Fanfic: METIDO DE TERNO E GRAVATA (Adaptação Vondy) | Tema: Romance, comédia, hot

Saímos de lá antes do fim da aula, porque não queríamos que Chloe nos visse, e avisamos Belinda que a encontraríamos no restaurante.
Na rua, o ar fresco era agradável. Finalmente, eu conseguia respirar melhor.
— Essa mulher não gosta de mim.
— Ela tem inveja de você. Sempre foi insegura com relação à aparência.
— Quê? Ela é linda. Ucker parou na rua.
— Ela é atraente, é claro. Mas é comum. Diferente de você. — Ele segurou meu rosto entre as duas mãos.
— Você é extraordinária.

Ele estava falando sério, e o jeito como olhava para mim acalmou as dúvidas que já começavam a surgir de novo dentro de mim.
Chloe entrou literalmente saltitando no Serendipity 3 quinze minutos depois. Ela ainda usava a roupa de balé, e era impossível não sorrir ao vê-la. Depois de uma breve pausa durante a qual Belinda apontou nossa mesa, ela saltitou o resto do caminho até onde estávamos sentados. Ucker levantou- se.
— Oi, Chloe — cumprimentou ele,
sorrindo.
— Oi, Biscoito. — Ela inclinou o corpo para trás e levantou a mão, esperando Ucker bater nela. Ele foi pego de surpresa e quase errou a mão dela. Foi um momento cômico. Esse tipo de troca informal não tinha nada de... tipicamente Ucker.
Quando ele sentou, eu me inclinei em sua direção.
— Biscoito?
— De Christopher Cracker — ele sussurrou. — Parece que ganhei um apelido.
— Como você chama? — Chloe subiu na cadeira e se ajoelhou nela. Estava
sentada bem na minha frente.
— Meu nome é Dulce. É muito bom conhecer você, Chloe.
— Dulce?
— Isso. — Primeira tentativa.
— Adorei seu cabelo. Mãe, quero fazer isso no meu.
Belinda pegou o cardápio.
— Acho que não.
— Você é casada com o Ucker?
— Não.
— Então é sua...?
Belinda interrompeu a filha curiosa.
— Dulce é amiga do Graham, querida. Senta direitinho na cadeira.
Ela deu de ombros.
— Mas eu gosto de ficar ajoelhada.
Assim alcanço as coisas.
— Senta. Se precisar de alguma coisa e não alcançar, pego para você.
Chloe fez biquinho, mas sentou-se na cadeira.

— Lembra aquela vez quando viemos aqui depois de conseguirmos a conta Donovan? — perguntou Belinda a Ucker.
— Não. — A resposta dele foi rápida. Era evidente que lembrava, mas estava tentando fazê-la mudar de assunto.
Belinda olhou para o cardápio e sorriu.
— Que pena. Mas aposto que lembra
daquela noite, mais tarde.
— Biscoito, o que vai comer?
— Ainda não sei, Chloe. E você?
Ela espremeu o rostinho e levou o indicador ao nariz como se estivesse pensando.
— Chocolate quente gelado, acho.
— Já veio aqui antes?
— Eu vinha toda semana depois da aula com meu pai. — Seu rosto entristeceu. Ela fez a pergunta seguinte para mim. — Também conhecia meu pai, Dulce?
— Hum...
Ucker tocou meu joelho sob a mesa e respondeu por mim.
— Ela não conheceu seu pai, Chloe.
— Sabe o que meu pai pedia toda semana?
— O quê?
Ela torceu o nariz como se sentisse um cheiro ruim.
— Café.
Ucker deixou o cardápio em cima da mesa. Ele nem chegou a ler as opções.
— Vou pedir o mesmo que você, Chloe.
O sorriso da menina era tão largo que quase consegui contar todos os dentinhos brancos.

Quando o garçom chegou para anotar nosso pedido, também pedi um chocolate quente
gelado. Belinda pediu só café. O garçom deixou uma lata de giz de cera e um cardápio infantil de papel para Chloe colorir. Ela começou a pintar imediatamente.
— Qual é sua cor favorita, Biscoito?
— Azul. — Ucker olhou para as pontas do meu cabelo. — E a sua?
— Verde. Queria pintar meu quarto de verde, mas mamãe disse que não era convincente para o quarto de uma menininha.
Belinda interferiu.
— Conveniente. Eu disse que não era conveniente para o quarto de uma menininha.
Chloe sacudiu os ombros e continuou pintando.

— E você, Dulce, o que faz? — perguntou Belinda.
— Trabalho para uma colunista. ―Pergunte a Ida.‖
— A coluna de relacionamentos?
— Isso mesmo.
Seu sorriso era falso.
— Vou ter que me lembrar disso, na próxima vez que precisar de conselhos.
Balancei a cabeça concordando com ela.
— Como vocês se conheceram?
— Ucker escreveu para a coluna de relacionamentos há alguns anos.
— É mesmo? — Belinda arregalou os olhos.
Apesar de adorar sua reação, achei melhor não exagerar no deboche.
— É brincadeira. A gente se conheceu no trem. Bem... mais ou menos. Ucker deixou cair o telefone, e eu o achei.
— Ucker estava andando de trem?
— Naquele dia, sim. Ucker afagou meu joelho.
— Mamãe não pega o trem. Papai e eu andávamos juntos! — contou Chloe. Falar em Liam não a perturbava como eu esperava. A menina continuou pintando, depois levou o indicador ao nariz de novo. Essa era posição de reflexão, evidentemente, e era uma gracinha.

— Você vai na minha festa de aniversário?
Vi o rosto de Ucker perder a luminosidade. Ele não sabia quando a filha fazia aniversário. Havia muita coisa para aprender.
— Quando é seu aniversário? — respondi.
— Dia 29 de maio.
— E como vai ser a festa?
— Uma festa de princesa. Você vai?
Olhei para Belinda antes de responder.
— A festa vai ser na nossa casa de verão nos Hamptons.
— É grande. Pode dormir lá — acrescentou Chloe.
— Eu ia perguntar se o Ucker queria ficar em nossa casa, Chloe.

Ela deixava claro que eu não estava incluída no convite.
Ucker não deu a mínima importância para o comentário.
— Dulce e eu vamos adorar ir a sua festa de aniversário, Chloe. Vamos ver se podemos ir. Obrigado pelo convite.
Quando chegou a hora de ir embora, vi nos olhos de Ucker que ele ainda não queria se despedir da filha. Sua filha. Ainda não parecia real.

Na frente do restaurante, Chloe se despediu de mim com um abraço rápido e depois olhou
para Ucker. Ele se abaixou diante dela na rua e disse:
— Tem alguma coisa especial que gostaria de ganhar de presente de aniversário, meu bem?
Ela levou o dedo à ponta do nariz e olhou para o céu. Quando encarou Ucker e respondeu, Chloe não sabia quanto sua resposta era irônica.
— Quero meu pai de volta.

Ahhhh que dó da Chloe.