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Fanfic: O que meu horóscopo diz | Tema: Literatura adolescente


Capítulo: O que meu horóscopo diz

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Porque a chuva cai? De vieram os bebês? Por que eu tenho que estudar? E para que tantos pelos em meu corpo? Porque os pais se separam? Porque eu nasci gorda?



Depois de algum tempo, conheço as respostas para todas as perguntas. Inclusive para a última questão, e pra minha decepção, sou eu a única culpada pelos quilos a mais na balança, talvez dois ou três quilos.



Eu estou em frente ao espelho, olho para imagem refletida, insatisfeita com o que vejo, torço os lábios. É decepcionante saber que o espelho não mente. Acho que estou com uns quatro ou cinco quilos a mais. Estou vestindo um pijama bem confortável, não aperta meu corpo nem prende minha respiração. Muito diferente das minhas calças com a numeração 42, que apertam meu bumbum de forma desumana. Geralmente quando visto um jeans, acho que estou cometendo um crime contra meu órgão genital!



Enquanto olho para meu reflexo, penso em minhas amigas que vestem 36 e por vezes, fazem ajustes nas roupas. Semicerro os olhos levemente e resmungo um palavrão. Agora começo a pensar em coisa tolas, mas que para mim são intrigantes.



Como elas conseguem ser tão magras? Como conseguem ficar tanto tempo sem comer? Na moral, eu nunca as vejo comendo, a impressão que eu tenho é que minhas amigas magérrimas não têm fome, ou simplesmente não sentem o mínimo prazer em comer; e quando comem, é como se estivessem cometendo uma barbárie contra seus delicados estômagos. A pouca comida que engolem, não enche nem o estômago de um hamster!



Eu juro que faço de tudo para me controlar, mas o sorvete de chocolate insiste em conhecer meu estômago, e as batatas fritas teimam em voar para minha boca. Eu faço um esforço terrível para ficar longe do pacote de biscoitos recheados, só que minha mente não ajuda. O tempo todo ela me lembra que dentro do armário está a perdição da minha vida. Literalmente meu cérebro não tem domínio próprio, ele é comandado pelo meu estômago, isso só pode ser uma doença, ou quem sabe seja praga de alguma magrela anoréxica.



Após longos minutos de análise introspectiva, saio do meu quarto e vou para a sala. Sento no sofá e ligo a TV. Está passando um programa de culinária e a apresentadora mostra uma torta de morango, que me deixa com água na boca. Mudo de canal, e vem uma propaganda de um novo sorvete super cremoso. Meu Deus! Isso só pode ser complô.



Desligo a TV, e vou até a cozinha. Não acredito no vejo. O pote de biscoitos está em cima da mesa! Certamente mamãe esqueceu de guardá-lo. Lembro-me que estou proibida de comer biscoitos, então começo a contagem da consciência saudável, foi um método revolucionário que minha nutricionista quem me ensinou. Consiste em contar até dez, repetindo um mantra sagrado, para não cometer o pecado da gula. Meu olhos estão fixos no pote de biscoito, minha boca saliva, passo a língua pelos meus lábios... Eu tenho que ser forte. Me concentro, e começo o mantra.



1 — Eu não preciso comer biscoitos, só comidas saudáveis.



2 — Eu não preciso comer biscoitos, só comidas saudáveis.



3 — Eu não preciso comer biscoitos, só comidas saudáveis.



4 — Eu não preciso... Droga! Vou comer só um!



Abro o pote e pego um biscoito, minha mão se recusa a sair do pote com apenas um mísero biscoito, pego mais, e mais um, e mais um.... Fico excitada ao ver minha mãe cheia de biscoitos, a salivação da minha boca aumenta em grau, número e gênero, estou quase babando. É como se eu estivesse assaltando um banco ou uma joalheria. Pego um dos biscoitos, admirada olho para a coisa mais preciosa que o ser humano inventou. RECHEIO DE CHOCOLATE!! Lentamente levo o biscoito em direção a minha boca, quero saboreá-lo, senti-lo derretendo em minha língua. Antes que eu cometa mais um crime, mamãe entra na cozinha. Rapidamente pego os biscoitos, e enfio no bolso do pijama. Ela se aproxima, estende a mão e ordena.



— Os biscoitos Sam. Franzo a testa e rebato.



— Que biscoitos? — Ela semicerra os olhos e maneia a cabeça.



— Os que estão no seu bolso.



— Ah, mãe!



— Os biscoitos, Sam. — Ela repete.



Reviro os olhos e entrego os biscoitos a ela, que sorri antes de colocá-los novamente no pote.



— Tem frutas e queijo branco na geladeira. A torrada integral está no armário.



— Queijo branco, Mãe! Nojo! Faço uma careta, ela bufa e arruma o cabelo atrás da orelha. Nesta manhã ela está especialmente bonita, usa uma blusa branca solta e um shorts amarelo bebê. Minha mãe tem o corpo moldado pela dança, é a mulher de quarenta e cinco anos mais gata que eu conheço. Mas qual filho não acha sua mãe linda? Então sou suspeita pra falar.



