Fanfics Brasil - Capítulo 3 - Bem antes da chuva Uma herança para dois - Ponny, AyA

Fanfic: Uma herança para dois - Ponny, AyA | Tema: rebelde, rbd


Capítulo: Capítulo 3 - Bem antes da chuva

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- Boa tarde!


Poncho cumprimentou a atendente da confeitaria que derreteu-se diante dos grandes olhos castanhos dele. De fato, eram hipnotizantes. De fato, ele era um homem charmoso. Mas era só o que ele era.


- Boa tarde! - a atendente ofereceu um grande sorriso que se desfez assim que ela pôs os olhos em Annie. - O que desejam?


- Bolo de chocolate? - Poncho perguntou a Sofia que sorriu com os olhinhos brilhando.


- Não esqueça meu morango com chantilly. - Annie piscou para Poncho.


- Como esquecer? - Poncho bufou impaciente. - Uma fatia de torta de chocolate e uma de morango com chantilly. - disse Poncho para a atendente. 


- Não vai pedir nada, Ponchito? Não vamos dividir com você. 


Annie olhou para Sofia que ria uma risada gostosa, uma risada que desde muito tempo não se ouvia na menina. Poncho pensou, por um segundo, no quanto Anahí era imatura e como era difícil conviver com ela, mas sua sobrinha estava sorrindo e, insuportável ou não, aquela mulher tinha o dom de alegrar a pequena Soso. 


Para ser bem sincero, era preciso dizer que Anahí fazia mais do que alegrar Sofia, ela realmente mexia com tudo a sua volta. Quando era criança, os pais de Poncho amavam tê-la em casa, diziam que ela iluminava o ambiente. 


Annie era feliz, sorridente, gentil, curiosa. Também era verdade que seus pais adoravam a companhia dela, porque ela tinha uma paciência para eles que Poncho e Angel não tinham. Eles passeavam pela cidade e Anahí perdia horas ouvindo as mesmas histórias do pai de Poncho sobre prédios antigos, fatos históricos ou lendas populares.


Depois que perdeu os pais, Poncho desejou ter sido um pouco mais como Annie, ter dado um pouco mais de atenção às histórias chatas e repetidas. Daria tudo para ouví-las mais algumas vezes. Então, começou a estar presente na vida de Angelique, e depois de Sofia, sempre que possível. E Anahí também sempre estava lá, arrancando as gargalhadas mais profundas da sua irmã e da sua sobrinha.


- Só isso? - a atendente perguntou, despertando Poncho dos seus pensamentos.


- Ham? 


- A torta, Poncho! - Annie revirou os olhos. - Não vai querer nada?


- Não. Só isso mesmo. - ele voltou-se para Annie. - Eu não sou muito chegado a doce.


- Ah, claro. Nada que seja divertido. - ela respondeu ácida.


- Você ainda quer que eu pague uma fatia para você? - ele perguntou a Anahí.


- Sem estresse, Ponchito! - ela levantou as mãos em sinal de rendição.


- Aqui estão. 


A atendente entregou as tortas para Poncho que passou uma fatia para Sofia e outra para Annie e pagou o valor à funcionária. Quando ele terminou de passar seu cartão, as duas já estavam sentadas em uma das mesas, começando a saborear o doce.


- Está bom, Soso? - Poncho perguntou sentando-se ao lado da sobrinha.


- Muito! - a menina sorriu. - Quer? - ela ofereceu o garfo com um pouquinho de torta.


- Deixa eu ver. - Poncho abriu a boca e menina levou o garfo até ele. - Hum… Está mesmo boa. 


- Quer experimentar a minha? - Annie também levantou o garfo para Poncho que olhou desconfiado. - Quer ou não? Está bom. 


- Ok… 


Poncho abriu a boca para receber a garfada oferecida por Anahí, mas ela desviou o garfo, fazendo esbarrar na bochecha de Poncho, deixando seu rosto todo sujo de chantilly.


Aquilo o deixou irritado. Aquela garota tinha mesmo o dom de deixá-lo irritado. Mas então ele ouviu a gargalhada de Sofia. Uma gargalhada gostosa, meio escandalosa, bem parecida com a de Angelique, e ele sentiu seu coração derreter, seu controle e suas certezas escorrerem pelas mãos.


- Você acha graça, Dona Sofia? - ele pegou o chantilly do próprio rosto e lambuzou o nariz da menina que riu ainda mais. 


- Você ficou ainda mais docinha, Soso!


- Faltou a dinda, titio! - Sofia ria, enquanto batia palminhas.


- Sim! - Ele abriu um sorriso malicioso. - Faltou sua dinda.


