Fanfic: Amor Imenso (Adaptação Vondy) | Tema: ROMANCE, VONDY
— Por favor, não se incomode. Ele tem razão. Às vezes a gente não pode consertar as coisas. — Apesar das palavras complacentes que saíram de minha boca, uma lágrima escorreu por meu rosto.
ONZE ANOS ANTES
Minha mãe havia saído de novo. Só Deus sabe aonde ela foi ou com quem. Eu nunca podia contar com Patricia, minha mãe, para nada. Só havia duas pessoas em quem eu podia confiar: minha avó e Urcker.
A única coisa boa no fato de minha mãe me deixar sozinha na maioria das noites era que eu podia sair e ir aonde eu quisesse. Minha avó presumia que minha mãe estava em casa, por isso não podia me impedir.
Urcker e eu combinamos que nos encontraríamos em quinze minutos.
Iríamos ao shopping encontrar alguns colegas do oitavo ano. Eles eram da turma legal em que Urcker e eu tentávamos entrar. Por estarmos sempre os dois juntos, não fazíamos parte de nenhum outro grupo.
Ele esperava na esquina com as mãos nos bolsos. Eu adorava quando ele usava o boné de beisebol com a aba para trás, com mechas loiras escapando nas laterais. Ultimamente, eu notava cada vez mais essas coisas. Era difícil não notar.
Ele se aproximou de mim.
— Vamos nessa?
— Sim.
Urcker começou a correr.
— Vamos logo, o próximo ônibus passa em cinco minutos.
Eu não sabia por que a ideia de me aproximar daquele pessoal me deixava tão nervosa.
Urcker não parecia nervoso. De maneira geral, ele era mais confiante que eu.
Quando entramos no shopping, as luzes fluorescentes contrastaram com a escuridão do inverno lá fora. Íamos encontrar o pessoal na praça de alimentação.
Meu coração passou a bater acelerado quando nos aproximamos dos
dois meninos e uma menina que esperavam ao lado do quiosque de pretzel Auntie Annie’s. Urcker percebeu minha agitação.
— Não fique nervosa, Tapa-Olho.
A primeira coisa que me lembro de ter ouvido do Chandler foi: — Que merda é essa?
— O quê?
— Você se cagou, Amélia?
Olhei para baixo com o coração quase saltando do peito. Sabia que, apesar do nervosismo, não tinha perdido o controle do intestino. A gente percebe quando acontece, certo? Não. Aquilo não era cocô. Era sangue. Eu não estava preparada, pois era a primeira vez que menstruava. Aos treze anos, estava meio atrasada em relação às outras garotas que conhecia. E aconteceu no pior momento possível.
Urcker olhou para baixo, depois para os meus olhos cheios de pânico.
— É sangue — falei, movendo os lábios sem emitir nenhum som.
Sem hesitar, ele assentiu uma vez como se quisesse dizer que ia resolver tudo.
— É sangue — disse Urcker.
— Sangue? Eca... que nojo! — Ethan, o outro menino, reagiu.
— Dulce se furou com minha faca quando vínhamos para cá.
Eu estava olhando para baixo, mas levantei a cabeça e encarei meu amigo com uma expressão incrédula.
Chandler arregalou os olhos.
— Ela mesma se furou com a faca?
— É. — Urcker sorriu. Para minha surpresa, tirou um canivete do bolso da jaqueta. — Está vendo? Eu levo sempre no bolso. É um canivete do Exército suíço. Mostrei a faca para Amélia no ônibus. E a desafiei a furar a
própria barriga. E essa maluca aceitou o desafio! E foi assim que ela sujou a calça de sangue.
— Está brincando?
— Queria estar, cara.
Os três se entreolharam antes de Chandler dizer: — Essa é a coisa mais doida que eu já ouvi!
Ethan bateu no meu braço.
— Sério, Dulce, que lance maluco.
Urcker deu risada.
— É, então... A gente só passou para dar um oi, pois já estávamos
chegando, mas não vai dar para ficar, pois ela precisa ir ao pronto-socorro.
— Legal, cara. Manda notícias.
— Tudo bem.
— O que foi que você fez? — cochichei quando a gente se afastou.
— Não fala nada. Só anda.
O ar frio da noite nos atingiu quando saímos do shopping pela porta giratória. Paramos na calçada e nos encaramos por um momento antes de explodirmos em gargalhadas histéricas.
— Não acredito que você inventou essa história maluca.
— Você não tem que se envergonhar da verdade, mas eu sabia que estava constrangida.Quis fazer alguma coisa, pois você estava enrolando uma mecha decabelo no dedo sem parar.
— Sério? Eu nem percebi.
— É, você faz isso quando fica nervosa.
— Não sabia que tinha percebido.
Os olhos dele se detiveram em meus lábios por um momento quando disse: — Eu noto tudo em você.
Ruborizada, mudei de assunto.
— Não sabia que andava com uma faca no bolso.
— Sempre ando. Sabe, caso aconteça alguma coisa quando estivermos na rua. Preciso ter como te proteger.
Meu coração, que pouco antes havia disparado por causa daqueles babacas, agora batia acelerado por um motivo completamente diferente.
— É melhor eu ir para casa.
— Tem uma farmácia bem ali. Compra alguma coisa e pergunta se pode usar o banheiro deles.
Entrei e usei o dinheiro que havia reservado para jogar no fliperama do shopping para comprar um pacote de absorventes e uma calcinha feia e barata. Pensaria em absorventes internos mais tarde, quando tivesse tempo para aprender a usá-los.
Quando saí da farmácia, Justin me deu seu moletom.
— Amarra isso aqui na cintura.
— Obrigada.
— Aonde vamos agora? — perguntou ele.
