Fanfics Brasil - Capítulo 7 - Momento de calmaria Uma herança para dois - Ponny, AyA

Fanfic: Uma herança para dois - Ponny, AyA | Tema: rebelde, rbd


Capítulo: Capítulo 7 - Momento de calmaria

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 Naquele dia, Annie agradeceu pelo seu trabalho. Quando estava em sala de aula, ela se esquecia de qualquer coisa ruim que pudesse assolar sua mente. Anahí entrava na escola e era seguida por alunos ansiosos pelas suas aulas, seus papos e seus conselhos. Gente que sentia o quanto ela era apaixonada pelo que fazia.


        Annie apaixonou-se pelas linguagens quando ainda era criança, antes do seu pai sair de casa. Sua mãe era encantada por livros e Anahí cresceu acostumada a folhear esses livros, mesmo quando ainda não sabia ler. Mas foi quando seu pai partiu que Annie tornou-se uma leitora ainda mais apaixonada. 


      Era visível a mudança da menina. Era gritante o jeito como o olhar de Anahí, de repente, tornou-se distante e vazio. Sua casa era silêncio e choro. Sua mãe, Camila, já não carregava consigo aquela felicidade avassaladora que era sua marca registrada. Annie dividia-se entre a escola e as tentativas constantes de fazer sua mãe um pouco menos infeliz. 


         Durante um tempo, ela até evitava estar na casa de Angelique, pois sentia-se culpada sempre que deixava sua mãe sozinha. Camila tinha depressão, mas Annie não sabia exatamente o que aquilo significava, só sabia que era ruim, triste, desolador. Anahí tentava ser uma faísca de alegria em meio à escuridão que se abateu sobre sua casa e, em meio a tantas tentativas, esqueceu-se de chorar, de sentir falta do pai, de lamentar.


De certa forma, Annie também esqueceu-se de ser criança e adolescente. Ela era responsável e contida em muitos momentos em que ela deveria ser inconsequente e, em contrapartida, sua mãe, quando estava em público, era interessante e jovial. Na verdade, algumas amigas ousavam dizer que Camila era “mais divertida que Anahí”. Não Angelique, Angel sabia como eram as coisas, mesmo quando Annie não contava tudo.


Em meio a todo o caos e aos momentos de solidão, a professora de português pegou Annie lendo no meio da aula. A menina gelou. Teve medo de ser repreendida, ou pior, ser levada à direção. A última coisa de que sua mãe precisava era ser chamada na escola. 


Mas a professora sorriu. Depois, virou as costas e caminhou até a bolsa. Pegou um livro vermelho de capa dura e deixou sobre a mesa de Annie. “São as belas poesias que já li”, ela disse para a menina e sorriu, depois, abaixou pertinho de Anahí e disse baixinho “É seu. Aproveite”. Era um livro de Fernando Pessoa que ela nunca mais abandonou.


Depois disso, Annie começou a olhar para as aulas de português com outros olhos. A poesia também ganhou outro gosto e Anahí começou a escrever. Escrever poesias era como dizer, em silêncio, segredos profundos escondidos em metáforas. Era como contar tudo sobre sua alma, seus medos e seus sonhos, de uma forma tão pouco óbvia, que só seria capaz de desvendar quem fizesse por merecer. 


A professora de português também foi a primeira pessoa para quem Annie mostrou as suas poesias. Mostrar algo escrito com tanta alma e verdade é uma grande expressão de confiança e a professora sabia disso. 


Daqueles escritos, surgiu a oportunidade de Anahí participar do festival literário da escola. Enquanto apresentava-se no palco, ela teve olhos para duas coisas: Alfonso, por quem era apaixonada na época, sentado na plateia com olhos e ouvidos atentos a tudo, e Camila. Annie viu em sua mãe um tipo diferente de sorriso que ela não via há muito tempo e aquele foi um momento que ela jamais esqueceria.


Depois daquilo, a escola passou a ser o lugar favorito de Anahí. Era seu recanto, onde ela podia ser criança, ser feliz, ser inocente. Os anos passaram, Annie tornou-se professora de português, e aquele continuou sendo um dos poucos lugares do mundo em que ela conseguia abrir mão de todo o resto. 


- Ei! Distraída! - Annie viu uma mão mexer-se em frente ao seu rosto.


- Ah! Oi! Ana.


- Ei, Annie! Bom dia! Em que planeta você está?


- Estava aqui, admirando essas exposições dos alunos e pensando no quanto a arte já me impediu de surtar. 


