Fanfic: Encontrada (2ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy

A notícia me deixou muda, perplexa a ponto de eu me perguntar se não havia sofrido um aVc.
Christopher: Quando isso aconteceu? - Christopher trincou os dentes.
Madalena sacudiu a cabeça freneticamente.
Madalena: Não sei dizer. Creio que durante a madrugada, depois que o senhor Uckermann... o outro senhor Uckermann - ela me fitou - voltou da busca por sua senhora.
Christopher: E a senhorita Angelique? - ele quis saber.
Madalena: Está trancada no quarto, chorando, a pobrezinha.
Christopher soltou a governanta e foi direto vasculhar suas roupas ensopadas jogadas no chão perto da banheira, encontrando seu relógio.
Christopher: Maldição, já devem estar longe. Peça a Isaac para preparar o cavalo. Imediatamente! - ordenou num tom sombrio que eu nunca tinha ouvido antes.
Dulce: Vai atrás deles? - perguntei, desejando mais do que nunca que os carros já tivessem sido inventados.
Christopher me examinou por um momento, deliberando.
Christopher: Nós iremos. - E, se dirigindo a Madalena, acrescentou: - Esqueça o cavalo. Diga a Isaac que deixe a carruagem na porta da frente. Partiremos em cinco minutos.
Madalena fez uma rápida reverência e tentou engolir o choro antes de deixar o quarto. Christopher não perdeu um segundo sequer. Correu até o guarda-roupa, pegando as primeiras peças que encontrou - calça cinza e camisa branca. Eu soltei o lençol e revirei a bagunça de tecido para encontrar meu elástico de cabelos. Fiz um rabo de cavalo meio torto.
Dulce: Você acha que o Sebastian fugiu para não ter de se casar com a Angelique?
Christopher: Prefiro não pensar muito sobre isso, ou irei matá-lo assim que puser os olhos nele - sua voz trovejou, repleta de irritação. - O que quero saber é por que Anahí foi levada.
Dulce: Christopher, sua tia é maluca, sabe disso, não? - Abotoei o sutiã.
Christopher: Sim, infelizmente.
Coloquei a calcinha e enfiei um vestido qualquer pela cabeça. Um verde-militar.
Dulce: Então, eu tô aqui pensando os maiores absurdos. Diz que tô errada.
Christopher fez uma pausa, uma das botas na mão, a calça já no devido lugar, e me examinou por um segundo. Por um instante, pensei que ele fosse ter de se sentar de tão perplexo.
Christopher: Ela não ousaria ferir Anahí.
Dulce: Já é alguma coisa - resmunguei, enfiando as botas vermelhas.
Pronto, Christopher separou algumas peças de roupa - dele e minhas - e me entregou. Eu enfiei tudo dentro de uma mala quadrada dura que encontrei sobre o guarda-roupa enquanto ele terminava de fechar os botões em minhas costas.
Christopher: Vamos. - Ele me pegou pela mão, com a mala na outra, e juntos corremos até a entrada da casa.
Madalena nos esperava na porta, e me entregou uma cesta de palha.
Madalena: Boa viagem, e não se esqueça de comer alguma coisa no caminho - aconselhou, toda maternal.
Dulce: Tá, valeu, Madalena. - Beijei sua bochecha, e ela ficou paralisada de surpresa. - A gente volta logo. Com a Anahí. Cuida da Angelique, tá? Não a deixe ir pra casa de jeito nenhum até a gente voltar.
Madalena: Mas não posso detê-la contra a vontade dela.
Dulce: Claro que pode. É só não deixar que ela perceba. Enrola, Madalena. Promete?
Ela assentiu, e Christopher abriu a porta da carruagem para mim. Mal ela se fechou e já estávamos em movimento.
Christopher: Não fique tão aflita. Traremos Anahí de volta. - Christopher pousou a mão na minha coxa, me impedindo de continuar a sacudir. - Tudo ficará bem. Ela logo estará em casa.
Aceitei seu conforto e descansei a cabeça em seu peito.
Dulce: Sua tia mora muito longe?
Christopher: Um pouco. Devem estar meio dia à nossa frente.
Dulce: Vá o mais rápido que puder, Isaac - gritei para o rapaz que nos conduzia.
Isaac: Sim, patroinha. - E o impacto dos cascos contra o solo se tornou mais frenético.
A paisagem foi mudando gradativamente. Passamos de campos com algumas esparsas elevações para vales imensos, e então montanhas. O cenário foi se tornando mais denso, fechado, como se nos embrenhássemos em uma floresta. Pedras imensas recobertas de limo nos faziam desviar o curso, e demos início a uma descida íngreme que exigiu muito dos cavalos.
Paramos uma vez, no que parecia uma cachoeira improvisada, onde os cavalos beberam água e descansaram um pouco, e então pudemos comer o que Madalena colocara na cesta.

