Fanfic: Casada Até Quarta - Vondy (Adaptada) [Terminada] | Tema: Vondy

Por hoje é só! Postei bastante hein... Provavelmente terminamos amanhã, então sejam boazinhas e comentem bastante!!!

Bjosss

Christopher e Dulce pararam em Nova York por alguns dias no caminho de volta Califórnia. Enquanto ele se encontrava com seu advogado, ela enfrentava o calor sufocante de Manhattan e fazia compras completamente desnecessárias.

Embora tentasse se concentrar em roupas de gestante, as seções de bebê das lojas de departamentos a atraíam de forma inesperada. Talvez fosse porque, agora, todo mundo que precisava saber que ela estava grávida já sabia, mas Dul tinha a estranha vontade de comprar um item de cada artigo.

Não saber o sexo do bebê fazia com que algumas coisas fossem mais difíceis de comprar, mas uma roupinha verde aqui, outra amarela ali funcionou. Ela encontrou uma mantinha branca feita à mão para enrolar o bebê quando voltassem da maternidade. Com várias sacolas nas mãos, Dulce andava entre meias pequenininhas e bichinhos de pelúcia quando sentiu alguém bater em seu ombro. Ela desviou o olhar do chocalho musical que estava observando e virou para ver quem queria sua atenção.

A Víbora estava diante dela, toda loira e bombástica.

— Por que será que eu não estou surpresa de te encontrar aqui? — disse Natalia, sibilando entre os lábios rosados.

Dulce não se importava com o que aquela mulher pensasse, e certamente não queria papo com ela. Quais eram as chances de encontrá-la acidentalmente em uma cidade do tamanho de Nova York, afinal? Dul sabia que ela tinha um apartamento lá, mas quais eram as probabilidades?

— Natalia.

A mulher apontou o chocalho de elefante que Dulce segurava.

— Que gracinha. Então, para quando é o seu pacotinho de alegria?

— Não é da sua conta. — Dulce largou o brinquedo e deu meia-volta para ir embora.

— Me deixe adivinhar — disse Natalia, bloqueando o caminho de Dulce, encurralando-a entre uma estante cheia de parafernália para bebês e uma cobra venenosa. — Antes do aniversário do Christopher?

Suposição fácil. Não que isso importasse.

— Você é tão invejosa, Natalia... Ficou tão irritada assim porque o Christopher não casou com você?

Natalia jogou a cabeça para trás, rindo.

—  Ah, por favor. Aquele canalha manipulador? É mais fácil enxergar a verdadeira natureza dele quando não se está por perto. É uma pena que você não tenha notado antes. — Ela deixou a voz desaparecer quando seus olhos se fixaram na barriga de Dulce.

Dul colocou a mão ali, como se protegesse seu filho do olhar daquela mulher.

— O Christopher é uma das pessoas mais carinhosas que eu já conheci — respondeu.

— O Christopher só se importa com ele mesmo. O que eu me pergunto é se ele pediu para você ter um filho com ele, ou se “esqueceu” de usar preservativo uma noite qualquer — disse Natalia, fazendo sinal de aspas no ar.

A conversa estava ficando bizarra.

— Eu não tenho tempo para você, Natalia. Se me der licença...

Dulce se afastou, mas a mulher a segurou pelo braço.

— Meu Deus, você realmente não faz ideia, não é?

Dul puxou o braço, mas ela não a soltou. Uma estranha onda de pânico a atingiu, algo que devia ser bem parecido com a sensação de um cão antes de um terremoto. Tudo em Dulce ficou em silêncio.

— Você sabe que o Christopher precisa de um herdeiro para receber a herança, não é?

Quê? O sorriso de Natalia se abriu ainda mais, e ela baixou o braço.

— Pobre garota... Como será que ele fez isso? Escondeu suas pílulas? Ou furou os preservativos?

A mandíbula de Dul se retesou. Ela tentou se controlar tanto que sentiu os músculos do pescoço prestes a explodir. De que raios Natalia estava falando?

Mas então as palavras de Parker voltaram à sua mente: Vejo que você atendeu a todas as exigências do seu pai. Dulce não daria esse gostinho a Natalia, portanto virou e saiu da loja.

O intenso calor de Nova York fazia seus cabelos grudarem na nuca enquanto ela se afastava da Víbora.

