Fanfic: O que meu horóscopo diz | Tema: Literatura adolescente
Juntas, seguimos pelo espaçoso corredor esquerdo do Shopping, de repente, ela para e encosta em uma das pilastras de sustentação, curiosa pela parada abrupta, semicerro os olhos e franzo a testa.
— O que foi? Por que paramos aqui? Você disse que que a galera está nos esperando.
— Ai! Para de ser chata. — Ela faz cara de brava. — Eu preciso de um favor.
— Um favor? Como assim, um favor?
— Eu marquei um encontro com um garoto, ele está me esperando na ala norte do Shopping. — Ela faz uma pausa e ri, depois diz com voz esfuziante. — Ele é lindo, Sam! Por favor, diga que vai quebrar essa pra mim!
— Quebrar essa? O que você quer que eu faça?
— Simples. Ela ri sutilmente. Enquanto eu vou me encontrar com o Marcelo, você distrai o Henrique.
— Distrair o Henrique? Não estou entendendo.
— Distraia o Henrique pra mim, eu combinei com Marcelo que esta noite eu ficaria com ele! Fique conversando com Henrique, ele adora sua companhia, adora seus papos, então não vai ser difícil.
Ao ver minha expressão de incerteza, Ela faz um bico. — Poxa vida, Sam. Você é minha amiga ou não? — Diz com voz chorosa.
— Sim, eu sou sua amiga, mas o Henrique também é meu amigo. Não seria justo, entende?
— Não, eu não entendo. Cara! Eu só estou pedindo pra você distrair o Henrique. O que custa?
— O que custa? Cassete! Você é muito doida, Karina! E se ele descobre?
— Ele nunca vai descobrir, a não ser que você conte. Maneio a cabeça, o que a deixa irritada. Ah, o que foi? Agora vai dar uma de puritana? Eu já traí o Henrique tantas vezes e você nunca falou nada!
— Sim, eu sei que você já o traiu outras vezes, Karina. Só que isso é um problema seu! Eu não me sinto à vontade ajudando você nos seus rolos! Distrair o Henrique! Eu não vou fazer isso!
— Agora estou vendo que você não é minha amiga. Esse cara é filho do dono de uma agência de modelo. Entende porque tenho que sair com ele? É a minha chance, Sam!
— Você acha que ele vai lhe ajudar na sua carreira de modelo?
Ela confirma com um gesto de cabeça. Fico balançada com a situação, a Karina sempre sonhou em ser modelo, e se eu não ajudá-la, posso estar enterrando a carreira dela. Suspiro profundamente e a abraço. Murmuro um “tudo bem” discreto ao seu ouvido. Ela ri antes de me agradecer.
— Obrigada, Sam. Agora vai, eles estão em frente a sala de cinema, esperando por você.
Quando encontro-me com a turma, sou apresentada aos dois garotos que também vão curtir a noite conosco, um está com a Amanda, e é bem bonitinho, o outro é o típico filhinho de papai. Usa roupa de marcas caras e só fala bobagens, um saco.
Meia hora depois, eu estou sentada na poltrona da sala de cinema. Ao meu lado Henrique come pipoca e ri de mais uma cena hilária do filme. A Amanda e outro garoto estão na fila da frente. Eu estou tão angustiada que não consigo prestar atenção em nada. Infelizmente nem Adam Sandler consegue me fazer rir. Irriquieta, remexo-me na poltrona. Ainda não acredito que fui capaz de aceitar a proposta da Karina. Olho para o Henrique, ele estende o copo de pipoca me oferecendo, eu recuso, meu inconsciente me acusa, estou com raiva de mim mesma, por ser fraca e facilmente manipulada. É a situação mais estranha que eu já vivi, um turbilhão de sentimentos emergem dentro de mim, sinto-me terrivelmente mal, quero sair correndo e ir embora, mas não posso fazer isso, seria dupla traição, e meu amigo não merece.
