Fanfic: Encontrada (2ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy

O dia passou como um raio, e na manhã seguinte o enjoo me atingiu com força.

Era como se a descoberta da gravidez tivesse aumentado a náusea. Mas foi só botar tudo para fora uma vez e me senti como nova.

Assim que Christopher teve certeza de que eu estava bem, se apressou até o estábulo, já que chegara a hora de seus novos garanhões mostrarem serviço.

Aproveitei para trocar uma palavrinha com Angelique que zanzava radiante pela sala de leitura.

Angelique: Pensei que Sebastian tivesse fugido. Mas ele já me explicou tudo. Poupamos papai do mau passo que dei, pois não aconteceu nada que precisasse antecipar o casamento. No entanto, Sebastian deseja marcar a data para antes do Natal - contou ela sem conseguir conter a alegria.

Anahí me surpreendeu ao sorrir. Achei que ela ficaria triste em saber que a amiga iria morar longe. Bom, ao menos era o que eu pensava.

Angelique: Sebastian foi falar com o senhor Gouvêa - Angelique explicou. - Estão vendendo a propriedade. Sebastian quer se instalar nas redondezas. Não quer me afastar de minha família.

Ou deseja ficar bem longe da mãe.

Gomes entrou na sala e anunciou a chegada de um visitante.

Gomes: O senhor Herrera acaba de chegar.

Anahí: Oh! - Anahí saltou da cadeira alisando o vestido. Pareceu preocupada que a saia não estivesse tão ampla pela falta de crinolina. A anágua com bambolês deixava a coisa um pouco menos bufante.

Dulce: Você tá linda - falei. E me virei para Gomes: - Peça para ele entrar, seu Gomes, e depois traga um suco, por favor.

O mordomo se inclinou e, poucos segundos depois, Alfonso apareceu, retorcendo o chapéu nas mãos.

Alfonso: Bom dia. Desculpem-me pelo adiantado da hora. Mas acabo de saber de seu noivado, senhorita Angelique, e gostaria de felicitá-la.

Angelique: Quanta gentileza. Muito obrigada, senhor Herrera. - Angelique corou de leve.

Alfonso: Eu não podia perder tempo. - Os olhos do rapaz se prenderam em Anahí.  Parto esta tarde para a cidade, para continuar o meu curso.

Anahí: Tão depressa? - Anahí arriscou dizer, evitando contato visual.

Alfonso: Sim. Mas voltarei assim que puder - disse ansioso. - Certamente antes do Natal.

Olhei de um para o outro, notando a aflição de ambos.

Dulce: Que bom que veio, Alfonso. Anahí estava comentando agora mesmo que queria caminhar um pouco, mas eu não ando muito disposta e a Angelique... bom, ela machucou o pé.

Angelique: Machuquei? - perguntou a garota, franzindo o cenho.

Dulce: Machucou. - Lancei a ela um olhar enviesado.

Angelique: Ah, sim, acabo de me lembrar. Torci o pé ao descer da carruagem.

Alfonso soltou um suspiro aliviado.

Alfonso: Será um imenso prazer acompanhar a senhorita Anahí, se ela me permitir. - E a olhou em expectativa.

Anahí corou, baixou os olhos, mas assentiu de leve. Ele esticou o braço para a garota, porém, antes que ela aceitasse, eu me meti entre eles, pegando Alfonso pela mão.

Dulce: Preciso falar com você um minutinho.

Surpreso, o rapaz se deixou arrastar até o canto da sala.

Dulce: Tá legal - comecei em voz baixa -, vamos direto ao ponto. Sei que é um cara bacana e tudo mais, mas ouvi dizer que o Christopher tem uma ótima pontaria. Então mantenha as mãos na altura dos ombros e não teremos problemas.

Alfonso: Senhora Uckermann! Por quem me toma? - reclamou ofendido.

Não me deixei impressionar.

Dulce: Por um garoto apaixonado cheio de hormônios - dei de ombros.

Ele corou.

Alfonso: Eu jamais tentaria... Nunca desrespeitaria a senhorita Anahí... Eu não poderia... - Ele suspirou, vencido. - Mãos acima dos ombros.

Dulce: Ótimo!

Angelique deixou a sala de fininho, abafando o riso.

Alfonso ofereceu o braço à minha irmã adolescente, que aceitou constrangida, e juntos desceram as escadas da frente da casa. Porém Anahí se deteve por um instante, disse alguma coisa a Alfonso e subiu os degraus correndo. Eu me adiantei. O rosto dela reluzia.

Anahí: Tenho algo a lhe perguntar. Já faz um tempo, mas nunca encontro coragem para abordar o assunto - ela disse quase sem fôlego. - Ouvi sua conversa com Christopher, no escritório dele, na manhã após o baile de lady Catarina.

