Fanfic: Seu Amigo Sedutor Adaptada AyA (Terminada)

Foi preciso toda a vontade de Poncho para que não explodisse em uma gargalhada. A única melhora útil que Annie podia fazer em sua cozinha era forrá-la com chumbo e doá-la ao governo como contêiner para resíduos nucleares. Só o feito de recordar sua recente tentativa de fazer um bolo de aniversário para Duncan bastava para que lhe encolhesse o estômago.

- Descobrimos que tínhamos muito em comum, e por isso às vezes ao sair do trabalho saíamos. Nada especial, ir ao cinema, para jantar ou a dar um passeio pela praia, sabe como é. Mas uma noite retornamos a minha casa e... bom, nos surpreendeu descobrir que nos atraíamos mutuamente, mas uma coisa levou a outra e terminamos nos beijando e...

- O que? Anahí! - ela se sobressaltou ao ouvir o tom de sua voz. Alfonso não tinha pretendido gritar, mas... Demônios, não era um puritano, embora...

- Não me olhe assim! Beijar-se é algo perfeitamente normal. Tenho vinte e seis anos e estou apaixonada por ele.

- Ele? Refere-se à Carey?

- Sim - olhou-o com expressão cansada. - Brad Carey, do departamento de desenho. Bom, como ia dizendo...

Alfonso sentiu um profundo alívio. Tinha misturado Karrie com Carey e durante alguns segundos sua atitude aberta de viver e deixar viver se viu sacudida.

- Oh, Alfonso... Sinto-me tão confusa.

- Conte-me - murmurou; uma escolha desgraçada de palavras, já que Anahí tomou ao pé da letra e começou uma exaustiva narração do que sentia por Carey. Em uma crise de negócios Anahí podia ser o Rochedo de Gibraltar, mas quando se tratava de sua vida pessoal se vinha abaixo em seguida, ao menos diante dele. Com Duncan sempre conseguia manter um ar de estoicismo em deferência a crença de reserva do homem mais velho.

- Não sei se me sinto mais desgraçada ou furiosa - disse com suavidade. - Tal foi a surpresa. O padrinho me disse no momento em que desci do avião e... e...

Assim como Annie raras vezes chorava, o frágil tremor dos lábios pintados e a rápida piscada indicaram a Alfonso que era hora de intervir e distraí-la.

- Querida, estou seguro de que tudo isto parece devastador neste momento, mas correndo o risco de soar pouco sensível e cínico... Bom, você se apaixona mais vezes do que eu durmo.

- Não é verdade! - a expressão de indignação ferida a dominou. Ele a tinha visto usá-la inumeráveis vezes em sua juventude para convencer Duncan que era inocente de qualquer travessura em que a tivessem descoberto; mas Alfonso era menos ingênuo. Olhou-a fixamente até que ela não pôde deixar de esboçar um sorriso tímido. - De acordo - murmurou. - Corrige isso de «mais vezes do que eu durmo em sua própria cama», e aceitarei. Mas desta vez é diferente.

- Hmm.

- Falo sério, Alfonso - afirmou com convicção. O que sinto por Brad era... é - corrigiu - realmente especial. Ele é... Bom... É único.

  -Único, é? Imagino - disse com assombro. - Quem teria pensado que Brad teria tanto em comum com todos os garotos por quem se apaixonou nos últimos dez anos?

- Mas se trata disso! Brad não é como os garotos por que me apaixonei antes - um sorriso extasiado apareceu em seu rosto. - É inteligente, amável, compreensivo, divertido e... e... - agitou os braços. - E maravilhoso.

- E está casado! - recordou-lhe. - Palavra que não só faz soar campainhas, mas também inclusive evoca imagens de anéis e campainhas - o rosto dela ficou consumido por uma expressão de absoluta desolação, fazendo com que Alfonso desejasse não ter sido tão direto. Demônios, possivelmente esse Carey era especial de verdade. Rodeou a mesa e passou um braço pelos ombros abatidos. - Sinto muito, querida. Não foi justo. A ultima coisa que precisa é que eu lhe recorde isso. Mas pode conseguir algo melhor que um cara que é estúpido o bastante para deixá-la. Neste caso o perdedor é ele.

- Obrigado, Alfonso. Mas, por desgraça, nesta ocasião isso não faz com que me sinta melhor.

- Funcionou quando se separou do Tom - adotou uma expressão comicamente assombrada. - E com Dick e com Harry. Por não mencionar a Risonho, Resmungão, Dorminhoco e todos seus antecessores.

- Sim - ante sua tentativa de humor ela fez uma careta, - suponho que depois de mil repetições tudo perde o impacto.

- Muito bem, mas não deixa de ser menos certo. Então, o que acha de deixar de ser a vítima e começa a olhar o lado bom, hein?

- Céus, Alfonso, sua simpatia e compaixão parecem entristecedoras - fez uma careta.

- Tal como eu vejo Annie, você já sente bastante pena de si mesma. Alimentar sua desgraça com uma falsa compaixão só animaria você a pensar mais nesse idiota - tirou um cacho prateado. - E penso que é mais divertida quando está disposta a devorar o mundo, Anahí Worthington - sorriu, abraçou-lhe fugazmente e lhe deu um beijo na cabeça.