Fanfic: Neo Pokémon Kalos | Tema: Pokémon
No meio de uma área verde com bastante grama e arbustos, uma estradinha de terra se estende por alguns quilômetros. Algumas pessoas caminham por ali, seguindo para norte ou para sul. O céu com poucas nuvens mostra seu esplendor azul e o sol banha tudo ali com sua luz. Ali era a rota dois que servia de elo entre Aquacorde e um vasto aglomerado de árvores, a floresta de Santalune.
Num ponto qualquer da rota um rapaz vestido em azul caminha para o norte, em direção a floresta.
— Eu devia ter tirado a jaqueta e a deixado na bolsa. – Xavier reclama ao limpar o suor de sua testa. – Mas bem, isso não importa. Não vou parar tão cedo só pra tirar a blusa. – e segue caminhando.
Estava sendo bem tranquilo caminhar por ali tirando o sol da equação. O farfalhar de folhas, o gorjeio dos pássaros e o caminho livre eram bastante relaxantes e faziam com que o percurso valesse a pena.
Xavier acaba por chegar num trecho da rota que apresentava um problema comum em estradas pouco utilizadas: o mato. Este, que cobria pouco mais do que uns dez metros de extensão neste caso. A erva daninha crescia desigual por ali, em alguns locais estando bem rala, e, em outros, estando em moitas na altura do joelho.
O jovem se atenta ao andar ali. Com cuidado, pé a pé, ele vai passando pelo mato. Um barulho! O rapaz trava no lugar, mas vira sua cabeça a tempo de ver algo se mexer. Nisso uma criatura vai aos poucos se revelando, até aparecer por completo no campo de visão de Xavier.
Era um ser pequeno, do corpo amarelado. Parecia algum tipo de lagarta, com o corpo dividido em sessões esféricas de tamanho decrescente da cabeça ao rabo. No rosto, um par de olhos pretos e brilhantes, assim como uma coisa avermelhada com o formato de uma batata e um notável chifre. No final do corpo, havia um ferrão pouco menor que o corno em sua cabeça, pronto para qualquer surpresa.
— Eu já vi isso antes... – Xavier murmura. – Acho que é uma Weedle... Alguns colegas tinham delas... Ouvi dizer que ser ferroado por isso pode causar infecções graves...
O inseto parece não ligar muito para o rapaz, visto que com suas pequenas patinhas ia caminhando num balançado peculiar para outra moita. O jovem nota o ritmo o inseto em sua travessia e não se movimenta durante esse tempo para minimizar as chance de interessar a criatura. A Weedle some no mato logo depois. Xavier segue em frente, saindo então do trecho gramado.
O jovem olha para trás, como se gravasse em sua mente o curto momento de perigo, e segue novamente seu rumo. Não tarda muito e outro trecho mais difícil aparece como empecilho no caminho. Neste o mato já se encontrava mais alto, mais denso no geral. Xavier suspira, e caminha para dentro do conjunto de moitas.
A passos largos, o rapaz atravessa a erva daninha, numa tentativa de diminuir o tempo gasto ali. O trecho não era muito longo e Xavier acaba voltando logo para a estrada de terra. Mas isso não foi de muita ajuda.
Na estrada uma outra Weedle surge. Esta, mais curiosa que a anterior, olha em direção ao rapaz e, sem qualquer razão, se põe a ir para ele. A intenção da criatura era clara como o dia ao se atentar para o ferrão em sua cauda curvada para cima.
Xavier começa a suar frio. Ali acabava a brincadeira. Ali as coisas eram realidade. Ali não se podia bobear. Ele fecha os olhos, respira fundo, e então os abre. Suas mãos vão para a bolsa que carregava, de onde ele tira uma esfera multicolorida com a metade inferior branca e a metade superior sendo amarela e preta, com uma seta vermelha que aponta para um botão central localizado na linha que divide as bandas do objeto.
— É agora... – ele fala pra si mesmo.
Xavier aponta a esfera para frente e aperta um botão que se encontrava bem no centro da mesma, entre a divisão das duas cores. A esfera se abre, uma luz vermelha sai de dentro dela, e se condensa na direção do chão. Por fim a esfera se fecha e no chão onde a luz, a energia, havia se condensado uma criatura pequena observava com olhos curiosos os arredores.
Era um ser bípede que tinha uma pele lisa e alaranjada assim como uma cauda com aproximadamente a metade do tamanho de seu corpo com uma chama acesa na ponta. Do peito até a parte inferior do rabo uma cor mais clara era visível. As pernas da criatura eram bem curtas e os membros superiores também não eram lá grandes coisas, mas ambos os conjuntos tinham pequenas garrinhas em suas extremidades. No rosto da criatura grandes e curiosos olhos azuis, e pouco abaixo a boca com o que parecia ser um sorriso.