Antes que Annie pudesse fugir, Poncho acertou a mão suja de chantilly em sua testa, chegando a sujar o alto dos cabelos castanhos de Anahí.


- Ei! - ela riu passando a mão nos cabelos. - No cabelo não!


Anahí olhou Sofia que ria e mal conseguia comer sua torta. Depois, olhou para Poncho que adimirava a sobrinha hipnotizado. Em momentos assim, ele era quase apaixonante. Quase.


- Para de rir de mim, sua sapeca! - Annie fingiu uma cara de brava que logo se desfez. - Se você não comer essa torta, eu vou comer.


Sofia parou de rir e voltou a devorar a torta e Annie comeu o pouco que sobrou, ainda intocado, da sua torta de morango. Então, como em um passe de mágicas, tudo voltou a ficar silencioso e pesado, como se, de repente, todos percebessem que faltava alguém ali. 


Durante o caminho para casa, Annie encostou a cabeça na janela, no banco do carona e pensou em como havia chegado até ali. Ela sempre disse a si mesma que nunca entregaria sua felicidade nas mãos de ninguém. Viu o quanto sua mãe sofreu, quando seu pai decidiu sair de casa e não queria passar por isso, nunca. Aquele choro pesado, sofrido, aquele corpo que se arrastava pela casa.


A relação de Anahí com o pai nunca foi fácil. Primeiro, porque ela mal conseguia vê-lo e também não sabia se sentia vontade. Eles não tinham nada em comum e também não se esforçavam para ter. Além disso, ela não precisava vê-lo exibindo aquela felicidade pela nova família, uma mulher já com uma filha, perfeito!


Então, durante toda a adolescência, Annie teve medo de desenvolver qualquer relacionamento. Também não era muito requisitada, já que Angelique era muito mais popular, gentil e delicada e acabava atraindo todos os olhares. Mas Anahí não se importava, Angelique era sua amiga e isso era muito melhor do que qualquer namorado.


As duas eram inseparáveis. Haviam se conhecido na primeira série do Ensino Fundamental e ali tornaram-se amigas. Angelique era incrível e todas as garotas queriam andar com ela no recreio. Era bonita, educada, esperta e tinha os melhores materiais escolares que o dinheiro podia comprar. Mas, de alguma forma, ela escolheu Annie como amiga. 


Angelique era pequenina, delicada e usava sempre arcos lindos em seus longos cabelos loiros. Quando Annie a conheceu, ficou bons minutos hipnotizada com o reflexo do sol naquele cabelo loiro, como se fosse um gato hipnotizado com a luz refletida em um espelhinho. 


Então, Anahí olhou, de repente, para si mesma. Ela olhou para suas sapatilhas de pano e para sua calça jeans bordadinha na barra. Depois, olhou para suas trancinhas, duas, uma de cada lado, finalizadas com xuxinhas cor de rosa. De repente, ela percebeu que o primeiro dia naquela escola não seria nada fácil. Mas foi. 


Na verdade, aquele era o início do relacionamento mais duradouro que Anahí conseguiu viver, seu relacionamento com Angelique. A menina de cabelos loiros abriu espaço entre as outras crianças e caminhou até Annie com um sorriso enorme no rosto. Foi a primeira vez que Annie viu aquele sorriso que era capaz de mudar o dia de alguém. 


Depois daquele dia, Angelique e Anahí entenderam que estavam predestinadas a passar o resto da vida juntas e que a amizade seria, pelo menos para as duas, o relacionamento mais importante da vida. Elas faziam tudo juntas e conheciam perfeitamente a família uma da outra. Os pais de Angelique adoravam Anahí. A mãe de Anahí ficava encantada com Angelique.


Annie sentia que Angel a completava, pois até um irmão ela conseguiu. Ela implicava com Poncho e o fazia bater a porta do quarto, do jeitinho que Angelique fazia e elas riam de qualquer bobagem e ameaçavam contar na escola que ele dormia com bicho de pelúcia.


Apesar de Poncho ser três anos mais velho e nunca andar com elas, ele sempre deixava claro que as protegeria, principalmente quando as duas completaram doze anos e começaram a sofrer assédio na rua. Ele parecia um homenzinho bravo, andava de cara feia atrás delas.


Elas, por outro lado, eram adoradas por todas as meninas que sonhavam em dar um beijo no irmão mais velho de Angelique. Todas queriam ser convidadas para as festas de aniversário de Angel, onde Poncho e seus amigos do Ensino Médio estariam. Era maravilhoso ter tanto poder e Anahí se aproveitava de cada gota dele.


  As coisas só mudaram quando Annie tinha treze anos e sua mãe permitiu que ela passasse o final de semana na casa de praia, com os pais de Angelique. Na casa havia dois caiaques e eles decidiram usá-los na praia que ficava próxima à casa. Angel foi com Annie em um deles e Poncho dividiu o outro com seu primo, Lucas.


