Fanfic: Encontrada (2ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy

Dulce: Christopher, não precisa...
Christopher: Dulce, não discuta comigo agora! - Seu tom foi tão cortante que achei melhor deixar por aquilo mesmo. - Algo em especial lhe apetece?
Pensei por um momento.
Dulce: Bolo seria legal.
Ele assentiu uma vez e ficou de pé. Então se inclinou para me dar um beijo delicado na testa.
Christopher: Volto em um minuto. - E acariciou meu rosto com as costas dos dedos. - Promete que ficará na cama?
Dulce: Se eu prometer, suas coisas se mudam pra cá ainda hoje?
As roupas de Christopher continuavam no outro quarto. Gomes e Madalena se recusavam a fazer a troca toda vez que eu pedia, alegando falta de decoro.
Resolvi eu mesma levar algumas peças, porém as roupas magicamente desapareciam do quarto em que dormíamos e reapareciam no guarda-roupa do cômodo ao lado.
Christopher franziu a testa e olhou para a porta do quarto conjugado.
Christopher: De acordo. Vou falar com Gomes outra vez. - Ele fitou a irmã. - Anahí, se importaria de fazer companhia a Dulce enquanto vou até a cozinha?
Anahí: Não, de modo algum. Eu não pretendia deixar minha irmã mesmo que não me pedisse.
Christopher assentiu e, muito relutante, saiu do quarto. Eu bufei assim que a porta se fechou.
Dulce: Seu irmão precisa parar de achar que sou feita de cristal. Vai acabar careca antes dos trinta nesse ritmo.
Anahí soltou uma risadinha.
Anahí: Creio que ele não possa se conter. Até eu fiquei alarmada ao vê-la chegar desacordada. E recorde-se de que a primeira vez que a vi havia um talho em sua testa!
Eu ri também.
Dulce: Foi mal. Não sei o que aconteceu. Acho que a coisa com o cavalo me abalou mais do que imaginei.
Anahí: Sim, é sempre um acontecimento triste. Christopher fica muito deprimido, mas tenho a impressão de que seu mal-estar o fez se esquecer um pouco da tristeza de perder Meia-Noite. Angelique está na sala tentando distrair tia Ninel. Minha tia queria vê-la, ficou desconfiada de que seu desmaio se tratasse apenas de um estratagema para atrair a atenção de Christopher.
Revirei os olhos.
Dulce: Logo se percebe que essa mulher não me conhece. E, se eu já não gostasse da Angelique, depois de saber que ela está contendo a fera, passaria a amá-la. - Fiz menção de me sentar, mas Anahí foi mais rápida.
Anahí: Não, não se levante, ou Christopher brigará conosco - ela me deteve pelo ombro.
A porta se abriu e Madalena entrou com uma bandeja nas mãos, seguida de perto por Christopher e pelo dr. Almeida. A governanta me lançou um olhar aflito ao passar por mim, e suas mãos tremiam conforme ela colocava o prato de bolo sobre a mesa de cabeceira. Eu a fitei com curiosidade, mas tudo que recebi em resposta foi uma espécie de soluço. Ela se retirou sem encarar mais ninguém.
Voltei minha atenção para Christopher, mas ele estava... Bom, não sei ao certo o que o incomodava, mas algo estava errado.
Dr. Almeida: Boa tarde, Dulce. Soube que deu um grande susto em seu marido - disse o médico, apoiando a maleta sobre a cama.
Dulce: Christopher é muito exagerado. Foi apenas uma queda de pressão. - Sorri para Christopher.
Ele não sorriu de volta.
Dr. Almeida: Veremos. - O médico abriu sua valise.
Anahí se levantou.
Anahí: Bem, estarei na sala se precisarem de mim. - E saiu do quarto com uma reverência apressada.
O médico me fez várias perguntas, para em seguida retirar um cone metálico da maleta e pressionar a boca larga do objeto contra o meu peito, colando o ouvido no orifício menor. O dr. Almeida me apertou em todos os lugares que os médicos costumam apalpar.
Christopher se aproximou para acompanhar o exame de perto, cruzando os braços.
Dulce: O que foi? - perguntei.
Ele apenas sacudiu a cabeça e desviou o olhar, ainda aborrecido. Na verdade, parecia prestes a explodir, como uma lata de refrigerante sacudida por uma daquelas máquinas de misturar tinta.
