Fanfic: Encontrada (2ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy

Uma casinha preta com rodas puxada por um cavalo cinza atravessou a praia e estacionou na faixa úmida de areia. O senhor Schultz acenou animado, depois de colocar uma pedra embaixo de uma das rodas dianteiras. As traseiras ficaram parcialmente imersas no mar.

Dulce: Legal! Já inventaram os quiosques! - exclamei.

Christopher franziu a testa.

Christopher: Não sei ao certo a que se refere, mas aquilo é uma cabine de banho.

Dulce: Uma o quê?

Anahí: Onde as damas trocam os trajes de passeio pelos de banho - explicou Anahí. - E é como elas são levadas até a água.

Dulce: Como é que é? - A Jane Austen nunca mencionou uma cabine de banho.

Continuei ouvindo horrorizada Christopher e Anahí explicarem mais sobre ela.

Ao que parecia, ninguém deveria ver uma mulher em traje de banho, de modo que a cabine a transportava até a água e depois a trazia de volta, e a dama só voltava à areia fofa depois de ter trocado as roupas molhadas por secas. Tudo bem, se fosse um biquininho fio dental eu até poderia entender todo aquele carnaval, mas o traje de banho de 1830 consistia em uma camisa de mangas longas, espartilho, saia comprida e um vestido por cima.

Eu me perguntei como é que elas conseguiam flutuar com tudo aquilo...

Dulce: Ah, não. Não mesmo! - reclamei. - Chega de casinhas pra mim. Não vou entrar naquela coisa!

Christopher: Imaginei que diria isso. - Christopher colocou a cesta e meus sapatos na areia e me encarou por um instante. - Mas foi você quem insistiu para que viéssemos ao litoral, e eu ficarei muito decepcionado se não se banhar.

Dulce: Bom, eu tinha planejado mesmo dar um mergulho, mas, se pra isso tenho que usar uma casinha, então tô fora.

Christopher: Há outra forma. - Ele abriu aquele sorriso malicioso que fazia minhas entranhas bailarem.

Dei um passo para trás, adivinhando o que ele pretendia.

Dulce: A água tá bem fria - alertei. - E você ainda está de botas.

Christopher: Está com medo, Dulce? - desafiou, dando um passo à frente.

Recuei de novo.

Dulce: Com medo? Eu? - E saí correndo.

Ele veio atrás. Suspendi até os joelhos as saias já meio úmidas para ser mais rápida. Christopher se deteve na metade do caminho para se livrar das botas.

Pensei que com a dianteira eu me safaria, mas em poucas passadas ele alcançou minha cintura e me puxou para trás. Pegando-me no colo como se eu não pesasse quase nada, ele me aninhou em seu peito e fomos juntos para a água. Uma onda se aproximou, ele se abaixou. A temperatura fez meu coração disparar e minha pele se arrepiar. Quando emergimos, afastei os cabelos do rosto. Christopher me colocou sobre meus próprios pés, mas manteve as mãos em minha cintura.

Dulce: Maluco! - Espirrei água nele.

Christopher: Oh, que lástima! Você está tremendo - disse, se esforçando para soar preocupado.

Dulce: Não tô nada! A água tá uma delícia - respondi sem entender.

Christopher: Não me contradiga, minha senhora. A água está gelada, congelante, e você está tremendo, quase convulsionando! Agora terei de aquecê-la. Não há outra maneira. - Ele me puxou, travando minhas pernas submersas ao redor de seus quadris e beijou minha testa, meus olhos, meu nariz.

Ah! Aaaaaah!

Dulce: Oh, o senhor tem razão, senhor Uckermann. - Entrei na brincadeira. - Mal consigo vê-lo de tanto que chacoalho. Pode se apressar em me esquentar?

Christopher: Certamente. - Ele sorriu antes de aquecer os meus lábios.

É claro que não fomos além disso. Anahí e Isaac estavam ali — além do senhor Schultz —, e nem eu nem Christopher éramos exibicionistas. Contudo, o que acontecera naquela noite na privacidade de nosso quarto poderia muito bem ter incendiado a pensão.

Um solavanco me tirou do devaneio, me trazendo de volta ao presente.

