Fanfic: Daddy's Lil Monster | Tema: Batman; Esquadrão Suicida
Mesmo que o banco da viatura não fosse tão desconfortável, mesmo que o aquecedor estivesse ligado e mesmo que as músicas que tocavam na rádio não fossem ruins, eu não via a hora de chegar em meu apartamento e me afastar de qualquer coisa ligada a essa noite.
O caminho foi longo e o Comissário Gordon percebeu que eu não estava muito bem para conversar. Ele realmente foi atencioso comigo, eu devia uma a ele.
Assim que chegamos em frente ao meu prédio, murmurei um “obrigada” e já tirava o cinto de segurança.
_ “Espere, doutora! Olha, eu não vou dizer que entendo sua preocupação com aquele psicopata, porque realmente não entendo. Mas te aconselho a ficar longe dele. Sei que é a sua psiquiatra, mas mesmo assim, ele é o homem mais louco que eu já vi.” Ele disse.
_ “Estou acostumada a lidar com isso, comissário.” Falo.
_ “Eu sei, mas não entendo a preocupação que demonstrou hoje.” Replica.
_ “Ele é meu paciente. E vocês deixaram aquele homem vestido de morcego bater nele enquanto estava completamente indefeso.
_ “The Joker nunca está indefeso. É que, toda vez que olho para aquele maldito palhaço, só consigo lembrar da minha filha presa em uma cadeira de rodas para sempre por culpa daquele maníaco.” diz Gordon rapidamente, mas suspira.
_ “Sinto muito por isso! Mais uma vez, obrigada.” Falo retoricamente, coloco uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
Saio do carro e entro no prédio. Vejo o horário em meu celular, não era nem dez e meia. Assim que passo pela portaria, vejo duas caixas de papelão e Paulo colocando suas coisas dentro delas.
_ “Paulo?” Chamo meu porteiro.
_ “Ah, olá Harleen.” Ele diz simpático.
_ “Está saindo do prédio?” Pergunto apontando para as caixas.
-Pois é! Outro cara veio procurar a vaga de porteiro nesse prédio, então aproveitei para pegar minha aposentadoria. Ele começa depois de amanhã.
_ “Quem começaria a trabalhar num domingo?” Pergunto, confusa. Ele dá uma risada baixa.
_ “Acho que existe louco pra tudo nesse mundo.” Diz, trazendo os acontecimentos dessa noite de volta à minha mente.
_ “Eu que o diga, Paulo.” Digo e vou em direção ao elevador.
Suspirei quando as portas se fecharam. Eu estava sozinha novamente. Não demoraria para que as vozes tomassem conta de mim.
O sábado foi uma tortura para mim. Fiquei o dia todo enfiada dentro do meu apartamento. A única coisa que se passava pela minha mente era que segunda tinha que chegar logo.
“Calma, Harley, agora o morcego não pode mais machuca-lo, ele está seguro em Arkham.”
_ “Harley?” Perguntei-me em voz alta, assim que percebi que havia chamado a mim mesma do apelido que ele inventou.
Balancei a cabeça para tirar esses pensamentos.
Meu sofá nunca pareceu tão desconfortável. Na TV não havia nada de interessante, apenas algumas reportagens que glorificavam o Batman por ter levado The Joker de volta à prisão. Argh, como as pessoas conseguem ser tão hipócritas? O Batman é tão louco quanto qualquer um que está em Arkham!
O único jeito de passar o tempo, e diminuir o volume das vozes que insistiam em martelar em minha cabeça, foi escrevendo dúzias de relatórios desnecessários sobre os pacientes, principalmente sobre ele.
Os médicos o descreviam como um monstro, como um psicopata e maníaco, que matava por prazer e não tinha nenhum valor ético ou moral. Não que eu discorde, isso é impossível, mas ninguém entendia o motivo dele fazer o que faz. O seu passado é um mistério que ninguém conseguiu descobrir. Eu duvidava que ele próprio se lembrasse. Não me surpreenderia se sua mente apagasse todas as suas lembranças do que já foi ter uma vida normal para conseguir conviver com a própria loucura.
Vida normal? A esse ponto, eu não tinha ideia do que era uma vida normal. Não dá para ser normal em Gotham. Não quando há grandes mentes psicóticas tentando espalhar caos pela cidade, não quando há um vigilante mascarado que parece o próprio Diabo e que todos veneram pelo seu “heroísmo”. Que grande merda essa cidade é. Depende tanto do Batman que não percebe o quanto ele é prejudicial.
Ainda assim, digitava furiosamente em meu notebook, escrevendo tudo o que me vinha à mente, já esquecendo que aquilo deveria ser um relatório profissional.
Deitei-me na cama às nove horas, torcendo para que, se dormisse cedo, o dia passaria mais rápido, domingo chegaria logo, e depois a segunda, para que eu finalmente voltasse à minha rotina com ele.
Não consegui dormir antes das três da manhã. A noite de ontem teve um peso em mim muito maior do que a em Arkham. Aquilo foi só uma fuga, coisa comum do Asilo. Mas o que aconteceu ontem? Sem palavras, era inacreditável que todos ignoravam as atitudes ruins do morcego, só porque ele salvava a cidade de vez em quando.
No domingo, minha ansiedade só aumentou. Eu podia jurar que meu coração bateu num ritmo fora do normal o dia todo. Já era seis e meia da tarde quando Jane me ligou, convidando-me para jantar em um restaurante qualquer que ela foi com o noivo e gostou.