Dulce: Ouviu? - perguntei, tentando me lembrar do conteúdo da conversa.

Eu discutia a possibilidade de Anahí viver com Ninel. E eu só dissera aquilo porque tinha visto o futuro dela e...

Oh-oh.

Anahí: Sim, ouvi coisas que você preferia manter em segredo. - Ela corou, mortificada. - Todavia, desejo salientar que não importa de onde... ou de quando tenha vindo. Você veio, e isso é tudo. É a irmã com a qual a vida me presenteou, e agradeço todos os dias por essa dádiva magnifica.

Dulce: Ah, Anahí. Eu pensei que você... sabe... me olharia de um jeito diferente. Eu não suportaria perder a sua admiração.

Anahí: Isso nunca acontecerá, posso lhe assegurar. Irmãs são amigas que nunca precisam partir, lembra-se?

Fiz que sim com a cabeça e a abracei com força, aliviada por não precisar mais mentir para ela.

Anahí: Mas tenho uma pergunta - ela sussurrou com a cabeça em meu ombro. - E tudo o que precisa responder é um sim ou não. Não questionarei mais nada a respeito.

Dulce: Tudo o que quiser - falei, impressionada com a naturalidade com que aquela menina maravilhosa tratava o assunto.

Ela se afastou o suficiente para me olhar nos olhos.

Anahí: É ele? O cara que será tudo em minha vida, como você disse a Christopher? É Alfonso? Porque meu coração faz coisas estranhas quando estou perto dele. Ou o vejo. Ou penso nele.

Mordi o lábio e, diante daqueles enormes olhos azuis suplicantes, me vi impotente e assenti uma vez.

Anahí: Obrigada! Mil vezes obrigada! - Ela se esticou para depositar um beijo em minha bochecha antes de descer correndo as escadas e se juntar ao grande amor de sua vida. Ou ao menos seria, em alguns anos.

Eu os observei caminharem devagar, lado a lado. O destino da menina retomara seu curso. Não tardaria e Alfonso entraria naquela sala para pedir a mão dela. Humm... Antes eu precisava preparar o Christopher. E talvez esconder sua arma, só por garantia.

Como se soubesse que meus pensamentos se voltavam para ele, Christopher entrou na sala, animado.

Christopher: Como está se sentindo, minha adorável esposa?

Dulce: Feliz. Olha. - Apontei para o par. A risada delicada de Anahí chegou aos nossos ouvidos.

Christopher franziu a testa.

Christopher: Para onde estão indo?

Dulce: Dar uma volta. Alfonso vai embora hoje e veio se despedir de Anahí.

Christopher: E por que ele precisa levar minha irmã para fora de casa para se despedir? - ele perguntou de um jeito que não achei muito bom.

Dulce: Christopher... Olhe bem pra eles.

Ele olhou. A menina virava a cabeça para o lado oposto ao do seu acompanhante quando ele a fazia rir. E este, por sua vez, parecia se empenhar ainda mais no intuito de repetir o feito.

Christopher: Alfonso? - Os olhos de Christopher se arregalaram. Eu assenti uma vez. Sua expressão se tornou obscura. - E você permitiu que ele levasse Anahí para sabe-se Deus onde?

Dulce: Confie um pouco nela. - Agarrei seu braço e pousei a cabeça em seu bíceps. - Eu falei com o Alfonso antes. Ele não quer se aproveitar de Anahí, Christopher. Ele a ama de verdade.

Meu marido voltou a examinar o casal, que se distanciava cada vez mais.

Christopher: Acho bom ele não querer mesmo. - Com toda certeza eu deveria esconder sua arma. - Mandarei Isaac vigiar os dois.

Dulce: Nada disso. - Ergui a vista para o seu belo rosto. - Você vai me levar até a vila. Temos coisas importantes pra fazer.

Christopher: Como o quê? - Ele me encarou surpreso.

Dulce: Falar com o seu Plínio e ver se ele ainda tem interesse no condicionador. Espalhar a notícia de que a crinolina é perigosa e, sei lá, pensei em namorarmos um pouco. Sua tia parece menos... humm... endemoniada, como a Madalena disse mais cedo, mas eu ainda quero ter um tempinho só para nós dois, enquanto ainda somos só nós dois. - Toquei minha barriga plana.

Christopher me enlaçou pela cintura, se inclinou para pousar um beijo na pontinha da minha orelha, fazendo meu corpo todo vibrar. Sua voz soou baixa e rouca ao perguntar, todo sedutor:

Christopher: Quando partimos?

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