Christopher se mexeu ao meu lado e lançou um olhar pela janela. Anahí permanecia adormecida.

Christopher: Já estamos em casa - constatou, surpreso. - Quanto tempo eu dormi?

Dulce: Não muito. Estou ansiosa pra saber se tudo correu bem. Acha que o Sebastian vai fazer a coisa certa?

Christopher: Tenho certeza de que já fez.

Dulce: Anahí vai sofrer muito com a ausência da Angelique.

Christopher assentiu uma vez, preocupado, observando a irmã em seu sono.

A carruagem parou, e ele se apressou em descer primeiro. Toquei de leve o braço de Anahí. A garota piscou os imensos olhos azuis.

Dulce: Chegamos - avisei.

Anahí: Ah, que alegria. Nunca estive longe de casa por tantos dias. Mas devo confessar que foi uma aventura sem igual. Tenho tanto para contar a Angelique! - Ela se precipitou porta afora e eu fui atrás.

Não sei se me levantei rápido demais, se toda a agitação dos últimos dias cobrou sua conta ou se foi por não comer desde o início da manhã, mas a verdade é que a tontura me encontrou com força e me tirou dos eixos. O mundo começou a se inclinar de um jeito esquisito enquanto eu tentava me manter na vertical.

Christopher: Dulce! - o grito atormentado de Christopher foi a última coisa que ouvi.

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Ah, cara, aquela coisa de ficar desmaiando era um saco! Como se não bastasse o mal-estar que se seguia, me deixando molenga e enjoada, Christopher praticamente me obrigava a virar uma inválida. Recobrei os sentidos já no quarto, para onde Christopher me levara. E depois colocou os empregados num frenesi louco, dando ordens tanto a eles quanto a mim. Ele não permitia nem que eu me sentasse, temendo que eu pudesse estar muito fraca. O que era mais ou menos verdade.

Christopher: Por que o dr. Almeida está demorando tanto? - resmungou ele, sentado ao meu lado na nossa cama, olhando para o relógio pela milésima vez.

Dulce: Christopher, já passou. Estou bem - eu lhe garanti. De novo.

Christopher: Não sairá desta cama até o médico dizer que está bem para isso.

Dulce: Que saco! - Cruzei os braços e fechei a cara.

Madalena entrou no quarto e se aproximou com uma bandeja nas mãos.

Madalena: Eu lhe trouxe um pouco de café e bolo. Talvez ajude a recuperar suas forças.

Meu estômago se agitou quando o aroma do bolo de fubá atingiu meu nariz. De um jeito não muito bom.

Dulce: Nossa, não! Leva isso daqui, ou eu vou vomitar. - Cobri o nariz com a mão.

Madalena: Mas a senhora adora o meu bolo! - argumentou Madalena, magoada. Então algo em seu olhar mudou e de repente seu rosto se iluminou como uma árvore de Natal. - Oh!

Dulce: O quê? O que esse oh significa? - eu quis saber.

Madalena: Nada. - Mas ela olhava para Christopher com um sorriso imenso e um brilho úmido nos olhos. - Vou levar o bolo para a cozinha. Que tal um refresco de limão?

Dulce: Pode ser. Só tira o bolo daqui - falei, estranhando sua atitude.

Madalena: Claro, senhora. Agora mesmo.

Christopher e eu observamos desconfiados Madalena se retirar.

Dulce: Ela nunca me atende assim, sem reclamar - assinalei.

O V entre suas sobrancelhas se acentuou.

Christopher: Sim, é de fato muito estranho. - Christopher tirou o relógio do bolso e o examinou de novo. - Onde diabos está Almeida?

Dr. Almeida: Bem aqui, meu caro amigo - avisou o homem magro ao passar pela porta com sua inseparável maleta na mão esquerda.

Christopher: Graças a Deus! - Christopher se levantou. - Dulce desmaiou outra vez. - E, sem dar tempo para o sujeito respirar, narrou a ele o que acontecera. Nos mínimos detalhes. - Não pode ser outra queda de pressão. O senhor precisa descobrir o que está afetando a saúde de minha esposa!

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