seja alterado. Ontem mesmo o... humm... - me detive, mordendo o lábio.

Christopher: O... - instigou ele, bem atrás de mim.

Dulce: Ontem, no baile dos Romanov, o cara que será tudo na vida da sua irmã vacilou. Ninguém me contou. Eu vi.

Christopher: E estamos falando de... - Ele se deteve sugestivamente.

Dulce: Boa tentativa, mas não vou contar. O que estou querendo dizer é que vou foder com a vida de Anahí.

Christopher: Dulce! - ele censurou.

Dulce: Desculpa, mas não achei palavra melhor. Tá vendo? Imagina se falo um palavrão desses perto dela? E se ela me perguntar o que significa? Porque você sabe que eu vou contar. Nunca vou mentir para Anahí. Já basta ter de esconder dela que viajei no tempo, que vim do futuro. É disso que eu tô falando. Sei que você não quer que eu lhe conte tudo, mas ela quer saber, Christopher. Anahí é esperta, curiosa e inteligente. E o que quer que ela me pergunte, sempre responderei com a verdade, como eu fiz com... humm... - Parei de falar. Christopher não precisava saber da conversa sobre sexo que tivemos às escondidas.

Christopher: Com o quê? - perguntou, desconfiado.

Dulce: Deixa pra lá. É que... eu amo a Anahí. E faria tudo por ela, e, se pra ela ser feliz, eu tiver de me afastar, então...

Christopher: Não - ele replicou sem titubear. - Ela não seria feliz longe de você. Anahí também a ama, Dulce.

Dulce: Você acha? - perguntei esperançosa, me virando para encará-lo. - Porque a última coisa que eu quero é vê-la triste.

Christopher sorriu, pousando as mãos grandes e quentes em meus ombros.

Christopher: Anahí conversa mais com você do que comigo. - Seus dedos longos deslizaram pelos meus braços até se aquietarem em minha cintura. - Sua opinião se tornou mais importante para ela que a minha. O que acha?

Soltei um suspiro aliviado e deixei a cabeça tombar no peito de Christopher.

Dulce: Ainda bem, porque eu não posso ficar sem ela. Já tive que deixar a Maite para trás. Não suportaria perder Anahí também.

Ouvi um rangido e olhei para a porta. Estava entreaberta, e eu pensei ter visto uma movimentação, mas não havia ninguém ali.

Dulce: Então o que vamos fazer para acabar com a fofoca? - Ergui cabeça. - Quer dizer, além de eu tentar me passar por uma mulher do século dezenove?

Christopher: Você agora é uma mulher do século dezenove - ele me corrigiu, sério. - E não acredito que a reputação de Anahí seja maculada porque a cunhada dela desconhece os passos de uma dança tola.

Dulce: E nem por ter jogado comida na anfitriã do baile?

Um meio sorriso curvou sua boca para cima.

Christopher: Não.

Dulce: E nem por não ter desmaiado quando quase foi atropelada?

Christopher: Nem mesmo por isso. - O sorriso dele se ampliou.

Dulce: E nem por... - A lista era infinita, mas ele me impediu de continuar, pousando um dedo sobre meus lábios.

Christopher: Não. Nada poderia.

Soltei um longo suspiro.

Dulce: Xabe, exa coija de eu ficar envergonhando voxê não acontexeria no meu tempo - resmunguei sob seu dedo e ele riu, liberando minha boca. - Eu sou bem comum por lá.

Christopher: “Comum” é a última palavra que eu escolheria para descrevê-la

Dulce: Andei pensando... E se você fizesse uma lista das regras do século dezenove? Eu posso decorar tudo bem depressa, e aí eu pararia de te envergonhar.

Christopher fechou a cara.

Christopher: Você não me envergonha e jamais me envergonhou. Quando vai entender isso? - E sua expressão se suavizou quando ele falou: - Agora pare de se preocupar com tolices e venha aqui. - Ele já inclinava a cabeça para me beijar.

Depois disso, Christopher me levou até o quarto, atento para que ninguém me visse com tão pouca roupa. Em seguida, anunciou que precisava visitar um arrendatário.

Christopher: Não gostaria de me acompanhar? Não quero deixá-la sozinha - perguntou, quando eu já estava decentemente vestida.

Bom, eu também não queria ficar longe dele, no entanto tinha uma coisa para fazer e já estava com o prazo apertado.

Dulce: Acho melhor não. Se você vai tratar de negócios, prefiro ficar e não correr o risco de me meter sem querer. Além do mais, deixar sua irmã sozinha com a sua tia ainda solta por aí pode não ser uma boa ideia.

Christopher: Tem razão. Avisarei os empregados agora mesmo sobre a partida de Ninel.

Dulce: Não tenho certeza se ela pretende mesmo ir embora. Você falou sério ainda agora? Teria coragem de arrastá-la porta afora?

Christopher: Não se trata de coragem, e sim de honradez - bufou, aborrecido. - Se fosse Sebastian, eu não hesitaria. Mas ela... Maldição! Me vejo de mãos atadas. Espero que o fato de não ser mais bem-vinda baste para que faça as malas. Preciso ir agora. - Ele me segurou pelos ombros. - Serei o mais breve possível.

Dulce: Vai lá. - Agarrei as lapelas de seu paletó e o beijei. - E acaba com eles!

Christopher: Por que é que eu faria isso? - Ele me fitou horrorizado.

Eu ri.

Dulce: É, tipo, vai lá e detona... Ou, sei lá, boa sorte.

Christopher: Ah! - Ele exibiu os dentes brancos perfeitos. - Obrigado.

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