A criatura logo nota a Weedle e se põe à frente da mesma, como se fosse a coisa mais natural a ser feita. Os dois seres então se encaram e faíscas parecem sair de seus olhos.
— ... Parece que de onde esse Charmander veio ele é chamado Pairi... Eu não vou chamar ele assim... O cara disse que o bicho atendia a apelidos... Eu acho... – o jovem resmunga baixo. - Iri! – o rapaz já fala num tom alto.
O Pokémon laranja olha para o rapaz, expectativa nos olhos.
— Use Scratch. – Xavier ordena, apontando para a Weedle.
Iri levanta um de seus bracinhos e corre em direção a lagarta. A amarelada tenta desviar mas o Charmander aplica o golpe, fazendo com que o oponente seja empurrado alguns centímetros para trás e que pequenas marcas de garra apareçam no rosto do mesmo.
— Bom, bom! Mais uma vez! – fala o treinador com animação.
O pokémon obedece as ordens do treinador e segue rumo ao adversário novamente com seus bracinhos erguidos. A Weedle, no entanto, não era boba o suficiente para ficar parada e ser atacada novamente, por tal ela se joga para o lado num simples trabalho de movimento. O lagarto laranja erra o ataque e sofre as conseqüências. A lagarta amarela investe o seu chifre contra o oponente, que cambaleia por alguns passos desconexos.
Xavier não parecia estar gostando da batalha e seu rosto se distorce demonstrando sua impaciência, mas essa expressão não permanece em sua face por muito tempo, sendo logo substituída por uma que mostra convicção.
— Iri, Flare Blitz! – o jovem grita para o seu parceiro.
Os olhos do pequeno lagarto laranja brilham, e, como se erguesse seu espírito de luta, a chama de sua cauda aumenta numa rápida velocidade, até o ponto em que todo o seu corpo está encoberto por ela. Iri então se joga contra seu oponente, que, mesmo tentando desviar, não consegue escapar a tempo, sendo então consumido pelas chamas .
Alguns poucos segundos depois o fogo baixa e a chama no rabo do Charmander se mostra menor do que originalmente era. Seu corpo estava com pequenas escoriações, mas seu oponente se encontrava num estado bem pior. A Weedle estava caída, queimada por todo o corpo, parecia completamente sem forças.
O rapaz olha para a criatura chamuscada e fica com pena, não parecia correto largar aquele ser desse modo. Ele vai até a Weedle que não mais era amarela e, com cuidado para não encostar nos ferrões, a pega com uma mão e a leva para uma árvore, onde ele a deposita num dos galhos e sai de perto. A partir dali o destino da lagarta dependia apenas dela mesma.
Xavier ao voltar para a estrada vê Iri o olhando com a cabeça ligeiramente inclinada. O rapaz sorri de leve e se abaixa, para acariciar a cabeça do pokémon.
— Você fez bem, Iri, fez bem. – com uma voz meio fraca. – Agora vamos. Não vamos gastar o tempo que não temos.
O jovem não sabia se a criatura havia entendido mas ele se põe a seguir novamente a trilha, dessa vez acompanhado de seu companheiro alaranjado que não havia sido retornado a pokébola.
...
O sol forte do meio dia força uma parada nas jornadas de qualquer transeunte que passava por ali. Não era como se Kalos fosse uma região quente, muito pelo contrário, ela era conhecida por invernos rigorosos. Mas o verão é quase sempre uma época de altas temperaturas, em especial o daquele ano, que chegou a médias elevadas demais em relação aos anos anteriores.
Xavier se recosta a uma árvore isolada, e, bufando, se senta no chão, onde seu companheiro pokémon estava deitado, já curtindo o descanso. Gotas de suor escorrem pelo rosto do jovem, que logo retira o agasalho que vestia. Não dava pra continuar daquele jeito. O calor estava infernal.
— Se eu soubesse que seria assim... – ele fala para si mesmo. – Eu teria trazido mais água... – e olha para uma única garrafa de uns trezentos e sessenta mililitros, guardada em meio a bolsa que trazia consigo.
O rapaz estica a mão e pega o recipiente. Logo em seguida retira a tampa e bebe, com curtos goles, o líquido da vida, a água límpida e transparente. Era extremamente refrescante a sensação da substância percorrendo-lhe a garganta, esta um pouco seca, e, como o resto de seu corpo, cansada por algumas horas de caminhada.
O bom momento, no curto espaço de tempo que durou, lhe pareceu uma pequena eternidade. Mas não era algo feito para durar. Momentos assim sempre sofrem perturbações por partes externas.
— Hgublah!
