Fanfic: Casada Até Quarta - Vondy (Adaptada) [Terminada] | Tema: Vondy

Na primeira noite de volta à Califórnia, Dulce montara uma cama de armar ao lado da cama de Josy e fizera o possível para dormir.

Ela havia estragado tudo. Teria dinheiro para cuidar da irmã, mas, no fim, teria uma nova responsabilidade. Traria uma criança ao mundo, filha de um pai egoísta e dominador e de uma mãe mercenária. Que dupla patética formavam.

E a troco de quê?

Dulce poderia ter administrado as coisas, ter conseguido cuidar de Josy sem os milhões de Christopher. Mas o caminho mais simples era aceitar a oferta dele e facilitar sua vida.

Annie havia posto seu namorado para fora quando o encontrara bisbilhotando os arquivos das novas clientes que ela havia conseguido para a Alliance. Isso deixara espaço no apartamento para duas mulheres ressentidas que precisavam passar o tempo discutindo os méritos — ou a falta deles — dos homens.

Ao contrário de algumas semanas antes, Dulce agora não era capaz de fazer nada além de comer, dormir, olhar para o pátio e observar as pessoas passando.

A profunda dor no peito simplesmente não cedia. A certa altura, ela pensou em ligar para o médico, achando que algo podia estar errado, mas então percebeu que ter o coração partido doía fisicamente, em um grau que ela não sentia desde a morte de sua mãe.

Três dias depois da chegada de Dulce, Annie a deixou sozinha para se lamentar em paz.

Quando ouviu uma batida na porta da frente, Dulce só ficou olhando naquela direção. Não estava esperando ninguém, de modo que permaneceu sentada no sofá, sem se mexer. As batidas continuaram, até que ela se obrigou a levantar.

Embora ela esperasse que Christopher aparecesse em algum momento, vê-lo ali, de camisa velha, calça cáqui desbotada e barba por fazer, foi um choque.

— O que você está fazendo aqui, Christopher?

— Precisamos conversar.

Suas lágrimas haviam secado, e ela se recusava a causar a seu filho mais estresse do que ele já havia suportado.

— Não tenho mais nada a dizer.

 Quando ela começou a fechar a porta, Christopher pôs o pé no batente, detendo-a.

— Eu te amo.

A mão de Dulce pairou no ar. Ela fechou os olhos para se proteger da dor que essas palavras evocavam. Em outros tempos, ela teria se jogado nos braços dele ao ouvir a confissão, mas agora era tarde demais.

Mesmo que ele a amasse, isso não mudava nada.

— Você me ouviu?

— Por que você está fazendo isso comigo? — A dor no peito de Dulce começou a crescer. Ela não conseguia respirar, parecia sufocar com o ar entupindo seus pulmões.

— Cinco minutos, Dulce. Me dê cinco minutos. Por favor.

Ela já tinha ouvido Christopher implorar por alguma coisa? Abriu mais a porta e aceitou sua presença na sala. Ele lhe entregou um documento.

— Olhe a página três.

— O que é isso?

— Só olhe.

Dulce virou as páginas e viu uma foto da Víbora e de uma desconhecida sendo escoltadas até uma delegacia.

— O que é isso?

— A Natalia usou uma amiga dela que trabalha no escritório do advogado do meu pai para obter arquivos confidenciais sobre o testamento.

Isso explicava por que a mulher sabia acerca do testamento e Dulce não.

— E daí?

— Eu encontrei os preservativos, Dulce. Todos eles.

— Todos eles?

— A Natalia tentou armar para eu me casar com ela. Ela sabia que eu precisava de um herdeiro, mesmo antes de eu saber. Então inventou uma história sobre alergia a látex e me deu os preservativos. Eu não fazia ideia de que ela tinha adulterado cada um deles. Ela chegou a ponto de abrir as caixas e depois colar de volta.

Christopher estava mais perto agora, estendendo as mãos para pegar as delas. Dominada pelo choque causado por suas palavras, Dulce fitava o peito dele com o olhar perdido.

 — A Natalia furou os preservativos?

— Não fui eu.

A mente de Dulce entrou em parafuso com a nova informação. Ela recuou, soltou as mãos das de Christopher e sentou no sofá. A foto de Natalia cercada pela polícia solidificava em Dul a crença de que aquela mulher era uma cobra.

— A polícia encontrou arquivos de vídeo no computador da Natalia. Filmagens de nós dois.

A mulher era doente. Christopher tivera sorte de escapar de suas garras. Mas as ações dela não justificavam as dele.

— Por que você não me contou sobre o testamento?

Christopher se sentou na mesa de centro, de frente para ela. Quando as mãos dele pousaram em seus joelhos, ela deu um pulo. A mágoa brilhou no rosto de Christopher, antes de ele afastar as mãos.