— Como assim? Tenho que ir para casa! Minha calça está toda suja de sangue.
— Não dá para ver nada agora que você amarrou meu moletom na cintura.
— Mesmo assim, não me sinto confortável.
— Não quero ir para casa. Sei aonde a gente pode ir... um lugar onde não conhecemos ninguém. Vou lá sozinho, de vez em quando. Vem.
Urcker me conduziu pelas calçadas de Providence. Depois de uns dez minutos, viramos em uma esquina e nos dirigimos a um prédio pequeno e vermelho. Olhei para a placa luminosa na porta.
— Isso é um cinema?
— Sim. Eles exibem filmes que ninguém conhece e de que ninguém fala. E sabe o que é melhor? Nem perguntam quantos anos você tem.
— São filmes ruins?
— Não. Não é filme de gente pelada, como os que eu disse que meu pai vê. São filmes estrangeiros com legenda, coisas assim.
Urcker comprou dois ingressos e uma pipoca para dividirmos. O cinema tinha cheiro de mofo e estava praticamente vazio, o que era perfeito, considerando que eu não queria encontrar ninguém. Apesar de os assentos estarem grudentos, isso era tudo de que eu precisava.
O filme era francês e legendado.
A fotografia era fascinante, e a trama era mais séria do que as das comédias a que eu costumava assistir. Mas era perfeito. Perfeito não só pelo que era exibido na tela, mas por quem estava ao meu lado. Deitei a cabeça no ombro de Urcker e agradeci a Deus por ter um amigo que sempre sabia exatamente do que eu precisava. Também havia alguma coisa estranha em mim, alguma coisa que eu não conseguia identificar, uma sensação persistente que se identificaria sozinha em algum tempo e que chegaria ao seu ponto máximo pouco antes de eu fugir de tudo.
Aquele não foi o último filme independente que Urcker e eu vimos juntos no pequeno cinema de paredes vermelhas. O lugar tornou-se nosso refúgio durante os dois anos seguintes. Filmes indie se tornaram nosso vício. Ir lá não tinha a ver com ser visto no cinema nem com encontrar gente do colégio. Aquele cinema era um lugar para onde nós dois podíamos fugir da realidade sem sermos vistos, um lugar onde podíamos estar juntos e nos perder em um mundo diferente ao mesmo tempo.
Na tarde seguinte, ouvi da minha janela quando Urcker estava sentado na escada da casa da minha avó, tocando uma canção nova que eu nunca tinha ouvido antes. Parecia com “I touch myself”, do Divinyls, mas ele havia mudado a letra para “I stab myself”. Eu me esfaqueio.
Como não amar aquele garoto?
Acho tão fofinho essas Recordações
Tô amando os comentários de vocês obg 😍❤️
Amanhã tem maratona....
Autor(a): dayanerodrigues
Este autor(a) escreve mais 8 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Duas semanas se passaram, e as coisas não haviam melhorado entre mim e Urcker.Em vez de me provocar, ele se contentou em me ignorar completamente. A casa tinha quatro quartos. Como transformei um deles em sala de ginástica, Urcker usava o outro como escritório durante o dia. Dava paraouvir sua voz abafada lá dentro durante telefonemas de neg&oacu ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 522
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
dayanerodrigues Postado em 24/04/2021 - 15:31:47
Bateu uma saudades dessa história e li novamente
-
anne_mx Postado em 10/01/2021 - 00:06:20
Sua história de amor é linda e essa fanfic também foi muito especial, obrigadaaa <3
dayanerodrigues Postado em 13/01/2021 - 12:05:46
oh meu amor muito obg *-*
-
aucker Postado em 05/12/2020 - 05:14:48
Muito bonita a história
dayanerodrigues Postado em 16/12/2020 - 13:07:09
obg amorrr <3
-
aucker Postado em 05/12/2020 - 02:07:08
Morri com a cena do cinema kkkkk
-
nathalia_muoz Postado em 06/11/2020 - 12:25:49
Muy linda historia, felicidades
dayanerodrigues Postado em 06/11/2020 - 12:35:45
obg amor
-
vondysaviñon Postado em 06/11/2020 - 11:18:23
Obrigada por ter adaptado essa história para nós e por ter compartilhado um pouco da sua história com o seu marido!
dayanerodrigues Postado em 06/11/2020 - 11:46:38
De nada amor *-* Partiu nova história
-
vondysaviñon Postado em 06/11/2020 - 11:17:47
que final mais lindo. Não adianta, quando é pra ser, vai ser mesmo com todas as dificuldades e empecilhos que os outros ou a vida tentem colocar
dayanerodrigues Postado em 06/11/2020 - 11:46:15
Verdade viu. A lei da vida
-
dada Postado em 06/11/2020 - 07:10:45
Nao consegui ler o epílogo
dayanerodrigues Postado em 06/11/2020 - 09:22:46
Postei novamente amor
dayanerodrigues Postado em 06/11/2020 - 07:27:23
Amor creio que é um probleminha no site. Vou escrever de novo o epílogo e postar
dayanerodrigues Postado em 06/11/2020 - 07:20:03
Vou vê o que tá acontecendo
-
taianetcn1992 Postado em 06/11/2020 - 04:15:24
ena proxima estaremos juntas como sempre
dayanerodrigues Postado em 06/11/2020 - 09:26:16
ebaaaa, é hoje viu, vamos ri muito juntas kkkkk
-
taianetcn1992 Postado em 06/11/2020 - 04:15:12
ja quero deixar registrado aqui que amei, amo e continuarei amando muito todas as suas historias
dayanerodrigues Postado em 06/11/2020 - 09:32:29
obg amor, amo seus comentários. Me motiva a continuar.