Annie sorriu e Ana devolveu o sorriso. Ana era a professora de artes da escola e, desde que começaram a trabalhar juntas, ela e Anahí desenvolveram uma grande amizade. Agora, elas estavam ali, de frente para a parede, admirando os trabalhos artísticos que ela havia desenvolvido com os alunos.


- A minha esperança é que salve alguns dos nossos… Eu estudei em escola pública e era a minha matéria favorita.


- Claro que era. - Annie sorriu. - Como você está?


- Como eu estou? Eu tô do mesmo jeito de sempre. É você que está tentando criar uma criança com um advogado super sexy.


- Não diga que Alfonso é sexy.


- Mas ele é, Annie.


- Eu sei lá… Faz tanto tempo que nos conhecemos.


- Mas você não é cega e eu tenho certeza que já ficou de olho nele em algum momento.


- Esquece isso. O que está mesmo sendo difícil é diminuir a tristeza da minha pequena.


- Nossa… - Ana olhou para Annie com compaixão. - Eu imagino que não deva estar sendo fácil.


- Ela era muito apegada à mãe. Agora vive silenciosa.


- Aos poucos, as coisas vão se arrumando. Não podemos dizer que vai passar, mas melhora.


- É… Eu espero que sim. Estou fazendo tudo o que posso. Até conversei com Alfonso ontem e acertamos tudo para que ela fique o mais confortável possível. Sofia é uma joia.


- Eu sei que vocês vão se sair muito bem. - Ana sorriu com carinho para Annie.


- Amém! - Annie retribuiu o sorriso. - Agora, vamos trabalhar, porque nossos anjos nos esperam.


- Hum… Mal vejo a hora!


Quando Annie chegou do trabalho, encontrou Alfonso e Sofia sentados à mesa, juntos e sorrindo. Ela ficou parada por alguns instantes, olhando os dois conversarem enquanto a pequena devorava uma fatia de torta, e teve vontade de congelar aquele momento para sempre. Era lindo ver Alfonso tão leve e relaxado. Era inspirador ver Sofia tão sorridente.


- Tem espaço para mim nessa mesa? - Annie perguntou com as mãos na cintura.


- Dinda! - Sofia arregalou os olhos. - Tem uma surpresa!


- Surpresa? - Annie aproximou-se da mesa. - Pra mim?


- Sim! Meu tio comprou um pedaço de torta de morango com chantilly pra você.


- Na verdade, foi Sofia que trouxe. - Alfonso corrigiu sem olhar Anahí nos olhos.


- Mas, tio, foi você que…


- Soso, está com a boca toda suja de chocolate. - Alfonso interrompeu a sobrinha.


- Bem… Eu vou lavar minhas mãos para comer minha surpresa. - Annie piscou para a afilhada. - Vocês me esperam?


- Sim, dinda! - Sofia sorriu.


- E você, Poncho? 


- Claro. - Alfonso esboçou apenas seu sorriso irônico.


Anahí caminhou até o sofá e jogou sua bolsa ali. Depois, seguiu para o banheiro e parou em frente ao espelho, observando seu próprio reflexo por alguns instantes. Seus cabelos cacheados já formavam uma coroa de fios alvoroçados ao redor da sua cabeça. 


- Nada em você poderia ser simples e delicado, não é mesmo, Annie? - ela disse para seu próprio reflexo.


Annie retirou o elástico de cabelo que estava em seu pulso e decidiu usá-lo para prender seus cabelos em um rabo de cavalo. Depois, lavou suas mãos e seu rosto, enquanto pensava no quanto ela gostaria de ter a mesma beleza que Dulce tinha ao natural, sem uma gota de maquiagem. Assim que pensou nisso, sacudiu sua cabeça, tentando afastar aquelas inseguranças que a assolavam desde a adolescência.


A insegurança e o medo de rejeição tinha a ver com o abandono do pai, Anahí aprendera na terapia. Mas, ele não estaria ali para ajudá-la a resolver aquilo. Na verdade, ele jamais estaria perto dela para nada e só começou a pagar a pensão por medo de ir preso. Então, mais uma vez, ela precisava arrumar tudo sozinha e entender sozinha que só uma profissional podia ajudá-la. De fato, fora uma ou outra crise de autoestima, no geral Anahí sentia-se bem consigo mesma e, para o mundo, transparecia uma auto confiança invejável.


- Então, onde está minha torta surpresa? - Anahí tentou chegar ao seu maior sorriso ao chegar à sala de jantar.