— Seu pai ligou, ele deve chegar hoje da França. — Ela ri e faz um carinho no meu nariz. — Eu acho que alguém vai ganhar presentes!



Coloco a mão sobre o peito, a notícia é muito boa para ser verdade.



— Não acredito! O papai vai chegar hoje? Como? — Franzo a testa.



— Ele quis fazer uma surpresa pra você. Ontem à noite ele me ligou e falou que estava chegando.



— Mas... E o trabalho na França?



Mamãe puxa uma cadeira e senta. Como sempre a voz é tranquila e amável.



— O jornal precisa dele aqui, o redator antigo se aposentou, ele vai assumir a redação.



— Isto é bom? — Pergunto sentando-me também.



— Ele vai ter mais responsabilidades, e mais prestígio também.



— Ai mãe, isso é ótimo! Você e o papai podiam conversar e...



— Sam! — Ela me interrompe. — O Carlos é um excelente pai, eu reconheço o esforço dele em dar tudo que você precisa. — Ela faz uma pausa e me olha, está um pouco triste. — Mas quanto a uma possível reconciliação entre mim e seu pai, não crie expectativas. Há tempos que o relacionamento acabou.



O clima na cozinha fica estranho, ela se levanta e vai até a geladeira, depois ao armário, arrependo-me de ter tocado no assunto, eu sei que ela não gosta de falar sobre a separação, muito menos sobre uma possível volta. Ela volta para a mesa trazendo uma bandeja com algumas frutas e torradas.



— Que tal? — Ela pergunta apontando a bandeja.



Faço uma careta e pergunto.



— Eu tenho que comer isso?



— O que você acha? — Ela ri. Percebo que o semblante está leve de novo.



— Torrada integral tem gosto de sola de sapatos, mãe!



— Eu não acho. — Diz dando uma mordida em uma torrada.



Desisto de contrariá-la, e como parte do café da manhã. A torrada pode ser ruim, mas mamão está delicioso.



— Eu posso ir ao aeroporto buscá-lo? — Pergunto após engolir mais um pedaço de mamão.



— Acho melhor não, os amigos do jornal vão buscá-lo. — Ela ri levemente. — Deixe que o bajulem um pouco; faz bem para ego de qualquer profissional.



— Eu queria vê-lo. Estou com saudades. Afinal são cinco anos.



— Eu sei meu amor. Hoje à noite ele vem jantar conosco. E vou deixar vocês passarem o fim de semana juntos.



— Este fim de semana não dá, mãe. Eu prometi sair com a galera; a Karina não vai me perdoar se eu não for.



Ela levanta e tira a bandeja quase vazia de sobre a mesa e a coloca no balcão da pia. Depois volta sentar. Eu continuo tagarelando.



— Será que papai vai ficar chateado? Sei lá, talvez ele esteja muuuuuito a fim de passar o fim de semana comigo! Puxa vida; faz cinco anos que não nos vemos, então, sei lá, ele pode ficar triste, e você sabe que eu amo de montão, e não quero deixá-lo triste, então eu acho que...



— Tudo bem Samantha. — Ela levanta a mão e me interrompe. — Agora seu pai vai morar aqui, e no mesmo endereço de antes, vocês terão todo tempo do mundo para ficarem juntos.



— Eu sei, mas é chato. É que eu já tinha combinado com a turma, não posso furar com eles.



— Não fique preocupada. Seu pai vai entender. — Ela suspira profundamente e então pergunta. — Além da Karina, quem mais vai com você?



— O Henrique, a Amanda, dois ou três garotos que eu não conheço... Sei lá, acho que só.



— Nada de extravagância Sam, nada de drogas, bebidas em exagero! Eu deixo você sair com seus amigos, confio que eles são gente boa, eu espero não ter “surpresas” desagradáveis.



— Ai mãe, quando foi que eu decepcionei você? Fica calma. Vai ser tranquilo, vamos ao cinema depois a uma boate, e eu juro que não coloco nenhuma gota de álcool na boca, prometo. — Falo cruzando os dedos.



— E nada de encher a barriga de refrigerante e salgadinhos! Compre amendoins. É mais saudável.



Reviro os olhos e torço os lábios, tenho dezoito anos e minha mãe ainda pensa que eu tenho doze.



Agora minha mãe está na pia, ouço o barulho da água jorrando da torneira e da esponja passando sobre as vasilhas. Penso em ajudá-la com a limpeza, mas estou com tanta preguiça que desisto da ideia; ademais, eu odeio lavar louça. Levanto-me da cadeira e sorrateiramente caminho em direção a sala.



— Sam. — Ela me chama. — Pegue um pano e seque a louça.



Viro-me e volto para a cozinha, o pano de prato está dependurado próximo a pia, reviro os olhos e maneio a cabeça.



— Pensei que ia me livrar desse sofrimento. — Reclamo desanimada.



— Não é tão ruim assim, depois que terminar de enxugar a louça, coloque o lixo lá fora.



— Mãe! Eu ainda tenho que arrumar meu quarto.



— Você tem o dia todo pra fazer isso.