E os braços do rapaz se estiram para frente de forma estranha, garrafa ainda em uma das mãos, virada num ângulo diagonal, derramando água corpo afora. O líquido que corria por sua boca é cuspido para fora, com uma pequena parte correndo para o canal errado dentro de sua garganta. Na região do abdômen, um estrago. Algo de certo tamanho havia se chocado contra ele. As vestes no local estavam amassadas, tal como a barriga de Xavier havia ficado durante a dispersão de força.
Xavier desce uma de suas mãos para o peito, e, de cabeça baixa, começa a tossir, vendo nesse momento, com o canto do olho, aquilo que o atacou. Rajado em tons de marrom, mui peludo, com uma grande mancha preta ao redor de seus par de olhos.
— Um Zigzagoon... Mas que filho da... – e ele volta a tossir, ainda sentindo pelo corpo os efeitos do impacto.
A criatura, que era quadrúpede, larga o jovem que se contorcia e com hábeis movimentos sobe a árvore e numa galha, a pouco mais de dois metros do chão, o ser solta alguns pequenos grunhidos, como se debochasse do jovem que se desmanchava em dor mais abaixo.
O rapaz então deixa de tremer de dor e se estremece de raiva. Ele estava com sangue nos olhos, com sede de vingança do mal que o assolou. Xavier então pega uma pedra do tamanho de um ovo do chão.
— Iri, se prepara pra lutar. – ele fala com o lagarto laranja que descansava ao sol.
O lagarto, meio sonolento, se levanta com o chamado do treinador. Xavier, ao ver Iri de pé, no mesmo movimento que um jogador de beisebol usaria pra arremessar uma bola, arremessa a pedra para próximo das patas do Zigzagoon que descansava no galho. Este último, por sua vez, pula em direção ao chão ao ver o objeto voando em sua direção.
Neste momento, os olhos de Xavier brilham sinistramente.
— Use Scratch, Iri! – o treinador ordena ao lagarto.
O Charmander obedece a ordem e com suas pequenas garras se lança rumo ao ser peludo que tocava ao chão depois de um salto. A criatura felpuda percebe a aproximação do réptil mas não consegue desviar do golpe, que arranca um tufo de pelos e certamente deixou um ferimento na pele. O Zigzagoon sente o golpe e recua alguns passos rapidamente.
— Iri, a batalha começa de verdade nesse instante. Não podemos falhar! Use Growl! – o treinador do lagarto ordena.
Iri abre sua boca e libera um grito estridente e faz o seu oponente paralisar-se por um segundo, antes de correr rumo ao lagarto laranja. O ZIgzagoon avança com o peso de seu corpo para cima do Charmander, este acaba não desviando e é atingido pelo golpe, que o empurra por alguns bons centímetros. Tirando umas pequenas marcas em sua pele o lagarto não havia sofrido outros danos.
Xavier dá um pequeno sorriso ao ver essa cena se desenrolar em sua frente. Observar lutas amadoras entre colegas e pesquisar sobre o assunto não era algo que havia feito em vão. Growl tinha cumprido seu propósito. Deixou o oponente receoso, com medo de algo que mesmo ele não sabe. Isso era fatal, afinal, tal coisa fazia golpes perderem a força que teriam caso a mente estivesse sã.
— Iri! Mostre pra ele o motivo pelo qual ele não deveria ter agido contra nós! Continue com Scratch! – o rapaz ordena num tom forte.
O Charmander avança contra o Zigzagoon assim que ouve a ordem. Mas este último não ficaria parado esperando tomar um golpe e se coloca em movimento, se aproveitando de sua velocidade para atacar o lagarto pelas mais diversas direções. Logo a luta se torna uma troca de socos, um toma lá dá cá. O quadrúpede investia com seu corpo contra o lagarto e este retribuía com arranhões na face.
Em pouco tempo ambos já não estavam no seu estado de pico. O réptil tinha espalhadas pelo seu corpo algumas manchas roxas, causadas pelo impacto de seu oponente contra seu corpo. Já o outro não era mais tão peludo, e da sua testa até a ponta de seu nariz preto filetes de um líquido avermelhado escorriam.
Xavier olha para ambos, e percebe que ali é o ponto decisivo do embate.
— Flare Blitz, Iri. – ele fala numa voz mais baixa, como se anunciasse o fim de um jogo.
O pequeno lagarto é logo envolto por labaredas e corre de encontro ao seu oponente. Zigzagoon tenta escapar, mas poucas forças lhe restavam e com isso ele acaba recebendo o impacto total do ataque. As chamas de Iri queimam parte dos pelos do quadrúpede e a força do golpe o arremessa a uma certa distancia. O ser atingido resigna ao destino e desmaia ali, em meio a relva.
