Fanfic: Encontrada (2ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy

Assim que fiquei sozinha, fui procurar Anahí, mas mais uma vez ela saíra com Sebastian. Não gostei nada daquilo. Precisava ter uma conversa franca com a minha cunhada e entender bem o que andava se passando em seu coraçãozinho adolescente.

Eu me dirigi para a cozinha e encontrei ali as caixas de frutas que encomendara e os frascos vazios que o seu Plínio prometera me enviar.

Com as mãos na cintura, Madalena olhava desconfiada para aquilo tudo, bufando.

Madalena: Tenho medo de perguntar o que a senhora vai aprontar agora.

Dulce: Preciso fazer uma grande quantidade de condicionador, Madalena. Tipo, um montão mesmo. - Peguei um abacate e fingi examiná-lo. - Pensei em fazer um estoque. Vai que o Christopher muda de ideia e a gente acaba viajando de repente? - Pronto. Parecia uma desculpa bem convincente.

Madalena: Eu me pergunto o que fazer com os cocos. A senhora utiliza apenas a água. E tenho feito um bocado de compotas.

Dulce: Eu gosto de compotas.

Ela pegou uma faca pontiaguda e um coco, posicionou-o precisamente sobre a mesa de madeira e me olhou feio.

Madalena: Então deveria comê-las de vez em quando. A senhora tem comido muito pouco. - E começou seu trabalho.

Eu apenas revirei os olhos. Madalena havia se habituado a meu apetite com mais facilidade do que Angelique, e o fato de Christopher estar assaltando a cozinha durante a madrugada, em busca de guloseimas para mim, milagrosamente, devo acrescentar, ainda não chegara aos ouvidos da governanta.

Preparei uma grande quantidade de papa e, enquanto Madalena a misturava com a água de coco, fui apanhar os óleos, que agora eu deixava na despensa para facilitar. Examinei os vidrinhos e me surpreendi ao constatar que já havia usado mais da metade.

Madalena me ajudou a encher os frascos quando a mistura ficou pronta. Fizemos muita meleca, mesmo usando o funil que ela pegara por ali.

Minhas mãos estavam lisas e engorduradas, e era muito difícil arrolhar os frascos. Quando terminamos, lavei as mãos na tina e usei uma das caixas de frutas, agora vazias, para acomodar os vidrinhos. Coloquei-a no chão, para que Isaac me ajudasse com elas mais tarde, mas, ao endireitar a coluna, uma vertigem me fez cambalear, e eu teria caído se a mesa não estivesse tão próxima.

Madalena: Dulce! - Madalena se adiantou, me pegando pela cintura e tentando me manter de pé. - Senhor Gomes! Ajuda!

Ela começou a me arrastar não sei bem para onde, pois estava tudo escuro e um apito agudo tilintava em meus ouvidos.

Dulce: Tá tudo bem, Madalena. - Mas minha voz soou tão fraca que só piorou as coisas.

Madalena: Oh, Virgem Santíssima, a senhora está pálida feito vela.

Gomes: O que se passa, senhora Madalena... Senhora Dulce!

E, de repente, fui erguida do chão. Eu quis pedir para Gomes não fazer aquilo, porque ele era um senhor de idade e não havia medicamentos para dor nas costas por ali, mas a vertigem não passava. E, conforme minha visão voltava, as paredes da cozinha começaram a girar.

Gomes: Vou mandar Isaac ir chamar o dr. Almeida. - Gomes me colocou com cuidado sobre a mesa.

Madalena: Não, devemos avisar primeiro o patrão. Ele não está longe - Madalena se opôs.

Gomes: O médico é mais importante - contestou Gomes.

Madalena: Minha querida, deite-se. - Madalena ajeitou os meus cabelos para trás, tocando minha testa com seus dedos quentes.

Eu obedeci, e foi a pior ideia que já tive. O enjoo ficou incontrolável, e tudo que pude fazer foi descer da mesa às pressas e cambalear até a tina, onde despejei todo o meu café da manhã.

Madalena: Minha nossa! Aqui está, querida. Tudo vai ficar bem – murmurou carinhosamente Madalena , passando um pano úmido em minha têmpora.

Gomes: Vou procurar Isaac - avisou Gomes.

Dulce: Não, seu Gomes! - Forcei a voz, tentando parecer melhor. - Eu tô legal. Devo ter comido alguma coisa ontem no baile que não me fez bem. O ponche estava com um gosto estranho. Mas agora já passou.

E era verdade. Como que por um milagre, a vertigem e o enjoo cessaram. Pedi um copo de água e fui prontamente atendida. Eu ainda estava ajoelhada no chão, com Gomes e Madalena me cercando, preocupados e prestativos, quando a voz de Ninel ressoou pela cozinha:

Ninel: Confraternizando com a criadagem outra vez. Isso é tão deplorável.

Levantei os olhos. Gomes se agachou e colocou meu braço ao redor de seus ombros, me ajudando a levantar.