Mais de uma hora e meia de filme, e nada da Karina chegar, estou com os nervos a flor da pele, e não tenho mais desculpas para dar ao Henrique. Não sei como ele pode ser tão bobo a ponto de não perceber que estou mentindo.
Quando a sessão acaba, saímos os cinco da sala de cinema, o garoto riquinho tenta flertar comigo, eu não dou moral, ele insiste e segura minha mão.
— E aí? Está afim de sair fora? Eu estou no meu carro, a gente podia... Sei lá curtir outro lance.
— Obrigada, mas eu não estou afim de curtir outro lance.
O garoto torce os lábios, percebo que ficou chateado, eu saio de perto dele e vou para junto do Henrique que olha para mim e pergunta.
— A Karina está demorando, ela já devia ter voltado da farmácia. Será que ela está bem?
— Podemos ir a praça de alimentação? — Respondo com outra pergunta.
— Estou preocupado com a Karina. Eu vou procurá-la. — Diz antes de sair caminhando pelo corredor do Shopping.
Eu o sigo e o seguro pelo braço, apesar de estar muito nervosa, tenho que impedir que o pior aconteça.
__ Não, não vá. — Seguro-o mais fortemente. Ele estranha meu comportamento, mas obedece. Demoro alguns segundos para inventar mais uma mentira. — A Karina está bem... Faço uma pausa e coloco a mão na cabeça. — Agora me lembrei. Ela disse que ia experimentar umas maquiagens.
— Experimentar maquiagem? — Pergunta franzindo a testa.
— Sim, parece que ela foi convidada para um teste.
Ele ensaia um riso, parece não acreditar no que estou dizendo.
— Ela não me disse nada.
— Talvez ela queira lhe fazer uma surpresa.
Ele balança a cabeça concordando, mas não está muito satisfeito, animo-o com um sorriso amarelo e seguro-o pela mão. O Henrique é um amor de pessoa, isso é o que me faz sentir como um monte de merda. Ele me abraça, e eu me sinto pior ainda. Afasto-me, e por um instante, penso em contar toda verdade a ele, nesse momento a Karina chega, ele a abraça e a beija.
— Eu fiquei preocupado. Por que você não me disse que estava passando mal?
— Não foi nada sério, gatinho. Só um mal estar passageiro, mas já está tudo bem. — Ela diz sorridente.
— E as maquiagens? Você acha que vai ganhar o teste?
— Maquiagem? — Ela pergunta sem entender sobre o que ele está falando. O clima fica esquisito, então eu intervenho.
— É Karina! A maquiagem que você teve que experimentar para ver se consegue o teste. — Falo arregalando os olhos e gesticulando com as mãos, ela entende e confirma.
— A sim, a maquiagem... Foi ótimo! Acho que vou conseguir o teste. Agora vamos para a boate, estou louca para dançar.
Analiso a situação, não sei como posso ser amiga de uma mulher tão cachorra como a Karina. O pior é que eu gosto dela, e as vezes sinto pena também. Assim como eu, a Karina é filha de pais separados e eu sei o quanto isso pode ser traumático na vida de um filho, eu tive que fazer terapia para superar a separação dos meus pais.
Entro no banco traseiro, enquanto Henrique dirige o carro de luxo, Karina o abraça e lhe dá beijinhos no pescoço e rosto, ele segura o volante com uma das mãos e com a outra a acaricia no cabelo. Fecho momentaneamente os olhos e me arrependo de tê-lo enganado. Conheço-o, desde a sétima série, ele chorou comigo quando eu perdi a virgindade, é que a minha primeira vez foi um a porcaria, eu tinha 16 anos e o idiota que transou comigo contou pra todo mundo que eu ainda era virgem, aquilo realmente me deixou mal, eu fiquei duas semanas sem sair de casa, pensei que o meu mundo tinha acabado, o Henrique foi o único que me consolou, e me ajudou a encarar a realidade.
