Fanfics Brasil - Capítulo 03 -p05 Amor Imenso (Adaptação Vondy)

Fanfic: Amor Imenso (Adaptação Vondy) | Tema: ROMANCE, VONDY


Capítulo: Capítulo 03 -p05

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— Por favor, não se incomode. Ele tem razão. Às vezes a gente não pode consertar as coisas. — Apesar das palavras complacentes que saíram  de minha boca, uma lágrima escorreu por meu rosto. 


ONZE ANOS ANTES


Minha mãe havia saído de novo. Só Deus sabe aonde ela foi ou com quem. Eu nunca podia contar com Patricia, minha mãe, para nada. Só havia  duas pessoas em quem eu podia confiar: minha avó e Urcker.  


A única coisa boa no fato de minha mãe me deixar sozinha na maioria das noites era que eu podia sair e ir aonde eu quisesse. Minha avó presumia que minha mãe estava em casa, por isso não podia me impedir.  


Urcker  e eu combinamos que nos encontraríamos em quinze minutos.


Iríamos ao shopping encontrar alguns colegas do oitavo ano. Eles eram da turma legal em que Urcker e eu tentávamos entrar. Por estarmos sempre os dois juntos, não fazíamos parte de nenhum outro grupo.  


Ele esperava na esquina com as mãos nos bolsos. Eu adorava quando ele usava o boné de beisebol com a aba para trás, com mechas loiras escapando  nas laterais. Ultimamente, eu notava cada vez mais essas coisas. Era difícil  não notar.  


Ele se aproximou de mim.


— Vamos nessa?


— Sim.


Urcker começou a correr.


— Vamos logo, o próximo ônibus passa em cinco minutos.


Eu não sabia por que a ideia de me aproximar daquele pessoal me deixava tão nervosa.  


Urcker não parecia nervoso. De maneira geral, ele era mais confiante que eu.


Quando entramos no shopping, as luzes fluorescentes contrastaram com a escuridão do inverno lá fora. Íamos encontrar o pessoal na praça de alimentação.


Meu coração passou a bater acelerado quando nos aproximamos dos
dois meninos e uma menina que esperavam ao lado do quiosque de pretzel Auntie Annie’s. Urcker percebeu minha agitação.



— Não fique nervosa, Tapa-Olho.
A primeira coisa que me lembro de ter ouvido do Chandler foi: — Que merda é essa?
— O quê?
— Você se cagou, Amélia?



Olhei para baixo com o coração quase saltando do peito. Sabia que, apesar do nervosismo, não tinha perdido o controle do intestino. A gente percebe quando acontece, certo? Não. Aquilo não era cocô. Era sangue. Eu não estava preparada, pois era a primeira vez que menstruava. Aos treze anos, estava meio atrasada em relação às outras garotas que conhecia. E aconteceu no pior momento possível.


Urcker olhou para baixo, depois para os meus olhos cheios de pânico.
— É sangue — falei, movendo os lábios sem emitir nenhum som.
Sem hesitar, ele assentiu uma vez como se quisesse dizer que ia resolver tudo.
— É sangue — disse Urcker.
— Sangue? Eca... que nojo! — Ethan, o outro menino, reagiu.


— Dulce se furou com minha faca quando vínhamos para cá.
Eu estava olhando para baixo, mas levantei a cabeça e encarei meu amigo com uma expressão incrédula.


Chandler arregalou os olhos.
— Ela mesma se furou com a faca?
— É. — Urcker sorriu. Para minha surpresa, tirou um canivete do bolso da jaqueta. — Está vendo? Eu levo sempre no bolso. É um canivete do Exército suíço. Mostrei a faca para Amélia no ônibus. E a desafiei a furar a
própria barriga. E essa maluca aceitou o desafio! E foi assim que ela sujou a calça de sangue.


— Está brincando?
— Queria estar, cara.
Os três se entreolharam antes de Chandler dizer: — Essa é a coisa mais doida que eu já ouvi!
Ethan bateu no meu braço.
— Sério, Dulce, que lance maluco.
Urcker deu risada.
— É, então... A gente só passou para dar um oi, pois já estávamos
chegando, mas não vai dar para ficar, pois ela precisa ir ao pronto-socorro.


— Legal, cara. Manda notícias.
— Tudo bem.


— O que foi que você fez? — cochichei quando a gente se afastou.
— Não fala nada. Só anda.



O ar frio da noite nos atingiu quando saímos do shopping pela porta giratória. Paramos na calçada e nos encaramos por um momento antes de explodirmos em gargalhadas histéricas.


— Não acredito que você inventou essa história maluca.


— Você não tem que se envergonhar da verdade, mas eu sabia que estava constrangida.Quis fazer alguma coisa, pois você estava enrolando uma mecha decabelo no dedo sem parar.


— Sério? Eu nem percebi.


— É, você faz isso quando fica nervosa.


— Não sabia que tinha percebido.


Os olhos dele se detiveram em meus lábios por um momento quando disse: — Eu noto tudo em você.


Ruborizada, mudei de assunto.


— Não sabia que andava com uma faca no bolso.


— Sempre ando. Sabe, caso aconteça alguma coisa quando estivermos na rua. Preciso ter como te proteger.


Meu coração, que pouco antes havia disparado por causa daqueles babacas, agora batia acelerado por um motivo completamente diferente.


— É melhor eu ir para casa.


— Tem uma farmácia bem ali. Compra alguma coisa e pergunta se pode usar o banheiro deles.


Entrei e usei o dinheiro que havia reservado para jogar no fliperama do shopping para comprar um pacote de absorventes e uma calcinha feia e barata. Pensaria em absorventes internos mais tarde, quando tivesse tempo para aprender a usá-los.


Quando saí da farmácia, Justin me deu seu moletom.


