Fanfic: Uma herança para dois - Ponny, AyA | Tema: rebelde, rbd

Alfonso permanecia sentado, enquanto Annie estava de pé diante dele. Suas pernas se encostavam e eles podiam jurar que as respirações entrecortadas dos dois estavam em perfeita sintonia. 

- Você era tudo o que eu queria. - Anahí disse em um suspiro, mas sabia que ele havia escutado.

- Eu senti. Senti que você estava atraída, senti que eu estava tentado a corresponder. E Nathália… Nathália e eu já havíamos ficado algumas vezes. Ela queria namorar.

- Você começou a namorar com Nathália por minha causa? - Annie arqueou uma das sobrancelhas.

- Não seja tão convencida. - Alfonso sorriu para ela. - Eu só precisava colocar a cabeça no lugar, fugir de sentimentos errados… E acabou dando certo.

- Você nunca mais pensou em mim daquele jeito?

- Eu conseguia controlar na maior parte do tempo.

- Você vivia mal-humorado comigo… - Annie parecia refletir. - E odiava meu primeiro namorado. - ela riu. - Embora ele merecesse.

- Era um idiota que não te merecia.

- Você teve ciúmes! - ela riu daquele jeito escandaloso que, naquele momento, pareceu para Poncho o melhor dos sons.

- Eu não sei. De verdade, nunca tentei descobrir. Vivemos uma relação confusa de quase irmãos, Annie… Era difícil entender algumas coisas. E depois, eu fui me interessando mais por estar com Nathália.

- É… - Annie revirou os olhos. - Eu sei… Espera… - ela pareceu refletir. - E aquela noite? A noite em que você chorou comigo. A noite em que sua namorada estava ao seu lado na cama, mas foi no meu colo que você adormeceu.

- Foi uma noite difícil. - Alfonso levantou-se. - Foi uma noite horrível.

- Eu sei… - Babi abaixou a cabeça. - Desculpe por falar dela.

- Eu falei dela primeiro. - ele chegou mais perto dela. - Foi uma noite confusa, Annie…

- Vamos falar sobre ela?

- Não hoje.

- O que você sentiu por mim? Quando éramos adolescentes.

- Eu não sei. Talvez uma atração imprópria. Talvez confusão por todo o tempo que passávamos juntos.

- Acredita mesmo que foi só isso? - Annie aproximou-se de Poncho, tocando o rosto dele. 

- Sempre procurei acreditar.

Annie sentiu Alfonso se fechar como uma concha. Trancafiando, mais uma vez, tudo o que sentia, não dando, a ela, acesso a nada. Aquilo a desesperava e a angustiava. Como ele podia ser tão irritante?

- Você vai se fechar outra vez? - ela perguntou sem se preocupar com a angústia que transparecia em sua voz.

- Veja você, Annie. Você está procurando um Alfonso que não existe mais. Você busca em mim um fantasma, uma sombra. Eu não preciso ser resgatado do passado, este sou eu e eu estou bem.

- E foi aí que nos perdemos, não é mesmo? Quando você passou a ser esse Alfonso.

- Foi quando passamos a ser o extremo oposto um do outro.

- Não acho que você seja tão diferente quanto tenta parecer. 

- Eu sou um advogado cheio de responsabilidades e prestes a se casar. 

- Isso resume bem quem é você? - Annie perguntou com amargura na voz.

- É… - Alfonso tomou o resto do whisky do copo e olhou a garrafa abaixo da metade. - Bebi mais do que o suficiente para esta noite. 

Ele caminhou até a pia, deixando o copo. Depois, guardou a garrafa de whisky no mesmo lugar onde havia encontrado. Annie acompanhou cada um dos seus movimentos, ainda perplexa. 

- Annie. - ele parou diante dela. - Para algumas conversas, é simplesmente tarde demais.

Anahí não o seguiu mais com o olhar, estava cansada demais. Fosse pela hora, pelas taças de vinho ou pelas mudanças repentinas de humor de Poncho, ela sentia que não tinha mais forças para nada naquela noite.