Fanfics Brasil - Maldições Divinas Filho da Fúria e Ruina — Período Estival

Fanfic: Filho da Fúria e Ruina — Período Estival | Tema: Ficção com conteúdo místicos, agressivos em um toque de humor.


Capítulo: Maldições Divinas

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Já fazia algum tempo que eu estava naquela taberna. Com a mesma caneca de Troks e uma garrafa ao lado. Meus ouvidos estão prestes a sangrar por conta da música terrível que a pobre Tina está contando. Talvez a música não seja ruim, mas sim sua voz. Ou ambas. Estranhei a facilidade com que me permitiram entrar. Esse não é o tipo de ambiente que não avalia seus clientes. Com certeza conhecem a valia da minha cabeça, pois ultimamente muitos homens têm perdido a cabeça por engano na busca pela minha. Mas aqui ninguém sabe quem sou eu, fiz um encantamento para que não me reconheçam. Mas não irá durar muito. Talvez desconfiem de alguém, por isso permitem que quase todos tenham acesso. Muitos funcionários se passam por clientes para ter mais facilidade na busca. Três meretrizes já me procuraram e dois bêbados tentaram tirar algo com suas conversas desvairadas, mas dispensei todos com o pretexto de está esperando um amigo. Além deles, outros olhares estão vigiando o local, como se um lobo faminto tivesse entrado. Talvez tenha. Não me importo nem um pouco em derramar um pouco de sangue, só estou em busca de informações.


Fui informado por um de meus homens de confiança que um Deus inferior frequenta a taberna todo fim de inverno para se deliciar com a mais bela mulher do reino de ferro (antes chamado de terra das pétalas). O nome atual lhe cai bem já que de linda e cheia de flores não tem nada. A muito tempo as antigas terras homenageadas aos deuses foram renomeadas pois a existência dos Deuses se tornou mito, já que pragas estrangeiras, antes inexistentes, se alastram frequentemente por todo país. E assim todos passam a desacreditar neles. Nosso povo conhecia apenas quatro pragas, as pragas dos Deuses das estações que representavam sua fúria sobre os povos desertores.


Porém, a centenas de anos que não se tem vestígios delas. Isso era o que eu pensava até descobrir que uma delas foi a causa da morte da minha família. Um Deus fez isso. Só preciso saber qual.


— GILBERT, grande homem.  — grita um bêbado, que está com uma meretriz em seu colo, ao vê o homem a minha frente. Ele usa uma capa com capuz que o cobre completamente, assim como eu. Ele nem se quer vira o rosto para responder o bêbado. Ninguém além de mim parece prestar atenção nos dois.


— Como vai, Sam? — sua voz é apenas um sussurro. Em resposta o bêbado empurra a moça de seu colo e segue cambaleando até o homem. — Ainda com maus hábitos?


— Ora, não seja sem graça, meu amigo. Bebida e mulheres são coisas descartáveis. — ele solta uma risada grave e senta-se ao lado do homem.


— Bêbados também. — responde ele.


— Ora, não quero discutir hoje — Sam aperta o ombro do homem em sinal de semelhança. — Conte-me sobre o que sabe a respeito das maldições dos Deuses. Ouvi boatos de que a um tempo uma família de mulheres foi morta por uma delas como punição ao homem da casa por desertar. — diz ele zombando.


Meu sangue ferve só de ouvir o som de zombaria ao falar de minha família. Fecho a mão em punho para me controlar e torno a ouvir a conversa. Dessa forma nem vou precisar perguntar nada a ninguém.


— Não sei muito a respeito, porém... — ele se volta pela primeira vez para encara-lo. Finjo prestar atenção na péssima canção de Tita. —... Porém, o que sei tem um preço.


— Mais é claro que tem. — Sam solta uma gargalhada estridente e envolve o homem como um braço, que não se esquiva. — O de sempre?


Ele assente sorrindo com malícia e torna a beber.


— Tudo por conta da casa. - ele enfatiza abrindo os braços em sinal de pose.


Então esse demente alcoólatra é o dono do estabelecimento e esse tal Gilbert vende informações por bebida e mulheres. Essa troca de informações livre só confirmar o que suspeitei.