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A noite chegou, e nós ainda estávamos naquela descida íngreme. Uma enorme construção surgiu na paisagem, e Christopher decidiu parar, considerando muito perigoso prosseguir no escuro. A estalagem, algo parecido a hotel de beira de estrada, que fornecia guarida para pessoas e cavalos, não era muito luxuosa.
Não tinha me dado conta de como estava exausta até descer da carruagem. Christopher pagou pelos quartos - o nosso e o de Isaac. Subimos uma escada que rangia sem parar rumo ao segundo andar. Quando encontramos o nosso quarto, Christopher colocou a mala sobre uma cadeira e passou a tranca na porta.
Dulce: Uau! - falei, observando a parca decoração ao redor. Havia uma cama, uma mesa rústica com duas cadeiras e dois criados-mudos. Fiquei feliz ao me deparar com a banheira já preparada no canto escuro.
Christopher: Não era bem o que eu havia planejado para a nossa lua de mel - disse ele esgotado, ao examinar o ambiente.
Dulce: Ei! - Toquei seu braço. - Eu achei o máximo. Quer dizer, se a situação fosse outra, eu me divertiria muito num lugar feito este. Eu sempre ficava imaginando como seriam os hotéis dessa época. Tipo, quando a Elizabeth Bennet viajou com os tios, ela deve ter se hospedado num lugar assim, né?
Ele esboçou um sorriso. O primeiro desde que soubera do rapto de Anahí.
Christopher: Não faz ideia de como sou grato por tê-la em minha vida, Dulce. - Ele me puxou para perto, mas ainda estava tenso, e a ruga de preocupação em sua testa parecia entalhada ali.
Dulce: Christopher, você acha que a Angelique e Sebastian... você sabe... foram até o fim?
Christopher: Não. Falei brevemente com ele na madrugada passada. Teriam ido adiante se a senhora Madalena não os tivesse surpreendido. Sebastian desfez apenas os dois primeiros botões do vestido, o que não o isenta de responsabilidade. Ainda não posso acreditar que ele tenha fugido - Christopher sacudiu a cabeça, aborrecido.
Dulce: Posso quebrar o nariz dele, se quiser - ofereci.
Ele deu um leve sorriso e soltou o elástico dos meus cabelos.
Christopher: Agradeço, mas eu mesmo farei isso.
Apesar de toda a preocupação, Christopher sentia necessidade de contato, de calor, e eu fiquei mais do que feliz em poder confortá-lo.

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Voltamos para a estrada pouco antes de o sol nascer. Isaac parecia tão tenso quanto Christopher e eu.
Conforme as curvas na estrada aumentaram, um perigoso penhasco se revelou. Entendi a preocupação de Christopher quanto a viajarmos durante a noite.
Numa dessas curvas, avistei ao longe um infinito lençol verde-água ladeado por uma ampla faixa branca.
Dulce: Estamos indo ao litoral? - perguntei.
Christopher: Sim.
Tudo bem, eu sabia que as praias existem desde sempre, mas senti certo alívio ao descobrir que eram accessíveis. Talvez pudéssemos voltar depois, quando tudo tivesse se resolvido.
O céu mudou de cor e não demorou muito para que tímidas gotas de chuva atingissem a janela. Christopher começou a ficar nervoso e apertou minha mão com força. Ele cuspiu um palavrão quando relâmpagos e trovões começaram a cruzar o céu, como se fossem um aviso de que algo ainda pior estava por vir.
Christopher: Não foi uma boa ideia trazê-la comigo. Onde é que eu estava com a cabeça? Não devia colocá-la em tamanho risco - falou, atormentado.
Dulce: A maldição não existe, Christopher.
Christopher: Como pode ter certeza?
Dei de ombros.
Dulce: Apenas tenho.
Ele não acreditou em mim, principalmente quando a chuva desabou, furiosa, nos obrigando a diminuir o ritmo. Um tempo depois, seguíamos tão devagar que pensei que Isaac estava estacionando. E estava mesmo.
Através da cortina de água que nos cercava, avistei uma carruagem parada num ângulo esquisito. Um homem, no meio da estrada, acenava com os braços.
Sebastian.

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