- Senta aí. Vou pegar pra você. 


- Que isso, Ponchito. O que deu em você? Está tão bondoso…


- Não faça eu me arrepender, Anahí. - Alfonso abriu a geladeira e pegou a torta. - Eu tento ser legal, mas você é muito irritante. - ele pegou um garfo e entregou a torta para Annie. Depois, sentou-se novamente ao lado de Sofia.


- Vocês brigam porque se gostam? - Sofia perguntou parecendo confusa.


- Como é que é? - Alfonso virou-se totalmente para a sobrinha.


- O que quer dizer com isso, Soso? - Annie largou o garfo sobre a mesa.


- É que… Tem o Rafa da minha escola. Ele é muito chato mesmo. E ele implica comigo. Às vezes puxa minhas trancinhas, esconde meu estojo, me chama de boba…


- Qual é a desse moleque?


- Alfonso! - Annie repreendeu Alfonso, mas não pôde deixar de rir da reação dele. - É uma criança, Poncho. Você não contou para a professora, Soso?


- Sim. Eu contei. Ela brigou com ele, mas eu fiquei triste mesmo assim, porque ele disse que eu sou feia e boba.


- Mas você não é. - Anahí disse olhando nos olhos da afilhada. - Você é perfeita. A professora disse isso?


- Ela disse. Disse que eu não sou boba e feia e que o Rafa só implicava comigo, porque gostava de mim. As pessoas brigam porque se gostam, né? Vocês brigam porque se gostam?


Alfonso olhou para Annie como quem implora por socorro. Anahí, por sua vez, estava irritada com a ideia errada que a professora estava passando para sua afilhada, mas não podia deixar de pensar que ela e Poncho tinham grande parcela de culpa em tudo aquilo.


- Pequena, seu tio Alfonso te trata bem?


- Sim… - Sofia respondeu sem entender o motivo da pergunta.


- Bem como? - Annie continuou. - Ele puxa suas tranças? Ele esconde seu estojo?


- Claro que não, né, dinda! - a menina riu. - Ele me abraça, diz que eu sou linda, me dá beijinhos no rosto e compra bolo de chocolate pra mim.


- E seu tio é o cara que mais gosta de você no mundo. Não é?


- É. - Sofia concordou com a cabeça. - Ele me ama assim. - ela abriu os braços demonstrando o tamanho. - Como minha mãe dizia.


- Isso. - Annie beijou as mãos de Sofia. - Quem gosta de você tem que te tratar bem, muito bem, tão bem quanto o seu tio te trata. Um garoto que puxa suas trancinhas está agindo muito mal e você precisa contar isso para mim ou para o seu tio assim que puder. Tá? - Anahí perguntou e a menina confirmou com a sua cabeça.


- Então, ele não gosta de mim?


- Pode ser. Nem todo mundo vai gostar da gente, isso é normal. Mas ele não pode puxar suas traças. - Alfonso respondeu.


- Ele também pode ter lá os problemas dele. De qualquer forma, tratar uma pessoa mal não é uma forma de demonstrar que gosta de ninguém. 


- Então… Vocês dois não gostam um do outro?


Alfonso e Annie se entreolharam. Eles, realmente, não agiam da melhor forma um com o outro. Na verdade, eram como cão e gato e isso não mudava quando estavam perto de Sofia. 


 - Eu não desgosto da sua madrinha, Sofia.


 - Não? Então, por que vocês vivem brigando?


 - Não é bem briga… - Alfonso parecia não saber o que dizer.


 - O que é então?


 - É que os adultos também erram, Soso. E seu tio e eu estamos aprendendo a viver juntos. Isso é muito difícil para os adultos. - Annie falava e Sofia prestava atenção com olhos bem abertos. - Mas nós dois nos conhecemos desde que eu era só um pouquinho mais velha que você e o seu tio sempre foi um bom amigo. 


  Naquele momento, Annie percebeu o quanto uma casa minimamente harmoniosa era importante para Sofia. Então, ela soube que era muito importante reacender as melhores memórias que tivesse com Alfonso.


  - Ele era legal com você? 


  - Sim, ele era. - Annie olhou para Alfonso que não desviava os olhos dela. - Uma vez, quando eu era criança, nós fomos passear de barco. 


  - Minha mãe também foi? - a menina perguntou animada.


 - Sua mãe e sua dinda não se desgrudavam. - Alfonso respondeu afagando os cabelos da sobrinha.