O mar era calmo e a praia estava praticamente vazia, pois a tarde já estava no fim e o sol já dava seus últimos suspiros do dia. Angelique remava feliz, mas atenta a cada movimento. Já Annie aproveitava o momento, de olhos fechados, sentindo a brisa do mar e o gosto do sal. Foi um daqueles momentos em que Anahí desligava do mundo para sonhar.


Quando Annie despertou de seu devaneio, ouviu Angelique chamar seu nome e sentiu o caiaque balançar com a pequena onda que passou por ele, mas era tarde demais, seu corpo foi lançado ao mar, sem que ela pudesse fazer ou dizer nada. Em meio às águas, pôde ainda ouvir Angelique gritar que Anahí não sabia nadar.


Depois disso, a mão. A mão que salvou Annie da água e que ela não esqueceria por mais de um ano, era Poncho. Ele a puxou em direção ao seu corpo e a abraçou com um braço, enquanto, com o outro, nadava em direção à embarcação. Foi ali que ela se apaixonou por ele.


Não existe nada mais clichê que apaixonar-se pelo irmão mais velho da melhor amiga. Não existia ninguém mais clichê que Anahí. 


Ela era daquelas que fingia ter desistido do amor depois do divórcio dos pais, mas sonhava com alguém que a tirasse para dançar inesperadamente e fizesse com que ela superasse todos os seus medos. 


Ela e Angelique costumavam assistir a comédias românticas e chorar sem fim, até ensopar todas as almofadas e receber olhares irônicos de Poncho. Mas, agora, ele era o príncipe, ele era a única pessoa que ela gostaria que aparecesse e a tirasse para dançar. 


Quando alcançaram a embarcação, Annie podia jurar que Poncho olhou bem dentro dos olhos dela antes de colocá-la em segurança. Ela podia jurar que ele também havia sentido algo. Ainda mais depois que ele a cercou de cuidados e só ficou tranquilo quando viu que ela estava bem.


Aquele dia mudou a vida de Annie, ela estava apaixonada! Queria sair e gritar pelo mundo que gostava de alguém. Desenhar o nome de Poncho em todos os cadernos e contar para os filhos deles como foi que, de repente, ele deixou de ser um quase irmão e passou a ser o homem da sua vida.
Mas, então, eles voltaram para casa e Annie mal sabia o que destino reservava para ela. No mês seguinte, na festa de aniversário de Angelique, Poncho apresentou à família sua primeira namorada séria, Nathália.


Annie não queria que Angel percebesse sua decepção, mas foi impossível, eram melhores amigas e, para dizer bem a verdade, ela não conseguiu mesmo disfarçar. Por sorte, todos, exceto Angelique, estavam ocupados demais com Nathália para reparar em Annie. 


Aquela foi a primeira vez que Angelique consolou Annie depois de um desilusão amorosa, mas não foi, nem de longe a última. A paixonite de Anahí por Poncho durou até os seus quinze anos, quando ela conheceu seu primeiro namorado, mas seu azar no amor durou muito mais do que isso.



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Autor(a): maryannie

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O carro parou e Annie despertou de suas lembranças. Olhou para Alfonso que utilizava o controle remoto para abrir o portão da garagem. Depois, olhou para Sofia, no banco de trás do carro, olhando pela janela, distraída. Aquilo ali era o resumo de onde a amizade com Angelique a fez chegar. Anahí sempre repetia para si mesma que nunca entrega ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 35



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  • justlary Postado em 06/12/2024 - 14:09:20

    Continua

  • justlary Postado em 06/12/2024 - 14:09:09

    Finalmente o primeiro beijo

  • beatris_ponny Postado em 04/12/2024 - 16:34:57

    Nossa graças a deus vc voltou e continuou a história kkkk Manda mais por favor

  • justlary Postado em 23/11/2024 - 14:17:12

    Finalmente a Dulce percebeu se tocou e terminou com ele

  • justlary Postado em 23/11/2024 - 14:16:32

    Que bom que você voltou

  • justlary Postado em 09/11/2024 - 20:21:48

    Queria tanto mais capitulos

    • maryannie Postado em 19/11/2024 - 17:14:16

      Desculpe o sumiço. Voltei!

  • justlary Postado em 21/09/2024 - 02:05:06

    Continua

  • justlary Postado em 18/09/2024 - 00:30:41

    Posta mais

  • justlary Postado em 18/09/2024 - 00:30:27

    Comecei a ler hoje e já to viciada

  • beatris_ponny Postado em 19/08/2024 - 22:23:20

    Mulher cadê vc


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