Fanfic: O que meu horóscopo diz | Tema: Literatura adolescente
— Ai meu Deus! Por que eu fui beber tanto? Reclamo ainda deitada.
Sento-me na beirada da cama e enfio os pés nas pantufas cinzas, depois me levanto e vou até o espelho. Olho para o meu rosto borrado de maquiagem, meu cabelo está armado e meu hálito não é nada agradável.
Depois de alguns minutos analisando minha imagem caótica, visto meu robe cor de chumbo e vou para à cozinha. Mamãe está anotando alguma coisa na agenda, assim que me vê, ela para de escrever.
— Você está horrível! — Diz ela maneando a cabeça.
Eu me aproximo, sei que ela espera meu pedido de desculpas.
— Me desculpa, mãe. Eu perdi a cabeça. Não sei porque bebi tanto, aliás, eu sei mas não havia necessidade de encher a cara. Eu fui uma idiota. — Falo puxando uma cadeira para sentar.
Ela ri forçado, percebo que não está muito feliz com o que fiz.
— Mãe, por favor; não me olhe desse jeito. Foi um momento de fraqueza.
— Ainda bem que você tem um amigo de verdade. O Henrique é o único que eu confio.
— Foi o Henrique me trouxe? — Pergunto franzindo a testa.
— Sim. Graças a Deus foi ele quem lhe trouxe.
Enquanto conversa comigo ela vai até a garrafa e enche uma xícara de chá, e toma em goles curtos.
— A Karina veio junto?
— Não, parece que ela e o Henrique se desencontraram ou algo assim.
Semicerro os olhos e pergunto.
— Então eu e o Henrique viemos sozinhos?
— Sim, e você vomitou no carro dele!
— Eu vomitei no carro dele? Ai meu Deus! Que vergonha! — Falo colocando a mão sobre a boca.
Ela termina de beber o chá, coloca a xícara na pia e vem sentar-se junto a mesa.
— O Henrique é muito bacana né, filha? Não reclamou de nada, e fez questão de levar você para o quarto.
— O Henrique me colocou na cama? Isso significa que ele tirou minha roupa!
— Claro, filha! Fui eu quem pedi a ele para que a despisse, sua roupa estava cheia de vômito.
— Mãe, você tem noção? O Henrique me viu quase pelada!
— Não sei porque tanto drama. Você e o Henrique são quase irmãos! — Ela o defende.
“Então quase cometemos um incesto.” Penso com um riso irônico nos lábios.
Após tomar um demorado banho, volto para cozinha para ajudar minha mãe; meu pai vem almoçar conosco e não vejo a hora de abraça-lo. Sei que ele adora surpresa de morangos, então decido fazer a sobremesa.
— Mãe onde estão os morangos? Não estou encontrando.
— Estão na parte de baixo. Aí perto do melão. — Diz apontando com o dedo indicador.
— Achei! — Comemoro segurando a pequena embalagem.
Ouço o som da campainha, um riso enche meu rosto, deixo os morangos sobre a pia e corro para abrir a porta.
— Calma Samantha, não precisa esta correria! — Diz minha mãe ao me ver correndo em direção a sala.
Quando abro a porta da frente, vejo meu pai junto ao portão, ele me olha e sorri. Segundos depois estou abraçada a ele e acariciando os cabelos grisalhos.
— Você está lindo! está parecendo o
— Eu sou mais bonito que o ............
— Venha, vamos entrar, a mamãe está preparando o almoço, acho que ela quer ajuda.
— Eu trouxe uma garrafa de vinho.
— Hum. Eu acho que ela vai gostar.
— Que foi?
— Meu Deus! Você já é uma mulher, filha. E está linda.
— Ah, para pai! Assim fico sem graça.
Mamãe aparece na porta e acena para meu pai, fecho o portão e o acompanho, ele caminha até minha mãe e a saúda, ela retribui o cumprimento sem muito entusiasmo.
— Eu trouxe uma lembrancinha pra você. Diz meu pai tirando uma caixinha do bolso, e entregando para minha mãe. Ela ri levemente, pega a caixinha e a abre.
— É lindo, Fernando. Muito obrigada. — Ela diz segurando um singelo cordão de ouro.
— Que bom que você gostou.
Já estamos na cozinha, enquanto meu pai fala do novo trabalho eu coloco a sobremesa no congelador e mamãe abre a panela para ver se o peixe está bom.
— Fez minha sobremesa favorita, Samantha? — Ele pergunta curioso.
— Você merece. — Falo em meio a um riso.
— Samantha, coloque os pratos e os talheres na mesa, o peixe já está pronto. — Pede minha mãe após provar o molho.
— Eu ajudo você, filha. — Meu pai oferece. Eu não dispenso a ajuda, e em poucos minutos organizamos a mesa para o almoço. Minha mãe coloca o arroz em uma travessa de vidro e o peixe em uma de barro, papai a ajuda a colocar a comida sobre a mesa.
— Nossa! Isso parece bom! — Diz meu pai entusiasmado.
Um pouco mais e estamos comendo, o peixe está uma delícia, minha mãe é uma ótima cozinheira. Papai a elogia, ela fica meio sem graça, ele se levanta, vai até a geladeira e pega a garrafa de vinho e abre, volta com duas taças pela metade, e oferece uma para minha mãe, que não dispensa. Ela bebe um gole e diz.
— Delicioso! Trouxe da França?
— Não. É nacional. Eu também adorei esse vinho.
— Eu posso beber um pouquinho, pai? Só para experimentar. — Peço fazendo um certo charme.
— Não, filha. Você ainda é muito jovem para beber.
— Ah, pai! Só um pouquinho. — Imploro.
— Samantha. — Minha mãe me repreende.
