Fanfic: Danos colaterais: permita-se amar! | Tema: original, romance
(Aurora)
Natan pagou a conta enquanto a minha mente girava.
Era tudo muito intenso, perigoso e extremamente complicado, mas tentar desviar o assunto não ajudou a me esquecer quem meu pai era… quem ele sempre foi, enquanto eu era protegida pelo meu irmão e posteriormente por Thomas. Então aquilo era novo.
Respirei fundo e notei a mão de Natan estendida para mim.
-Bora? -perguntou confuso e brincalhão.
Natan sempre foi um bom amigo, mas nunca reconheci que tínhamos pensamentos parecidos, eu o compreendia em questão do sentimento e sabia se um dia eu amei ou amo alguém, essa pessoa era o Thomas. Mas como olhar para alguém e dizer que o ama?
Eu sou medrosa.
Peguei a mão de Natan e forcei um sorriso, era tímido e transmitia os meus questionamentos internos.
-Eu não disse o que você esperava. -concluiu.
Arrumei o meu vestido e bufei.
-Eu só queria mudar de assunto. -mordi os lábios incomodada com os meus próprios demônios.
Natan caminhou ao meu lado e encostou o meu ombro no dele.
-Poderia me dizer como foi o seu role até a Vitória. -disse me fazendo rir.
-Ela deu um tapa na minha cara -falei o vendo arregalar os olhos. -Por causa do Thomas.
Natan deu uma leve risada e abriu a porta do carro novamente.
-Não me interessa o que aconteceu, eu já sei de uma versão, acho que Thomas espera que voce decida, sempre foi você. -Natan olhou em meus olhos com a mão sobre a porta, me analisando entrar no carro. -Então, o que vai fazer?
-Tá difícil ser eu. -debochei o vendo fechar a porta.
Nao prestei muita atenção no caminho, até que Natan parou perto da rodovia. Olhei um pouco confusa.
Natan tirou algo do porta-luvas e estendeu o tecido para me entregar.
-Coloquei nos olhos, não posso deixar que veja o caminho. -disse me vendo revirar os olhos e não pegando o pedaço de tecido preto em sua mão.
-Nao. -falei me afastando e olhando para frente.
Natan piscou algumas vezes e respirou fundo.
-Isso não é hora de dar uma de garota mimada. -disse irritado.
Seus olhos me ameaçavam. Abri a boca para dizer algo, porém começou a falar.
-Eu não tenho problema nenhum em dar meia volta. - fez uma pausa.
-Acha mesmo que gravei o caminho? -debochei.
-Eu sei que não, mas isso é mais para a sua proteção. -ele me analisou por um instante e esperou os meus argumentos.
-Mas pelo o que eu entendi, com o pai que tenho, não irão querer mexer comigo. -falei o vendo rir, uma risada divertida e debochada.
-O mundo não gira ao seu redor. -seus olhos tinham um brilho e diversão. -Nao é todo mundo que adora o seu pai. -debochou. -Alias, foi uma exigência dos federais.
FEDERAIS?
Engoli em seco, Natan balançou o tecido.
-Se quiser, posso colocar em você ou estar com medo de estragar o seu cabelo? -modo como Natan me desafiava era o oposto de como sempre fui tratada.
Eu era uma puta mimada. Tenho consciência disso.
Peguei a porcaria de tecido e cobri os meus olhos, não estava em posição de escolha, era isso ou me manter no escuro, pelo menos Natan me dava uma luz, fraca, porém já era algo.
-Boa garota. -disse em tom de deboche.
Queria o xingar, o mandar para a merda, ir se fuder… mas era como se dependesse dele para aquilo, era o único que de alguma respondia minhas perguntas.
Cruzei os braços abaixo do peito.
-Estou curiosa… com algumas coisas, você possui alguma imunidade? -questionei sentindo que ao virar a direção, entramos em uma estrada de pedras.
