Fanfic: Casada Até Quarta - Vondy (Adaptada) [Terminada] | Tema: Vondy

Vamos comentar bbres! Quero terminar a história no fim de sema hein! O que acham?

Quando voltou aos estados unidos, Dulce foi imediatamente à Moonlight visitar Josy. A culpa por ter curtido o tempo que passara na Inglaterra com May, somada à excitação de sua nova vida com Christopher, fez seu estômago se apertar quando entrou no quarto da irmã. O cabelo loiro-avermelhado de Josy estava preso com um elástico, e a blusa de algodão cor-de-rosa ostentava uma mancha causada por uma porção de seu almoço que havia errado o alvo.

— Oi, linda — disse Dulce, se sentando em uma cadeira ao lado de Josy, que olhava pela janela.

A garota lhe ofereceu um meio sorriso; era tudo o que conseguia depois do AVC. Seus olhos se iluminaram em reconhecimento, e ela ergueu o braço bom, que Dulce segurou firme.

— S... Saudade. — Josy arrastava as palavras.

— Eu também fiquei com saudade.

Dul havia perdido apenas um dia de visita, mas sabia que Josy ficava na expectativa. Sua irmã não tinha muito estímulo para tirá-la da cama de manhã.

— Já comeu? — Dulce perguntou.

— Sim — disse ela, mas a cabeça balançou em negação.

Uma das coisas que Dulce havia aprendido era a interpretar a linguagem corporal de Josy, mais que suas palavras. Estas não saíam facilmente, e muitas vezes não combinavam com os pensamentos de Josy. As expressões faciais e os gestos eram a chave para entendê-la.

— Quer me ajudar com esta carne chinesa? É do Golden Wok, seu restaurante favorito.

Josy sorriu.

— Gosto de lá.

 — Eu sei. Eu também.

Dulce abriu a caixa de isopor, e o cheiro de carne picante se espalhou pelo ar. Depois de fixar uma bandeja na frente da irmã e colocar sobre ela um prato de comida, Dulce pôs o garfo na mão de Josy. Ela odiava que a alimentassem. Mesmo que tivesse de batalhar para levar a comida à boca, Josy gostava de fazer isso sozinha.

— Eu... eu vejo... humm... eu vi... — Josy se esforçava para encontrar as palavras.

— Quem você viu?

Dulce deu uma garfada em seu almoço tardio e se deu conta de que não havia comido o dia todo. Ela e Christopher tinham chegado na madrugada anterior e dormido até tarde. Antes do almoço, seguiram caminhos diferentes — Christopher para o escritório, Dulce para a clínica. Ela não havia sequer pensado em comida. Os sabores tentadores explodiram em sua boca, e seu estômago roncou, satisfeito.

— A mamãe.

O garfo de Dulce parou no ar. Josy anuiu com a cabeça. Dulce baixou o garfo.

— Querida, a mamãe morreu faz tempo.

Josy franziu o cenho, como se procurasse uma lembrança.

— À noite. Vi à noite.

— Em um sonho?

— É — Josy balançou a cabeça. — À noite.

Dulce estava confusa. Josy tinha visto alguém que parecia a mãe delas? Talvez uma nova funcionária da clínica? Ou havia sonhado com a mãe e os sinais se cruzaram em seu cérebro?

— Eu também penso nela às vezes — disse.

— Sinto falta dela — disse Josy.

— Eu também sinto.

***

— Preciso ir para Nova York — Christopher disse a Dulce, quase uma semana depois.

— Eu estava pensando quando você começaria a viajar de novo — ela respondeu.

Dul sabia que Christopher passava mais tempo em seu jatinho que em qualquer uma de suas casas. Tê-lo em sua cama todas as noites durante quase um mês era um luxo que ela sabia que não duraria para sempre.

— Você podia ir comigo.

Estavam tomando um café na varanda com vista para o mar, uma rotina que ambos curtiam desde que voltaram da Inglaterra. Parte dela queria sair pulando ao ouvir o convite, mas seu lado prático a impediu de aceitar. O relógio em sua cabeça, que fazia a contagem regressiva do tempo que ela permaneceria como esposa de Christopher, ficava mais alto a cada dia. Quanto mais ela tentava ignorar o tique-taque, mais ele penetrava sua alma. Havia momentos, como aquele, quando Christopher sorria para ela e a incentivava a viajar com ele, em que Dulce sentia que seu casamento era mais que um pedaço de papel — mais que o ato mercenário com que ambos haviam concordado. O jeito como Christopher fazia amor com ela ou a abraçava, mesmo que estivessem muito cansados para fazer qualquer outra coisa, ia ganhando seu coração diariamente.

— Acho melhor não — ela suspirou.

— Por quê?

— Preciso dar mais atenção para a Josy. Ela não comeu direito enquanto estávamos fora, e vem tendo dificuldade para dormir.

Christopher estendeu a mão para ela.

— Você não deve se sentir culpada por ter sua vida, Dulce.

— Eu sei, mas é difícil. Eu sou tudo o que ela tem.

— Você pode trazer a sua irmã para cá. Podemos contratar ajuda em tempo integral.

Era a segunda vez que Christopher oferecia realocar sua irmã. E, se o casamento com ele não fosse temporário, ela aceitaria a oferta em uma fração de segundo.

— Já falamos sobre isso. Não seria justo trazer a Josy para cá e depois levá-la embora quando... Ela não entenderia. Esse tipo de estresse acabaria em mais doenças e complicações médicas.

— Mas...

— Por favor, não. Eu sei que a sua intenção é boa, mas preciso cuidar dos interesses dela em longo prazo.

Christopher tomou um gole de café e abandonou o assunto.

 — Só vou passar o fim de semana em Nova York. O senador Longhill vai dar um jantar de campanha, e eu tenho que participar.

— É ele que quer dar incentivos fiscais para as exportações, não é?

— Você anda bem informada...

Dulce jogou os cabelos rebeldes para trás e levantou a sobrancelha.

— Toda esta beleza e um cérebro para acompanhar... Chocante, não é?

— É bom poder conversar com uma mulher fora do quarto.

— Ei!

— É, acho que isso não foi justo.

— Espero que não. Senão, talvez eu tenha que traçar uma linha para separar suas palavras daquilo que imagino que seria a personalidade do seu pai.

Christopher bateu a mão no peito.

— Ai, essa doeu!

— Sinceridade é a nossa palavra-chave, meu querido duque. Tenho certeza de que ter todas aquelas mulheres não foi tão ruim assim.

— Todas aquelas mulheres... Falando desse jeito, parece que eu tinha um harém.

— Você tinha muito mais do que eu.

— Para isso não precisa de muito, minha querida duquesa.

— Mesmo assim…

— Posso ter conseguido conversar com as mulheres anteriores na minha vida, mas nunca confiei nelas como confio em você. — Christopher estreitou os olhos, como se estivesse surpreso com a própria confissão.

Isso provava alguma coisa, não? Certamente Christopher tinha mais afeto por ela do que por qualquer namorada que tivera na vida.

— Então você precisa agradar o senador e mantê-lo do seu lado?

— Exatamente.

— Quando você vai?

— Sexta de manhã.

Ela afastou o café frio e apertou a mão de Christopher.

— Vou sentir sua falta.

Ele olhou para ela antes de levar sua mão aos lábios e lhe dar um beijo doce. Mas não repetiu suas palavras.