  - É verdade. - Annie sorriu. - Sua mãe também estava. Mas fui eu quem caiu do barco. 


   - Você se afogou? - Sofia já estava com os olhinhos arregalados.


   - Quase. Quando eu achei que iria me afogar, seu tio pulou no mar e me resgatou. Ele salvou a minha vida.


   - Você é um herói, tio? - a menina, ainda com os olhos arregalados, virou-se para Alfonso.


    - Não sou exatamente um herói, mas nunca deixaria sua dinda se machucar.


    - Por que você gosta dela?


    - Essa eu quero ouvir. - Annie repousou o queixo sobre a mão, prestando atenção em Alfonso.


    - Sua dinda não é fácil, Sofia. - ele riu para Anahí. - Mas é claro que eu gosto dela, quero bem a ela.  


     - A dinda também era legal? - Sofia agora se dirigia a Alfonso.


               - Era. Às vezes ela me ajuda sem eu pedir. Está sempre se metendo em tudo, mas se preocupa muito com a gente. 


  Annie sentiu seus olhos se encherem de lágrimas. Fosse como fosse, brigando, discutindo ou discordando, mesmo assim, Alfonso fazia parte da sua família, era parte da sua história. Estar ali, com ele e Sofia, era um daqueles momentos que, se ela pudesse, nunca deixaria acabar.


    - Agora… - Annie secou uma lágrima teimosa com a mão. - A senhorita já fez todas as perguntas que quis e precisa fazer o dever de casa. Vai subindo, arrumando tudo, que já vamos te ajudar.


      - Ah, dinda…


      - Não discute com sua tia Anahí, Soso. Pode ir subindo.


      - Tá. - Sofia fez biquinho, mas subiu para o quarto.


      - Essas perguntas estão ficando cada vez mais difíceis. - Anahí falou baixinho para Alfonso.


        - Nem me fale… - Poncho parou por um instante olhando para Annie.


        - O que foi? - ela perguntou desconfiada.


        - Obrigado. 


        - O que eu fiz? 


             - Conduziu perfeitamente essa conversa difícil com a Soso, mas, antes disso, conversou com Dulce.


       - Pensei que estivesse chateado com isso. Sempre diz que eu sou intrometida.


      - E você sabe que é mesmo. - Alfonso riu e Annie revirou os olhos sorrindo. - Mas você faz isso porque se importa.


        - Na verdade, eu fiquei bem preocupada com Dulce.


- Eu sei… Eu não agi da melhor forma com ela. Mas sei que você foi legal com ela na hora que ela mais precisava. Nem precisa dizer que não foi por mim, mas, mesmo assim, obrigado


- Não foi por você mesmo. Mas eu quero o seu bem, Alfonso. Mesmo que conviver com você seja quase impossível.


- Eu também quero seu bem. Mesmo que você seja irritante.


- Claro. - Annie revirou os olhos. - E aí… Eu falo com a professora ou você fala?


- Falo com ela amanhã, quando deixar Sofia na escola.


- Ótimo!


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Autor(a): maryannie

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 27



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  • justlary Postado em 21/09/2024 - 02:05:06

    Continua

  • justlary Postado em 18/09/2024 - 00:30:41

    Posta mais

  • justlary Postado em 18/09/2024 - 00:30:27

    Comecei a ler hoje e já to viciada

  • beatris_ponny Postado em 19/08/2024 - 22:23:20

    Mulher cadê vc

  • beatris_ponny Postado em 12/08/2024 - 09:35:07

    Posta mais, ansiosaaaaa

  • beatris_ponny Postado em 29/07/2024 - 01:13:02

    Olaaa voltando a ler e aguardando novos capítulos

  • keka785 Postado em 09/07/2024 - 11:37:15

    Essa fic é adaptada de algum livro?? Esperando os próximos capítulos...

    • maryannie Postado em 15/07/2024 - 20:37:33

      Oiii! A fic é minha 🥰 Vou postar ainda hoje

  • mileponnyforever Postado em 21/06/2024 - 23:14:49

    Aguardando o próximo capítulo!

  • ItsaPonnyWorld Postado em 11/08/2022 - 16:39:21

    Meu deus,como você para justo nessa parte? Pelo amor de Deus volta e termina isso .Aahhh amando essa fic.

  • beatris_ponny Postado em 03/05/2021 - 00:56:04

    Posta mais ....

    • maryannie Postado em 05/05/2021 - 22:08:45

      Oiii! Eu prometo que vou postar logo! Não abandonei, só tive algumas dificuldades.


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