Depois de meia hora chegamos à boate. Enquanto a Karina e o Henrique namoram, eu vou para a fila comprar os ingressos.
Quando retorno, a Amanda está agarrada ao garoto bonitinho, o outro me olha de um jeito quase promíscuo. Engulo em seco e entrego o ingresso a ele.
— Vamos entrar. — Diz Henrique levando a Karina pelo braço.
Ao entrarmos na boate, a Karina se afasta do Henrique, puxa-me pelo braço e me leva a um canto, franzo a testa, estou curiosa para saber o motivo de ter nos afastado da galera, ela ri e diz.
— E aí. O Henrique desconfiou de alguma coisa?
— Não. Acho que não. — Respondo com voz melancólica.
— Ainda bem. — Ela dá um suspiro de alívio, depois fala. — Olha só, o Marcelo está aqui, e eu quero ficar com ele, então eu queria que...
— Quem é Marcelo? Eu conheço? — Interrompo-a.
— Marcelo é o gatinho do encontro. Eu quero que você chame o Henrique pra dançar.
— E porque eu chamaria o Henrique para dançar? Eu não estou entendendo, Karina.
— Se você dançar com o Henrique, eu posso dar uma fugidinha para ficar com o Marcelo, ele está no espaço reservado para encontros.
— Você é louca? Eu não vou seguir com isso.
— Somos amigas ou não, Sam? — Ela me questiona.
— Que droga, Karina! O Henrique também é meu amigo!
— Tudo bem. Não precisa gritar! Esquece, tá legal? Eu não quero que você fique mal por minha causa! Vamos voltar para mesa. Me desculpe ter metido você nos meus rolos. — Diz ela me olhando com cara de choro.
— Promete que não vai demorar? — Pergunto semicerrando os olhos.
Ela entende que mais uma vez irei ocultar seus erros, ri e me abraça.
— Ai Sam, você é um anjo.
Ao voltarmos para junto da galera, Henrique está sozinho na mesa, ele se levanta e abraça a Karina, que gentilmente o afasta e diz.
— Henrique, a Samantha quer dançar com você. Bom, é que ela não sabe dançar, então está com vergonha de pedir. Não é Sam?
Engulo em seco, o fato da Karina ter falado por mim me deixa furiosa, se eu pudesse expressar com palavras o que estou sentindo, a mandaria a merda. O Henrique é tão inocente, que não percebe nada, e isso me deixa mais irritada, eu queria que ele fosse menos cego e enxergasse que a Karina o engana. Fico muito puta quando ele vira para mim e segura minha mão, e me pergunta com a voz mais doce do mundo.
— Então, dança comigo senhorita?
Os olhos dele são tão ternos que eu não consigo dizer não.
— Tudo bem. Vamos dançar.
— Enquanto vocês dançam, eu vou ao bar buscar uma bebida. Diz a Karina antes de sair. Em meu íntimo xingo-a de “cadela.”
Já na pista de dança, o Henrique me abraça, ele está cheiroso e se move muito lentamente. Sinto-me uma idiota desengonçada que mal consegue acompanhar o ritmo da música.
Por duas vezes, piso no pé do Henrique, eu peço desculpa, ele ri e diz que está tudo bem.
— Eu não consigo. — Reclamo maneando a cabeça.
— É só deixar o corpo fluir ao som da música. — Diz ele ao meu ouvido.
— Assim? — Pergunto mexendo os ombros para esquerda e para a direita.
— Isso, deixa seu corpo solto, eu conduzo você.
Ele me abraça mais forte, e puxa minha cabeça para o peito largo e forte, ouço as batidas rítmicas um pouco aceleradas, ele acaricia meus cabelos, eu levanto meu rosto, e vejo que os olhos dele estão brilhando, só que não consigo decifrar o que eles expressam. Inesperadamente, ele aproxima os lábios dos meus, meu maxilar tremula, tenho quase certeza que serei beijada. Ao invés disso, ele aperta meus quadris e molda meu corpo ao dele, assusto-me ao notar a ereção dura sobre a calça jeans.
