Fanfic: Casada Até Quarta - Vondy (Adaptada) [Terminada] | Tema: Vondy

Se May Uckermann tinha alguma dúvida sobre a presença de Dulce ao lado de Christopher, disfarçou muito bem. Ela pegou o braço de Dul no instante em que Christopher a escoltou até a enorme propriedade e não soltou mais. May era jovem, bonita, radiante e, sem dúvida, muito mimada. Alexandra cumprimentou Dulce com um sorriso breve e a apresentou a uma tia do seu lado da família, ao tio de Christopher e a dois primos, que a encaravam com olhar especulativo.

Os empregados estavam prontos para levar as malas, servir o chá e desaparecer em seguida.

— Você não imagina como estou feliz por ter outra mulher da minha idade por aqui — May disse a Dulce.

Enquanto Christopher escondia o sotaque britânico, sua irmã se deleitava nele.

— Nunca lhe faltou companhia — Alexandra recordou a sua filha.

— Companhia não, mas com a família é diferente. Não concorda, Dulce? Eu nunca tive uma irmã com quem me abrir. — May deu um sorriso branco e bonito, e, por um breve momento, Dul se sentiu culpada.

Embora tivesse uma irmã, Josy não tinha saúde para se relacionar com ela como May sugeria. Era como se Dul, por intermédio de Christopher, tivesse uma segunda chance de ter uma irmã. Mas, de novo, surgiu a bomba-relógio de um ano sobre seu relacionamento.

— Acho que sim — disse ela.

— O chá está servido na sala vermelha, Christopher. Por que não nos sentamos lá para ouvir tudo sobre o namoro e o casamento de vocês?

Christopher conseguiu se pôr ao lado de Dulce e pegar seu braço. O calor dele a seu lado deu certo conforto a seus pensamentos erráticos.

Ele se inclinou e sussurrou baixinho em seu ouvido:

— Como você está?

 Dulce notou que o primo de Christopher, Xavier, os observava com os olhos semicerrados e os lábios voltados para baixo. Ela ergueu a mão de Christopher e beijou seus dedos. A luz no rosto do marido afastou alguns pressentimentos acerca de seu futuro.

— Tudo bem — ela balbuciou, e Christopher apertou sua mão.

Alexandra os conduziu à sala vermelha, com teto abobadado e papel de parede vermelho, cinza e branco. A estampa era sutil, apesar das cores. Pinturas florais e cortinas de seda davam à sala uma sensação feminina, e um belo buquê de flores se assentava sobre uma prateleira acima da lareira de pedra.

Antes de tomar o chá, os homens pegaram alguns dos diversos doces e sanduíches na mesinha de centro.

— Você já esteve na Inglaterra antes? — perguntou Alexandra enquanto servia um chá escuro em xícaras minúsculas.

— Sim, na época do colégio.

— Então conhece a hora do chá — disse May.

— É só uma desculpa para fazer um lanchinho no meio da tarde — Christopher comentou.

— Não lhe dê ouvidos. Ele é alérgico a qualquer coisa remotamente inglesa. Acho que nenhum de nós se surpreendeu quando soube que ele tinha se casado com uma americana.

— May! — Alexandra a repreendeu.

— Mas é verdade!

— Não tenho culpa se as inglesas não me interessam — defendeu-se Christopher. Xavier parou de comer para perguntar:

— Então, você e a Dulce se conhecem há muito tempo?

Dul e Christopher haviam concordado que ele responderia às perguntas sobre o relacionamento. Assim, diminuíam as chances de eles se contradizerem.

— Eu não diria isso.

— E o que você diria? — Mary, a tia de Christopher, perguntou.

— Nós nos conhecemos no mês passado.

— No mês passado? — May parecia chocada. — Como você pode se casar com alguém que mal conhece?

Christopher deixou o chá na mesinha e pegou a mão de Dul.

 — Eu teria me casado com a Dulce no primeiro dia, se ela tivesse aceitado. Tem certas coisas na vida que você simplesmente sabe que tem que fazer.

Paul, o tio de Christopher, inclinou-se para a frente na cadeira.

— Que tem que fazer? Há alguma coisa que você não está nos contando?

Christopher apertou a mandíbula.

— O que você está perguntando?

— Ela está grávida?

Christopher se retesou.

— Ela tem nome, e insisto que você comece a usá-lo em vez de agir como se a Dulce não estivesse na sala.

As palavras de Christopher tinham um tom mortal e deixaram Dul paralisada. Ali estava um lado de seu marido que ela não tinha visto muitas vezes, e do qual certamente esperava nunca ser alvo.

Um sorriso presunçoso se abriu no rosto de Paul, mas, antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, Dulce respondeu:

— Não, eu não estou grávida.

Embora as mulheres não tivessem dito nada, houve um suspiro coletivo de alívio entre elas diante do anúncio.

— Então você se casou por causa do testamento. — Adam, o primo mais novo, foi quem disse isso. Estava sentado ao lado de Xavier, que continuava em silêncio.

Christopher se levantou com os punhos cerrados. Dulce se inclinou para deixar o chá sobre a mesa e segurou a mão dele.

— Amor, nós sabíamos que eles iriam questionar nossos motivos. — Então, como se tivesse nascido para mentir, emendou: — Como eles podem saber da energia que passou entre a gente no primeiro dia em que nos vimos, ou entender nossos motivos para estar juntos e casados sem um namoro longo?

Alexandra por fim se manifestou, dissipando um pouco da tensão no ambiente:

— Você faz isso parecer tão romântico, Dulce.

Dul puxou Christopher de volta para a cadeira e segurou sua mão para evitar que ele torcesse o pescoço dos homens na sala.

— Tenho certeza de que você não quer saber todos os detalhes, mas seu filho muito romântico.

— Eu quero os detalhes — disse May, mordendo o lábio, e Christopher estreitou os olhos para a irmã.

 O olhar de Dulce contornou Xavier. O homem observava a cena sem dizer uma palavra. Seu silêncio a fez entender que ele não a aprovava. Ele lançou um olhar frio para Christopher, e Dulce não pôde deixar de pensar até onde Xavier iria para pôr as mãos na herança de seu marido.