Fanfic: Casada Até Quarta - Vondy (Adaptada) [Terminada] | Tema: Vondy

Boa Tardeee!! Amando cada comentário de Vcs... Continueeem

A imprensa deve ter desistido, ela pensou enquanto subia as escadas para seu apartamento. Não havia fotógrafos de quarenta e poucos anos atrás de arbustos ou dando zoom da esquina. Entrou em casa, jogou as chaves em uma mesinha e se dirigiu para as escadas.

Quando a campainha tocou, Dul se voltou e abriu a porta em um impulso. No meio do movimento se deu conta de que isso provavelmente resultaria em uma foto indesejada, que faria Christopher torcer o nariz no dia seguinte.

Mas a pessoa à porta não era um repórter ou um fotógrafo em busca de dinheiro fácil.

Pior que isso: era Natalia.

A mulher que a fitava era tudo que Dulce não era. Tinha cabelos loiros tão sedosos que não poderiam ser tingidos, maçãs do rosto definidas e olhos azuis brilhantes. As longas pernas espreitavam por baixo de uma saia de seda feita sob medida que certamente nunca esteve pendurada em uma arara de loja de departamentos.

Christopher tinha bom gosto para mulheres, isso ela tinha de admitir.

— Você sabe quem eu sou. — Natalia Téllez não era a amante abandonada que Dulce acreditara que apareceria sem aviso prévio. Espreitar de longe, talvez, mas bater à sua porta exigia coragem. A impetuosa Jacqueline teria sido a aposta de Dul.

Mas ela estava errada.

— O mesmo digo eu.

Natalia analisou Dul e deu um sorriso forçado. Ela vestia Gucci; Dulce, Target. Houve um tempo, quando Dul era mais nova, antes da derrocada de seu pai, em que uma amiga lhe dera um bom conselho: “Não entre em uma batalha sem o arsenal completo”. Na época, Dulce e uma rival do colégio tentavam ganhar a atenção de um garoto. Daquele dia em diante, ela nunca mais saíra de casa sem maquiagem e uma etiqueta de grife nas costas.

Ela olhou para o shorts de algodão e a camiseta em que se lia “CORREDORES MANTÊM O RITMO” e se encolheu.

— Não vai me convidar para entrar?

É claaaro que não.

— Não vejo por que convidaria.

 Mesmo assim, Natalia deu um passo adiante e forçou a entrada. Dulce pensou em detê-la, mas teria que refreá-la fisicamente. E uma foto dessas no tabloide da manhã provavelmente não pegaria bem para Christopher nem para ela própria.

Então Dul fechou a porta e impediu que Natalia entrasse até a sala.

— Já basta.

— Não vou demorar. — Natalia mantinha a raiva na voz fortemente controlada, enquanto seus olhos observavam a sala. — O que o Christopher pode ter visto em você?

Dul cruzou os braços.

— Suas garras estão sempre de fora? Ou você as guarda à noite?

— Espertinha. Sabia que eu transei com ele duas semanas atrás?

— O Christopher e eu nunca quisemos magoar ninguém. — E fez o seu melhor para afastar da mente a imagem dos dois na cama.

— O Christopher acaba magoando todo mundo. Você vai descobrir isso logo, logo.

— Acho que você devia ir embora. — Dulce estava pronta para deixar de ser boazinha. Aquela não era uma mulher apaixonada por um homem; era uma cobra pronta para dar o bote.

— Ele sabe sobre o seu pai? Sobre a família sórdida que você escondeu no passado?

Dulce apertou a mandíbula e cravou as unhas nos braços.

— O Christopher sabe de tudo.

— Tudo? Tem certeza?

Dul não tinha nada a esconder — bem, quase nada. Seus pecados haviam sido enterrados tão profundamente que nem seus contatos poderiam encontrá-los.

— Você parece uma mulher desesperada, Natalia. Preciso lhe dizer que isso não é atraente.

O sorriso no rosto da loira desapareceu.

— Não há nada de desespero em mim. Já você é a personificação do sentimento.

— Ding, ding. Fim do primeiro round. — Dulce abriu a porta, sem se importar com a possibilidade de alguém fotografá-las. — Saia daqui, ou eu vou ser forçada a chutar o seu Prada com o meu Nike.

 O coração acelerado de Dul fazia seu peito doer.

— Cuidado, você não sabe com quem está lidando.

Dulce se aproximou o máximo possível de Natalia, sem tocá-la.

— Minha filha, você não tem ideia do que eu sou capaz. Quando o Christopher me falou de você, eu cheguei a sentir pena. Que desperdício. Não sei o que ele estava pensando.

Parecia sair veneno dos olhos da mulher. Ela girou sobre os calcanhares, colocou os óculos escuros e marchou até um carro esportivo vermelho estacionado na rua.

Bater à porta provaria até que ponto aquela fingida havia atingido Dulce. Portanto, Dul apenas a fechou e desabou contra a madeira. Suas mãos tremeram quando a tensão do confronto começou a circular por sua corrente sanguínea.

O som de cascalho levantado pelo carro chegou a seus ouvidos.

— Ainda bem.

Dul se afastou da porta e pegou a bolsa. Quieta, abriu o aplicativo de mensagens no celular e pressionou o número de Christopher.

Eu ganho um prêmio por estar certa?

Enquanto esperava a resposta, ela trancou a porta e subiu as escadas até o chuveiro. Seu telefone zumbiu no último degrau.

Certa sobre o quê?

Acabei de conhecer a sua víbora loira. Não sei o que você viu nela, além do óbvio.

E, como realmente não confiava em si mesma para falar, acrescentou:

 Estou entrando no banho, conversamos mais tarde.

 Dul jogou o telefone na cama e foi até o banheiro. Lentamente, começou a se acalmar. Olhou para seu reflexo no espelho. O orvalho da manhã havia causado estragos em seu cabelo. E em seu rosto havia marcas vermelhas.

— Que horror.

No quarto, seu telefone tocou. Ela ignorou. Tirou a camiseta e jogou no cesto de roupa suja. As palavras de sua amiga do colégio ecoaram em seus ouvidos. O arsenal completo.

— Sabe de uma coisa, Christopher? Acho que vou aceitar o seu cartão de crédito.

Com mulheres como Natalia à espreita, era melhor ela se vestir para a batalha. Tendo nascido em berço de ouro, ela sabia como jogar. Simplesmente havia escolhido não o fazer. Até aquele momento.