Estou confusa, e não sei como me comportar, ao mesmo tempo em que penso em me afastar e voltar para a mesa, penso em me aconchegar a ele e deixar rolar. Lembro-me então, que o Henrique é namorado da Karina, e mesmo que ela mereça levar um par de chifres. Infelizmente, não tenho coragem de fazê-lo. Ele aperta meu bumbum e desce os lábios pelo meu pescoço, sinto um arrepio subindo por minhas vértebras, excitando-me.
Sei que não posso seguir com aquilo, desvencilho-me dele e volto para a mesa. Ele me segue e senta ao meu lado, passa a mão pelo meu cabelo e depois diz.
— Desculpe Samantha, eu perdi o controle!
Ele me olha de um jeito diferente, e eu sei que ele está pedindo desculpa por educação, os olhos dele denunciam-no, ele não está arrependido, e sei que por ele iríamos até o fim.
— Por quê? — Pergunto gesticulando.
— Porra Sam, eu não consegui controlar, me desculpa, gata. É que eu nunca vi um bumbum tão durinho, quando eu toquei nele eu não aguentei segurar o tesão, desculpa vai!
— Agora você está me ofendendo! — Reclamo.
— Qual é Samantha eu sou homem, e convenhamos que sua bunda é muito gostosa. Porra, dá tesão, entende?
Maneio a cabeça e levanto da cadeira, estou com raiva do Henrique, ele não tinha o direito de dizer tanta tolice para mim.
Vou até o bar e peço uma garrafa de bebida, o cara do balcão pergunta que bebida eu quero, eu respondo em voz alta.
— A mais forte que você tiver.
Volto para a mesa, ao me ver com a garrafa de bebida, o Henrique franze a testa.
— Não me olha com essa cara, eu preciso beber uma dose! — Falo enchendo o copo como líquido marrom claro.
— Não! Eu não vou deixar, você não vai beber! Sua mãe não me perdoaria.
Antes de virar o primeiro copo, eu o encaro e bato no peito e falo.
— Eu não vou te perdoar! Cara, você é meu melhor amigo, e namorado da Karina! Acha certo o que fez? Bebo o primeiro copo de whisky.
— Samantha para com isso! Dê-me esse copo! — Ele insiste.
— Henrique, você quase gozou nas minhas pernas, agora quer me dar conselhos? Ah, por favor!
Bebo mais quatro copos de bebida.
— Eu já pedi desculpas, agora me dá este copo, você já está bêbada!
— Cadê a Karina? Eu vou contar tudo pra ela! Vou dizer que você ficou de pau duro quando dançou comigo! — Ameaço.
— Eu vou levar você para casa.
— Eu não quero ir para casa, eu quero beber!
Acordo deitada na minha cama, passo a mão por meu corpo e percebo que estou usando apenas minhas roupas íntimas, franzo a testa, pois não sei que me despiu. Então, as últimas lembranças vêm a minha cabeça, eu me lembro de tudo que aconteceu.
— Ai meu Deus! Resmungo ainda deitada.
Levanto com dificuldade e caminho até o espelho, coloco a mão sobre meus lábios e sinto meu hálito, faço uma careta ao sentir o cheiro que sai da minha boca. Olho-me no espelho e vejo meu rosto, estou horrível e o resto de maquiagem borra a pele próxima aos meus olhos.
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Autor(a): V. Gomes C.V.
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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— Ai meu Deus! Por que eu fui beber tanto? Reclamo ainda deitada. Sento-me na beirada da cama e enfio os pés nas pantufas cinzas, depois me levanto e vou até o espelho. Olho para o meu rosto borrado de maquiagem, meu cabelo está armado e meu hálito não é nada agradável. Depois de alguns minutos analisando minha imagem ...
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