Fanfic: Mine | Tema: Futebol

Na manhã do dia seguinte eu estava convicto de aquilo era o certo a se fazer, inventei uma desculpa qualquer a Bárbara e sai avisando que voltaria pro almoço. Mas ao pisar naquele consultório com paredes todas brancas e móveis em cor marfim, toda certeza foi por água abaixo. Não sei ao certo quanto tempo fiquei parado em frente a recepção só me dei conta quando uma moça simpática chamou minha atenção.

— Posso ajudar? — ela perguntou ajeitando seus óculos sobre o rosto.

— Eu tenho um horário agendado. — falei.

— Seu nome por favor.

— Walter. — respondi.

Ela sorriu de canto e começou a digitar no computador, em minutos ela me entregou um crachá provisório e pediu que eu aguardasse que já seria atendido. Sentei em uma das poltronas e aguardei, o nervosismo começou a tomar conta de mim enquanto contava os minutos e tudo só piorou quando um paciente saiu da sala chorando, me arrependi no mesmo instante em estar ali e quando estava pronto pra sair sem ser notado a secretaria chamou meu nome.

— Me acompanhe por favor. — ela disse simpática, lhe lancei um sorriso amarelo e a segui.

Andamos por um corredor extenso até chegar a uma porta de madeira, com letras grandes em dourado “ Dra Alice Ferreira”. Nessa hora senti meus pés travarem no chão, eu queria fugir mas não tinha mais volta, a porta foi aberta e simpática secretaria me deu um sorriso antes de sair e me trancar ali dentro.

— Muito prazer em conhece – lo. — uma voz suave mas firme me tirou de meu transe, a mulher de estatura média saiu de trás de sua mesa e veio até mim, estendendo sua mão.

— Oi. — foi o que consegui dizer, aceitando seu aperto de mão.

Confesso que me surpreendi, a mulher a minha frente estava longe de ser a que eu imaginava, ela era jovem e muito bonita.

— Sente – se. — ela apontou pra cadeira a sua frente antes de fazer o mesmo.

Alice se sentou numa cadeira de frente a minha e cruzou as pernas pegando um bloco de notas e uma caneta, seu olhar se voltou pra mim e ela me encarou fixamente.

— Me diga senhor Walter porque está aqui?

— Pode me chamar só de Walter. — Pedi. — Na verdade eu não sei porque estou aqui.

— Ótimo Walter, quer me contar o que está acontecendo? — sua voz era firme e seus olhos não saiam de mim um minuto.

— Eu não sei. — balancei a cabeça. — Derepente minha vida que era perfeita virou de cabeça pra baixo e isso está refletindo no meu trabalho.

Observei Alice anotar algumas coisas antes de olhar novamente pra mim.

— E o que exatamente está te afetando?

— Problemas no meu casamento. — falei direto.  — Estamos juntos há quase 10 anos mas sinto que não nos amamos mais.

— Ela também se sente assim?

— Acredito que sim. — afirmei. — Eu conheço a Bárbara o suficiente pra saber que ela também não está feliz, mas é como se algo a prendesse de ser livre.

— Talvez seja o fato de vocês já terem se acostumado um com o outro, eu conheço muitos casos de casais que estão juntos por comodismo, mas posso te garantir que essa não é a solução.

— E qual é a solução Dra? Você já foi casada? — minha pergunta sai um tanto quanto irônica.

— Nunca fui casada, mas entendo perfeitamente.  — ela se mantém firme e em momento alguma demonstra incômodo.

— Ah claro, seus 4 anos de faculdade a tornaram uma expert em casamentos não é mesmo?  

Um silêncio constrangedor toma conta da sala, Alice volta sua atenção ao bloco de notas e escreve algo ali, me remexo na cadeira um pouco incomodado antes de falar.

— Quantos anos você tem?

Seu olhar recai surpreso pra mim, talvez eu tivesse sendo um pouco inconveniente.

— 23.

— Ótimo, estou discutindo minha vida com uma garota de 23 anos. — solto uma risada sarcástica e ela me olha seria.

— Pode ir embora se quiser. — ela responde. — Não prendo nenhum paciente, estou aqui apenas para ajudar.

— Ótimo Dra, até porque isso aqui é uma palhaçada.

Me levanto num sobressalto e ando em direção a porta.

— Quer saber, eu não deveria ter vindo, você não sabe de nada, tudo que aprendeu vem de livros e pra ser sincero, um pedaço de papel não me interessa em nada. — ela permaneceu seria mas ainda me encarava.

— Eu posso te ajudar.

Ela só podia estar de brincadeira. Qual o problema desse garota?

— Pode pedir pra abrir por favor. — falo ignorando sua última frase.

Vejo quando ela pega o telefone ao seu lado e fala com alguém, em instantes ouço a porta sendo destrancada.

— Espero que você volte. — ela diz.

—  Não conte com isso Dra. — falo antes de sair batendo a porta atrás de mim.