Arrumei-me de uma forma um tanto precária. Minha calça jeans preta era um pouco colada. A blusa vermelha que eu havia escolhido deixava uma parte considerável das minhas costas à mostra. Calcei minha bota de salto preta, minha favorita, deixando meus cabelos soltos.
Tirei o óculos e me olhei no espelho. Aquilo me lembrava da minha época de faculdade, onde eu finalmente senti como se estivesse livre. Tinha apenas dezoito anos e tinha acabado de deixar minha irmã mais velha em Metrópolis e eu finalmente senti como se pudesse fazer o que quisesse. Claro, os trabalhos da faculdade estragaram um pouco esse pensamento.
Recebi uma mensagem da minha amiga, dizendo que já estava me esperando lá embaixo. Saí do meu apartamento e entrei no elevador.
Assim que passei pela portaria, vi o novo porteiro em frente à tela do computador, que mostrava as imagens capturadas pelas câmeras de segurança.
Apesar de estar sentado, parecia ser muito alto, forte também, com algumas tatuagens saindo pelo uniforme do prédio. Não olhei seu rosto, mas ele estava mais para capanga de algum mafioso qualquer do que para porteiro do meu prédio. Ignorei a sensação e saí do edifício, entrando no carro de Jane em seguida.
_ “Odeio quando demoram com a comida! Olha só, meu suco já está na metade, eu vou ter que pedir outro.” Jane falou emburrada em minha frente.
_ “É exatamente esse o objetivo deles.” Digo sem ânimo, brincando com o meu canudo.
_ “Deus, Harleen! Você nem tocou no seu suco! Não está prestando atenção em nada. O que aconteceu?” Minha amiga aumenta o tom de voz e olho para ela.
Fico em silêncio e volto a olhar fixamente para a ponta do canudo que estava em meus dedos.
_ “É por causa dele, não é? O que está acontecendo? Por que você está tão obcecada por ele?” Ouvi novamente sua voz e levantei o olhar um tanto assustada. Algo me dizia que ela sabia exatamente em quem eu estava pensando quando falou isso, Jane suspirou.
_ “Eu não estou obcecada por ele!” Digo, tentando manter o meu tom de voz normal.
_ “Não minta para mim, Harleen! Eu nem mencionei seu nome na conversa e você já sabe a quem eu me refiro, vai me dizer que isso não é obsessão? Eu sei que ele é um psicopata diferente, interessante. Sei que muitos médicos já tentaram curá-lo e acabaram mortos ou loucos. Mas isso não devia ser um atrativo para você.” Ela disse.
Droga, às vezes esqueço que ela é psicóloga e sabe me analisar.
_ “Eu só quero ajuda-lo, Jane!” Digo novamente em voz baixa.
_ “Não, não quer! Eu te conheço. Sei que não é boazinha como todos pensam. Você não iria se importar tanto com qualquer um.” Ela respondeu, ainda com o tom firme.
_ “Eu não me importo com ele!” Digo revoltada, batendo minha mão na mesa.
_ “Admita, Harleen! Só tome cuidado. Você sabe que ele é perigoso, sabe mais do que ninguém, não quero te perder para um idiota qualquer.
Ele não é um idiota, você é uma idiota! A voz irritante em minha cabeça berrou e eu fechei os olhos com força, tentando ignora-la.
_ “Tudo bem! Vamos só terminar de jantar e não vamos voltar mais nesse assunto.” Digo para a morena sentada em minha frente.
Segunda-feira finalmente chegou. Pulei da cama antes mesmo do meu despertador tocar. Tomei um banho rápido. Tomei apenas um pouco de café já que, com a minha energia, seria até perigoso tomar mais e me troquei. Saindo correndo em direção ao Arkham.
Lá tudo parecia já ter se acalmado. Eu havia ficado uma semana fora, o que pareceu ser suficiente para que tudo voltasse ao normal. Edward Nygma ainda estava solto, mas como conseguiram capturar The Joker?
Lembrei-me da noite na delegacia. Do homem-morcego dizendo que ele havia se entregado fácil demais. Lembrei-me dele dizendo que havia voltado por alguém e lembro-me de afirmar que esse alguém era eu. Suspirei de olhos fechados. Não, não era possível.
Sim, é sim, A voz disse e pela primeira vez eu não me senti incomodada com ela. Por quem mais ele voltaria ao Arkham? Só por você, Harley.
_ “Bom dia Anastácia! O que temos pra hoje?” Digo a recepcionista do asylum que sorri em minha direção.
_ “Bom dia Doutora Quinzel! Já separei sua ficha dos pacientes da semana em ordem alfabética...
_ “Ótimo, assim me organizo melhor!” Digo folheando a pasta indo de encontro a letra C e observando a foto do palhaço do crime logo na primeira folha e sorrindo para a mulher que me olha sem entender. Ele era o único que me importava.
_ “Já ia esquecendo, o doutor Jeremias e o senhor Bruce lhe esperam na sua sala. Creio que seja uma reunião pessoal.” A mulher diz me entregando um bloco de notas e canetas.
_ “Na minha sala? Obrigada Anastácia! “ Digo inconformada.
Autor(a): harleenquinzel
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Caminho com passo fortes até minha sala respirando fundo para não gritar ou até mesmo provocar minha demissão. Joker ainda estava aqui e eu não poderia me dar ao luxo de deixá-lo sozinho. Observando a porta da sala aberta entro sem cerimônias observando os dois sentados na cadeira a frente da mesa à minha espera. _&rdqu ...
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