Fanfic: ~A face oculta do amor ~

- Sentem-se. - Christian dirigiu-se às duas moças, indicando o sofá.

Maite ficou grata pelo apoio que encontrou no estofado. Alguma coisa lhe dizia que talvez fosse precisar de até mais do que isso. Lançou um olhar a Guido, mas ele estava impassível.

- Quero me casar com você, Maite. - Foi tudo o que ele disse.

Ela o fitou perplexa. Prendeu a respiração e o sangue pareceu sumir como por encanto de seu rosto. Aquilo estaria mesmo acontecendo?

- Maite...

Mais uma vez ela ouviu seu nome: o som parecendo vir de milhas de distância. A cor voltou-lhe à face e, ao mesmo tempo, ela reencontrou sua voz.

- Oh, sim, Guido. Claro que sim.

Um curto silêncio seguiu suas palavras. Pela primeira vez, Maite tomou consciência da estranheza da situação da formalidade da proposta, com a presença do irmão e da cunhada. Olhou de um para outro, apreensiva.

-Guido quis que eu e Anahí estivéssemos presentes. - Christian quebrou o silêncio, como se adivinhasse o que ela estava pensando. Então, após lançar um olhar enigmático para o outro homem, a encarou, com firmeza. - Só tem dezoito anos, Maite. E eu me sinto responsável por você.

Toda aquela formalidade lhe pareceu abominável. Não era assim que gostaria de ter sido pedida em casamento. Não quando havia amor, um amor apaixonado de ambos os lados. Só mais tarde se lembraria de que Guido jamais dissera que a amava.

Estava a ponto de dizer o que pensava quando Chistian a interrompeu.

- Você é jovem demais, mai.

- Mas sei muito bem o que quero - conseguiu dizer, finalmente, olhando para Guido. Ele a fitava inexpressivamente os olhos castanhos ilegíveis.

- Podiam esperar um pouco.

- Não, Christian. - Uma onda de determinação a invadiu e ela se levantou, caminhando para Guido. Os braços que a envolveram lhe deram ainda mais confiança. - Quero me casar. E logo.

Christian e Anahí deixaram a sala depois disso. Guido passou a falar sobre o casamento e a respeito da vida que levariam juntos, mas Maite mal ouviu o que ele dizia. Era humanamente impossível concentrar-se em qualquer coisa, quando aquilo tudo ainda lhe parecia tão irreal. Naquele momento, só conseguia pensar na alegria sem fim que sentia. O homem que amava e ao qual se havia entregue sem pudores tinha acabado de pedi-la em casamento. Repartiriam suas vidas, seus planos seus sonhos. Haveria noites e noites de amor, e os dias seriam preenchidos com o trabalho de ambos. O futuro descortinou-se à frente dela como uma estrada larga e cheia de sol.

- ... e quando vai ser? - Maite o ouviu dizer, percebendo que Guido repetia a pergunta.

- Hum? - Ela o fitou, os olhos parados, distantes.

- Não ouviu uma palavra do que eu disse, não é, querida?

- Poucas - admitiu, mergulhando a cabeça no peito moreno.

- Perguntei quando gostaria de se casar. - Guido sorriu, apertando-a nos braços.

Maite ergueu a cabeça, os olhos cheios de alegria e de determinação.

- O mais cedo possível.

- Tem certeza? Desse modo não vai conseguir fazer grandes preparativos.

- Não preciso de grandes preparativos, Guido - ela afirmou com convicção. - Tudo o que quero é ser sua mulher.

A data do casamento foi marcada para duas semanas depois. Christian continuava hesitante, achando que mai e Guido haviam se precipitado. Além disso, temia o fato de a irmã se casar com um homem muito mais velho do que ela.

Annie, no entanto, respeitou os sentimentos da cunhada e mergulhou com gosto nos preparativos. Havia tanto o que fazer e tão pouco tempo! Guido havia insistido em arcar com as despesas, mas Christian, tendo um repentino acesso de orgulho, opôs-se à idéia, com teimosia. Sua irmã se casaria com tudo o que tinha direito e pelo menos o enxoval seria por conta dele.

Animadas, Maite e Anahí foram à cidade fazer compras. Numa das lojas da alvoroçada West Street, em Durban, encontraram um vestido de noiva em crepe chanel de corpinho justo e decote princesa, velado por uma pelerine com os ombros bordados com minúsculas pérolas. Exatamente o que Maite queria: simples e bonito.

Entendendo que o tempo da noiva estava totalmente tomado, Guido resolveu fazer uma pausa nas sessões. Afinal, teriam todo o tempo do mundo depois que estivessem casados... Para a alegria de Maite, vinha vê-la todos os dias. Ela, por sua vez, mal podia esperar para estar nos braços dele. O magnetismo de Guido era tanto, que por qualquer motivo via-se ardendo de desejo. Certa vez, não resistiu e deslizou as mãos sob a camisa de seda, fazendo-o estremecer.

- Sabe o que está fazendo comigo? - ele indagou rouco, puxando-a pelos quadris.

- me conta... - provocou Maite, vibrando ao tomar consciência da felicidade com que conseguia excitá-lo.

- Sua bruxinha... - jason mordeu uma de suas orelhas.

- Depois não me diga que eu não avisei.

- O que estamos esperando?

Maite não conseguia pensar em nada, a não ser no desejo louco, na necessidade que tinha de sentir aquele corpo contra o seu.

- Não, senhora... - Ele a afastou, com firmeza. - Você é uma diabinha me tentando, mas ainda me resta uma gota de escrúpulo... pelo menos no que diz respeito à minha futura mulher.

- Ora meu amor, não seria a primeira vez... - ela o lembrou com uma ponta de malícia no olhar.

- Isso é verdade. Mas até então eu não sabia... - ele estancou, e Maite viu quando uma sombra passou pelos olhos castanhos.

- Só mais quatro dias, meu anjo. - Guido sorriu, os dentes perfeitos contrastando com a pele morena. - Pode crer Maite, essa espera é tão difícil para mim quanto para você.

Mais quatro dias. Três,dois. Os dias eram cheios, mas mai mal podia dormir à noite. Sentia falta de Guido. Queria estar com ele, queria poder tocar a pele nua e quente daquele corpo moreno que tanto amava. Mas a espera valeria a pena. Só mais dois dias e então ficariam juntos para o resto da vida.

Havia acabado de provar o vestido pela qüinquagésima vez quando a campainha tocou. Christian estava no trabalho e Anahí ficaria fora a manhã toda. Seria Guido? Não, ele também devia estar trabalhando. Dulce talvez? Com uma pontada de remorso, percebeu que, desde o dia da festa, não teve mais tempo de conversar. Precisava remediar isso, o mais cedo possível.

Correu para a porta, curiosa. Uma mulher estava parada no degrau. E não era Dulce Maria. Os olhos eram de um azul quase turquesa a pele clara e aveludada, os cabelos negros e brilhantes presos num coque. Era a imagem da elegância, pensou Cindy, olhando involuntariamente para a própria roupa, o jeans surrado e a camiseta larga que usava.

- Srta. Perroni? - Um sorriso gelado revelou dentes perfeitos. - Você é a srta. Perroni? Será que poderíamos ter uma conversa?