Armadilha.


Talvez o boato seja um modo para me atrair, ou não. De qualquer forma estou disposto a arriscar.


— Pois bem... — ele abaixa o tom de voz diz sem presa — sei é que elas eram apenas dirigidas a desertores ou a aqueles que insultavam os Deuses. Não sabia que houve um caso recente sobre isso. — Diz Gilbert agora interessado. — E como foram as mortes?


Bebo mais um pouco de meu Troks para me ajudar permanecer onde estou. Ainda assim pouso minha mão direita no cabo da espada em minha cintura. Só pra o caso de algo impróprio sobre ela ser dito.


— Diga-me primeiro como são cada uma e lhe direi qual foi. — diz o bêbado que agora não parece tão débil.


— Pois bem. Cada um deles possui uma forma própria de punir seus desertores. Eniko condena com a marca de um floco que aparece na clavícula. Ela congela instantaneamente cada parte do corpo até que seu sangue se torne gelo. Já Lario, sua marca é os espinhos. Ela sempre aparece na perna esquerda e faz com que o homem crie espinhos por todo o corpo, mas permaneça vivo, porém ele jamais terá contato com outra pessoa, pois seus espinhos são mortais. Tornam-se verdadeiras aberrações. Talvez essa seja uma das piores. — Sam está atento a cada palavra de Gilbert, assim como eu. Por enquanto nenhuma dessas atente a o que procuro.


Noto uma movimentação estranha ao fundo do estabelecimento. Mais um Mayzor falso? O pensamento me faz sorri.


O homem bebe mais um gole de sua bebida e torna a falar.


— A de Jangu é meio que uma caçada. A pessoa amaldiçoada tem seu sangue cem vezes mais atrativo a todos os carnívoros de todo o reino e faz com que ela nunca deixe de ser caçada, nem uma noite sequer. Sua marca é a de uma pata felina no braço direito e ela também permite que o pobre desgraçado permaneça vivo, porém todos se matam antes que o primeiro animal apareça para reivindica-lo. Eu faria o mesmo. — O bêbado assente concordando e com o olhar de triunfo ele já sabe, assim como eu, que essa última é a que se refere à morte delas.


Mais um motim do outro lado da taberna. Preciso ser rápido. Posso perceber alguns olhares confusos dirigidos a mim. O encantamento não está mais fazendo efeito.  Meu tempo está acabando e espero que Gilbert também.


— Devo deduzir que ainda não cheguei a que você se refere. — diz o homem tomando mais um gole.


Agora é que percebo que ele estava nesse mesmo lugar desde que entrei aqui. Como não havia notado? Será que ele também está a procura do deus? Não. Ele não parece necessitar de informações quando já é ele quem as fornece. Com certeza ele não está aqui por isso. E também não acho que seja somente pela bebida e mulheres, como os outros. Uma mecha verde se desprende do capuz quando ele se vira para beber. Ele rapidamente a põe no lugar.  Que cor incomum para cabelo. Não vejo muitos cabelos diferentes pelos reinos.


— Pois bem, a última é a de Sundler. Em minha opinião essa é a mais cruel e agoniante de todas já criadas. Sua marca é a de uma chama que aparece no punço. Ela faz com que seu sangue esquente ao ponto de se ter uma febre hemorrágica e todo seu sangue escoa, primeiramente, pelos olhos, boca, nariz, e orelhas, e por fim por seus poros. —  Aperto o cabo da minha espada até os nós dos meus dedos ficarem brancos.


Sundler, ele que fez isso. Como ele ousou assassinar uma mulher e duas meninas indefesas? Não há motivos para a morte delas. Por que um dos Deuses antigos faria isso? Só de lembrar meu corpo todo treme. Tanto sangue como nunca havia visto, seus corpos sem vida e uma marca na parede a qual não sei o significado.


Agora estou sendo procurado como o assassino delas por ser o único sobrevivente. Acham que por alguma ação minha elas foram castigadas e querem a minha cabeça por isso. Kira era a sobrinha do rei Dante, do Trono Dourado. Amada por todos. Assim que a morte chegou a seus ouvidos, ele anunciou um decreto que oficializa a minha caçada. Quem conseguir a minha cabeça ganhará 300 mil moedas de ouro.


