Fanfic: Daddy's Lil Monster | Tema: Batman; Esquadrão Suicida
É estranho dizer, mas eu nunca fui uma pessoa que se assustasse tão facilmente. Na infância, eu era a única menina que não saía gritando e chorando quando um dos meninos pegava algum inseto e tentava pôr no meu cabelo. No Segundo grau, eu também era uma das poucas a não se intimidar com os populares. Nem mesmo tinha medo da treinadora carrancuda em minhas aulas de ginástica. Foi esse um dos tantos outros motivos de eu me dar tão bem nessa profissão. Mas eu continuava firme, mesmo cercada de vários psicopatas todos os dias. Mas essa situação era bem diferente.
De que forma, o psicopata mais perigoso de Gotham, e até mesmo do país, tinha arranjado um jeito de se comunicar com um de seus capangas e ainda de descobrir o meu endereço, mesmo preso num prédio cheio de guardas e segurança máxima e tudo entre seis e oito horas da noite. O Príncipe Palhaço do Crime já tinha conseguido me assustar mais do que qualquer outra coisa na vida e olha que essa seria apenas a minha terceira sessão com ele. Daqui a alguns minutos irei ter uma consulta com ele e não devo mostrar nenhum medo. Ele só quer me assustar...
Como cheguei em cima da hora, passei na minha sala, peguei meu jaleco e fui direto para a primeira consulta do dia, que seria com o The Joker.
A porta da sala de consulta abriu com um baque e eu fui tirada de meus pensamentos bruscamente. Dois guardas trouxeram The Joker, que estava em uma camisa de força. O homem de cabelos verdes, até então com a cara fechada, sorriu ao me ver. Os brutamontes se retiraram, fechando a porta e nos deixando sozinhos. Ele foi o primeiro a se pronunciar.
_” Harley! Espero que tenha gostado das rosas.” Ele me chamou pelo apelido que ontem mesmo tinha inventado.
_” Como conseguiu fazer isso? E como sabe onde eu moro? “ Perguntei.
_” Uou, querida! Muitas perguntas de uma só vez. Não ensinam na faculdade que isso pode irritar o paciente?” Ele disse extremamente calmo.
_” Você não parece estar agitado. Por que fez isso?” Perguntei suspirando em seguida.
_” Fiz porque rosas vermelhas combinam com você.” Ele disse, se curvando para ficar mais próximo.
_” A cor me lembra sangue, dor... Até mesmo amor.” Ele gargalhou com a última palavra e eu percebi que aquela era a primeira vez que eu ouvia sua risada.
_” O vermelho contrasta muito bem com o azul de seus olhos.” Ao parar de rir ele finalizou abrindo um sorriso.
_” Doutora, você tem os olhos mais bonitos que eu já vi, dá vontade de arrancá-los e colocá-los num chaveiro, para eu poder levá-los onde quiser.
A raiva sumiu totalmente dentro de mim, ainda estava processando tudo o que ele tinha dito e eu deveria estar com uma cara confusa, porque ele ficou sério de repente.
_” Foi um elogio!” Ele disse e por fim eu simplesmente coloquei alguns fios soltos do meu coque apertado atrás da orelha.
_” Tudo bem! Vamos mudar de assunto...” Falei, voltando a olhar para o psicopata.
_” Claro! Do que quer falar agora?” Ele perguntou.
_” Seu apelido! Por que The Joker?” Mencionei o assunto que já tinha preparado há um tempo para discutir sobre.
_” Bem, Doutora, digamos que eu tenho um enorme senso de humor.” Ele respondeu com um sorriso no final, exibindo novamente seus dentes metálicos.
_” Acho que as pessoas não consideram seu senso de humor tão divertido.” Falei sendo bem cautelosa a escolher as palavras.
_” A culpa não é minha se as pessoas têm mau gosto.”
_” Certo.” Falei e meu tom não saiu tão firme quanto planejei. Ele percebeu e logo completou.
_” Veja, Doutora, imagino que já deve ter jogado cartas pelo menos uma vez na vida, ou pelo menos deve ter visto alguém jogar.” Começou e eu assenti em resposta.
_” Ás vezes, um jogador tem ótimas cartas, está certo de que vai ganhar, mas então, o outro jogador tem uma carta especial, que muda completamente o jogo.”
_” The Joker.” Falei e ele sorriu para mim.
_” Exatamente!” Ele continuou.
Apenas continuei ouvindo, um tanto fascinada por sua explicação que não parecia nem um pouco com as frases enigmáticas que ele soltava nas consultas anteriores.
_” Apenas aquela carta pode mudar o destino do jogo inteiro, ela pode acabar com o suposto vencedor e levar toda a glória para o suposto perdedor.”
_” É essa sua intenção?” Perguntei.
_” Sendo a vida um jogo de cartas, seu objetivo é mudar o rumo de tudo, destruir as certezas impostas pelos jogadores, que não passam de...”
_” Hipócritas!” Ele completou.
_” Gosto como terminamos as frases um do outro, Harley. Mas continuando, tem uma pequena diferença entre um jogo de cartas e a vida real.”
_” E qual seria?” Perguntei novamente.
_” No jogo de cartas, há sempre um vencedor. Mas na vida real, todos só têm a perder.” Respondeu, sorrindo em seguida.