Iri cambaleia de volta ao seu treinador e olha para este com uma cara boba, como uma criança que diz aos pais que terminou uma tarefa. Xavier olha para seu Pokémon e estica uma pokébola em sua direção. Ele aperta o botão central da esfera. Esta se abre por alguns milésimos, libera uma energia luminosa que envolve o lagarto e o leva junto da luz de volta para dentro de si.
O rapaz guarda a esfera de seu parceiro com um olhar pesado. Agora que havia esfriado a cabeça, sentiu remorso. Ele não estava acostumado a coisas assim. Era a segunda fez que fazia algo como aquilo naquele dia, e isso o atormentava. Batalhas são cruéis, e colocam a prova o que você sabe sobre si. Xavier não precisou de muito tempo para descobrir isso.
O jovem olha para trás. Caído na grama, ferido, estava a criatura que foi oponente de seu Pokémon. Xavier não se sentiu bem ao ver aquele ser em tal estado sofrível. Estado que ele mesmo havia causado. De sua bolsa o rapaz retira uma esfera bicolor, rubro e branca, se aproxima do quadrúpede, agacha, e na criatura encosta o botão central da pokébola. Esta se abre e puxa o Zigzagoon para dentro de si assim como outra havia feito com Iri.
A esfera se fecha.
E ela chacoalha uma vez.
E ela chacoalha duas.
E, por fim, chacoalha uma terceira vez.
Neste momento o som de algo travando ecoa nos ouvidos de Xavier ao mesmo tempo que a esfera brilha de forma singela. Xavier encara o objeto que segurava por alguns segundos, de maneira pensativa. Cercado por devaneios, de certo.
Ao se levantar o rapaz olha para o céu e percebe que o sol agora já não podia mais ser visto, as nuvens o haviam escondido. Com isso, o jovem retoma o ritmo de viagem e segue pela rota num passo apressado.
...
O cenário vai indo e vindo entre caminhos de terra e trechos tomados pela relva e já não se viam pessoas pela rota. Xavier estava cansado quando finalmente viu no final da estrada um tom de verde, este escuro e denso, que se expandia pela linha do horizonte.
Quanto mais passos ele dava mais nítida ficava aquela expansão de cor. Eram árvores. Muitas árvores. Das mais variadas formas, cores e tamanhos, com suas copas esverdeadas se entrelaçando umas nas outras e sombreando o chão abaixo delas. Sons diversos escapavam daquele denso matagal, como o canto de algumas aves e o chiado de alguns insetos.
Xavier olha para o suposto fim daquela estrada e percebe que este na verdade é uma entrada feita por mãos humanas para adentrar na selva a sua frente. O rapaz vai para o canto do caminho e se senta na relva ali presente. Ele futrica a bolsa que carregava consigo e dela pega duas pokébolas e aperta os botões centrais delas, assim então liberando alguns seres.
Um lagarto laranja e um quadrupede marrom são as criaturas que saem das esferas, ambos com alguns ferimentos pelo corpo. O rapaz ao ver as duas criaturas volta a mexer em sua bolsa e dela retira um frasco azulado com um formato de “pato”.
— Vamos cuidar desses machucados. – o rapaz fala com o frasco em mãos, do mesmo modo que se segura um spray.
Ele puxa o réptil para perto de si e borrifa em algumas escoriações e contusões o conteúdo desse frasco, tal como massageia de leve algumas áreas mais afetadas para espalhar melhor o produto. O rapaz deposita este frasco de volta na bolsa e retira outro similar de imediato. Este ele usa no mamífero, borrifando em alguns cortes presentes no rosto e no corpo do ser, além de borrifar um pouco também nas queimaduras. Ao fim, Xavier pega da bolsa alguns curativos que havia trazido e os usa para tampar os cortes no corpo da criatura, para impedir que seguissem sangrando.
O rapaz respira fundo ao terminar de tratar dos hematomas de seus Pokémon. Ele retorna ambos para suas pokébolas após alguns minutos de descanso e então se levanta devagar. Xavier se vira para o matagal denso e verdejante e segue em sua direção.
Com sua bolsa ajeitada em seu ombro e o desejo de ir além, o rapaz passa pelo escuro portal situado entre as árvores, indo para um local onde a vida é exuberante, mas também astuta e perigosa.
Autor(a): SirN
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A mata densa mal permitia a entrada de luz, árvores de tamanhos variados se entrelaçavam nos mais diferentes níveis. Os poucos raios de sol que trespassavam pelas copas das árvores causavam um efeito bonito de luzes, em filetes, cortando a escuridão. Xavier, no entanto, não parecia ligar para tal beleza, e se mostrava preocupado com ...
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