Já faz um ano desde suas mortes e nunca voltei. O que também não faço nenhum protesto. Não quero voltar. Nunca. Ainda mais agora.


— Conseguiu o que queria desertor? — o bêbado se volta pra mim e percebo que meus devaneios me tiraram o foco do mais importante. Fui descoberto.


O bêbado/ Dono agora está apoiando no balcão olhando-me com um olhar convencido. Enquanto o outro apenas olha de Sam para mim com um olhar desconfiado, porém uma leve surpresa transparece em seu olhar. Então ele não sabia? Interessante.


— Achei que demorariam menos para descobrirem onde estava. Os cavaleiros de Dante foram mais eficientes. — Falo ao me levantar e tomar o último gole de minha bebida. — Uma vergonha para sua escolta. — sorrio ao apontar para seus homens que agora me rodeiam e me olham com ira. — E respondendo a sua pergunta... Sim, tenho tudo o que preciso. Obrigada, afinal. — tiro minha espada e testo seu peso. Pessoas começam a sair. — acho bom que me capture... Como é mesmo o seu nome... Sim, Sam. Pois caso contrário será dado como cúmplice por me fornecer informações livremente. — sorrio com escárnio para ele que agora me olha com raiva. Posso ver seus olhos mudarem para um escuro profundo. Sim, além de raiva ele também tem medo.


— Matem-no — ordena ele e me movo rápido o suficiente para desviar do primeiro golpe.


Uso a cadeira como escudo no momento em que um dos homens de Sam investe contra mim. Sua espada perfura a cadeira e fica presa. Os gritos começam e pessoas correm para a porta. Arremesso a cadeira no outro ao meu lado, derrubando-o. Abaixo e perfuro o abdômen de mais um. Desvio novamente e bloqueio outro golpe com a espada. Aproximo meu adversário e chuto sua barriga. Ele desequilibra e eu corto seu pescoço. Agora faltam três que estão me cercando em uma dança silenciosa. Chuto a mesa a minha frente que acertar dois deles e os faz cair no chão. Desvio de outro golpe, porém a espada acerta de raspão o meu braço esquerdo. Sinto o sangue escorrer e uma dor aguda  domina meu braço. Viro-me e antes que ele tenha outra chance, bloqueio seu golpe com a espada e chuto seu joelho que emite um estalo. Ele grita em agonia e soco seu rosto. Seu corpo desaba no chão. Mais deles começam a chegar pelos fundos. Essa é a minha deixa.


O Dono me olha com pavor e corre para dentro de um dos quartos, onde várias mulheres se escondem. O tal Gilbert não está em lugar algum e mais deles se aproximam. Corro no sentido contrário e vou para uma das janelas abertas a direita e pulo. Por sorte não são altas, e pouso sem me machucar. Agora, alguns deles já estão do lado de fora e seguem em minha direção. Sigo para os fundos escuros do local onde deixei meu cavalo escondido. Chamo-o e logo aparece trotando em meio a noite. Tão negro quanto o céu está hoje. Monto nele e o guio rapidamente para longe da cidade. Alguns homens estão montando seus cavalos, mas já é tarde para nos alcançarem, em meio à noite somos quase invisíveis. Invoco um encantamento e um espiral negro surge em nossa frente. Assim que passamos, ele se fecha e não estamos mais no reino de ferro. Mais sim em meu esconderijo em Dromeda, a cidade pedida. Meu atual lar. Onde tenho vivido desde o assassinato. E nesta noite planejarei o meu plano. Agora a salvo e com tudo em mente, posso ter minha vingança...


 



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Autor(a): emylly_v1

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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A lua está em seu ápice. Nem o vento ousa interromper o movimento das folhas nas árvores. Tudo está tão tranquilo que estrangeiros que desconhecem tais perigos da floresta chegam a comparar o momento a pacífico. Mas a aqueles que andam descuidados tem sua morte entalhada. A floresta perdida. Assim chamada desde os primórdios, ...



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