— Amarra isso aqui na cintura.


— Obrigada.


— Aonde vamos agora? — perguntou ele.


— Como assim? Tenho que ir para casa! Minha calça está toda suja de sangue.  


— Não dá para ver nada agora que você amarrou meu moletom na cintura.  


— Mesmo assim, não me sinto confortável.


— Não quero ir para casa. Sei aonde a gente pode ir... um lugar onde não conhecemos ninguém. Vou lá sozinho, de vez em quando. Vem.  


Urcker me conduziu  pelas calçadas de Providence. Depois de uns dez minutos, viramos em uma esquina e nos dirigimos a um prédio pequeno e vermelho. Olhei para a placa luminosa na porta.  


— Isso é um cinema?


— Sim. Eles exibem filmes que ninguém conhece e de que ninguém fala. E sabe o que é melhor? Nem perguntam quantos anos você tem.  


— São filmes ruins?


— Não. Não é filme de gente pelada, como os que eu disse que meu pai vê. São filmes estrangeiros com legenda, coisas assim.  


Urcker comprou dois ingressos e uma pipoca para dividirmos. O cinema tinha cheiro de mofo e estava praticamente vazio, o que era perfeito,  considerando que eu não queria encontrar ninguém. Apesar de os assentos  estarem grudentos, isso era tudo de que eu precisava.  


O filme era francês e legendado.


A fotografia era fascinante, e a trama era mais séria do que as das comédias a que eu costumava assistir. Mas era perfeito. Perfeito não só pelo  que era exibido na tela, mas por quem estava ao meu lado. Deitei a cabeça  no ombro de Urcker e agradeci a Deus por ter um amigo que sempre sabia  exatamente do que eu precisava. Também havia alguma coisa estranha em mim,  alguma  coisa  que  eu  não  conseguia  identificar,  uma  sensação persistente que se identificaria sozinha em algum  tempo e que chegaria ao seu ponto máximo pouco antes de eu fugir de tudo. 


Aquele não foi o último filme independente que Urcker e eu vimos juntos no  pequeno cinema  de  paredes vermelhas. O lugar  tornou-se  nosso  refúgio durante os  dois  anos seguintes.  Filmes  indie  se  tornaram  nosso  vício.  Ir  lá não  tinha  a  ver  com  ser  visto  no cinema  nem  com  encontrar  gente  do colégio. Aquele cinema era um lugar para onde nós dois podíamos fugir da realidade  sem  sermos  vistos,  um  lugar  onde  podíamos  estar  juntos  e nos perder em um mundo diferente ao mesmo tempo. 


Na  tarde  seguinte,  ouvi  da minha janela  quando Urcker  estava  sentado na escada  da casa  da minha  avó,  tocando  uma  canção  nova  que eu  nunca tinha ouvido antes. Parecia com “I touch myself”, do Divinyls, mas ele havia mudado a letra para “I stab myself”. Eu  me esfaqueio. 


Como não amar aquele garoto?


 


Acho tão fofinho essas Recordações


Tô amando os comentários de vocês obg 😍❤️


Amanhã tem maratona....



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Autor(a): dayanerodrigues

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 522



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  • dayanerodrigues Postado em 24/04/2021 - 15:31:47

    Bateu uma saudades dessa história e li novamente

  • anne_mx Postado em 10/01/2021 - 00:06:20

    Sua história de amor é linda e essa fanfic também foi muito especial, obrigadaaa <3

    • dayanerodrigues Postado em 13/01/2021 - 12:05:46

      oh meu amor muito obg *-*

  • aucker Postado em 05/12/2020 - 05:14:48

    Muito bonita a história

    • dayanerodrigues Postado em 16/12/2020 - 13:07:09

      obg amorrr <3

  • aucker Postado em 05/12/2020 - 02:07:08

    Morri com a cena do cinema kkkkk

  • nathalia_muoz Postado em 06/11/2020 - 12:25:49

    Muy linda historia, felicidades

    • dayanerodrigues Postado em 06/11/2020 - 12:35:45

      obg amor

  • vondysaviñon Postado em 06/11/2020 - 11:18:23

    Obrigada por ter adaptado essa história para nós e por ter compartilhado um pouco da sua história com o seu marido!

    • dayanerodrigues Postado em 06/11/2020 - 11:46:38

      De nada amor *-* Partiu nova história

  • vondysaviñon Postado em 06/11/2020 - 11:17:47

    que final mais lindo. Não adianta, quando é pra ser, vai ser mesmo com todas as dificuldades e empecilhos que os outros ou a vida tentem colocar

    • dayanerodrigues Postado em 06/11/2020 - 11:46:15

      Verdade viu. A lei da vida

  • dada Postado em 06/11/2020 - 07:10:45

    Nao consegui ler o epílogo

    • dayanerodrigues Postado em 06/11/2020 - 09:22:46

      Postei novamente amor

    • dayanerodrigues Postado em 06/11/2020 - 07:27:23

      Amor creio que é um probleminha no site. Vou escrever de novo o epílogo e postar

    • dayanerodrigues Postado em 06/11/2020 - 07:20:03

      Vou vê o que tá acontecendo

  • taianetcn1992 Postado em 06/11/2020 - 04:15:24

    ena proxima estaremos juntas como sempre

    • dayanerodrigues Postado em 06/11/2020 - 09:26:16

      ebaaaa, é hoje viu, vamos ri muito juntas kkkkk

  • taianetcn1992 Postado em 06/11/2020 - 04:15:12

    ja quero deixar registrado aqui que amei, amo e continuarei amando muito todas as suas historias

    • dayanerodrigues Postado em 06/11/2020 - 09:32:29

      obg amor, amo seus comentários. Me motiva a continuar.


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