— Oh, sim dona Vera, obrigada por me lembrar. Só que eu levo mais de quatro horas para limpar meu esconderijo, e já são nove da manhã. Esqueceu que hoje eu vou sair com a galera? Eu tenho que lavar meu cabelo, fazer minhas unhas, escolher um look bacana...



— Ok, Sam, eu já entendi. Agora termine de enxugar a louça e depois coloque o lixo para fora.



— Saco! — Bufo vendo-a sair da cozinha.



Oito horas da noite, eu ainda estou me arrumando pra encontrar meus amigos, estou muito animada, e louca para abraça-los. Eu amo sair com eles, amo me divertir e ouvir as novidades.



Estou indecisa com a cor da sombra, meus olhos claros não combinam com tons escuros, então decido por um tom mais delicado. Depois que termino a maquiagem solto meu cabelo, agradeço aos céus por minhas madeixas negras e brilhantes.



A pior hora chega, eu tenho que entrar na bendita calça jeans. Desenrolo a toalha que cobre meu corpo e, dependuro-a no cabideiro. Viro-me, e olho-me no espelho, meu bumbum parece maior, e a impressão que tenho é que minhas coxas estão mais grossas.



—Droga! Será que engordei! — Bufo e faço uma careta. Olho para o relógio e sei que tenho que estou atrasada, combinei com a galera que os encontraria as 9:0h da noite, e já são 8:45h, eu jamais vou conseguir chegar a tempo, ainda mais quando o maldito jeans enrosca na metade da minha perna.



— Droga! Droga dupla! — Berro puxando o tecido.



Depois intermináveis minutos depois, e muito sofrimento, consigo abotoar o zíper, é claro que para fazer isso, tive que deitar na cama. Após o fatigante esforço, levanto-me, e respiro aliviada. Apesar de me sentir presa, ainda dá para respirar. Para completar o look, escolho uma blusinha branca rendada, é um modelinho solto com decote meio sensual. Finalmente estou pronta para curtir a noite, mais uma vez olho o relógio.



— Puta merda! Já são 9:10! — Falo pegando minha bolsa sobre a cama.



Antes de sair do quarto, dou uma olhadela no espelho. Passo a língua por sobre meus lábios carnudos, depois solto um beijo para meu reflexo e falo.



— Linda!



Ao passar pela sala, vejo minha mãe sentada no sofá, assistindo a TV, vou até ela, abaixo-me, e a beijo no rosto, ela cheira a jasmim.



— Não chegue muito tarde! E qualquer coisa me liga. — Ela diz acariciando meu cabelo. Ergo-me novamente, jogo meu cabelo para trás e falo.



— Eu prometo que não chego tarde.



Ela levanta os olhos e me analisa, um sorriso meigo surgi em seus lábios.



— Nossa! Você ficou bonita nesta roupa, a blusinha branca lhe caiu muito bem! — Ela me elogia.



Eu agradeço o elogio com outro beijo.



— Divirta-se, filha.



— Obrigada, mãe. Eu vou me divertir sim.



Alguns minutos depois, estou dentro de um táxi e louca para chegar ao shopping.



— Dá para ir mais rápido?



— Não, não dá. — Diz o motorista secamente. Após essa “longa” frase, o homem emudece e eu fico sem graça. Nem por isso deixo de xingá-lo em pensamento.



Quando o táxi para em frente ao shopping, solto um suspiro, estou aliviada, por finalmente poder sair do carro, abro a bolsa para pegar o dinheiro e pagar a corrida. Na hora em que pega a cédula, o homem sorri, mostrando os dentes amarelados.



Ligeiramente, caminho em direção a entrada do shopping, a calçada larga e os grandes pilares da entrada são compatíveis com a grandiosa estrutura de quatro andares.



Entro no shopping, o aglomerado de lojas e lanchonetes é um colírio para os olhos, e uma tentação para o bolso. Passo em frente a uma loja de departamento, e vejo um vestido lindo na vitrine.



— Ai meu Deus! Será que tem meu número? — Falo com a mão sobre o peito.



— Não estamos aqui para comprar roupas, e sim para nos divertirmos. —Diz uma voz conhecida.



— Karina! — Exclamo fingindo susto.



Ela me abraça e fala.



— O filme já vai começar! Só estávamos esperando você.



— Amiga, eu tive o maior trabalho para entrar nessa calça, acho que engordei uns quilos.



— Você está ótima! Agora vamos, senão a galera vai chiar.



Desvencilho-me do abraço e caminho ao lado da garota de botas de cano longo, a Karina é minha melhor amiga, eu a acho linda e perfeita, ela é tão magra que os ossinhos da clavícula saltam para fora. O cabelo ralo e curto molda o rosto perfeito. A Karina é tão magra que quando a abraço um pouco mais forte, tenho medo de quebrá-la.



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Autor(a): V. Gomes C.V.

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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  Juntas, seguimos pelo espaçoso corredor esquerdo do Shopping, de repente, ela para e encosta em uma das pilastras de sustentação, curiosa pela parada abrupta, semicerro os olhos e franzo a testa. — O que foi? Por que paramos aqui? Você disse que que a galera está nos esperando. — Ai! Para de ser chata. &mdash ...



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