Madalena: Em que posso servi-la, senhora? - Madalena se apressou, interpondo-se entre a mulher e mim. - O almoço logo será servido.

Ninel: Já não disse para não se dirigir a mim a menos que solicitado, criatura estúpida? Arranje um pouco de chá. E, assim que Sebastian voltar, diga a ele que exijo sua presença em meus aposentos.

Dulce: A senhora não devia estar arrumando as malas, dona Ninel? - interferi.

A mulher empinou o nariz e voltou seu olhar de desdém para mim.

Ninel: Eu já disse que não vou a parte alguma sem minha sobrinha! E sua aparência é lastimável.

Dulce: A sua também - resmunguei mal-humorada. - Mas não fico jogando isso na sua cara.

Gomes deixou escapar uma gargalhada e tentou disfarçar com uma falsa crise de tosse. Madalena escondeu o sorriso virando o rosto.

Ninel correu os olhos pela cozinha e franziu a testa ao observar a caixa repleta de garrafinhas de condicionador. Sacudindo a cabeça, ela me encarou e se empertigou.

Ninel: Cuidado, senhora Uckermann. - Ela arqueou as sobrancelhas exatamente como os vilões fazem nos filmes. - Seu reinado nesta casa não durará muito mais.

Ela girou sobre os calcanhares com tanta altivez que suas saias chegaram a empinar um pouco, revelando a gaiola de ferro sob elas.

Gomes: Mulherzinha intragável - resmungou Gomes, fuzilando as costas de Ninel.

Madalena: Mal posso esperar pela partida dela - concordou Madalena. - Ah, querida, veja, sua cor está voltando! - Ela tocou minha bochecha com as costas da mão e suspirou.

Gomes: Creio que devemos chamar o médico para nos certificar de que o mal-estar não voltará - sugeriu o mordomo.

Dulce: Sério, seu Gomes, não precisa - contestei. - Tô ótima! Foi só um pouco de ressaca, eu acho. Como naquele dia em que o doutor me deu ópio. Já passou. E, olha só, eu acho que vocês não deviam mencionar o que aconteceu para o Christopher, porque ele pira fácil e vai me deixar presa naquela cama por sabe-se lá quanto tempo.

Madalena: Ele é muito cuidadoso com a sua saúde - Madalena apontou.

Dulce: Mas eu não tô doente. Só o preocuparia à toa.

Gomes: Talvez ela tenha razão, senhora Madalena - Gomes concordou. - O patrão perde o juízo quando o assunto é a saúde da esposa.

Madalena ponderou por um instante e, por fim, cedeu.

Madalena: Vamos fazer como a senhora deseja, mas, se eu notar que o mal estar voltou, falarei com o seu marido e certamente ele chamará o dr. Almeida.

Dulce: Tá certo, Madalena. Mas eu tô bem. Juro.

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No entanto, só por precaução, ela me fez ficar quieta na sala de leitura e a cada cinco minutos aparecia para dar uma conferida em mim. Eu estava lendo o terceiro volume de Emma quando ouvi um barulho de carruagem se aproximando. Espiei pela janela a tempo de ver Anahí desembarcar.

Acenei para ela, que devolveu o cumprimento. Então me apressei para encontrá-la, disposta a descobrir o que andava rolando entre ela e o primo.

Porém eu a encontrei na sala com o olhar perdido na janela, os braços cruzados. Seu ar era tão triste que me partiu o coração.

Dulce: Ei, o que foi? - me aproximei e toquei seu ombro.

Anahí: Oh, não foi nada. - Ela tentou sorrir, mas o sorriso era vazio, sem as covinhas que eu tanto amava.

Dulce: Anahí, não tenta me enganar. O que aconteceu? Você tá deprimida. Foi o Alfonso? Porque se ontem à noite ele fez ou falou alguma coisa que...

Anahí: Não! - ela se apressou em dizer, seu rosto se encheu de cor. - Ele não fez nada que mereça recriminações, posso garantir. Só fiquei triste com as notícias que a senhora Boyer me contou, a respeito da senhora Domitila, uma amiga dos tempos de criança. A família dela se mudou faz alguns anos, tivemos o mesmo professor de francês e até fizemos algumas aulas juntas. Ela era adorável, Dulce. Gostava muito de cavalgar e era tão aplicada nos estudos! Sonhava se casar e ter muitos filhos. Ela conseguiu a primeira parte e estava tão contente. Mas tudo acabou, pois ela... Houve uma tempestade e...

Ela não precisava terminar.

Dulce: Ah, Anahí. - Eu a abracei com força. - Sinto muito.

A menina soluçou baixinho em meus braços, os ombros estreitos se sacudiam de forma dolorosa. Engoli em seco e tentei afastar o medo que subitamente tentava se instalar em meu cérebro. Mais uma vítima da maldição. E Anahí a conhecia...

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