-Eu já disse, tenho uns contatos. -disse calmo.
-Sim, mas o meu irmão está com os federais ou com o pessoal do meu pai, porque pelo rumo das nossas conversas…
-Seu irmão está em uma clínica de tratamento mental, porém a Federal tem uns infiltrados no hospital. -me interrompeu.
Analisei a sua voz e como não demorou para me responder, ele sabia que faria aquela pergunta e ensaiou a resposta, porém meus instintos gritavam para acreditar nele.
-Entao, deve ter alguns infiltrados nas empresas? -questionei.
E desta vem a resposta demorou.
-Espero que sim. -disse desviando o rumo.
Sim, ele sabia.
E meus instintos diziam que ele mentia naquela resposta.
Não sei por quanto tempo fiquei vedada, porém senti o carro parar e a ansiedade transborda.
Eu veria o meu irmão.
Depois de anos.
-Espera no carro, vou abrir a porta para você e te guiar. -disse desconfiando de mim.
Pensei em tirar aquela venda maldita, mas o medo de não ver o meu irmão não valia a minha teimosia.
Então, foi como ele disse, Natan abriu a porta e me ajudou a sair.
Estava de salto e me senti totalmente insegura, não estava vendo e tinha que confiar em um cara que talvez esteja me engando.
Natan segurou minhas mãos. Seu toque era calmo, suave, quase como se estivesse segurando algo frágil.
-Escolhi mal o sapato. -sussurrei.
Natan deu uma leve cutucada em meu sapato de bico fino.
-Pago para ver você de tênis. -disse colocando a mão no meio da minha cintura.
-Quantos pagaria? -debochei sendo guiada.
-Voce não precisa de dinheiro, faria isso pela minha diversão, quase como me conceder um desejo. -disse ao meu lado.
Natan estava pronto para qualquer queda minha, talvez parar em um hospital comigo não estava em seus planos.
-Um desejo meio bosta. -provoquei.
Eu tinha que parar de flertar com ele, mas era algo antigo nosso, era uma brincadeira que nunca passou disso.
-É o que me permito a desejar, passo disso, eu deleto. -disse em tom de brincadeira.
Dei um leve sorriso, ele podia ver o meu sorriso e escutei um suspiro divertido.
Senti o chão mudar, sair de cascalho para cimento. Ouvir uma porta abrir, era um som pesado indicado que era uma porta de metal.
Em alguns segundos veria o meu irmão.
Os dedos de Natan desfez o nó e puxou o tecido dos meus olhos. A luz incomodou os meus olhos, mas era nítido que havia duas pessoas na minha frente.
O da esquerda usava um uniforme de enfermeiro e o da direita…
Foquei o meu olhar, Rael me olhava de cima a baixo e os seus cachos com as pontas douradas me faziam lembrar os de Rafael. O cabelo do meu irmão estava abaixo da orelha e seus olhos verdes me analisaram como se buscasse algo da antiga Aurora.
Sorri e corri para o abraçar.
-Eu sabia que estava vivo. -sussurrei sentido o seus braços passarem em minha cintura.
-Você trouxe a filha do Roberto? - o enfermeiro ou um policial dirigiu a palavra ao Natan.
- Algum problema? - perguntou em um tom áspero.
Resposta típica de quem tinha muito mais que informações privilegiadas, mas não iria o questionar, por enquanto.
Voltei a atenção para o meu irmão, que estava mais magro do que me lembrava e com o cabelo desleixado abaixo da orelha. Rael segurou o meu rosto com as duas mãos e sorriu.
Um sorriso de felicidade com um pouco de preocupação, seus olhos haviam lágrimas acumuladas, por um momento pensei que iria chorar.
-Voce tá a cara da mamãe. -debochou olhando para o que estava vestindo.
-É inadequado dizer que estar parecendo um louco? -perguntei sentindo o seu abraço novamente.
Tão apertado quanto o primeiro.
Autor(a): surtada13
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