O Christopher precisa de um herdeiro para receber a herança. As palavras ecoavam em seu cérebro. Será que era verdade? Se fosse, fazia sentido que Christopher tivesse recebido a notícia com tanta calma. Um filho era a única coisa que Dulce achava que ele não queria naquele casamento temporário. Não era de admirar que ele não tivesse pirado quando ela anunciara a gravidez. Ele nem sequer se alterara. Será que não ficou nem um pouco surpreso com a notícia?

Não... ela achava que não, agora que pensava nisso.

Ele não precisava lhe fazer mais promessas por causa do bebê. Não de fato.

Christopher já prometera ser um bom pai e cuidar do bebê, de qualquer maneira.

Recusando-se a deixar que a emoção embotasse completamente seu julgamento, Dulce chamou um táxi e se dirigiu ao apartamento de Christopher na cidade. Ela já havia estado lá duas vezes, na ida e na volta da última viagem à Inglaterra. Passava um pouco do meio-dia quando ela entrou no ar fresco do edifício seguro. Ainda de óculos escuros, Dulce acenou para o porteiro e foi até os elevadores, evitando conversas. Ao contrário da casa de Malibu, ali ela não precisaria encarar nenhuma empregada nem cozinheira.

Dulce jogou as sacolas no sofá e ligou o notebook no quarto extra, que Christopher usava como escritório. Precisava descobrir alguns fatos antes de confrontá-lo sobre as alegações de Natalia.

A taxa de gravidez com o uso de preservativos a incomodara desde o início. Homens responsáveis como Christopher haviam usado preservativos durante toda a vida adulta e conseguido evitar o título de pai. Então, o que havia mudado? Por que com ela?

Enquanto seus dedos voavam pelo teclado, ela abriu vários sites de saúde e bem-estar que falavam sobre preservativos, seu uso e eficácia. Estava perdendo a esperança de encontrar alguma coisa útil quando viu um link intitulado “Por que os preservativos falham?”.

O site estava cheio de informações conhecidas, inclusive sobre preservativos estourados. Mas isso não havia acontecido — não que Dulce tivesse notado, pelo menos. Havia entrevistas com mulheres que acabaram na categoria dos dois por cento. Em vários casos, elas confessavam uso impróprio, rasgos e camisinhas fora do prazo de validade.

Mesmo assim, ela e Christopher transaram por apenas um mês antes de ela engravidar. Era como se eles não tivessem usado nenhuma proteção. E, mesmo no calor do desejo, eles haviam sido responsáveis.

Como um homem poderia assegurar a gravidez de uma mulher?

Dulce saiu do escritório e entrou no quarto. Eles tinham transado ali antes de irem para a Inglaterra, de modo que era óbvio que o preservativo que usaram havia sido retirado da caixa no criado-mudo.

A qual ainda estava lá.

 Dulce procurou a data de vencimento; ainda faltavam vários meses. A caixa estava quase vazia. Ela a levou ao banheiro e puxou uma das embalagens metalizadas. Com cuidado para não danificar a camisinha, abriu o pacote e retirou o conteúdo. Não parecia danificado.

Instintivamente, encaixou a borda da camisinha na torneira da pia e a abriu. No começo, nada aconteceu. Mas, quando ela fechou a torneira e observou a ponta do preservativo, percebeu uma gotinha vazando.

O coração de Dulce afundou dentro do peito enquanto ela observava o gotejamento constante, um pingo após o outro vazando do preservativo.

Seus lábios e suas mãos começaram a tremer. Largou o látex na pia e pegou outro. Aconteceu a mesma coisa.

Incapaz de acreditar no que seus olhos viam ou no que sua mente gritava, Dulce tirou um terceiro preservativo da caixa e voltou ao quarto. Apagou as luzes do teto, colocou o pacote metalizado sobre a lâmpada da luminária e a ligou.

Um feixe minúsculo de luz irradiou através da embalagem, como um farol. Com toda aquela conversa sobre honestidade, todo aquele papo sobre serem abertos, Christopher havia conseguido o seu herdeiro e a manipulara, fazendo-a pensar que não tinha passado de um acidente.

Tudo gritava dentro de Dulce. Como ela pôde ter sido tão ingênua? Tão crédula? Lágrimas corriam por seu rosto enquanto ela recolhia os preservativos abertos e os escondia no fundo da lata de lixo, para que não fossem notados.

Guardou um preservativo na bolsa e deixou dois na caixa ao lado da cama. Não havia nada que Dulce odiasse mais do que ser usada como um peão para satisfazer as necessidades de outra pessoa.

Como o homem por quem ela se apaixonara podia ter feito isso? E como ela sobreviveria sem ele?