- Mister J podemos fazer uma associação de palavras? Assim não saímos do foco da consulta que no caso é você!” Digo séria ao palhaço que concorda com a cabeça
_” Amigos?” Pergunto a ele esperando a resposta para ser anotada no papel.
” Inexistente.”
_” Família?”
_” Passado.”
_” Tristeza?”
_” Alegria.”
_” Arkham?”
_” Hobby.”
_” Futuro?”
_” Você.”
A caneta então cai da minha mão fazendo um pequeno barulho no chão. Não esperava por essa resposta e provavelmente ele já premeditava minha reação pois seu sorriso estava maior depois de ver minha cara de surpresa. Escuto a porta da cela ser aberta por um guarda mas por incrível que pareça não conseguia me mover, era como se eu estivesse grudada aquela cadeira, naquele momento, estava difícil parar de olhar para os olhos do homem na minha frente que parecia estar me hipnotizando.
Doutora Quinzel, fim da consulta.” O guarda informa com a porta da cela aberta.
_” Docinho?” A voz rouca do palhaço me tira do transe. Me pergunto o que esse homem está fazendo comigo.
_” Claro!” Me levanto da cadeira indo em direção a porta da cela enquanto os guardas me olham caminhar.
Ao chegar próximo a porta escuto o palhaço me chamar em forma de assobio. Me viro para ele instintivamente e observo o homem sorrir pra mim. Não é normal alguém sorriso tanto.
_” Ia sair sem se despedir? Que falta de educação doc. Ainda bem que atende ao meu chamado.” Ele se despede de mim com uma piscada enquanto assovia uma canção de ninar
_” Até a próxima consulta Mister J!” Saio da sala em transe. Me sinto totalmente perdida e sinceramente se não fosse os guardas me acompanhando até a saída da ala de segurança máxima eu não conseguiria dar um passo para sair daquele lugar. Sorte a minha que nenhum guarda notou minha reação ao sair da cela, diriam que não sou capaz de trata-lo.
Depois da consulta com o Palhaço Assassino, somente o barulho dos saltos são escutados no corredor do asylum. Percebo pela janela a frente que chovia na cidade. O tempo estava misterioso igual ao palhaço. Eu me tranquei em minha sala, somente com o intuito de estudar tudo o que eu sabia sobre ele, pegando todos os relatos dos médicos e lendo um de cada vez, com calma. Somente hoje, eu tinha chegado mais longe que qualquer outro psiquiatra já havia. Todos se concentravam em saber do passado do meu paciente, não entendiam que aquilo realmente não interessava mais. Apegavam-se tanto às coisas que já ouviram sobre The Joker, tentaram tanto entrar na cabeça do mesmo que, em nenhum momento, tentaram compreender o que ele sentia, nunca deixaram ele explicar com suas próprias palavras o que fazia e o porquê fazia. Parece que uma luz se acendeu em minha cabeça, mas é claro! Não haveria jeito melhor de levar minhas consultas em diante sem ser ouvir tudo o que ele tem a me dizer, sem ser entender a maneira como ele vê o mundo.
Só saí da minha sala às três e meia, meu horário de consulta com o Charada.
_ “Vivo no meio do mar, fui o último da Terra, nasço todo ano e morro sempre na sexta. Mesmo assim, é impossível me achar no mundo. O que sou? “
Resisti ao impulso de revirar os olhos. Era a nona charada hoje, considerando apenas as que eu me dei o trabalho de contar. Edward Nygma estava na minha frente, com algemas nas mãos e nos pés, com um olhar curioso, esperando uma resposta.
_” Vamos, aposto que você sabe a resposta. “Ele insistiu.
_” Sabe que não posso responder suas charadas, Sr. Nygma. Ainda temos cinco minutos de sessão, mas como não há mais nada a falar, podemos terminar mais cedo.” Respondi.
_” Tudo bem! Só uma dica, não diga isso para The Joker, ele quebrou o maxilar da última médica que tinha o costume de fugir das sessões.” Ele falou emburrado.
_” Como sabe que ele é meu paciente?” Falei já estando na porta, e virando para olhá-lo.
_” Todos no Arkham já sabem. A maioria não acredita como é possível ele ainda não ter te matado, ou você ainda não ter fugido.” Ele respondeu como se não ligasse.
Ótimo, eu agora era alvo de grande parte dos pacientes do Asilum, que deviam me achar extremamente incapaz de tratar do caso Joker.
Saí da sala bufando e sentindo minha barriga roncar. Lembrando que eu tinha almoçado pouco. Como não tinha nenhuma consulta a mais, fui embora mais cedo. Cheguei em casa, tirando aquela roupa e colocando simplesmente uma calça jeans, uma blusa preta de alcinha com uma jaqueta de couro vermelha, bem escura, e uma sapatilha qualquer. Soltei meus cabelos e arrumei meus óculos, verifiquei meu celular, vendo uma mensagem de Clarice. Ela tinha vindo novamente a Gotham e queria me encontrar na lanchonete. Meu estômago roncou novamente e eu aceitei, já pensando no lanche que eu comeria. Peguei as chaves do meu carro e saí de casa.
Autor(a): harleenquinzel
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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