— Tubo bem. Só um pouquinho. — Ele concorda.
Minha mãe maneia a cabeça e me olha irritada, eu finjo não perceber e bebo dois goles do vinho, que realmente é delicioso.
Após o almoço, eu vou para o meu quarto, meu pai e minha mãe ficam conversando na cozinha, e eu já sei exatamente o que vai acontecer, ele vão se beijar, ela não vai resistir e vai para cama com ele. Apesar de estarem separados, sempre que eles se encontram rola sexo.
Eu passo a tarde pesquisando na internet sobre as mais variadas maneiras de fazer buquê de flores. Eu trabalho em uma floricultura e tenho que estar antenada as novidades.
Eu gosto do meu trabalho, a Sofia não é só minha patroa, ela é amiga da minha mãe e amiga da família. LA TERNURA FLORICULTURA, é um ambiente bem familiar.
Desligo o computador e vou até a cozinha, estou com sede e com vontade de comer mais um pouco da sobremesa. Após matar meu desejo, volto para o quarto e durmo um pouco, quando acordo, vou até o quarto da minha mãe, ela ainda está deitada, mas sozinha. Sento-me na beirada da cama e pergunto.
— O papai já foi?
— Sim, ele já foi. — Ela responde entediada.
— Porque vocês não se dão uma chance, mãe?
— Não daria certo, filha. Seu pai me traiu. Eu não confio mais nele. Confiança é tudo em um casamento.
— Eu acho que ele já se arrependeu, mãe.
— Seu pai me traiu com minha melhor amiga, Sam. A Cíntia era como uma irmã, andávamos sempre juntas, eu confiava nela. Talvez esse tenha sido meu erro. Confiar demais. Às vezes não sabemos do que uma “amiga” é capaz.
Ela dá um longo suspiro. Eu fico incomodada com o que ela diz, mesmo assim opino.
— Mãe, eu entendo você, é que dependendo da situação é difícil resistir.
— Quando respeitamos, resistimos, Sam. A Cíntia não respeitou nossa amizade e seu pai não respeitou nosso casamento. Nunca traia uma amizade, filha. — Ela me aconselha.
Baixo a cabeça e penso no que ela me falou, sinto-me confusa e um pouco culpada pela excitação do Henrique. Mesmo sabendo que o que aconteceu não foi planejado, eu estou triste pela Karina, ela confiou em mim, e eu quase transei com o namorado dela, eu nunca devia ter aceitado aquela dança, e jamais ter permitido que ele apertasse meu bumbum e quase me beijasse. Minha mãe ao me ver pensativa, desliza na cama e vem até mim, abraça-me com as duas pernas, e me força a deitar junto a ela.
— Não fique assim, filha. Eu sei que você jamais trairia alguém. — Ela diz me olhando fixamente.
Eu não respondo, a abraço e me aconchego em seu peito, enquanto ela acaricia meu cabelo, prometo a mim mesma que nunca mais vou ver o Henrique.
Na manhã seguinte vou para o trabalho, Sofia está agitada, pois chegou uma nova remessa de rosas e lírios, enquanto os dois rapazes colocam as flores no freezer, ela conversa comigo. Ela tem um riso constante nos lábios e seu cabelo negro está sempre preso em um charmoso coque. A pele morena sempre muito bem cuidada e os lábios carnudos cobertos por um batom escuro, deixam-na ainda muito mais feminina. Sofia é o retrato da mulher moderna que venceu por mérito e esforços.
— E o seu final de semana, foi legal? Eu soube que o teu pai chegou! E sua mãe? Como ela reagiu a ele?
— Meu fim de semana só não foi uma completa merda, porque meu pai chegou, ele conseguiu salvar o domingo. — Falo após suspirar profundamente.
— Nossa! Que desânimo. Não apareceu nenhum gatinho?
— Não.
— Ah, que pena. Mas seu príncipe ainda vai chegar. Tenha fé.
— Temos muitas entregas para hoje? Pergunto
Algumas. Ainda existem homens românticos que enviam flores na segunda-feira. — Ela faz uma pausa e me olha fixamente; depois completa. — Deixa eu te falar uma coisa, Sam. Quando um homem envia flores para uma mulher na segunda-feira, ele está dizendo a ela, que o fim de semana valeu muito à pena.
— Será? — Franzo a testa. Ela ri e confirma.
— Claro que sim, garota! Quando a noite é boa, o homem não esquece.
— Caramba! Eu trabalho aqui há quase dois anos e nunca ganhei um buque de flores. Isso significa que nunca fui especial para nenhum homem? — Pergunto indignada.
— Para você receber flores, Sam. Você precisa de um namorado, e pelo que eu sei, nesses quase dois anos que você trabalha aqui, você teve dois namorados. — Ela levanta a mão com o dedo indicador e o médio em riste. — Um durou quantos meses? Dois? — Ela franze atesta e continua. — E aquele lá, o da jaqueta do ursinho Pool? Meu Deus! Como você pode namorar um cara tão babaca?
— Bom, pelo menos o Rodrigo durou mais tempo. Foram seis meses! — Rebato.
— Sabe qual é seu problema? É que você namora os homens errados, você tem que encontrar alguém que ame você. Não alguém que fique olhando somente a sua bunda! Você é mais que uma bunda, Sam. Você é uma menina incrível e merece um homem de verdade. — Ela diz num riso frouxo.
— Tudo bem, enquanto esse “homem” não aparece, vamos trabalhar. Eu vou colocar as luvas nas mãos. — Anuncio antes de ir para a parte dos fundos da floricultura. Ali fica os armários com as luvas, borrifadores, tesouras, etc.
Autor(a): V. Gomes C.V.
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