Dr. Almeida: Não sente nada diferente? - o médico insistiu mais uma vez. - Nenhum sintoma?
Dulce: Não. Fiquei sem comer, só isso. Eu disse ao Christopher que não era nada, mas ele não acreditou em mim.
Dr. Almeida: Humm... - O dr. Almeida franziu a testa ao fim do exame. - A princípio foi apenas uma queda de pressão, senhor Uckermann.
Christopher soltou um longo suspiro de alívio, fechando os olhos. Imaginei então que aquela atmosfera irritadiça iria embora, mas eu me enganei. O que havia acontecido agora?
Dr. Almeida: Vamos observar se o episódio se repetirá - continuou o médico. - Por precaução, recomendo um pouco de repouso.
Dulce: Ah, não, doutor! - resmunguei.
Dr. Almeida: Não precisa ficar na cama, apenas não se exercite muito e evite se expor ao sol forte ou fazer passeios prolongados.
Christopher: Tínhamos planejado uma viagem - Christopher falou pela primeira vez desde que voltara com o médico. Sua voz soou grave.
Dr. Almeida: Não seria aconselhável - o médico foi categórico.
Christopher assentiu uma vez.
O dr. Almeida passou-lhe ainda outras recomendações e em seguida se despediu, dizendo que precisava visitar um paciente.
Christopher: Vou acompanhar o doutor até a porta - ele me avisou, evitando meu olhar.
Dulce: Tá bom - concordei, embora quisesse enchê-lo de perguntas.
Christopher escoltou o médico para fora do quarto. Pouco depois Anahí retornou.
Anahí: Christopher está tão transtornado que mal trocou duas palavras comigo. O que houve? - ela perguntou, se sentando na beirada do colchão.
Dulce: Eu tinha esperanças de que você me contasse.
Christopher: Ele pediu que eu viesse lhe fazer companhia e saiu. Algo muito grave deve ter acontecido.
Eu concordava com ela. Queimei os miolos em busca de respostas, mas não consegui encontrar nada.
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Anahí me manteve presa à cama como se eu fosse uma inválida. Até arrumou um jogo de xadrez e tentou me distrair. Não que eu soubesse como jogar. Não que eu estivesse prestando atenção nas peças que ela movia.
Ninel bateu à porta um tempo depois avisando que o jantar seria servido e que exigia a presença da sobrinha. Perguntei por Christopher, mas, com poucas palavras, ela disse que não era um mensageiro.
Anahí: Tia Ninel, estamos preocupadas! - explicou Anahí, também aflita. - Christopher estava muito zangado esta tarde. Não sabemos o motivo.
A mulher se aproximou da cama, os olhos presos em mim, como se fosse uma caçadora, e eu, sua presa.
Ninel: Meu palpite é de que algo que a senhora Uckermann fez o deixou naquele estado. Aliás, a senhora parece bem-disposta. A cor em seu rosto é tão vibrante que ninguém diria que desfaleceu ainda há pouco.
Dulce: É blush. Da MAC. Incrível, né? - sorri.
Ninel: De quem? - A mulher franziu o cenho, e muitas dobras decoraram sua testa.
Se eu não estivesse tão preocupada com o que perturbava Christopher, teria rido da sua cara confusa.
Dulce: Vai comer, Anahí - sugeri à minha irmã caçula. - Vou esperar Christopher voltar.
Ela relutou, mas, diante da insistência de Ninel e da minha teimosia, acabou cedendo.
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A noite caiu e eu não aguentava mais ficar deitada, então pulei da cama e, para matar o tempo, decidi escrever para Maite. Com a vela nas mãos, sentei-me à mesa no canto do quarto e comecei a rabiscar com a pena. Eu tinha acabado de esfregar o mata-borrão no papel, e borrado quase tudo, tornando a leitura incompreensível, mas e daí? Maite nunca leria nada daquilo mesmo, quando Christopher regressou.
Pulei da cadeira, apreensiva. Ele parecia esgotado, estava descabelado e trazia uma bandeja nas mãos, o olhar totalmente voltado para o prato. Foi aí que percebi que Ninel tinha razão: eu tinha tudo a ver com o que quer que o estivesse incomodando.
Dulce: Até que enfim! Você sumiu. Fiquei preocupada - falei, com uma voz que não era minha.
Christopher: Eu precisei sair. Como está se sentindo?
Dulce: Bem melhor.
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